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A temporada 2024 do jovem tenista maranhense Marco Nunes segue sendo bastante positiva. Após triunfos nacionais, o atleta voltou a competir em São Luís e, mais uma vez, foi destaque. Marco, que conta com patrocínio do governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, e o apoio da Hidrocenter, brilhou na disputa do Open Dahma Alpha de Tênis, competição realizada pela Federação Maranhense de Tênis (FMT) e encerrada no último fim de semana. O tenista mostrou evolução no nível de seu tênis, superou fortes adversários e terminou o evento na segunda colocação da disputa da 2ª Classe. 

O resultado final aliado ao bom desempenho dentro de quadra comprova que Marco Nunes é um dos principais nomes da nova geração do tênis maranhense. O vice-campeonato conquistado no Open Dahma Alpha de Tênis serve de motivação para os próximos desafios na temporada. Nesta semana, por exemplo, Marco Nunes está em Belém (PA) para a disputa de duas competições em solo paraense: o Açaí Bowl e o Fest Tênis. 

“Muito feliz por mais essa conquista. Estou no caminho certo e evoluindo a cada nova competição. O Open Dahma Alpha foi uma competição superorganizada, com jogos bem disputados e de muita superação. Que venham os próximos torneios. Agora, foco total no Açaí Bowl e no Fest Tênis, na cidade de Belém”, afirmou Marco Nunes.    

Temporada vitoriosa

Vale destacar que, antes de disputar o Open Dahma Alpha de Tênis, Marco Nunes competiu em alguns dos principais torneios de base do país no mês de julho, onde obteve excelentes resultados em importantes campeonatos de base do país. 

O melhor resultado de Marco Nunes foi obtido no Aberto Infantojuvenil Yacht Clube Paulista, realizado em São Paulo, onde foi campeão. O jovem maranhense também foi muito bem na Copa Play Tennis Infantojuvenil Morumbi, também em São Paulo. O maranhense competiu na categoria Sub-16 e, mais uma vez, subiu ao pódio: foi vice-campeão do torneio. Ele também foi vice-campeão na Copa Play Tennis Infantojuvenil Granja Viana (São Paulo). 

Outros resultados

 Em junho, Marco Nunes foi um dos destaques da primeira edição do Hidrocenter Open de Tênis, evento realizado no Sports Village, em São Luís. O maranhense disputou o torneio em duas classes: na 2ª Classe, Marco chegou às semifinais e, na 1ª Classe – principal categoria do torneio –, o jovem obteve grandes vitórias, mas acabou sendo eliminado nas quartas de final. 

O jovem tenista também representou o Maranhão na Copa Playtennis e nas etapas 20 e 21 do Circuito Robin Soderling, todos os eventos realizados em São Paulo, no mês de junho. 

Em julho, o tenista maranhense ainda se destacou no Campeonato Brasileiro de Tênis, que ocorreu na cidade de Uberlândia (MG). Em sua primeira participação no evento nacional, Marco Nunes conseguiu boas vitórias e chegou até a terceira rodada do torneio, somando pontos valiosos para o ranking nacional.   

(Fonte: Assessoria de imprensa)

A Confederação de Beach-Soccer do Brasil (CBSB) realizou, na manhã desse domingo (1º), o sorteio dos grupos da Supercopa do Brasil de Beach-Soccer Masculino e Feminino 2024, que será disputada a partir desta terça-feira (3), em Ceilândia, no Distrito Federal. A Supercopa do Brasil terá a participação de três times maranhenses, que contam com o patrocínio do Porto do Itaqui, o apoio do governo do Estado do Maranhão e todo o suporte da Federação Maranhense de Beach-Soccer (FMBS): enquanto o Sampaio Corrêa terá equipes nas duas categorias da competição nacional, o Moto Club está confirmado no torneio masculino.

O sorteio do torneio masculino da Supercopa do Brasil de Beach-Soccer reservou uma grande surpresa para os dois times maranhenses confirmados na competição: Sampaio Corrêa e Moto Club ficaram no Grupo B e disputarão um superclássico já nos primeiros dias de evento em Ceilândia. Além de se enfrentarem na fase de grupos, a Bolívia Querida e o Papão do Norte terão compromissos contra Internacional e Carlos Renaux/Juventos (SC), que completam a chave.

Já na disputa feminina da Supercopa do Brasil de Beach-Soccer, o Sampaio Corrêa foi sorteado para o Grupo B, onde enfrentará três equipes tradicionais nos gramados. Os primeiros rivais das mulheres da Bolívia Querida na fase de grupos da competição nacional serão o Flamengo, o Botafogo e o Confiança.

Em meio à definição dos grupos da Supercopa do Brasil de Beach-Soccer, os atletas das três equipes maranhenses falaram da expectativa para o evento. Fabrício, do Sampaio Corrêa, destacou a preparação tricolor em busca do título e da terceira participação consecutiva na Copa Libertadores.

"A Supercopa é uma competição de suma importância para o Sampaio Corrêa, vamos enfrentar grandes clubes e nos preparamos bem para buscar esse título, pensando também em garantir a classificação para a Libertadores", declara Fabrício.

Beju, ala do Moto Club, acredita que a equipe rubro-negra tem totais condições de lutar pelo título da Supercopa e aponta a união do grupo como um ponto forte para a competição.

"A expectativa é muito grande, a gente se preparou bem e vamos chegar fortes para brigar por esse título da Supercopa. Treinamos nossos pontos fortes para poder se sobressair dentro da competição e representar o Maranhão da melhor maneira possível", ressalta Beju.

Com foco total no torneio feminino da Supercopa, a goleira Kylma exaltou os ajustes feitos pelo Sampaio Corrêa nos treinamentos que antecederam o torneio e vê a equipe tricolor no caminho certo para uma grande campanha.

"Sabemos que é uma competição de alto nível, de alto rendimento, precisamos estar preparadas e confiantes para buscar esse título. Só temos a agradecer ao Porto do Itaqui e ao governo do Estado pelo apoio ao time feminino do Sampaio Corrêa nessa disputa", afirma a camisa 1.

Supercopa do Brasil 2024

A Supercopa do Brasil de Beach-Soccer Masculino e Feminino 2024 começa nesta terça-feira (3) e vai até o próximo domingo (8), na Arena Guariroba, em Ceilândia. O torneio reunirá 12 equipes no torneio masculino e oito times na disputa feminina.

O clube campeão do torneio masculino da Supercopa do Brasil de Beach-Soccer se classifica para a disputa da Copa Libertadores de Beach-Soccer 2024. O torneio continental ocorre entre os dias 1º e 8 de dezembro, no Equador.

GRUPOS DA SUPERCOPA DO BRASIL DE BEACH-SOCCER 2024:

MASCULINO

Grupo A:

Vasco, Anchieta (ES), Ceilândia e Beira-Mar (PB)

Grupo B: ]

Sampaio Corrêa, Carlos Renaux/Juventos (SC), Internacional e Moto Club

Grupo C:

Flamengo, Botafogo, Vitória e SEG (ES)

FEMININO

Grupo A:

São Pedro (ES), Vasco, Ceilândia e Rede Gol (DF)

Grupo B:

Sampaio Corrêa, Flamengo, Botafogo e Confiança

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Crianças da educação infantil em sala de aula

Há dois anos, Esteffane de Oliveira, 25 anos, moradora da Cidade de Deus, em Japarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, tenta conseguir vaga em creche pública para a filha, Maytê, que tem 2 anos. Para conseguir trabalhar e sustentar a casa, muitas vezes Esteffane acaba deixando a filha menor com a outra filha, Ana, de apenas 7 anos. "Eles falam para mim que não tem vaga, que está tudo cheio. Eu até choro, está ficando muito complicado".

O caso de Esteffane está na Justiça. Ela é uma das 7,5 mil crianças que esperam vagas em creches no Rio de Janeiro, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação. Em todo o país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2023 (Pnad Contínua 2023) cerca de 2,3 milhões de crianças de 0 a 3 anos não estão em creches por alguma dificuldade de acessar o serviço, seja por falta de escola, inexistência de vaga ou porque a instituição de ensino não aceitou o aluno por causa da idade.

A educação infantil é uma das principais competências do município em relação à educação e um dos maiores desafios para as próximas gestões que serão eleitas este ano.

A educação, para Esteffane, é uma das demandas prioritárias. Os outros dois filhos, Ana e Pierre, de 4 anos, estão matriculados em escola próxima à casa deles. Agora, só falta Maytê. "Minha filha de 7 anos sabe ler, faz conta, faz tudo. Meu filho de 4 está aprendendo agora também. E eu queria que ela já entrasse na creche, porque já vai sabendo o ritmo, como é a escola", diz a mãe.

Além da aprendizagem das crianças, Esteffane sente-se segura deixando as crianças na escola. "Isso para mim é muito importante, entendeu? Eu vou trabalhar com a minha mente mais tranquila".

A Constituição Federal estabelece a educação como direito de todos e dever do Estado e da família. De acordo com o Artigo 211, os sistemas de ensino federal, estadual e municipal devem se organizar em regime de colaboração. Os municípios devem atuar prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil, que abrange creches (que atendem bebês e crianças de até 3 anos) e pré-escolas (4 e 5 anos). A Constituição estabelece que as prefeituras destinem, no mínimo, 25% de sua arrecadação à educação.

Os municípios também devem estar atentos à prestação de alguns serviços para que a educação seja garantida aos estudantes: o transporte escolar, a merenda dos estudantes, a qualidade do ensino e o financiamento, que abrange o salário dos professores. Em regime de colaboração, o governo federal oferece apoio por meio de iniciativas como o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

Representantes

No dia 6 de outubro, mais de 150 milhões de eleitores poderão comparecer às urnas e votar em candidaturas para os cargos de prefeito e vereador. As pautas educacionais estão entre as que são citadas por candidatos e que fazem parte das promessas de campanha. Pesquisa Genial Quaest, divulgada em julho deste ano, mostra que entre os principais problemas considerados pelos eleitores estão economia (citada por 21% dos entrevistados); violência (19%); questões sociais (18%); saúde (15%); corrupção (12%) e educação (8%).

Segundo a professora do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mayra Goulart, o resultado da pesquisa mostra "algo desfavorável em termo das percepções sobre educação nessa lista de principais temas", aparecendo em último lugar entre os assuntos considerados. No entanto, o Pé-de-Meia, voltado para estudantes do ensino médio, aparece entre os programas mais conhecidos e aprovados do governo Lula, mostrando que a educação tem relevância diante do eleitorado.

As demandas da população são muitas, como a de Esteffane por vaga em creche, mas nem todas são de competência municipal, que deve ter como foco principalmente a educação infantil e o ensino fundamental. Promessas que fogem a essa alçada geralmente não são cumpridas.

A área da educação virou também terreno de disputa. "O tema da educação aparece de outra forma por causa da polarização com a extrema direita que fala muito de Escola sem Partido, de ideologia de gênero na escola. É nesse sentido que a educação tem sido disputada, a partir da ideia de que tem que ficar a cargo da família, o que contrasta com a ideia de que a educação tem que ficar a cargo do Estado e das instituições republicanas", afirma Mayra.

A professora recomenda aos eleitores acompanhar o trabalho dos candidatos. Essa é uma forma de não cair em falsas promessas e de pressionar para que sejam cumpridas as que foram feitas. "A participação do eleitor no acompanhamento, no controle sobre o representante, vendo se ele está cumprindo a função de representação, acho que é a chave para se proteger de falsas promessas e responsabilizar os representantes quando eles não cumprem suas propostas", alertou.

(Fonte: Agência Brasil)

As inscrições para a 32ª edição do Programa Bolsas de Verão (PBV), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), estão abertas até o dia 23 de setembro. Gratuitas, as inscrições podem ser feitas pela internet.  

O programa é voltado a alunos de graduação das áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Tecnologias, Ciências Biológicas e Saúde, da América Latina e Caribe e já acolheu mais de 450 estudantes ao longo de suas edições.

Os projetos desenvolvidos durante o PBV serão propostos por equipes de pesquisadores e especialistas do CNPEM. A abordagem será multi e interdisciplinar nas áreas da saúde, agricultura, meio ambiente, energias e materiais renováveis; tecnologias quânticas, tecnologias habilitadoras: ciência com luz síncrotron, bioimagem, síntese e caracterização de materiais, aceleradores de partículas, engenharia e instrumentação científica, caracterização em nanoescala, micro e nanofabricação, síntese, teoria e ciência de dados.

Experiência imersiva

“O PBV oferece uma experiência imersiva em um dos mais importantes centros de pesquisa do Brasil, conectando estudantes com as fronteiras do conhecimento em diversas áreas. Somente ao chegar ao campus do CNPEM, em janeiro de 2025, será revelado ao estudante qual o projeto, quem serão seus orientadores e em qual Unidade do CNPEM passará o programa”, informou a organização.

Os candidatos aprovados no programa serão recebidos no campus do CNPEM, em Campinas, no Estado de São Paulo, a partir de 8 de janeiro de 2025. Serão oferecidos aos estudantes diversos benefícios: passagem aérea de ida e volta, suporte psicológico e pedagógico, seguro de assistência em viagem, alimentação, hospedagem e transporte diário entre a residência temporária e o CNPEM.

(Fonte: Sgência Brasil)

Paracatu-MG 31/08/2024 premiação de crianças do Fliparacatu. Fotos Assessoria de imprensa

Quantas histórias cabem nos muros invisíveis? Alunos da rede pública e privada de Paracatu foram instigados a dar respostas à essa pergunta. Após visitar a mostra Muros Invisíveis: Professores Negros, eles foram convidados a desenvolver uma fanfic, ou seja, inventar histórias a partir de outras já existentes. A ideia era revelar talentos, além de promover o gosto pela leitura e pela escrita.

A premiação ocorreu nessa manhã de sábado (31), dentro da programação do Festival Literário Internacional de Paracatu, e celebrou os vencedores das categorias de desenho e redação. Foram 18 vencedores, nas seis categorias do concurso.

Paracatu-MG 31/08/2024 premiação de crianças do Fliparacatu. Fotos Assessoria de imprensa

Bárbara Kamyllia Tenório, de 17 anos, ficou com o primeiro lugar na categoria de estudantes de 15 a 18 anos. Ela está no terceiro ano do ensino médio e estuda na Escola Estadual Neusa Pimentel Barbosa. Sua redação recebeu o título “Uma imprescindível mulher”.

“Eu fiquei muito surpresa com o primeiro lugar. Eu sabia que eu tava no pódio, mas não imaginava que seria logo o primeiro. Eu escrevi sobre uma professora negra e sobre quebrar muros, quebrar barreiras. Porque ser negro no Brasil é muito difícil, por causa do nosso histórico, e ter forças para quebrar os muros, como a gente viu na exposição, é muito bonito”, fala.

 A professora de português, redação e literatura Kélia Nunes Rabelo, acompanhou o processo da Bárbara e disse que foi muito difícil selecionar o texto, tamanha qualidade dos textos produzidos.

“Nós visitamos a exposição, fizemos uma aula ao ar livre e ficamos surpreendidos com a qualidade dos nossos alunos. Desde o início, estávamos confiantes no primeiro lugar, porque a redação da Bárbara ficou muito boa, original, criativa e acho que cumpriu com o propósito do concurso”.

Com o título “A heroína da educação”, Andressa Gabrielly, da Escola Estadual Altina de Paula Guimarães, conquistou o terceiro lugar da categoria de 12 a 14 anos. Ela gosta de ler, escrever e já participou de outros concursos de redação. “Eu usei a professora Laisa como personagem principal e o superpoder dela é do conhecimento e da educação. Os professores podem não ter o poder da invisibilidade, ou de voar, mas passam todo o conhecimento que eles têm”.

A diretora da escola da Andressa, Sueli Batista Gomes, acredita que o apoio da escola, da professora e da família foram fundamentais. Para ela, o que fica do Fliparacatu, é “imensurável na cultura, conhecimento, arte que é levada às crianças e adolescentes”.

A segunda edição do Prêmio de Redação teve 44 desenhos inscritos e 47 redações. Cerca de 32 mil alunos forem envolvidos. Os primeiros lugares receberam premiações em dinheiro de R$ 300, R$ 500 e R$ 1.000. A comissão julgadora foi composta pelo jornalista Cláudio Oliveira, a historiadora Helen Ulhoa Pimentel e os professores José Ivan Lopes e Vinícius Paz de Araújo.

Muros invisíveis

Com curadoria das líderes quilombola, Rose Bispo e Kassius Kennedy, a mostra homenageia 21 professores negros da rede pública de Paracatu. A exposição é realizada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por meio da promotora de Paracatu, Mariana Leão.

Selma Bispo dos Anjos Silva, uma das escolhidas, afirma que foi indescritível participar e conta que foi maravilhosos contar a sua história, o racismo sofrido. Para ela, é um projeto que vai mudar a história de Paracatu e do povo negro.

“Ser convidada foi uma surpresa. Porque, geralmente não se homenageia professores e, ainda mais, professores negros, com uma história comum e, para a maioria, uma história sem importância. Senti que seria uma forma de nos mostrar para a sociedade e que a gente pode tudo. E também homenagear os nossos antepassados. A sensação que a gente tinha, na inauguração, é que tinha várias e várias gerações ali conosco”.

Selma dá aulas para o ensino infantil e fundamental na Escola Municipal Maria de Trindade Rodrigues, na zona Rural de Paracatu. A escola do Jean Carlos dos Reis Silva, de 11 anos, vencedor da categoria PCD com um desenho onde ele retratou alunos de mãos dadas, com a professora. Jean disse que está “muito feliz” com o prêmio e que pretende continuar desenhando.  

Paracatu (MG), 28.08.2024 -  2° edição do Festival Literário Internacional de Paracatu. Foto: Festival Literário Internacional de Paracatu/Divulgação

Para Selma, ter a história recontada pelos alunos foi muito especial. Em uma delas, foi retratada como uma princesa; em outra, foi comparada a Carolina Maria de Jesus. Por fim, ela lembra ainda que uma das alunas, de cinco anos, viu a foto na mostra e perguntou: tia, a senhora é negra? E Selma respondeu, “sim, somos, você também é negra? Ela olhou pra mim e disse: uai, eu sou da cor da senhora, então eu sou, né?”.

Conceição Evaristo, que começou a carreira como professora infantil no Rio de Janeiro, disse que concursos como este são “o momento alto dos eventos de literatura”.

Conceição ressaltou a importância de homenagear professores negros como um resgate histórico. E, em especial, as professoras negras.

“Talvez as primeiras professoras foram as mulheres negras, dentro da casa grande. Elas cuidavam da prole da casa grande. Exerciam papel de educadora, inclusive da língua falada no Brasil”, disse a escritora.

Ao encerrar a premiação, Ailton Krenak, homenageado do Festival, deu um carinhoso conselho às crianças.

“Mantenham seus coraçõezinhos nos lugares onde sempre estiveram: seguros. A beleza de vocês é o que dá sentido ao mundo. Os desenhos, os textos, isso é o sentido da literatura, do desenho, da arte. Bem-vindos a esse mundo incrível, cheio de muros invisíveis, que vocês vão ajudar a desmontar”, afirmou Krenak.

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 - A escritora, Conceição Evaristo, participa da 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ.  Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver, na praia de  Copacabana, zona sul da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Conceição Evaristo se emociona escrevendo. Chora, precisa levantar e retomar o fôlego ao fim de uma cena particularmente dolorosa. Edifica os personagens como quem cria filhos. Também se demora em um texto. Às vezes mais de década. É que toda palavra que sai de suas mãos tem que ser bem trabalhada. O texto flui, mas flui de maneira cuidadosa.

“Eu acho que esse isso também faz parte do prazer da criação. Para mim, é prazeroso, é muito bom quando você acaba de escrever um texto e sente que aquele texto é um texto feliz. Mesmo quando estamos falando de coisas duras”, afirma a escritora.

Conceição é um dos nomes mais queridos da segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu. Ano passado, foi a homenageada, com o escritor moçambicano Mia Couto. Nesta conversa, ela falou com a Agência Brasil sobre seu processo criativo, preço do livro no Brasil, os autores que têm lido e as modas que ainda pretende inventar.

Rio de Janeiro (RJ), 28/07/2024 - A escritora, Conceição Evaristo, participa da 10ª Marcha das Mulheres Negras do RJ.  Mulheres negras marcham contra o racismo e pelo bem viver, na praia de  Copacabana, zona sul da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Agência Brasil: 

Como é a emoção de estar em uma feira? 

Conceição Evaristo: 

Pra mim, desmistifica essa fala, que é muito comum, que o brasileiro não gosta de ler, que as pessoas não leem. Eu fico sempre pensando que não é oferecido às pessoas a oportunidade da leitura. Quem tem a oportunidade da leitura, de ir se formando como leitor, gosta de ler, sim. Falta estímulo. E tem uma questão que eu acho mais séria ainda: livro no Brasil é caro. Por exemplo, este livro aqui está a R$ 49. Eu comprei agora para dá de presente para criança. Um texto ilustrado, colorido, sai caro. Então, talvez se tivesse mais ou se tivesse políticas de publicação, políticas voltadas para a publicação. Eu acho que, talvez o que impede a leitura no Brasil, é que livro sempre foi muito caro.

Agência Brasil: 

Na mesa com Itamar Vieira Júnior, a senhora falou sobre afeto e que as mulheres negras têm falado muito sobre afeto. Como o afeto aparece na sua literatura?

Conceição Evaristo: 

Ontem quando o Itamar tava dizendo da construção das personagens dele, que as personagens acabam ecoando alguma experiência que ele tem, eu também acho que as minhas personagens acabam ecoando alguma experiência. Isso não significa que cada personagem sou eu, mas, na construção de determinadas personagens minhas, é como se eu tivesse, realmente, construindo ou edificado filho. Tem um texto meu que eu começo falando de parentes, para dizer que cada personagem é um parente. E aí, quando você se cumplicia com o personagem, vem do afeto. Quando eu tava escrevendo Ponciá Vicêncio, tem uma cena, depois do marido ter espancado ela diversas vezes, já tá naquela fase de compreensão dela. Então, ele vem com uma canequinha de café e oferece café para ela. Quando ele chega perto, ela se recua e abaixa o corpo esperando as pancadas. E ele, então, chega com a canequinha debaixo do nariz dela, quando ela sempre cheira, que ela percebe que é um ato de afeto que ele tá levando para ela. Eu escrevi aquela cena chorando. Várias vezes, tive de levantar para tomar fôlego.

Agência Brasil: 

Conceição nunca foi vítima de violência doméstica e acredita que os homens podem mudar.

Conceição Evaristo:

 Nesse romance, Ponciá Vicêncio, há um momento que o marido de Ponciá se transforma. Há um momento em que ele olha para essa mulher que ele batia, porque não tinha paciência nenhuma com ela, porque ela ficava vários momentos fora de si, e ele percebe a solidão dessa mulher. Aí, ele percebe a própria solidão. Ele muda. Então, eu acredito que possa haver uma mudança, sim. Pode vir com a própria consciência, o sujeito se descobrir. Como também eu acho que pode vir até de uma punição mesmo. Talvez, esses homens que cometem violência contra mulher se eles recebessem uma punição, mas uma punição não é também... um processo educativo, de conscientização, talvez eles possam perceber.  Em um outro lugar, a gente não tá falando de mesma coisa, mas eu acredito que haja pessoas brancas que um dia vão perceber quão racistas elas são e podem ter esse processo de esforço, de aprendizagem, de compreensão e mudar. E ser, inclusive nossos aliados na luta contra o racismo, né? Eu acho que esse processo também pode acontecer com o homem.

Agência Brasil:

 Sobre as mudanças do mundo, Conceição acredita que há um esgotamento, um cansaço. E que não há espaço para brutalidade e guerras.

Conceição Evaristo:

Eu acho que é um cansaço na humanidade. Há um esgotamento das pessoas. Por exemplo, a Europa perdeu o rumo. Hoje, não é mais novidade. Hoje, não, há muito tempo, a Europa não é mais novidade hoje não, tá? Talvez, por isso, eles se voltem com tanto a ênfase ou se voltou com tanta ênfase com as populações tradicionais, com as populações africanas, as populações indígenas. E, individualmente, até mesmo em termos de grupos sociais, eu acho que há um esgotamento. Eu acho que isso também é muito por força do capitalismo. O que que as pessoas querem? O que as pessoas procuram? Em que nós depositamos a nossa vida? Outro dia me impressionou muito. Eu passei perto de dois jovens, e eles estavam discutindo aposentadoria. Aí, um dizia que vai se aposentar com 65 anos. Ora, com 65 anos, se você não tiver é uma vida saudável, você vai estar muito doente. E aí você não tem mais nem como aproveitar a vida, né? Ao mesmo tempo que se olha muito para o futuro, também tem uma ânsia muito grande nesse presente, né?

Agência Brasil: 

A senhora já falou, em outros lugares, que a literatura negra não é apenas para lazer, mas também para incomodar, fazer pensar. A senhora acredita que a literatura ainda é este lugar?

Conceição Evaristo:

Acredito. E acho que aqui cabe uma outra questão. Há uma tendência em dizer que a arte é universal, né? Então, a literatura, ela é universal, ela não guardaria determinadas especificidades, né? E, quando essa literatura guarda agora determinadas especificidades, ela é chamada de literatura militante, literatura panfletária. Mas o que que eu percebo? Tem várias obras da literatura brasileira, obras belíssimas que eu gosto imensamente, mas ela me incomoda, na medida que o sujeito negro não cabe ali naquela obra. E quando ele aparece, aparece estereotipado. Então, ela é uma literatura que eu gosto muito, mas que ela não me convoca. Pelo contrário, ela me expulsa, nesse processo de ficcionalização.

Ora, quando eu escrevo livro e, como eu sempre digo, toda a minha literatura é contaminada pela minha experiência de mulher negra na sociedade brasileira. Então, quando eu escrevo um livro e esse livro convoca mulheres, homens, pretos, brancos, brasileiros, estrangeiros, e tem um público leitor fora do âmbito nacional, então, a gente faz uma literatura universal. A partir de minha experiência como mulher negra, a partir da minha subjetividade, eu consigo criar um texto que convoca todo mundo. Então, esta sim, sem modéstia nenhuma, esta sim, é literatura universal.

Agência Brasil: 

O que a senhora tem lido ultimamente?

Conceição Evaristo: 

Eu tenho lido esses escritores de países africanos de língua portuguesa; tenho lido as obras de Carolina Maria de Jesus, para além do Quarto de Despejo. Paulina Chiziane, que é justamente essa escritora de Moçambique, né? Acabei de reler Eu , Tituba: bruxa negra de Salem, de Maryse Condé. Eu releio livros porque, às vezes, e minha primeira leitura é para trabalho. Então, eu gosto de fazer uma leitura despretensiosa, que é mais gostosa.

Agência Brasil: 

Conceição diz que está sem tempo para ler e que tem escritos parados há mais de dez anos. Agora, ela prepara um livro com poesias eróticas. E fala do cuidado com esse texto.

Conceição Evaristo: 

É uma coletânea de poemas, que já deve nascer como uma tradução para o inglês. Devo fazer esse livro com muito cuidado, com muito cuidado. Por quê? Porque eu gosto muito dessa linguagem que insinua, dessa linguagem que a pessoa que lê depois tem que ter um tempo de maturação: será que foi isso mesmo que eu li? Gosto muito disso. E também porque falar de sexo, falar de sexualidade, ou falar de amor, de gozo, nessa relação passional, é muito difícil. E também para as mulheres negras talvez seja mais difícil ainda, né? Por causa dessa objetificação do corpo negro. Tanto do corpo do homem, como do corpo da mulher. As pessoas negras são vistas como com potencial sexual. Eu não posso fazer um livro de poemas eróticos e trabalhar em cima dos mesmos estereótipos do corpo negro, né?

Agência Brasil: 

Conceição está lendo Carolina Maria de Jesus para além do Quarto de despejo, obra pela qual a autora é mais conhecida. E fala sobre os olhares para as mulheres negras.

Conceição Evaristo:

Hoje mesmo, eu tava pensando, né? O olhar sobre nós, mulheres negras, é um olhar muito, muito cruel. Carolina Maria de Jesus tinha um comportamento que era, muitas vezes, considerada como louca, sem educação, ainda mais que ela vinha de uma favela. Carolina é uma pessoa muito intensa. Tão intensa quanto Clarice Lispector. As pessoas se referem à intensidade de Clarice Lispector de uma outra forma, né? Tem uma tendência de compreensão com as atitudes de Clarice, com o modo de Clarice ser.

Eu nunca vi alguém falando que Clarice era sem educação, que era louca. Carolina era pessoa extremamente também angustiada. Ela enfrentava esse processo de solidão que o ser humano enfrenta, com mais ou menos intensidade. Carolina era assim. Aurora, a mulher que tomava banho no rio (personagem do livro Canção para ninar menino grande), simboliza um desejo e uma realização de liberdade que todos nós temos. Então, esse é o exercício, de agarrar a personagem naquilo que tem escondido na personagem e na gente e que as pessoas não veem nas pessoas negras. Todo mundo lê Carolina pensando que ela tá falando só da fome física. A angústia de Carolina ultrapassava o fato dela não ter dinheiro para comprar o pão pros filhos.

(Fonte: Agência Brasil)