Skip to content

Harpista Baltazar Juarez participa do 19º RioHarpFestival.
Crédito: RioHarpFestival/Divulgação

A 19ª edição do RioHarpFestival, evento gratuito que colocou o Rio de Janeiro no circuito mundial da harpa, terá duas etapas este ano. “A demanda foi tão grande que nós vamos fazer o festival em duas etapas”, disse à Agência Brasil o criador e diretor do projeto, Sergio da Costa e Silva. A primeira começa nesta segunda-feira (1º) e vai até 31 de julho. A segunda está marcada para o período de 1º a 30 de setembro. Trinta artistas de 22 países se apresentarão ao público.

 O RioHarpFestival faz parte do projeto Música no Museu, que, há 27 anos, promove recitais e apresentações musicais gratuitas em museus e outros espaços no Rio de Janeiro e no país,. O Música no Museu foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro pela Câmara Municipal da cidade, em 2022.

A programação do RioHarpFestival abrange desde a harpa tradicional ao koto japonês e harpas africanas, árabes e indianas, passando por fusões entre músicos de diferentes continentes e crianças e adolescentes das comunidades cariocas, que dividem o palco com os harpistas estrangeiros. Segundo Sergio da Costa e Silva, a fusão entre os músicos estrangeiros e as orquestras de comunidades visa dar uma nova dinâmica às apresentações. “Coloquei os harpistas tocando com orquestra, com piano, com coral, para que seja uma coisa interessante para o público”.

Dois exemplos são a Camerata do Uerê, da comunidade da Maré, criada, em 2013, pela violinista francesa então radicada no Rio de Janeiro Constance Depret. Hoje, a orquestra é composta por 30 alunos do Projeto Uerê, com idade entre 7 e 18 anos, que tocam violino, viola, violoncelo, baixo e percussão. Outro é a Orquestra de Gaitas de Foles, de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Treinados pelo maestro José Paulo, fuzileiro naval da reserva, os jovens são parte do Projeto Brazilian Piper, existente há quase 20 anos, cujo objetivo é contribuir com a diminuição do tempo ocioso das crianças e jovens por meio da música, utilizando as gaitas de fole escocesas como um instrumento não apenas musical, mas também de inclusão social.

Homenagem

O grande foco desta edição do RioHarpFestival será uma homenagem à África. A harpista Kobie de Plessis, da África do Sul, se apresentará na abertura do festival, na Igreja Nossa Senhora do Carmo (antiga Sé), situada na Rua Primeiro de Março, às 13h. Ela será acompanhada pela Camerata do Uerê.

A África voltará a ser homenageada no encerramento da primeira etapa do festival, no dia 31 de julho, às 18h, no Palácio Tiradentes, com o coral Vozes da África. No programa, músicas em zulu, temas de filmes da África acompanhados por atabaques, piano e percussão africana. Haverá participação especial de Fabio Simões, com harpas africanas kora kamale n´goni (do oeste africano de 12 cordas), além de percussão da mesma região. A programação completa do festival pode ser acessada nos sites www.musicanomuseu.com.br e www.rioharpfestival.com.br.

Na segunda etapa, em setembro, o RioHarpFestival trará ao Brasil harpistas russos. Nessa fase, as apresentações ocorrerão somente no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ).

O RioHarpFestival é considerado o maior festival de harpas do mundo em duração e número de concertos e o único no Brasil. Entre julho e outubro deste ano, ele terá versões em São Paulo, Brasília e em cidades de sete países europeus (Portugal, Espanha, França, Bélgica, Croácia, Itália e Áustria) e, também, no Caribe.

A 19ª edição do festival de harpas explora também a diversidade em termos de gênero e raça, salientou Sergio da Costa e Silva.

História

Um dos mais antigos instrumentos de corda dedilhada, a harpa tem sua origem relacionada ao tanger da corda dos arcos dos antigos caçadores. Algumas ilustrações destacam a presença das harpas no Oriente Médio e Egito, por volta do ano 3.000 a.C. De formato triangular, todas as suas cordas estendem-se perpendicularmente em relação à base de seu corpo.

As primeiras harpas eram pequenas, com poucas cordas. A partir do século XVIII, passaram a ser construídas em madeira, com as cordas feitas de material como tripa, crina de cavalo, latão, bronze ou seda. Com o passar dos anos, ganharam tamanho, com número maior de cordas e, consequentemente, mais notas. A harpa é o símbolo da Irlanda.

A harpa moderna possui 47 cordas, sendo as 11 mais graves feitas de metal e as demais, de tripa, além de sete pedais. Atualmente, a harpa também é um dos instrumentos que compõem a orquestra, sendo normalmente posicionada entre a percussão e os instrumentos de teclado.

(Fonte: Agência Brasil)

São Paulo  SP  29/06/2024 O  presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, neste sábado (29), do lançamento da pedra fundamental do campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do campus Cidade Tiradentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Foto Paulo PInto/Agencia Brasil

Os investimentos em educação ajudarão o país a alcançar o objetivo de tornar o Brasil um país menos desigual, a partir da igualdade de oportunidades para os filhos de pobres e ricos do país. A afirmação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesse sábado (29), em São Paulo, ao anunciar investimentos em novos campi no Estado.

Quase R$ 1 bilhão em recursos federais terão como destino a expansão e a consolidação de universidades e institutos federais localizados em 40 municípios de São Paulo. Lula anunciou também a criação de um hospital universitário na região sul do Estado.

No evento, Lula disse que as políticas de seu governo não estão restritas aos grupos mais vulnerabilizados, ainda que tenha “carinho especial” por estes. “Nós queremos formar cidadãos porque esse país não pode ser eternamente exportador de commodities. Este país tem que ser o exportador de inteligência e conhecimento. Por isso, precisamos garantir educação de qualidade para as crianças, desde o primeiro ano do ensino fundamental ou da creche”, disse o presidente. 

Segundo ele, a possibilidade de ascensão social se dá por meio da educação. “Só ficarei sossegado quando estivermos em um país em que as crianças disputem vaga na universidade não pelo berço ou hospital em que nasceram. O Estado tem de garantir ao filho mais humilde da empregada doméstica o direito de estudar na mesma universidade do filho da patroa. Não quero tirar nada de ninguém. Quero apenas igualdade de oportunidade. E que toda criança e adolescente tenham mais oportunidades do que tiveram seus pais”, acrescentou.

Lula acrescentou que, ao contrário do que muitos críticos de seu governo dizem, ele não faz um governo exclusivamente voltado aos pobres. “Eu quero governar o país para os empresários. Eu quero que os empresários ganhem dinheiro, porque ganhando dinheiro, geram emprego; se geram emprego, geram salário; se geram salário, geram consumo. E consumo gera mais comércio, mais emprego e mais salário. Eu quero que a economia cresça e que todo mundo cresça”, discursou o presidente.

Lula destacou que tem preocupação especial em fazer com que os investimentos sejam voltados aos pequenos empreendedores do país e que pequenos e médios empresários e comerciantes produzem grande quantidade de empregos e, consequentemente, desenvolvimento para as periferias do país.

“É por isso que Fernando Haddad [ministro da Fazenda] está desenvolvendo a mais importante política de crédito já feita nesse país, voltada ao crédito. Se tiver crédito, tem desenvolvimento social. Se tiver crédito, a economia cresce. É por isso que queremos fazer política de crédito”, argumentou.

Também presente no evento, Haddad lembrou que a ampliação das unidades universitárias no interior de São Paulo é um desejo antigo do governo e das populações locais, mas que não havia espaço orçamentário para isso. “Na primeira oportunidade, o presidente pediu, a mim e ao Camilo Santana [ministro da Educação], para retomarmos esse campus que é o sonho acalentado por duas gerações de moradores da zona leste”. 

Camilo Santana disse que a volta de Lula à Presidência é também a volta da educação, enquanto prioridade de governo. “Além de recompormos orçamentos no ministério, abrimos as portas do MEC para o diálogo com os prefeitos, governadores, professores, estudantes, reitoras e reitores que não eram recebidos nos últimos anos”, disse.

Investimentos

De acordo com o Ministério da Educação, serão investidos R$ 939 milhões na expansão e consolidação de universidades e institutos federais localizados em 40 municípios paulistas. Durante a cerimônia, foram lançadas as pedras fundamentais do campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), do Hospital Universitário da Unifesp e do Campus São Paulo – Cidade Tiradentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP).

A expectativa é que, com a construção do Campus Zona Leste da Unifesp, sejam criados quatro cursos de graduação: Arquitetura e Urbanismo; Administração Pública; Engenharia Civil e Engenharia Ambiental e Sanitária, que podem beneficiar até 2.760 novos estudantes. Além disso, outros 240 alunos correspondentes às vagas vigentes nos cursos de Geografia (Bacharelado e Licenciatura) também poderão usufruir das instalações.

Segundo o MEC, o novo hospital universitário terá 32 mil metros quadrados de área construída e contará com 350 leitos. A obra terá um investimento de R$ 157 milhões do Novo PAC. Já a expansão do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) resultará na criação de 12 campi. Além dos localizados em Tiradentes e Jardim Ângela, estão previstas unidades nos municípios de Osasco, Santos, Diadema, Ribeirão Preto, Sumaré, Franco da Rocha, Cotia, Carapicuíba, São Vicente e Mauá.

O governo tem como meta criar mais 16,8 mil vagas de educação profissional e tecnológica. A previsão de investimento chega a R$ 300 milhões.

Metrô e Instituto Federal

O presidente concluiu a viagem oficial à cidade de São Paulo anunciando a extensão da Linha 5 do Metrô (Linha Lilás) e a criação de uma unidade do Instituto Federal de São Paulo no distrito de Jardim Ângela, periferia da capital paulista.

Com a expansão, o metrô ganhará mais 4,3 quilômetros de linha e duas estações (Jardim Ângela e Comendador Santana). O dinheiro da obra, prevista desde 2019, será do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), R$ 1,7 bilhão.

Para Lula, a extensão do metrô vai agilizar o deslocamento e dar conforto aos moradores de Jardim Ângela. O presidente, no entanto, admitiu que “ainda tem que fazer muita coisa para melhorar a vida do povo desse país”.

O investimento para o campus do Instituto Federal em Jardim Santana também será do Novo PAC, um total de R$ 141 milhões para 12 novas unidades em todo o Estado de São Paulo. O Jardim Ângela, situado na zona sul paulistana, hoje uma área de 37 quilômetros quadros, surgiu de loteamento irregular na primeira metade da década de 1960 e já foi considerado um dos lugares mais violentos de São Paulo.

O anúncio das obras atende a antigas reivindicações da comunidade. “Nós sonhamos lá atrás e esse sonho começa a se tornar realidade”, disse Regina Gomes, liderança comunitária e participante do Fórum em Defesa da Vida no Jardim Ângela.

“O Instituto Federal está além do direito. É uma necessidade. Vai ser o início de muita coisa boa que vai acontecer”, comemorou a estudante de Ciências Sociais da USP Sara Gomes da Silva, moradora da região que se preparou para entrar na principal universidade do país pela Rede Ubuntu de Educação Popular.

Agenda

De São Paulo, Lula segue para o Rio de Janeiro. Neste domingo (30), às 11h, o presidente participa da entrega das primeiras unidades habitacionais do programa “Morar Carioca do Aço”, no Bairro de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. No total, o conjunto habitacional a ser inaugurado por Lula terá 704 unidades residenciais e abrigará cerca de quatro mil moradores.

(Fonte: Agência Brasil)

O município de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, obteve um financiamento de R$ 58,75 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para modernização da gestão por meio de tecnologias, processos e sistemas e investimentos em equipamentos para escolas públicas.

A diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campelo, disse que “com o investimento em Juiz de Fora, a instituição contribui para que o município avance na agenda de governo digital e leve conectividade e tecnologia para as escolas com qualidade e transparência e em alinhamento às políticas públicas prioritárias do governo federal”.

Na educação, o projeto prevê a aquisição de laptopstabletssmart TVs e aplicativos educacionais para as escolas municipais. Juiz de Fora planeja disponibilizar em todas as salas de aula da 1ª a 9º série equipamentos para todos os alunos para serem usados em trabalhos interdisciplinares nos três turnos das escolas públicas.

A área da saúde também será digitalizada, com criação de agendamento on-line de consultas e exames, além de mapeamento das filas e necessidades de atendimento por região. O projeto vai proporcionar ainda melhor infraestrutura de conectividade em todas as 62 unidades básicas de saúde, 102 escolas, 47 creches e nos quatro centros de atendimento educacional especializado.

O cidadão ganhará o aprimoramento do Portal Único de Serviços, com informações mais claras e navegação mais intuitiva. Outro ganho é a ampliação dos canais de atendimento, que passam a contar com unidades móveis e totens de autoatendimento.

Os canais já existentes serão aprimorados, assim como o sistema de gestão e a oferta de serviços digitais.

O projeto inclui a instalação do alvará eletrônico de funcionamento, com a criação de cadastro de contribuinte perante o município, cadastro econômico e emissão do alvará, com consulta integrada aos sistemas do Corpo de Bombeiros e da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais a partir do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ) 25/06/2024 - Exposição do mestre da xilogravura brasileira J.Borges no Museu do Pontal.
Foto: Museu do Pontal/Divulgação

A retrospectiva da obra do mestre da xilogravura brasileira J.Borges está disponível ao público na exposição O Sol do Sertão, que vai até o dia 25 de março de 2025, no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro. A mostra se inicia neste sábado (29), às 14h30, e é inteiramente gratuita para o público.

Segundo o curador e diretor-executivo da exposição, Lucas Van de Beuque, o museu fez uma longa pesquisa em cima dos acervos e coleções do artista, de 88 anos, espalhados no Brasil. “A gente vai expor ao público essa trajetória, desde os primeiros estudos de cordéis que ele fez até as últimas obras, como a Sagrada Família, que foi dada ao papa Francisco, no ano passado, pelo presidente Lula, representando a arte popular do Brasil, e a obra O coração na mão, que ele fez recentemente e é um grande sucesso”, disse Van de Beuque à Agência Brasil

Para fazer a pesquisa, os curadores foram à casa e ao ateliê de J.Borges, na cidade de Bezerros (PE), onde o artista nasceu no dia 20 de dezembro de 1935 e permanece até hoje. Também foram usados livros e biografias que foram escritos sobre o artista. 

O curador destacou que J.Borges pode ser incluído entre os maiores artistas vivos brasileiros hoje. “Ele tem obras expostas desde o Museu Louvre, de Paris, na França, espalhadas em museus no Brasil e coleções privadas. Já fez algumas exposições nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba, com uma trajetória muito ampla”.

Rio de Janeiro (RJ) 25/06/2024 - Exposição do mestre da xilogravura brasileira J.Borges no Museu do Pontal.
Foto: Museu do Pontal/Divulgação

Suas xilogravuras ganharam admiradores de peso, como o escritor Ariano Suassuna. O artista tem vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Ilustrou também a capa de livros de escritores como Eduardo Galeano e José Saramago, inspirou documentários e o desfile da Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.

Para Lucas Van de Beuque, J.Borges é uma pessoa do seu tempo, atenta ao que acontece no mundo e ao que as pessoas se interessam. Ao mesmo tempo, é alguém muito ligado ao seu caminho e ao que está querendo propor. “Não é algo circunstancial. Ele tem compromisso com o Nordeste, com o cordel, com esses valores nordestinos de um jeito de viver que é muito relevante para ele. É muito forte essa forma de viver”.

Até hoje não tinha sido feita uma exposição sobre J.Borges que falasse sobre toda a sua trajetória, englobando acervos privados e públicos. O curador destaca, em especial, a primeira xilogravura que o artista fez em 1964, iniciando sua produção para a capa do segundo cordel que escreveu. “Ali nasce também o nome J.Borges. Porque o nome completo dele (José Francisco Borges) não cabe na xilo. Esse testemunho está também na exposição”

Exposição

A exposição ocupa grande parte da galeria principal do Museu do Pontal, as duas galerias do mezanino, o saguão e um painel de 24 metros quadrados. São 200 obras, um minidocumentário sobre a vida e obra do artista e uma linha do tempo, além de um conjunto de 50 matrizes mostrando como foram feitas as xilogravuras. 

A mostra será inaugurada durante o Festival Junino do museu, que ocorre no sábado (29) e domingo (30). O público poderá adquirir, a preços populares, uma obra do xilogravurista na lojinha que será montada durante a festa, semelhante à que existe em Bezerros.  

(Fonte: Agência Brasil)

AGU Advocacia Geral da União

Parecer a favor da inconstitucionalidade do modelo de escolas cívico-militares do Estado de São Paulo foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Advocacia Geral da União (AGU) nessa sexta-feira (28).

A adoção do modelo é alvo de ações protocoladas no STF pelo PSOL e o PT. A criação das escolas cívico-militares foi aprovada pelo Legislativo estadual no mês passado e sancionada pelo governador, Tarcísio de Freitas.

No documento, a AGU sustenta que os Estados não podem instituir modelo educacional que não está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Além disso, o órgão acrescenta que a Constituição também não prevê que militares possam exercer funções de ensino ou de apoio escolar.

“A alocação de militares da reserva para a execução de atividades relacionadas à educação básica fora do sistema de ensino militar formal, ainda que na condição de apoio ou monitoramento, não encontra respaldo nas normas fundamentais do sistema educacional brasileiro, nem previsão compatível com a finalidade constitucional dessas instituições”, concluiu a AGU.

O parecer foi anexado à ação na qual o PSOL defende a suspensão do modelo educacional e argumenta que a intenção é substituir o sistema público de educação, e não a coexistência dos dois modelos, como afirma o governo paulista.

“Objetiva-se a gradual substituição de profissionais da educação, os quais devem prestar concurso público e passar pela análise de seus títulos acadêmicos para estarem aptos a ocupar tais cargos, por militares, a serem escolhidos de forma discricionária, em última instância, por ato da Secretaria da Segurança Pública”, diz o partido na ação.

À época da sanção da lei, o governo do Estado informou que a instalação do modelo será gradual, com “consentimento expresso das comunidades escolares em consultas públicas”.

“A iniciativa da escola cívico-militar está alinhada ao Plano Estadual de Educação. É uma iniciativa altamente democrática, que dá opção às famílias e incrementa o portfólio de escolas da rede pública. A escola cívico-militar tem o propósito de melhorar o aprendizado e o ambiente escolar, além de reduzir a violência”, afirmou o secretário-executivo da Educação, Vinicius Neiva.

O relator do caso é o ministro Gilmar Mendes. Não há prazo para a decisão.

(Fonte: Agência Brasil)

– Um homem comum como ponto comum de membros de uma Confraria de amigos para encontros e debates

– A origem das bancas de jornais e revistas no Brasil

*

Ele era um homem comum e o ponto comum, a referência para os membros de uma Confraria de amigos que em plena praça pública, uma ágora do século XXI, se encontravam e debatiam, inclusive – e sobretudo – política e futebol.

Francisco Melo Filho, o Chico da Banca, 54 anos, torcedor do Flamengo, faleceu há quatro anos, na manhã de um domingo, 28 de junho de 2020, no Hospital Municipal de Imperatriz (Socorrão). Quase três semanas antes, no dia 10 de junho, na antiga Rua 15 de Novembro (atualmente, Avenida Frei Manoel Procópio), ele havia se acidentado com sua moto. Foi internado. Foi submetido à cirurgia. Estava em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Mas o acidente resultara em quebra de uma das pernas em três lugares e pancada forte no crânio. A isso se juntaram outras questões de saúde, entre as quais diabetes, hipertensão e problemas no coração. Ocorreu infecção generalizada. Resultado: os esforços dos médicos e do paciente para reverter a situação não foram suficientes. O imperatrizense Francisco Melo Filho, o Chico da Banca, passa para sempre a ser História, com registros na Imprensa que ele, em seu ofício, ajudava a manter e divulgar.

Atendendo à solicitação, a área de Saúde da Prefeitura de Imperatriz autorizou, observados os necessários cuidados vigentes e exigidos à época, o velório do corpo do Chico em frente à sua banca de jornais e revistas e em plena Praça de Fátima, ligada à paróquia de mesmo nome, onde está a catedral e a sede da Diocese da Igreja Católica em Imperatriz.

Ultimamente, em razão do acidente e internação, uma filha do Francisco é quem substituía o pai – que ela sabia ser insubstituível naquele mister e mistério de, em volta de sua banca, ser o catalisador do ajuntamento de pessoas de diferentes atividades (políticos, empresários, intelectuais, patrões e empregados, assessores e assessorados etc.). Membros desse grupo disforme-multiforme “assinavam o ponto” todo dia, em menor número, um ou outro às vezes, mas, nos fins de semana, sábados e domingos, a frequência era maior, o alarido das conversas, as risadas, em ondas, espraiavam-se por aquele pequeno trecho da Avenida Getúlio Vargas e pela Praça de Fátima, onde o móvel metálico da banca estava fixado.

Já estava em sua segunda década a comemoração de fim de ano que ali se realizava. Espontaneamente, amigos e conhecidos do Chico da Banca, que até já haviam doado para a praça bancos novos, de qualidade, também traziam bebidas e carnes e churrasqueira e, sobretudo, a alegria de rever “figuras”, especialmente da política local e estadual, sem nenhum risco de haver confrontos, embora um ou outro safanão já havido em priscas eras. Nos últimos tempos, o respeito ao “ecumenismo ideológico” era mantido, seja pela personalidade “forte” do Chico, seja pela adultez dos presentes, que sabiam que ali se debatia sem bater. Todos eram bem-vindos à confraria do Chico, de esquerda ou de direita (seja lá o que isso ainda seja, hoje, pois se sabe muito bem de caráter e de interesses que jazem por trás das caras cínicas e “santas” dos que estiveram ou estão no Poder).

*

Chico da Banca era o responsável pelo mais conhecido e mais movimentado ponto de venda de jornais, revistas e conveniências.

A uma banca de jornais e revistas pessoas comparecem para comprar informação. Em Imperatriz, à Banca do Chico muitos iam para “dar” informações, expressar opiniões, fazer gozações...

No nome “Banca do Chico” o mais importante era o “Chico”. A “banca” era tão só o “ponto”, a referência. Quando os frequentadores mais assíduos pegavam alguma publicação (jornal, revista...) era por passageira curiosidade, ou para reforçar um argumento em uma conversa que acabara de “pegar fogo” acerca de um assunto mais atual, com certeza político. Como mais de uma vez ele me disse: “– Dos que vêm aqui, você é provavelmente o maior cliente pessoal”.

Conheci o Chico na década de 1970. Eu era mais ou menos recém-chegado à cidade e ali, na Praça de Fátima, a poucos metros da banca, eu e outros colegas bancários e amigos havíamos alugado uma grande casa, que foi transformado nesse ajuntamento de machos chamado “república”... O imóvel fora a antiga residência de um conhecido agropecuarista Domingos Rodrigues – que, por muito tempo, foi meu companheiro de Rotary Club, ali na antiga Rua 15 de Novembro, região histórica, onde Imperatriz foi fundada e por onde deu os primeiros passos rumo a seu majestoso desenvolvimento, inicialmente com a ajuda do Rio Tocantins, ali ao lado, por onde se mandavam e por onde mais se recebiam produtos.

Tornei-me “habitué” da banca, não necessariamente de seus ajuntamentos de pessoas. Em muitos casos, os papéis impressos ainda tinham mais a dizer – embora não tivessem a alegria e espontaneidade dos conhecidos participantes da confraria franciscana.

Ante minha assiduidade, o Chico falava-me das dificuldades – eventualmente, de saúde, e, mais frequentemente, de trabalho. Desde a adolescência, ele vivia naquele e daquele ofício. Décadas depois, com direitos a receber, estava negociando a transferência da banca e do ponto para seu nome. O “patrão” – à época, a Distribuidora Maranhão-Piauí de Revistas Ltda. (Dimapi), já fora de atividade –, como quase todo patrão, por seus prepostos locais, impunham obstáculos ou condições draconianas... mas as conversas avançavam... Menos mal.

Até um tempo atrás, eu não sabia se haviam se encerrado as negociações, mas vi que, desde 24 de fevereiro de 2016, quatro anos e quatro meses antes de sua morte, Francisco Melo Filho tornara-se a razão social, ou seja, o nome legal da “Banca do Chico”, com número de CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica 24.238.555/0001-34 e CNAE – Classificação Nacional das Atividades Econômicas 4761-0/02, na atividade “Comércio Varejista de Jornais e Revistas”.

Portanto, o Chico era uma pessoa legal, na atividade comercial e na amizade. Era o adulto oficializando o que fazia há 40 anos, o que, por sua vez, era uma continuação do que gostava de fazer na infância: ler e trocar livros e revistas de histórias em quadrinhos em frente à entrada do Cine Marabá, na Avenida Getúlio Vargas, esquina com Rua Amazonas, em Imperatriz. Coincidentemente, nessa mesma avenida e três quarteirões antes do cinema, estava implantada, há décadas, a “Banca do Chico”, que, nos documentos, tinha o número 1 como endereço na grande avenida – número que deve ter sido um inofensivo lapso ou liberalidade, já que a Banca não está no começo daquele logradouro público (a agência do Banco da Amazônia, dois quarteirões antes da banca, tem o número 404).

*

A atividade profissional de pessoas como o Chico da Banca vive, como outras, tempos difíceis. A banca de jornais e revistas é um dos mais simbólicos e, anteriormente, um dos mais fortes elos, hífen, traço de união entre quem produz conteúdos / informações / notícias e aqueles aos quais tudo isso se destina – o leitor. Com jornais, revistas e até livros e bibliotecas inteiras chegando gratuitamente e rapidamente a qualquer momento, em qualquer ligar, à palma da mão, via “smartphone”, não parece fazer sentido comprar suportes físicos, impressos, pesados, acumuladores de poeira e ácaros e ocupadores de espaços em casas e escritórios...

A essa instantaneidade e gratuidade nas informações pelo celular some-se a proverbial falta de hábito de leitura do povo brasileiro e, muito importante, a falta de condições financeiras para consumir informações em forma de livros, jornais, revistas etc. Uma informação de há muitos anos a que tive acesso, publicada no “Atlas do Mercado Brasileiro”, do jornal paulista “Gazeta Mercantil”, revelava, em números, que, em Imperatriz, se gastava mais com papel higiênico ou com cabeleireiros do que com livros, jornais e revistas... Nada de estranhar: as pessoas escolhem como querem “fazer a cabeça” ou limpar... a mente.

Jornaleiros sempre foram servidores públicos – desde 1858, quando, no Brasil, escravos anunciavam as manchetes e títulos de matérias do jornal “A Atualidade”, no Rio de Janeiro. Depois, na primeira década dos anos 1900, um italiano, Carmine Labanca, juntou uns caixotes uns sobre os outros, colocou um estrado por cima e sobre ele espalhou exemplares dos jornais do dia, para venda. (Atribui-se, para mim indevidamente, o nome “banca” ao sobrenome desse imigrante; mas a palavra “banca”, que é de origem italiana, tem, em Português, pelo menos 400 anos de existência, pois foi registrada a primeira vez em nosso idioma no ano de 1619). Nas décadas de 1920 e 1930, os vendedores de jornais aperfeiçoaram o negócio e passaram a ter estantes e, depois, quiosques feitos de madeira. As bancas foram melhorando de material e de aparência e diversificando os produtos que vendiam.

As bancas metálicas e fixas, como aquela a que o Chico da Banca tanto se entregou e se integrou, a ponto de, com seu nome, ela ser ele e ele ser ela, bancas assim, bem melhores, muuuuuito melhores que suas ancestrais, são mais recentes e mais seguras  --  só na primeira metade da década de 1980 a cidade de São Paulo (SP) cuidaria de, legalmente, tratar de ter bancas fixadas inamovivelmente ao chão, pois, até ali, durante a noite ladrões roubavam bancas inteiras... (Certamente não eram bandidos ansiosos por leituras, curiosos pelas manchetes – afinal gratuitas, visíveis – dos jornais diários ou sequiosos pelas grandes reportagens das revistas semanais e mensais ou pela última página com as presepadas d’O Amigo da Onça, personagem e “cartoon” imortal do talentoso cartunista nordestino Péricles de Andrade Maranhão [1924-1961], na revista “O Cruzeiro”).

*

Chico da Banca tinha mais amigos em seu coração que produtos em sua banca – estes ele queria vender; aqueles, não era para (se) comprar...

Chico foi tema de matérias em jornais e também com passagem em textos acadêmicos,  como em “Aqui Imperatriz!: perfis de pessoas comuns no jornal ‘Correio Popular’”, do professor Alexandre Zarate Maciel, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), apresentado no 13º Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, em Maceió (AL), de 15 a 17 de junho de 2011, realizado pela Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

Em seu sepultamento, em vez de uma bandeira (da cidade, do Estado, do país)... em vez de uma flâmula (de um time de futebol, de uma torcida organizada...)... no enterro do Chico da Banca, em vez de uma peça de tecido, devia-se pôr sobre o caixão as folhas abertas de um jornal...

A Eternidade agora é sua, Amigo.

Descanse.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

1) Chico da Banca (à esquerda) e o coronel Edeílson Carvalho, que foi meu aluno em curso na Universidade Estadual do Maranhão; 2) Chico entrando em sua banca; 3 e 4) Movimentação em frente à banca, nos fins de semana.

Brasília (DF), 10/04/2023 - Fachada do ministério da Educação.
Foto:Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

As inscrições para as vagas remanescentes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) referente ao primeiro semestre de 2024 podem ser feitas até a próxima segunda-feira (1º) exclusivamente pela internet, por meio do sistema Fies Seleção, disponível no Portal Acesso Único do MEC.

De acordo com o Edital 19/2024, que trata do processo de oferta e ocupação de vagas remanescentes do Fies, o resultado da ordem de classificação e da pré-seleção será divulgado no dia 4 de julho, constituído de chamada única e de lista de espera.

“As vagas remanescentes do Fies referem-se às oportunidades de financiamento que não foram preenchidas durante as etapas regulares de seleção do programa. Elas são destinadas exclusivamente aos estudantes efetivamente, matriculados, no curso, turno e local de oferta para os quais se inscreveram”, informou o Ministério da Educação.

Segundo o MEC, os candidatos devem estar obrigatoriamente em situação de “cursando” no momento da inscrição no Fies ou devem ter cursado o referido semestre com aproveitamento em, pelo menos, 75% das disciplinas, caso o semestre já tenha sido encerrado.

CadÚnico

Candidatos com renda familiar per capita de até meio salário mínimo que estejam inscritos no Cadastro Único para programas sociais do governo federal (CadÚnico) terão prioridade na classificação para a ocupação das vagas remanescentes. Nesses casos, também será possível solicitar a contratação de financiamento de até 100% dos encargos educacionais cobrados pelas instituições.

Entenda

O Fies foi instituído pela Lei nº 10.260, de julho de 2001. A proposta é conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos. Os cursos devem ser ofertados por instituições de educação superior privadas participantes do programa, bem como ter avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

(Fonte: Agência Brasil)

Antes do amanhecer dos próximos dias, os planetas Júpiter, Marte e Saturno estarão enfileirados no céu. A Lua também fará parte desse fenômeno, mas, a cada dia, estará em posição diferente com relação aos planetas. O melhor horário para observar os astros formando esse “alinhamento” é um pouco antes do nascer do Sol do dia 29 de junho (sábado), olhando para o horizonte leste, direção onde nasce o Sol. O fenômeno é visível a olho nu, por isso não são necessários instrumentos para a observação, a não ser que o observador queira avistar Urano que também estará nessa linha.

“Astronomicamente, o termo mais apropriado é conjunção. Alinhamento é um termo popular para as pessoas entenderem. Este não é um evento raro e nem de grande interesse para a Astronomia porque os movimentos dos planetas já são bastante conhecidos. É um fenômeno relativamente frequente, o que acontece é que varia de época para época e quais são os planetas que estão alinhados. Neste fim de semana, antes do Sol nascer, vamos olhar lá para o leste e ver Júpiter bem próximo do horizonte. Ele é o mais brilhante de todos”, disse o professor e coordenador do Observatório Astronômico do campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Rodolfo Langhi.

Para facilitar o entendimento, o professor usa uma analogia: imagine que você está em uma pista de atletismo, olhando os corredores correndo em volta de você e aí, de vez em quando, algum atleta ultrapassa os outros. Quando você olha isso, é como se do seu ponto de vista os dois ou os três que estivessem lá ultrapassando outros. Quando você olha isso, é como se, do seu ponto de vista, eles estivessem na mesma direção que a sua linha de visão e os outros, que estão mais para trás ficam fora da linha de visão.

“Então, é a mesma coisa que acontece com os planetas. Imagine os planetas girando em volta do Sol e, aí, cada planeta tem uma velocidade diferente nessa trajetória. Então, acontece às vezes dos planetas estarem igual aos atletas, nas mesmas posições ou em posições parecidas do nosso ponto de vista que quando a gente olha para eles é um ultrapassando o outro. Então, quando a gente olha o céu e vamos ver esses planetas no mesmo campo visual, praticamente próximos um dos outros”, explicou.

De acordo com Langhi, será possível ver Júpiter bem próximo do horizonte, um pouco acima, Marte, que se parece com uma estrela vermelha de luz fraca, mais para cima Saturno que é parecido com uma estrela meio amarela. “Daqui a um mês, os planetas já estarão em posições diferentes, porque serão 30 dias girando em torno do Sol. Muda um pouquinho a configuração, mas serão outros planetas alinhados. Há meses em que não há nenhum alinhamento, há meses que aparecem os cinco planetas na mesma direção do céu”.

Segundo o professor, o evento é interessante para o público geral porque pode despertar a curiosidade das pessoas para a astronomia e para o conhecimento dos estudos astronômicos.

(Fonte: Agência Brasil)

O governo federal assinou nessa quinta-feira (27), em Brasília, acordos com entidades representativas de professores e de técnicos-administrativos das universidades públicas e institutos federais de educação. A categoria, que estava em greve há 70 dias, retomou as atividades acadêmicas na última quarta-feira (26).

Os acordos foram fechados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). 

No caso dos docentes, a proposta apresentada pelo governo prevê a reestruturação da carreira, com ganhos médios de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026, além de reestruturação na progressão entre os diferentes níveis da carreira. Assim, o salário inicial de um docente com doutorado passará para R$ 13,7 mil e para professor titular, no topo da carreira, será de R$ 26,3 mil em 2026. 

Reajuste médio

No caso dos técnicos, a proposta prevê reajuste médio de 31,2% em quatro anos, além de ganhos com progressão na carreira, que aumentarão dos atuais 3,9% para 4% em janeiro de 2025 e 4,1% em abril de 2026. 

Além dos reajustes, o Ministério da Educação se comprometeu a revogar a Portaria nº 983/2020, que regulamenta atividades docentes no âmbito da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, e a criar um Grupo de Trabalho com prazo de 60 dias, após assinatura do acordo, para a elaboração de uma nova regulamentação.

Também foi acordada a recomposição do conselho que estabelece as diretrizes para a concessão da certificação destinada a professores de cursos técnicos de nível médio.

(Fonte: Agência Brasil)

FRASES QUE LEMBRAMOS DE AUTORES QUE ESQUECEMOS

 *

Nessa quinta-feira, 27 de junho de 2024, completaram-se 116 anos de nascimento do escritor, diplomata e médico João Guimarães Rosa. Ele nasceu em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo (MG) e morreu no Rio de Janeiro (RJ), aos 59 anos, em 19 de novembro de 1967.

Considerado entre os maiores escritores do Brasil, Guimarães Rosa é autor de livros como “Grande Sertão: Veredas” e “Sagarana”. Foi membro da Academia Brasileira de Letras (cadeira nº 2).

Curiosidade: fascinado por idiomas, Guimarães Rosa falava, além do português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, russo. Também, lia sueco, holandês, latim e grego e conhecia a gramática do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo, do finlandês, do dinamarquês. Segundo o próprio Guimarães Rosa, além dessas, ele “bisbilhotou” outras línguas.

De seu casamento com Lígia Cabral Pena, vieram as filhas Vilma e Agnes. Vilma Guimarães Rosa (nascida em Minas Gerais, em 5/6/1931) também se tornou escritora. Tenho dois livros dela, autografados e com dedicatória para terceiras pessoas: “Serendipity", de 1974 [foto], e "Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai (Memórias Biográficas)”, publicado em 1983 e ganhador dos prêmios “Joaquim Nabuco” (da Academia Brasileira de Letras) e “Ensaio Biográfico”, do PEN Clube do Brasil.

O título do livro “Serendipity” vem da palavra inglesa que significa uma descoberta feliz, ao acaso. A origem do termo seria uma palavra árabe, “Serendip”, que denominaria a região do hoje país Sri Lanka, o antigo Ceilão. No livro, Vilma Guimarães Rosa, por meio do personagem Mister Ashley, diz que Serendipity “é uma palavra mágica”, “é o dom de fazer felizes descobertas! Imprevista, casualmente..." (página 88).

*

No dia 12 de junho de 1937, ao tomar posse na Cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras, o jovem (49 anos) escritor, diplomata, ex-ministro do Exterior e advogado João Neves da Fontoura disse uma frase lapidar, que, descontado o saudável excesso, deveria causar algum orgulho a nós maranhenses. Falando sobre seu antecessor na referida Cadeira patroneada pelo dramaturgo paulista Álvares de Azevedo, disse Fontoura:

“Não houve melhor brasileiro do que Coelho Netto”.

O escritor caxiense havia sido o fundador (primeiro ocupante) da Cadeira nº 2 da ABL. Com o falecimento de João Neves da Fontoura (o segundo ocupante da Cadeira 2), em 31 de março de 1963, o terceiro ocupante seria também um outro ilustre – ilustríssimo –  João: João Guimarães Rosa.

Depois do discurso de recepção, feito pelo igualmente ilustrado e talqualmente mineiro Afonso Arinos de Melo Franco, o mineiro da cidade do coração, Cordisburgo, tomou-se de suas próprias lembranças de adolescente de 16 anos, lembrou-se das palavras que nessa idade dissera em velório de um amigo e as imortalizou no discurso de posse:

“A gente morre é para provar que viveu. Só o epitáfio é fórmula lapidar. [...]”

Aí, no parágrafo seguinte, vêm as palavras que tanto são ditas, reditas e desditas:

“[...] As pessoas não morrem, ficam encantadas”.

Guimarães Rosa fazia referência a seu antecessor, João Neves da Fontoura, que, naquele 16 de novembro de 1967, se vivo fosse, estaria completando 80 anos (“Soprem-se as oitenta velinhas”, escreveu o autor de “Sagarana” no antepenúltimo parágrafo desse discurso).

É impressionante a força, o símbolo e a simbologia, o sentido e o sentimento de certas frases, que voam das palavras estáticas em um papel para o dinamismo e cotidiano das pessoas – por exemplo, o nosso gonçalvino verso “Minha terra tem palmeiras”.

As palavras da frase “As pessoas não morrem, ficam encantadas” são apenas seis das 7.808 que constituem os 58 parágrafos do discurso rosiano. Trinta e três letras, em certa ordem, são, daquele discurso, o conjunto de caracteres gráficos que mais se eternizou e se entronizou no adagiário coletivo e popular, em especial nos meios literários, intelectuais, artísticos e culturais em geral. As demais 41.419 letras do discurso de posse de Guimarães Rosa há 51 anos e dois meses, com o devido valor das palavras e frases e parágrafos que formam, terminam por ser – exageremos... – a grande moldura e verniz para aquelas pouco mais de trinta letrinhas.

Essa frase – registra o também mineiro Mauro Lúcio Condé – originalmente é: “O mundo é mágico: as pessoas não morrem, ficam encantadas”, dita pelo jovenzinho Guimarães Rosa, com 16 anos, no velório de um amigo.

Despregadas do papel pela voz e emoção de Guimarães Rosa, essas palavras – pelo menos essas – pregaram-se no repertório popular como piolho de cobra em veado e passaram a fazer parte de citações e excitações intelectuais. Claro, o reiterado uso levou ao recatado abuso, e a frase vai sendo “reciclada” de acordo com o (meio) ambiente: “Artistas não morrem, se encantam”; “Poetas não morrem – encantam-se”... e por aí vai, vamos, vão-se...

Pode ser que, nas literaturas de todo o mundo e de todas as épocas, do “A” do Afeganistão ao “Z” do Zimbábue, essa frase ou algo bem assemelhado já se tenha escrito. Na parte ocidental do mundo, latinos... gregos... são autores de muita coisa que anda por aí como nova, autoral, de boca em boca, de papel em papel e de tela em tela (neste caso, tanto no cinema quanto no vasto e-mundo da Internet, lugar virtual e nem sempre virtuoso...).

Assemelhada à frase rosiana “As pessoas não morrem, ficam encantadas” é, por exemplo, o ditado “O poeta não se faz, nasce”. Ele vem do antigo latim “Poeta non fit, sed nascitur”, que, por sua vez, como registra Paulo Rónai, no mínimo “lembra a sentença atribuída a Cícero: ‘Nascimur poetae, fimus oratores’ (‘Nascemos poetas, tornamo-nos oradores’)”.

Bom. Nessa história de quem nasce, morre ou se encanta, parece haver só uma certeza:

Frases ficam, autores não – porque frases encantam... e seus autores, ora, esqueçam!...

*

Em tempo: Depois de pronunciar seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, João Guimarães Rosa morreu três dias depois, em 19 de novembro de 1967.

Como homem, foi imortal por três dias.

Como escritor, não morreu. Deve durar aí, pelo menos, meia eternidade...

* EDMILSON SANCHES