Com a expansão, cerca de um milhão de novos estudantes serão beneficiados. As mudanças também atingirão alunos da educação de jovens e adultos (EJA).
O anúncio foi feito durante evento em Fortaleza (CE) com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente defendeu a importância da aplicação de recursos para a educação no Brasil e convocou os jovens presentes na cerimônia a não desistirem da escola e sonharem com a conquista de qualquer realização profissional por meio da educação.
"Estudar é quase que uma coisa sagrada para um pai e uma mãe. Para nós, a maior herança que a gente pode deixar para o nosso filho é educá-lo, formá-lo cidadão ou cidadã, dar a ele uma profissão, para que ele possa trabalhar, e pelo seu trabalho, ter um salário digno e decente para cuidar da sua família. Essa é a grande paixão de qualquer pai e qualquer mãe".
Ele destacou que os recursos alocados em educação não são gastos, são investimento. "Enquanto eu puder colocar dinheiro na educação, é proibido qualquer ministro meu utilizar a palavra gasto. Eu vou gastar se tiver que fazer cadeia, prisão, para colocar essa juventude abandonada. Educação é investimento", disse o presidente.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou a sensibilidade do governo federal de promover o Pé-de-Meia, diante do fato de que cerca de meio milhão de estudantes abandonam a escola pública no ensino médio a cada ano. "Esse programa vem para dizer aos estudantes brasileiros que nós não queremos nenhum aluno fora da escola pública deste país. Porque somente através da educação a gente tem condições de transformar vidas. Não há nenhuma saída para o país e para a sociedade se desenvolver, gerar oportunidades, se não for através da educação", reforçou.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, disse que, com o programa de incentivo, será possível avançar ainda mais na educação a nível regional. "Em 2023, a maior participação no Enem do país foi do Ceará. E os nossos alunos fizeram história neste ano, com o maior resultado da nossa história. Ingressaram no ensino superior, saindo da escola pública do Ceará, 22,5 mil jovens do Ceará", informou.
Expansão
De acordo com o Ministério da Educação, os novos beneficiados começam a receber o Pé-de-Meia a partir de agosto. Já os alunos de EJA receberão o benefício em setembro, com o início do semestre letivo nessa modalidade de ensino.
Criado para garantir a continuidade e frequência escolar dos jovens de baixa renda, o programa concede incentivo mensal de R$ 200 ao estudante, que pode ser sacado em qualquer momento, além de depósitos de R$ 1.000 ao término de cada ano concluído com aprovação, que só podem ser retirados da poupança após a formatura no ensino médio.
Atualmente, o programa é voltado a estudantes de escolas públicas beneficiários do Bolsa-Família. Desde o primeiro semestre de 2024, 2,7 milhões de jovens já receberam o incentivo.
Uma parceria entre a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc/RJ) oferece 100 bolsas de estudos integrais para alunos que cursaram o ensino médio na rede pública estadual, além de servidores públicos da pasta (ativos e aposentados) e seus dependentes de 1º grau (cônjuge e filhos).
O processo seletivo é voltado para os cursos da modalidade a distância do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico (FGV IDT). Confira aqui o edital. A inscrição é gratuita e vai até 12 de agosto, por meio deste link.
Os cursos oferecidos são processos gerenciais; gestão pública; logística; gestão de recursos humanos; e governança ambiental e sustentabilidade. Serão 15 vagas para cada curso com ingresso via vestibular on-line, e mais cinco vagas para cada curso com ingresso pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova de redação on-line será no dia 1º de setembro.
O violoncelista Antônio Meneses morreu neste sábado (3), na Basileia, Suíça, aos 66 anos. Um dos principais músicos de sua geração, ele havia sido diagnosticado em junho com gliobastoma multiforme, um tipo agressivo de tumor cerebral.
Nascido no Recife em 1957, criado no Rio de Janeiro e radicado na Europa, desde a juventude, Meneses é um dos mais célebres solistas e cameristas de sua geração.
Após vencer os concursos de Munique e Tchaikovsky, ele iniciou uma carreira de sucesso que inclui a colaboração com as mais importantes orquestras e maestros do mundo.
Atendendo a um pedido do próprio músico, não haverá funeral.
Sua última participação na Empresa Brasil de Comunicação (EBC)foi no programa Sala de Concerto da Rádio MEC, no dia 24 de maio deste ano. Uma homenagem ao violoncelista.
O programa contou com as presenças de Antônio Meneses, os irmãos do instrumentista que formam o Quarteto Meneses (Gustavo Meneses – violino; Ricardo Meneses – viola; Eduardo Meneses – violoncelo) e a pianista Paula da Matta.
Minha mãe morreu. Foi em um 1º de agosto, 6h50 da manhã.
Dona Carlinda Orlanda Sanches tinha 49 anos. Nasceu sob o signo de Escorpião, gostava de futebol (era vascaína) e desejava assistir a uma Copa do Mundo. Também queria ir a Roma e, claro, ver o papa também.
Católica, ia à igreja quando podia, mas estava com Deus sempre.
Só sabia fazer o bem. E bem feito. Desconfio de que a única coisa ruim que ela fez... foi fazer-me.
Acho que sempre lhe dei menos do que ela desejava, e dela sempre recebi mais do que merecia. Dizem que mãe e filhos são assim mesmo.
Padecia de "doença limitante, de caráter progressivo, tendo como único tratamento o transplante de fígado", que ela se recusou a aceitar ("O coração não pedia" – desculpava-se). Quanto à doença, é um mal raro, comprido e indecifrável como o próprio nome: colangite esclerosante primária, detectável por meio de biópsia e exame de técnica e nome complicados: colangiotransparietohepática, ou colangiografia pancreática endoscópica retrógrada.
Li quase tudo sobre a doença. Informei-me em Medicina, especializando-me em Hepatologia e em hepatopatias crônicas. Instigam-me particularmente os mistérios do processo das doenças classificadas como autoimunes.
Numa coleção de livros – "Clínicas Cirúrgicas da América do Norte", não lembro o ano – anotava-se que a colangite primária tinha 32 casos registrados em todo o mundo.
Mãe foi a Brasília, São Paulo, e também foi atendida em Caxias, Teresina, São Luís... Não queria viajar mais. Queria ficar, tratar-se – ou morrer – em Imperatriz. E assim foi cumprida a sua vontade.
Foram dois anos, ela carregando a sua cruz. E nós (Francisca Cláudia, Carlos Magno, Júlio César, Wendel e eu) sequer podíamos dividir o peso, sua dor. A dor é irrepartível (deixem passar o neologismo). A dor que sentíamos era outra, filial. A de mamãe, matriz. Uma dor tinha origem na doença; a outra, nascia daquela dor. Dores diferentes. A de mamãe, com certeza, maior. Sofria porque sentia dor, e sofria porque sentia por nós.
*
Meu sono é como minha consciência – leve. Assim, na madrugada, duas, três horas, bastava os pezinhos de mamãe roçarem a ardósia, à procura dos chinelos, para eu acordar e ir ao seu encontro. Era um escoteiro da noite, sempre alerta. Sem uma palavra, no meio do corredor fracamente iluminado, nos olhávamos, nos sorríamos um sorriso meio maroto meio triste e nos abraçávamos mudos e ternos. Seu corpo, debilitado pela doença; o meu, fragilizado pela emoção. E pela impotência ante o avanço do mal.
Mãe deu lições de dignidade e resistência, inclusive física. Enfrentou e venceu três comas e encefalopatias hepáticas, inúmeras cirurgias e pós-operatórios. Ficava dias só respirando quase imperceptivelmente, como um pássaro. Médicos arriscavam: poucas horas de vida, cérebro comprometido, vida vegetativa, uma pena, nada mais há o que fazer, agora é só esperar. E coisa e tal. Aí, mãe acordava, assombrosamente, aliás, divinamente lúcida. E se o corpo enfraquecia, a mente cada vez mais se fortalecia. Impressionante a memória. A lucidez. E isso doía: "Mens sana in corpore"... insano.
Em um dos comas mais graves, familiares e amigos reunidos em volta do leito hospitalar, uma quarta-feira, sete para oito horas da noite, mãe desperta e diz: "Deus, Deus, Deus!" Reconheceu parentes que não via há anos e os chamou pelos nomes. De onde vinha aquela surpreendente vitalidade, só Deus sabe.
Mães morrem todo dia. Mas mãe – como todas as mães – todo dia queria viver. Continuar plantando plantas, floreando flores. Mulher "da mão boa", o que tocava ficava bom. Porque assim era o seu coração. Coração de mãe. Mãe sofria – mas queria viver.
Não houve jeito. Ela, mais uma vez, sempre pioneira, tinha de ir na frente. Na terra, abrira o próprio ventre para dar os filhos ao mundo. Agora, ia na frente para abrir o céu aos filhos – ou para convencer Deus de que nós mereceremos, ao menos, o purgatório.
Sentados quietinhos no sofá, eu e ela, mãe olha um olhar longo assim em volta, vê a casa quase nua de bens materiais, bate os olhos nas diversas estantes e diz de um jeito indizível: "– Os móveis do meu filho são livros".
Ninguém jamais disse ou dirá algo tão belo.
Gotas de emoção e lágrimas desembucham o peito, sobem pra garganta, brotam dos olhos e caem em pingos, pontuando o texto e a vida.
Ah! mãe... Que saudade!... Que solidão!... Quanta dor!...
Chove, chove muito dentro de mim. (EDMILSON SANCHES)
I I
A mãe morre. O que se faz em uma hora dessas?
DIA DE VOLTAR AO VENTRE
– Em memória de Carlinda Orlanda Sanches, minha mãe, que aos 49 anos faleceu em um 1º de agosto...
*
É um dia de agosto, o primeiro dia, e minha mãe está morta. Julio Cesar Sanches, meu irmão, um entre aqueles aos quais coubera nesse dia fazer a vigília no hospital, telefonou-me, seis da manhã, e disse só: “ -- Edmilson... aconteceu...”.
O que se faz em uma hora dessas?
Caímos em choro?
Assumimos o desespero, bradando a Deus nossa ignorância ante Seus desígnios e decisões?
Fingimos uma força (que não há) e, autômatos, iniciamos a burocracia do pós-morte, as providências fúnebres?
Prostramo-nos sentados, imóveis, fixando o olhar no nada?
Engolimos em seco e passamos a mão sobre as lágrimas que vertem, escorrem e fazem um caminho líquido e incerto atraídas pela gravidade da ciência e da situação?
As mães sempre querem ser enterradas pelos filhos. Não é por lógica da natureza, onde os mais velhos se vão primeiro que os mais novos. Mães querem morrer primeiro por causa do imenso amor que têm pelos filhos. A lei do amor substitui a ordem natural.
Sou muito grato à minha mãe. À sua coragem. À sua sabedoria. À sua capacidade de trabalho. Ao seu respeito pelo ser humano. À sua dedicação aos mais desfavorecidos.
Ser bom e fazer o bem -- eis a definitiva religião. Essa era a vida de minha mãe e essa foi a herança que dela seus filhos recebemos.
Minha mãe era imensamente rica. Os bens de minha mãe era seu bem, sua bondade. E isso é algo que não se põe em testamento. É algo que não se converte em números e que não se guarda em cofres. E porque minha mãe dividia seu bem com os outros, mais se multiplicava a riqueza sua.
Dona Carlinda -- linda até no nome -- se doava toda aos filhos. Até na doença que simultaneamente a levou à terra e a elevou aos céus. Certa noite, como quem conta um segredo e dá uma lição, ela disse, cabeça recostada ao meu ombro: “Meu filho, se eu fosse chorar as dores que sinto, ninguém dormiria nesta casa. É preciso resistir.”
Sou o mais velho dos cinco filhos de mamãe. E, igual a ela, que ajudou a criar seus outros quatro irmãos, também se repetiu em mim, como arrimo e carma, a missão de auxiliar na condução de seus outros quatro filhos, meus irmãos Cláudia Sanches, Carlos Magno, Julio Cesar Sanches e Wendel Sanches (os nomes são referência à atriz tunisino-italiana Claudia Cardinale, a dois imperadores romanos e ao ex-goleiro do Botafogo, embora minha mãe fosse vascaína, pois em casa reinava também a democracia esportiva).
O bom humor da minha família – ainda lembro de minhas tias Isabel e Luíza e os tios Raimundo João Gama e José Lourenço juntos... – é algo muito especial, e com minha mãe então... Tanto que, quando ela faleceu, seu Manoel (o “papai velho”, meu avô), não durou muito e morreu também, dizem que de desgosto pela perda da filha primogênita.
Cresci e fui ficando mais velho observando e absorvendo os modos e os medos de minha mãe. Os modos -- o jeito de ser, de ser consigo, de ser com os outros. Os medos -- “só dos castigos de Deus”.
Cresci e fui ficando mais velho buscando o que realmente vale a pena na vida. Não louvo a pobreza, mas não me encanto com o que o vulgo chama de riqueza.
Aprendi a conviver com pouco sem ter inveja do que tem o outro.
Aprendi a buscar o reino que não é deste – mas que começa neste -- mundo.
Eis o que importa: fortalecer a fé, aumentar o círculo de amizades, e dividir o pão da matéria, do conhecimento e do espírito -- dividir, pois a grande representação da espiritualidade não está na cruz, mas na partilha.
No cemitério Campo da Saudade, em Imperatriz, Dona Carlinda deu-se em último ato de repartição: ela entregou-se e integrou-se à terra de onde divinamente veio. O eterno retorno.
Verdadeiramente, minha mãe não está na sepultura. Ela renasce continuamente dentro de nós, seus filhos, familiares e amigos. Todos estamos grávidos de minha mãe.
Nessa inversão de papéis (a mãe sendo gestada pelos filhos), cumpre-se a profecia: a roda grande dentro da menor. Mente, alma e coração estão repletos do grande espírito materno.
E ao sentir a presença de minha mãe em mim, a paz que se faz -- depois de lágrimas e oração – é a que se poderia ter caso hoje fosse o dia de voltar ao ventre, onde minha mãe me abraça da forma mais íntima possível, só explicável pelos mistérios da Criação.
Ao longe, ouço a voz alegre de minha mãe menina, me ninando. Me mimando. Me amando.
Mãe: apesar dos anos, sua falta ainda faz chover muito dentro de mim.
A bênção, mãe.
EDMILSON SANCHES
I I I
Para Carlinda Orlanda Sanches, que disse: "Os móveis do meu filho são livros"
AUSÊNCIA PRESENTE
*
Minha mãe nem chegou aos 50 anos. Alguém lá em cima sentenciou que precisava dela. Sabia que poderia contar com.
Aqui na terra, a energia, o conhecimento e bondade de minha mãe sempre estiveram mais a serviço dos outros do que de si mesma. Mal de família ou herança divina.
Era curioso observar como pessoas necessitadas passavam direto pelas casas das ruas em que moramos e estacionavam frente à nossa. Era como se a antena que cada um de nós carregamos sintonizasse o sinal positivo que irradiava dali de dentro.
Quando voltava do serviço, mãe dizia:
"– Filho, aquelas roupas assim, aquelas coisas assado, dei a uma família cheia de necessidades que passou por aqui."
Isso fora alimentos, remédios (conhecia muito sobre medicina doméstica), "um dinheirinho" e frequentemente orientações, conselhos, a palavra amiga, desinteressada.
Quantas vezes, no meio da madrugada, pessoas com dores, mulheres em trabalho de parto, idosos que acidentalmente tiveram queimada a pele inteira, crianças chorando desbragadamente e pais desorientados sem saber o que era e o que fazer...
Quantas vezes as orientações de minha mãe para aquela mãe de primeira vida...
Quantas vezes tudo isso e muito mais e Dona Carlinda (linda até no nome) era chamada para o aconselhamento honesto e correto, as primeiras e mais urgentes providências até o encaminhamento ao médico, que ela, pressurosa, logo recomendava ou providenciava.
Para muita gente, era "Deus no céu e Dona Carlinda na terra".
Desde que Deus a levou, começo a acreditar que para o céu vão também almas carentes, aflitas, desesperadas, e que continuam assim, embora no Paraíso.
Talvez o céu não seja esse paraíso. Penso isso porque senão não tinha sentido a mãe ser levada lá pro Alto assim tão jovem. Dona Carlinda não sabia fazer outra coisa senão o bem para o próximo, para o distante, para os amigos e principalmente para desconhecidos.
De modo que, se não tem gente no Céu passando dificuldades, é bom o Todo-Poderoso cometer um daqueles milagres que Ele faz com tanta facilidade e devolver logo minha mãe aqui pra terra, vivinha da silva. Tem muita gente precisando dela. Inclusive nós, seus filhos.
Perdão, Deus, por falar de coisas que não sei como são.
Desculpa, mãe, importunar a senhora aí em cima.
Seu filho pede desculpas, e a bênção.
Edmilson.
IV
O OLHAR DE MINHA MÃE
*
Eu caminhava mais uma vez por São Paulo, olhando sem enxergar, ouvindo sem escutar.
Mais uma vez eu tinha trazido minha mãe, Dª Carlinda, para um hospital altamente especializado em doenças do fígado (hepatopatias).
Quando minha mãe me dizia “Meu filho, estou sentindo gosto de sangue na boca” tudo se transformava, a família toda se mobilizava: passagens de avião, justificativas de ausência no local de trabalho, divisão de tarefas para os filhos (meus irmãos) que ficavam etc. etc.
Minha mãe era uma heroína. Sofria de uma doença rara, à época de menos de quarenta casos no mundo -- uma tal de colangite primária, irreversível, fatal.
Suportar o que minha mãe suportou por puro amor aos filhos é algo só de mãe. Às vezes ela dizia:
“– Meu filho, se eu for gritar as dores que sinto, ninguém dorme nesta casa”.
Ah, minha mãe!...
Essas lembranças e tantas outras mais me vinham naquelas manhãs e tardes e noites em que eu caminhava pela capital paulista, como recorrente e noctívago “globe-trotter”.
Eu só podia visitar minha mãe na UTI por poucos minutos, ao meio-dia e às 7h da noite. Antes da permissão para adentrar a enorme UTI, cheia de pessoas entubadas, pequenos sons e luzes brilhando dos mostradores dos sofisticados equipamentos, antes de adentrarmos essa ilha de sobrevivência, lotada de pacientes, aparelhos, médicos e enfermeiros intensivistas, todos os parentes dos doentes passavam por um duro, um dramático, um indesejável momento: aguardar a atualização da lista de doentes da UTI.
Nessa lista, os nomes dos internados vinham com palavras que iam de “ESTÁVEL” a “ÓBITO”. Quando alguém falecia, todos os que aguardavam na antessala da UTI se dirigiam até os parentes do morto e os abraçavam, pesarosa e irmãmente, tal o sentimento de fraternidade que todos desenvolviam ali, uns em relação aos outros.
Naquela vez entrei na UTI e já fui até minha mãe. Logo seu olhar vivo e brilhante me reconheceu. Mas os tubos a impediam de falar. Estava tão miúda e frágil minha mãe!...
Peguei sua mão direita entre as minhas e comecei a falar, a fazer perguntas, a contar como estavam meus irmãos menores, a dizer-lhe palavras positivas e repassar-lhe as esperanças de todos, familiares e amigos, em sua recuperação.
De repente, percebo o olhar de minha mãe mais vívido, como se quisesse falar. Sabe aquele olhar, aquele jeito, aquela sensação, os olhos querendo dizer algo?
Comecei a perguntar a minha mãe o que era: Queria que chamasse um médico? Uma enfermeira? Não sei que outras perguntas fiz, tantas as que devem ter saído de mim aflito, angustiado...
E chegou o final da visita. Deixei a mão de minha mãe e pude ver seu olhar que continuava a querer me dizer algo. Ela sabia que eu iria ficar preocupado o tempo todo e talvez quisesse me acalmar -- essas coisas de mãe, que abdica da própria dor para não permitir que um filho sofra...
Fui saindo da Unidade de Terapia Intensiva do grande hospital paulistano e ainda me voltei para o leito de minha mãe, a ponto de alcançar um último olhar, como a dizer... o quê? O que minha mãe queria dizer, contar, transmitir? Ah insensibilidade filial, que não sabe perceber em vida o verdadeiro valor e sentimento que de tantas formas são comunicados pela mãe!...
Naquele dia e por causa daquele olhar o mundo deixou de ter sentido. Sem ter o que fazer (estava ali por minha mãe), caminhava repetidamente do começo ao fim a Avenida Paulista. Descia por um lado e subia pelo outro.
Lojas... bancos... o Shopping Avenida... o MASP... o Memorial da América Latina... um parque de árvores e bancos de sentar... lojas... empresas... bancos...
Fui dormir a noite dos insones e dos zumbis. Só pensava e só via o olhar de minha mãe. E se ela morresse justo naquela noite?
O que ela me queria dizer?
Que derradeiro recado queria dar?
Que último desejo gostaria de expressar?
Que recomendação final nos quereria transmitir?
Ah, meu Deus!...
Dentro de meu cérebro e em meu corpo, alma e mente se intranquilizavam...
Foi uma noite longa... Longa e horrível.
Mas, pela graça de Deus, minha mãe e eu superamos aquela noite. E outras. Até que, apesar de debilitada (a doença é incurável), deram-lhe alta e eu a trouxe de volta para casa. Os voos faziam muito mal para ela, mas não havia opção: por terra o desgaste seria maior. Então, dos males...
Em casa, certo dia, converso com minha mãe e faço a pergunta sobre o que tanto me inquietava:
“– Mamãe, naquele dia, eu percebi que a senhora queria me dizer alguma coisa. Fiquei muito preocupado, mãe. O que era? A senhora se lembra?”
A resposta foi uma graça -- e, egoisticamente, um alívio: eu deixara de ser Atlas e descarreguei o peso do mundo de sobre os ombros. Mamãe respondeu:
“– Oh meu filho!... Claro que eu lembro! Sua mãe está é doente, e não doida. Meu filho, não era nada grave. Apenas você, na sua aflição, ao conversar comigo, estava sem saber apertando muito minha mão...”
Olhei mais uma vez as mãos de minha mãe, finas, magras da doença e as acariciei amorosamente.
Você nem imagina o tamanho do abraço que dei em minha mãe...
Tão demorado e intenso que parecia uma enorme vontade de voltar para dentro dela...
... e, mais uma vez, ser abraçado e protegido pelo seu ventre...
EDMILSON SANCHES.
Um quinto texto:
O que um lápis tem a ver com a Vida?
UMA MÃE, UM FILHO
*
Não sou candidato a santo, não estou em busca de carimbar passaporte para o céu, mas, em termos de Política e de Gestão Pública (com letras maiúsculas), em termos de Vida e do Ofício de viver, não abdico do direito de permanecer maximamente correto -- e isto, de algum modo, tem a ver com os padrões de seriedade que Dª Carlinda Orlanda Sanches, minha mãe, pregava e dos quais se orgulhava (ela faleceu aos 49 anos).
Na infância, em Caxias, quando eu chegava em casa da escola (o Coelho Netto, do Dr. Marcello Thadeu de Assumpção, e o Duque de Caxias (ou Bandeirante, lá no Morro do Alecrim), minha mãe examinava o material escolar e perguntava:
"– De quem é esse lápis?"
"– Encontrei no caminho da escola, mamãe".
"– Pois amanhã meu filho o devolve para a professora ou diretora, pois alguém o perdeu. E não faça sua mãe ir lá para saber se você devolveu ou não. Sua mãe é pobre mas tem condição de comprar um lápis, se precisar."
E ela concluía, simples e magistralmente:
"– Meu filho, o que é seu é seu, o que é dos outros é dos outros."
Além do dia e da noite, e uma enorme saudade, foi essa a herança que minha mãe deixou. Devo ter meus momentos de "deseducação", mas eles não fazem parte, não derivam do legado de Dona Carlinda. Minha mãe, formada na Escola da Vida, era mestra em "Criação", onde as disciplinas básicas eram "Temor a Deus", "Respeito aos Mais Velhos" e "Obediência aos Pais".
Educação, aprende-se em casa -- e pratica-se, ou não, nas ruas da vida.
Ética. Bons modos. Respeito. Não ser bandido.
Ao lembrar de minha mãe, meu tempo muda...
... E chove muito dentro de mim...
* EDMILSON SANCHES.
Fotos:
Dª Carlinda Orlanda Sanches em três momentos, e o filho Edmilson, quando criança e adulto.
– “Agosto, mês de desgosto”: rima com palavras, mas não com a verdade.
*
O mês de agosto como período ruim ou tempo de desgosto é mais uma dessas rimas e crendices que o imaginário humano constrói a partir de bases naturais e/ou culturais.
Agosto, a contragosto de alguns, é tão somente uma sucessão de dias, horas, minutos, segundos, nos quais ocorrem fatos bons e ruins como em todos os demais onze meses – meses estes para os quais se podem selecionar fatos tristes e desagradáveis e alegres e prazerosos, inclusive em quantidade e dramaticidade maior mesmo do que as ocorrências do oitavo mês.
Dizer que “agosto é mês de desgosto” é querer rimar com palavras, mas não com a verdade. É mais um registro linguístico e mítico ou mitológico do que uma realidade científica. Mas, como tantas coisas, próprias do imaginário, do constructo humano – e isto também faz ou compõe o que somos.
Essa construção tem início, para alguns, ainda no primeiro século da nossa era. O fundador do Império Romano e seu primeiro imperador, Otávio (ou Otaviano), recebeu como parte de seu nome um título: “Filho do Divino” e “Augusto” (sagrado, venerável, majestoso; “augusto” vem do verbo latino “augere”, que significa “fazer crescer”, “ampliar”, “aumentar”).
Otaviano Augusto, ou César Augusto (por ser filho adotivo do imperador Júlio César), com conquistas de outros territórios e crescimento econômico e cultural, realmente fez crescer, ampliou, aumentou o Império Romano em seus 41 anos de reinado, o maior tempo de governo entre os mandatários de Roma. Por essas e outras razões, deram seu título-nome ao oitavo mês do ano, logo após o mês “julho”, denominado em honra ao seu pai adotivo, Júlio César.
E, ironia do destino, nascido em setembro do ano 63 antes de Cristo, o poderoso imperador Otaviano Augusto morre em... agosto, dia 19, no ano 14 depois de Cristo, aos 75 anos. Além desse fato, os antigos romanos daquele século I de nossa Era tinham, igualmente a outros povos, o costume de olhar as estrelas nos diversos períodos do ano – e exatamente em agosto eles olhavam certo grupamento de estrelas e ali, unindo-as por meio de pontos invisíveis, viam figuras de dragões, que os astrônomos depois atestaram ser a constelação de Leão.
Assim, agosto, mês cujo nome tem na origem o significado de “fazer crescer”, “aumentar”, “ampliar”, começa a ser vinculado a “coisas” desagradáveis ou temerárias, como dragões no céu e morte de um querido imperador aqui na terra.
Passam-se os séculos. Mudam-se os tempos e os lugares. Em Portugal, no século XVI, o mês de agosto é tido como o melhor para os navios saírem em suas aventuras de conquistas e descobertas. Mas um certo grupo de pessoas não têm o mês em melhor conta: são os namorados e namoradas, as noivas e os noivos, que viam que agosto era contraindicado para selar a união, não deviam casar-se, porque os noivos poderiam partir para as demoradas, demoradíssimas viagens... deixando, no porto, chorosas, ansiosas, lamentosas, mulheres em idade núbil, que tiveram dias futuros e noites passadas (de núpcias) encurtados em função de seus maridos e amados partirem para navegar mares já ou nunca dantes navegados...
Os portugueses trouxeram essa estória do agosto desgostoso para o Brasil, em especial para o Nordeste, onde nossos irmãos lusitanos foram um tanto hegemônicos. Associado aos fatos de 15 séculos antes, a lenda do “agosto, mês de desgosto” foi-se fortalecendo.
A partir de outras ocorrências desagradáveis em agosto, no Brasil e no mundo, ampliou-se a superstição. Pelo menos, três presidentes brasileiros têm vinculados seus nomes a tristes fatos neste mês: Getúlio Vargas, que comete suicídio no dia 24 de agosto de 1954; Jânio Quadros, que renuncia em 21 de agosto de 1961; e Juscelino Kubitschek, que morre dia 22 de agosto de 1976, em consequência do ainda mal explicado acidente automobilístico que sofreu. Além desses e de outros muitos fatos, nas décadas de 1940 a 1960, acidentes com navios e aviões no Brasil, no mês de agosto, deixam muitos mortos.
No plano mundial, o início da 1ª Grande Guerra (1914), a assunção de Hitler ao governo da Alemanha (1932), o início da 2ª Grande Guerra (1939), o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki (1945), o início da construção do muro de Berlim (1961)... são fatos que se deram no mês de agosto.
Enfim, como digo, “agosto, igual a todo mês, é mês a gosto do freguês”. Quem se der ao trabalho de pesquisar e selecionar haverá de encontrar e listar diversos, muitos exemplos de fatos lamentáveis em qualquer um dos doze meses.
As crenças e crendices, os mitos e mitologias, as visões e superstições, bem como a Ciência e a Verdade são buscas e achados, procuras e respostas humanos. Depende dos conteúdos das pessoas, do cardápio de seus interesses, do portfólio de registros da tradição, dos hábitos, da história dos ambientes, das comunidades, da nação em que vivem. Na Alemanha, por exemplo, e contrariamente, agosto é o mês de preferência para muitas mulheres casarem.
Dor e amor, lamentos e aleluias têm, sim, um período para acontecer: aquele que se inicia dia 1º de janeiro e termina dia 31 de dezembro...
Soube que morreu, hoje, um pioneiro de Imperatriz, segunda maior cidade maranhense. Seu João dos Santos Viana, mais conhecido por João Viana, 92 anos, foi meu companheiro de Rotary Club por décadas – clube de que ele foi um dos fundadores em 1965. Na agricultura, na indústria e no comércio, e também na voluntária e gratuita prestação de serviços sociocomunitários, esteve presente João Viana, com seu jeito calmo, sua fala ponderada, seu fazer decidido.
João Viana -- e seu irmão Cândido – foi meu cliente quando trabalhei e fui um dos gestores de banco federal em Imperatriz. Os irmãos são filhos de Grajaú, município que, junto com Pastos Bons e Carolina, é matriz histórica e cultural do sul maranhense.
Frequentemente, eu o encontrava, com ele e sua esposa, Enilda, no concorrido restaurante do filho, Jonílson Viana, com quem igualmente eu trocava ideias. Conheço um outro filho do casal Enilda e João Viana, o Jonildo, advogado, também companheiro de Rotary International.
Certa vez, lembro-me, eu era secretário municipal de Desenvolvimento Integrado da Prefeitura de Imperatriz e recebi uma espontânea e não agendada visita do companheiro e amigo, ele e, no alto da cabeça, seu característico boné. Daquela vez, João Viana não queria falar sobre clube de serviços nem conversar “miolo de pote” – que, aliás, não parecia ser coisa da preferência de seu João. João Viana queria, a despeito de mais uma vez demonstrar sua alegria por minha indicação – e permanência... – no cargo público municipal, ele queria tratar de assuntos sérios, ideias para melhorar o município a que ambos, ele e eu, servíamos – ele, como agente econômico; eu, como estimulador da Economia. E nós ambos com a prestação de serviços espontânea, regular, por intermédio do Rotary Club e outros entidades a que ele e eu serviços no correr dos tempos, como a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Imperatriz (ACII).
Naquela imensa sala em um andar de um imenso prédio vertical de Imperatriz, do qual a Prefeitura alugara alguns cômodos, João dos Santos Viana e eu conversamos sobre algo que nos agradava e que, de certo modo, nos competia falar e fazer: o desenvolvimento do município de Imperatriz. Sendo um apreciador e curioso da formação da sociedade imperatrizense – que, se sabia, era formada por mais de 60% de pessoas não nascidas em Imperatriz –, cheguei a perguntar a seu João Viana sobre como se deu sua ida para os chãos imperatrizenses e sua fixação neles. Do que ele me disse e das anotações que fiz, escrevi, há 25 anos, um texto sobre esse grande Amigo, que a cidade e eu hoje perdemos. Em abril de 1999, publiquei o texto no diário “O Progresso”, jornal impresso da cidade.
Portanto, fiz a João Viana homenagem a ele, à sua vida... em vida. E (re)lembrando essa grande vida, vida útil e exemplar para a sociedade imperatrizense e maranhense, republico abaixo o texto, cuja primeira divulgação deu-se quando seu João e dona Enilda estavam completando exatamente 40 anos de casados. E é lembrando-me de Dona Enilda e, por seu intermédio, do Jonílson, do Jonildo e extensivo aos demais filhos e familiares, que apresento condolências, nestes momentos de tristeza, de dor, de luto... e de saudades...
Paz e Luz em sua nova jornada, amigo João dos Santos Viana!
*
HÁ 40 ANOS, UM PIONEIRO
(publicado em 30/4/1999)
O empresário JOÃO DOS SANTOS VIANA está completando 40 anos de casamento... com Imperatriz e com ENILDA ALMEIDA VIANA. Foi um dos pioneiros da indústria e comércio de Imperatriz. Filho de Grajaú, transferiu-se em 1958 para Sítio Novo e, no ano seguinte, mudou-se para Imperatriz. Enamorou-se do Rio Tocantins e de Dona Enilda, que descende de tradicional família de Marabá (PA). Não teve jeito: estava irremediavelmente fisgado.
João e seu irmão CÂNDIDO DOS SANTOS VIANA trouxeram para Imperatriz uma extensão dos empreendimentos da família — as Lojas Viana, que durante muito tempo eram exemplo e referência de sucesso nestes lados do Maranhão e nos Estados vizinhos, onde tinham filiais. João Viana também foi o pioneiro na distribuição de gás em Imperatriz — e, naturalmente, dos primeiros fogões a gás. Implantou serrarias, beneficiadoras de arroz, as lojas Baratão e o Café Viana.
O Café Viana não era para ser Café Viana. O nome escolhido fora “Café Bela Vista”, em homenagem ao município (hoje no Estado do Tocantins) onde a torrefação se instalara primeiramente. João Viana viajou pelo menos “umas 30 vezes” até Goiânia, para conseguir o nome “Bela Vista”, junto à representação do DNPI (Departamento Nacional de Propriedade Industrial). Entretanto, um registro anterior feito no mesmo nome e a sugestão para mudar para o sobrenome da família deram ao mais famoso café imperatrizense o nome que até hoje se mantém.
Com tantos empreendimentos para cuidar e localizando-se a indústria de café no outro lado do rio, no antigo Estado de Goiás (o que não raro ocasionava dificuldades de administração), o Café Viana, no dizer do próprio João, “dava prejuízo”. Além do mais, outros fatores pareciam contraindicar aos irmãos Viana a manutenção da torrefação. Entre esses fatores, a fiscalização “exagerada” do hoje extinto IBC (Instituto Brasileiro do Café), que enchia a paciência dos torrefadores da época, na “ânsia” de coibir a onda de contrabando do café cru (em semente) — delito que prosperava então, ante os limites de cota impostos pelo IBC. Também, os atrasos no fornecimento da matéria-prima, que, no caso do café semitorrado procedente de Belém (PA), chegava à indústria quase vencido.
Assim, quando, cerca de nove anos depois da instalação da indústria, o seu amigo JOSÉ DE RIBAMAR CUNHA fez proposta para adquirir o Café (em dez parcelas mensais de mil cruzeiros), João Viana realizou o negócio e vendeu a firma toda (razão social, equipamentos e estoque). Depois, a empresa foi transferida para Imperatriz.
João Viana lembra daqueles tempos, com o sadio orgulho de quem fez boas coisas. Todos os negócios que implantou em Imperatriz e que, por uma razão ou outra, repassou para terceiros, continuam até hoje, gerando riquezas para o município e para a região. Até as amizades, quatro décadas depois, continuam igualmente firmes. João Viana cita, entre outros, JOSÉ DE RIBAMAR CUNHA, JOSÉ RIBAMAR RAPOSO BEZERRA, SEBASTIÃO RÉGIS DE ALBUQUERQUE, CARLOS GOMES DE AMORIM, o falecido médico ANTÔNIO RÉGIS...
Um dos veteranos do ROTARY CLUB DE IMPERATRIZ (34 anos de “Casa”), é também um de seus mais ouvidos membros, pelo conhecimento vasto e, sobretudo, pela prática quotidiana dos princípios da Instituição, entre eles o lema rotário que diz: “MAIS SE BENEFICIA QUEM MELHOR SERVE”. João Viana foi — e é — assim. E quando a história empresarial de Imperatriz for contada, seu nome estará lá, como pioneiro que foi e testemunha ocular que é, nesses últimos 40 anos do desenvolvimento de Imperatriz.
* EDMILSON SANCHES
Fotos:
João Viana, com seu característico boné, com companheiros do Rotary Club.
Em agosto, Santo Amaro vai se tornar a casa do beach tennis no Maranhão. Famosa pela beleza de suas lagoas, a cidade sediará, pelo terceiro ano consecutivo, uma etapa da principal competição estadual da modalidade: o Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis, evento chancelado pela Federação de Beach Tennis do Maranhão (FBTM), entidade que representa oficialmente a modalidade no Estado. O Santo Amaro Open de Beach Tennis, conta com o patrocínio do governo do Estado e do Grupo Mateus por meio da Lei Estadual de Incentivo Esporte e vai ocorrer entre os dias 16 e 18 de agosto, às margens do Rio Alegre. As inscrições para esta etapa serão abertas a partir das 9h desta sexta-feira (2) e podem ser feitas pela plataforma LetzPlay.
“Pelo terceiro ano consecutivo, vamos realizar o Santo Amaro Open de Beach Tennis às margens do Rio Alegre na cidade de Santo Amaro, dentro do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Esta será a penúltima etapa do Campeonato Maranhense Oficial, e a briga pelo ranking está mais acirrada a cada etapa. Essa Etapa contara com, aproximadamente, 200 atletas e mais de 320 inscrições, com uma área de 11 quadras montadas às margens do Rio Alegre”, explicou Menezes Júnior, presidente da FBTM.
O Santo Amaro Open de Beach Tennis corresponde à oitava etapa do Campeonato Maranhense Oficial. Vale destacar que esta etapa também soma pontos para o ranking estadual da modalidade. É a partir desse ranking que o Time Maranhão de Beach Tennis será formado para disputar o Campeonato Brasileiro Oficial de Beach Tennis entre os dias 20 e 24 de novembro na cidade de Vitória (ES).
Em 2024, o Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis contará com nove etapas no total. Além de Santo Amaro, outras cinco cidades também sediaram etapas do torneio nesta temporada: São Luís, Imperatriz, Bacabal, Santa Inês e Codó.
Outras informações sobre as etapas do Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis estão disponíveis no Instagram oficial da Federação de Beach Tennis do Maranhão (@maranhaobeachtennis).
Um mês intenso e de muitas conquistas para o tenista maranhense Marco Nunes. O jovem de 14 anos colocou o Maranhão no cenário nacional do tênis com excelentes desempenhos em importantes campeonatos de base do país. Marco, que conta com patrocínio do governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, e o apoio da Hidrocenter, encerrou o mês de julho com um título e outros dois vice-campeonatos.
O tenista maranhense competiu em alguns dos principais torneios de base do país. O melhor resultado de Marco Nunes foi obtido no Aberto Infantojuvenil Yacht Clube Paulista, realizado em São Paulo. O atleta do Maranhão fez um torneio praticamente perfeito, mostrando evolução dentro de quadra para conseguir boas vitórias e garantir o título.
Marco também foi muito bem na Copa Play Tennis Infantojuvenil Morumbi, também em São Paulo. O maranhense competiu na categoria Sub-16 e, mais uma vez, subiu ao pódio: foi vice-campeão do torneio. E, no último fim de semana, Marco Nunes voltou a fazer bonito no tênis nacional e garantiu mais um vice-campeonato. Dessa vez, ele foi o segundo colocado na Copa Play Tennis Infantojuvenil Granja Viana (São Paulo) e fechou o mês de julho em grande fase.
“Encerrei as competições do mês muito feliz e com muito aprendizado. Os bons resultados conquistados em eventos tão importantes fazem eu ter a certeza de que é só o começo. Muito obrigado a todos pela torcida e apoio”, afirmou Marco Nunes.
O tenista maranhense ainda se destacou no Campeonato Brasileiro de Tênis, que ocorreu na cidade de Uberlândia (MG). Em sua primeira participação no evento nacional, Marco Nunes conseguiu boas vitórias e chegou até a terceira rodada do torneio, somando pontos valiosos para o ranking nacional.
Outros resultados
Em junho, Marco Nunes foi um dos destaques da primeira edição do Hidrocenter Open de Tênis, evento realizado no Sports Village, em São Luís. O maranhense disputou o torneio em duas classes: na 2ª Classe, Marco chegou às semifinais e, na 1ª Classe – principal categoria do torneio –, o jovem obteve grandes vitórias, mas acabou sendo eliminado nas quartas de final.
O jovem tenista também representou o Maranhão na Copa Playtennis e nas etapas 20 e 21 do Circuito Robin Soderling, todos os eventos realizados em São Paulo, no mês de junho.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que reforma o novo ensino médio, mas vetou os trechos que tratavam de mudanças na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A Lei nº 14.945/2024 foi publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (1º).
O texto aprovado no Congresso Nacional previa que, a partir de 2027, fossem cobrados, no Enem, os conteúdos dos itinerários formativos (parte flexível do currículo à escolha do estudante), além daqueles da formação geral básica que já são cobrados. Aprovada durante a tramitação na Câmara dos Deputados, essa ideia havia sido retirada no Senado, mas acabou reinserida no texto final pelo relator, deputado Mendonça Filho (União-PE).
Ao vetar o trecho, o governo argumentou que a cobrança do conteúdo flexível “poderia comprometer a equivalência das provas, afetar as condições de isonomia na participação dos processos seletivos e aprofundar as desigualdades de acesso ao ensino superior”. O veto voltará para análise dos parlamentares, que poderão mantê-lo ou derrubá-lo.
A proposta já havia sido criticada, publicamente, por integrantes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza o Enem.
Pelos itinerários, o estudante pode escolher se aprofundar em determinada área do conhecimento, como matemática ou ciências. Atualmente, as escolas não são obrigadas a oferecer todos os itinerários, podendo definir quais ofertarão.
O que muda
Pela nova lei, o início de implementação das reformas deve ocorrer já em 2025, no caso de alunos ingressantes no ensino médio. Os que já estiverem com o ensino médio em curso terão um período de transição.
Após sucessivos ajustes, com idas e vindas entre as duas casas do Congresso e nove meses de tramitação, ao término, foi mantida a essência do projeto do governo federal, que era ampliar a parcela de conteúdos da formação básica curricular – as disciplinas tradicionais, como português, matemática, física, química, inglês, história e geografia, conforme delineado pela Base Nacional Comum Curricular.
A carga horária da formação geral básica nos três anos de ensino médio voltará a ser de 2,4 mil. Mais 600 horas obrigatórias deverão ser preenchidas com disciplinas dos itinerários formativos, nos quais há disciplinas opcionais à escolha do aluno. A carga horária total será, então, de 3 mil horas: 1.000 para cada ano, dividido em 200 dias letivos de cinco horas cada um.
A nova lei atende à reivindicação da comunidade escolar e de entidades ligadas à educação, que se mobilizaram e pressionaram pela mudança, descontentes com o novo modelo de ensino médio que entrou em vigor em 2022, quando a formação geral foi reduzida a 1,8 mil horas.
A reforma aumentou para 2,1 mil horas a formação geral básica também no ensino técnico. As demais 900 horas devem ser dedicadas ao ensino profissionalizante, totalizando as 3 mil horas da carga total. Para profissões que exijam tempo maior de estudo, 300 horas da formação geral poderão ser utilizadas para o aprofundamento de disciplinas que tenham relação com o curso técnico –por exemplo, mais física para alunos de eletrotécnica.
O texto sancionado prevê apenas o inglês como língua estrangeira obrigatória. Os parlamentares rejeitaram a inclusão da obrigatoriedade do espanhol na formação geral básica, conforme defendiam secretários de Educação, que alegavam aumento de custos com a novidade, além de falta de professores.
Pelo texto final, o espanhol poderá ser ofertado de acordo com a disponibilidade dos sistemas de ensino. Em comunidades indígenas, o ensino médio poderá ser ofertado nas línguas maternas de cada povo.
Cada município brasileiro também deverá manter, ao menos, uma escola com a oferta de ensino médio regular noturno. A condição é que haja demanda manifestada e comprovada por esse turno nas matrículas feitas nas secretarias de Educação.
Itinerários
A nova lei prevê menos liberdade nos itinerários formativos, que, agora, deverão seguir diretrizes nacionais, a serem elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), colegiado formado por representantes da sociedade civil indicados pelo Ministério da Educação.
Pelo novo texto, as disciplinas optativas no ensino médio deverão estar relacionadas a um dos seguintes quatro itinerários formativos: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ou ciências humanas e sociais aplicadas. As diretrizes nacionais devem observar ainda especificidades da educação indígena e quilombola.
Isso restringe as possibilidades dos itinerários formativos. Os defensores da restrição apontaram a experiência malsucedida em diversos Estados nos quais a ausência de padronização levou a uma ampliação de desigualdades, com a oferta de mais de 30 trilhas de aprofundamento em alguns locais e de nenhuma em outros.
O Ministério da Educação (MEC) disponibilizou, às 22h dessa quarta-feira (31), o resultado do processo seletivo do Programa Universidade para Todos (Prouni), referente ao segundo semestre de 2024. Os candidatos podem consultá-lo no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.
Pelas redes sociais, os candidatos reclamaram do atraso na divulgação do resultado, desde a manhã dessa quarta-feira, e da instabilidade do site.
Nesta segunda edição do ano, o programa federal ofertou, ao todo, 243.850 bolsas de estudo, sendo 170.319 integrais (100%) e 73.531 parciais (50%), distribuídas em 367 cursos de 901 instituições de ensino superior privadas participantes do programa.
Procedimentos
Os estudantes pré-selecionados no Prouni referenre ao segundo semestre de 2024 deverão, entre 31 de julho e 14 de agosto, comparecer às instituições para as quais foram pré-selecionados, de forma presencial ou virtual/eletrônica, para comprovarem as informações prestadas no ato de inscrição ao coordenador do Prouni dentro da própria instituição.
A instituição deverá disponibilizar, em suas páginas na internet, campo específico para o encaminhamento. Ao receber a documentação do candidato, as instituições de educação superior privada devem, obrigatoriamente, entregar o protocolo de recebimento de documentação do Prouni.
Os estudantes no programa federal devem ficar atentos quanto à existência de eventuais exigências adicionais por parte das instituições de ensino, como submeter os pré-selecionados a um processo seletivo próprio, que pode ser diferente do vestibular. Nesses casos, não poderá ser cobrada qualquer taxa do candidato.
O MEC informa que é de inteira responsabilidade do candidato verificar, na instituição, os horários e o local de comparecimento para a aferição das informações. A perda do prazo ou a não comprovação das informações implicará, automaticamente, na reprovação do candidato.
Após o período de comprovação das informações, será divulgada em 20 de agosto a lista dos candidatos pré-selecionados para segunda chamada do segundo Prouni de 2024. O acesso à lista, também está no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior. E a apresentação dos documentos pelos estudantes deverá ser feita até 30 de agosto.
Os estudantes que não foram pré-selecionados nas duas chamadas anteriores podem participar da lista de espera. Os interessados deverão manifestar seu interesse por meio da página do Prouni, nos dias 9 e 10 de setembro de 2024. A lista de espera estará disponível no dia 13 de setembro, no Sistema do Prouni (Sisprouni), para consulta pelas instituições de educação superior e pelos candidatos.
Prouni
Criado em 2004, o Prouni custeia bolsas de estudo (integrais e parciais) em cursos de graduação e sequenciais de formação específica em instituições de educação superior privadas.
Para bolsas integrais, a renda familiar bruta mensal per capita do candidato inscrito não pode exceder o valor de um salário mínimo e meio (R$ 2.118 por pessoa). No caso de bolsas parciais, a renda familiar bruta mensal por pessoa não pode ultrapassar o valor de três salários mínimos (R$ 4.236 por pessoa, em 2024).
O programa federal tem duas edições por ano, com subsídio de bolsas de estudo para ingresso no primeiro e no segundo semestres. O MEC aponta que o público-alvo a ser beneficiado é o estudante sem diploma de nível superior.
Para esclarecimento de dúvidas, o MEC disponibiliza o telefone 0800-616161.