Professores de matemática do ensino médio em todo o país podem participar da segunda edição da Olimpíada de Professores de Matemática (OPMBr). A competição avalia práticas docentes e conhecimento da matéria e da didática, e selecionará dez mestres na categoria ouro, premiação máxima e que repetirá o “troféu” da primeira edição: uma viagem para Xangai, para formação e intercâmbio cultural em escolas locais. As inscrições estão abertas desde o dia 1º de março.
A OPMBr surgiu de uma conversa de uma turma de veteranos de engenharia do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA). A turma 89 discutia maneiras de melhorar os níveis de conhecimento básico em matemática no país, que participa da elite mundial na disciplina (Grupo 5 da Internacional Mathematical Union – IMU) mas tem resultados ruins em exames que se destinam à maior parte da população.
Atualmente, o Brasil ocupa a 65ª posição no ranking de 81 países que participaram do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado no final ano passado, levando em conta os resultados da área de matemática.
Os professores inscritos para esta edição farão a avaliação online em junho. Os classificados vão mandar um vídeo que demonstre o trabalho desenvolvido em sala de aula, abordando metodologias, experiências e resultados. O trabalho será avaliado em agosto. Já a terceira fase, de entrevistas realizadas pelo Conselho Acadêmico da competição, será em setembro. Os classificados serão conhecidos em novembro e iniciam o intercâmbio em abril de 2026.
A professora Jaqueline Mesquita, do Conselho Acadêmico da Olimpíada e presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, disse à Agência Brasil que a competição é importante na medida que permite identificar não apenas os conteúdos que estão sendo trabalhados, mas como ele é transmitido.
“O professor sabe como abordar esse conteúdo em sala de aula, ele traz o que a gente chama de ‘conhecimento pedagógico de conteúdo’, que é a forma de linkar o conteúdo matemático com a forma de ensinar este conteúdo em sala de aula, e este foi o grande diferencial dos vencedores da última edição”.
Algo que lhe chamou a atenção foi a presença de muitos medalhistas de ouro que vieram de cidades do interior, e não de grandes centros ou capitais. “Os dados das Olimpíadas podem ser importantes para mapearmos as assimetrias regionais no ensino da matemática, compreendendo as competências necessárias a serem desenvolvidas por esses professores em cada localidade”, explicou.
Mesquita ressaltou que esses dados vão “servir como métrica para propor políticas públicas mais eficientes visando melhorar o ensino da matemática”. Para a professora, esse mapeamento, assim como a discussão da importância do papel do professor e de sua formação continuada fazem parte dos legados que o evento busca.
O piauiense Rubens Lopes Netto foi um dos vencedores da última edição. A história dele com a matemática começou dentro de casa, ainda criança. Com muita facilidade para os cálculos, a matemática sempre esteve presente no seu dia a dia e nas memórias de infância com o seu pai que, desde pequeno, apoiava e estimulava o aprendizado da matemática no cotidiano. De forma despretensiosa, Rubens iniciou sua jornada como professor no magistério, antes de prestar vestibular para matemática.
Rubens recorda que o seu magistério começou em escolas rurais, com poucos alunos e sem recursos básicos, mas que evoluía no contato direto e interativo com os alunos. “A prática da gente vai evoluindo com o tempo, com os alunos. Depende também de como eles respondem, e, às vezes, vamos melhorando de uma aula para a outra”.
O professor lembra ainda que, desde o início do seu magistério, manteve “contato com todos os níveis e modalidades de ensino com variados perfis de estudantes, e isso vai ajudando a gente. Minha primeira escola era no campo, em um povoado. Lá fazia, por exemplo, uso de materiais concretos e outras estratégias”, disse.
Após se formar, Rubens passou a dar aulas para alunos do ensino médio, e hoje está a caminho da conclusão de um doutorado na área. Também deixou as salas de aulas do ensino básico, pois está atuando na formação de professores para o governo do Maranhão.
OPMBr
Rubens revela que sua escolha, como um dos premiados da OPMBr, veio após o resultado na formação de estudantes nas redes de Mata Roma (MA, municipal) e Anapurus (MA, estadual). “Nas provas do Saeb e do Seama conseguimos a melhor colocação de todas as escolas do nosso município, o que nos rendeu premiação, pela média de proficiência do nono ano. O que mais chamou a atenção foi isto, conquistar resultados em uma cidade tão pequena”, explica.
O professor disse que visitou quatro escolas na China, viagem que ele definiu como “incrível, algo que eu não ousaria sonhar nem em meus melhores sonhos”. Para o professor, a viagem lhe permitiu analisar as diferenças do ensino da matemática entre os dois países. “Eles trabalham muito a questão de aprendizagem por pares e formação continuada, então um professor se capacita com outro, de sua área. Os estudantes entendem que estudar é importante, e que saber matemática e ciências pode lhes fazer conhecer o mundo”, afirma.
Essa formação adquirida, por meio da OPMBr, levou a trabalhar em seminários de multiplicação para outros professores, promovidos governo do Maranhão, nos quais aplica parte do que aprendeu. “O que podemos aplicar e pretendemos fazer são workshops para mudança de pensamento e atitude do professor. Agora, muita coisa que a gente viu lá [na China] como estrutura e cultura, a gente viu que só vai surtir algum efeito a longo prazo”, disse.
O jovem Pedro Dutra é morador do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. A cerca de 8 quilômetros dali, em Cordovil, Complexo de Israel, reside o estudante Breno Alencar, de 15 anos.
Em comum, os dois são estudantes de escolas públicas e cursam robótica na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) do Maracanã. O aprendizado prático e teórico levou ambos a Brasília para disputar uma vaga em equipe na final do 7º Festival Sesi de Educação, a maior competição de robótica do Brasil, que, neste ano, tem como tema os oceanos.
Estudantes Breno Alencar e Pedro Nova
O torneio de robótica é o passaporte para o mundial em Houston, nos Estados Unidos, que reúne, anualmente, cerca de 15 mil estudantes de todo o planeta.
Pedro sonha em conquistar uma das vagas na etapa classificatória para o mundial de robótica, após ter vencido as fases regionais no Estado. O estudante diz que a tecnologia tem transformado a vida.
"A robótica tem facilitado os estudos, porque a programação envolve muita matemática e nosso raciocínio lógico para pensar mais rápido. Além de muita física para o desenvolvimento de robôs", conta o estudante.
O colega de equipe, Breno, viajou pela primeira vez de avião para a seletiva da capital federal e já sonha em se tornar um profissional de Tecnologia da Informação (TI), voltado para desenvolvimento de softwares.
"Nunca tive contato com a robótica, nem programação, nada. Entrei firme no curso e a gente foi montando robôs. Passamos. Estou realizado. Só de eu estar aqui, já é um sonho".
Competição nacional
O festival de robótica reuniu, nesse sábado (15), 2,5 mil estudantes divididos entre 270 equipes das cinco regiões do país. Além das escolas do Sesi, 23 escolas públicas competiram nesta sétima edição.
A disputa em Brasília marcou o encerramento da temporada nacional e classificou dez equipes para a competição internacional, em abril, em três categorias da First [sigla em inglês para For Inspiration and Recognition of Science and Technology] de diferentes faixas etárias:
três equipes da First Lego League Challenge (FLLC);
três da First Tech Challenge (FTC); e
quatro da First Robotics Competition (FRC).
As três modalidades de robótica envolvem robôs de diversos portes, desde as pequenas máquinas feitas de blocos plásticos de montar até robôs de 1,2m de altura, que pesam 56kg, programados para cumprir desafios com grandes bolas.
Legado
Gerente do Sesi
Desde 2012, mais de 45 mil estudantes participaram dos torneios First no Brasil. O país acumula mais de 110 prêmios internacionais apenas na modalidade iniciante (FLLC).
A gerente do Centro Serviço Social da Indústria (Sesi) de Formação e Educação, Kátia Marangon, avalia que a robótica educacional extrapola as arenas do evento, porque os estudantes têm a iniciação científica, contato com a inteligência artificial (I.A.) e também trabalham em equipe.
“Um estudante que passou pela robótica tem um diferencial quando chega ao mundo do trabalho. A gente fala muito dessa educação para o século XXI, com as muitas habilidades que esses jovens estão desenvolvendo aqui: muita tecnologia, pensamento computacional e de inteligência artificial, além de próprias competências sócio-emocionais. Isso tudo são as habilidades requeridas pelo mundo do trabalho agora”.
“O maior legado da robótica é a gente poder mostrar que é possível aprender de uma forma mais prazerosa, de uma forma real, resolvendo na prática problemas ali de uma comunidade”, disse a gerente do Sesi, Katia Marangon.
João Silva é árbitro do torneio de robótica. Ele já esteve do outro lado, entre os competidores, quando ainda era criança no Guarujá (SP). Para ele, trabalhar como voluntário é uma forma de retribuir os ensinamentos levando ciência e tecnologia para essa criançada.
“O profissional que eu sou na empresa onde trabalho é graças à robótica e ao poder transformador dele e destes torneios, que impactam mais e mais jovens e adolescentes para se tornarem adultos bons em matemática, ciência, tecnologia e I.A.”
Competidores
Os competidores do festival nacional têm entre 9 e 19 anos e são estudantes dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e privadas.
Estudante Flávio Expedito
Um deles é Flávio Expedito Medeiros, de 13 anos, integrante da equipe Cyber Hacks. Mesmo com a pouca idade, esta é a segunda participação do morador de Curitiba no torneio nacional na categoria First Lego League Challenge (FLLC). O menino classifica as provas como bem desafiadoras porque é preciso percorrer um trajeto com robôs feitos de Lego.
"É inspirador para mim. Nunca pensei na minha vida inteira que eu iria fazer algo tão desafiante assim. Aqui, trabalho muito a minha criatividade”.
Paralelo às três categorias, ocorreu o torneio Sesi F1 in Schools, que desafia estudantes a desenvolverem escuderias de Fórmula 1. A estudante Manoela Luzini Gonçalves, de 16 anos, está entre os seis pilotos da equipe de Goiânia e precisa aliar reflexos rápidos e concentração, na maior velocidade possível das miniaturas de carrinhos de corrida.
“Estou feliz só de estar aqui. Já sou uma vencedora mesmo que a gente não ganhe nenhuma competição”.
Manoela explicou que quatro pilares são desenvolvidos durante o projeto: engenharia, para a construção e montagem do veículo; gestão de projetos, para organização da equipe; comunicação entre as áreas; e promoção da marca e dos patrocinadores.
“É um grande desafio, porque são muitas áreas que a gente tem que interconectar”.
Projetos
Além das competições, divididas em dois andares dos locais, o público pôde conferir os experimentos campeões com robôs das etapas estaduais que classificaram as equipes para competir em Brasília.
Uma destas invenções é a prancha guiada por um controle remoto, criada pela equipe de Araguaína (TO), para resgatar pessoas em situação de afogamento até que o salva-vidas as alcance. Os integrantes do grupo chamaram a atenção dos visitantes por estarem fantasiados de personagens da turma do mexicano Chaves. Sem acanhamento, eles apresentaram o protótipo de baixo custo, mais acessível, sobretudo, para comunidades do interior do país.
“Nosso objetivo é levar essa solução a todos e espalhar ainda mais o nosso projeto, para mostrarmos que a robótica não é feita por máquinas gigantes e projetos extravagantes, mas também está nos pequenos projetos”, explicou o líder da equipe tocantinense, Liz Ester Rodrigues, de 15 anos.
Público
Além dos participantes, o público também pôde visitar de graça as arenas de competições da robótica. A organização do evento calculou que cerca de 15 mil pessoas passaram pelo local.
Os visitantes ainda puderam participar de oficinas educativas: de insetos elétricos e broche de luz, que ajudam a entender o funcionamento e a criação de circuitos elétricos; carrinho a motor, que convidou o público a montar um carrinho com palitos de sorvete; um motor e rodinhas de papelão. Foram 40 vagas por oficina e a inscrição foi feita na hora.
Neste mês de março, o Maranhão receberá um grande espetáculo – aclamado pela crítica e pelo público, além de ser vencedor do Prêmio Shell. “Azira’i – um Musical de Memórias”, escrito por Zahy Tentehar e Duda Rios e interpretado por Zahy, chega a São Luís para duas sessões especiais, no palco do Teatro Sesc Napoleão Ewerton, no Jardim Renascença, em São Luís, nos dias 21 e 22 desre mês.
Um solo autobiográfico, a peça conta a comovente história da relação entre Zahy e sua mãe Azira’i Tentehar, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, que ocupou a categoria dos Pajés Supremos dos povos Tentehar, destinado apenas a pessoas com sabedorias medicinais e espirituais extremamente desenvolvidas.
Ao longo do espetáculo, o público é convidado a mergulhar em uma história de força, amor e ancestralidade ambientado em uma comunidade indígena maranhense. A relação entre mãe e filha se dá num contexto necessariamente conflituoso, em um interior nordestino extremamente patriarcal e em uma cultura tensionada entre a preservação de seus valores ancestrais e a absorção de dinâmicas e mazelas de um sistema de civilização globalizado.
Ao mesmo tempo em que Zahy é a filha escolhida por sua mãe para herdar os dons de pajelança e de comunicação com os Mairas, é também nela que Azira’I descarrega as frustrações de existir num ambiente colonial e opressor. No palco, a atriz alterna cenas em português e, também, em Ze’eng eté, trazendo para o centro da cena o debate sobre os processos de aculturamento aos quais foi submetida.
Com direção de Denise Stutz e Duda Rios, o espetáculo tem direção de produção e produção artística assinadas por Andréa Alves e Leila Maria Moreno, além das projeções do multiartista Batman Zavareze (direção de arte e design gráfico), a cenografia de Mariana Villas-Bôas, os figurinos de Carol Lobato, a iluminação de Ana Luzia Molinari de Simoni e a direção musical de Elísio Freitas.
Em São Luís, a temporada de “Azira’i – um Musical de Memórias”, que conta com classificação indicativa de 12 anos, terá acessibilidade em Libras e audiodescrição, e ocorrerá nos dias 21 de março (sexta-feira), às 20h, e no dia 22 de março (sábado), às 19h.
O musical conta com produção conjunta da Alvoroço Criação e Produção Cultural e Sarau Cultura Brasileira. Os ingressos custam entre R$ 40 (Público geral) e R$ 20 (meia estudantes/Trabalhadores do comércio e funcionários Fecomércio/ Sesc/ Senac), e já estão disponíveis na plataforma Sympla, no endereço: https://www.sympla.com.br/eventos?s=teatro%20sesc%20napole%C3%A3o%20ewerton&tab=eventos.
Azira’i
O espetáculo narra a história de Azira’I, uma mulher muito forte, sábia e herdeira de saberes ancestrais, que tinha um conhecimento profundo sobre a terra e a medicina da floresta e realizava tratamentos com plantas e ervas e também promovia a cura por meio de seu canto. A sua voz e a de Zahy são, inclusive, muito parecidas, como todos que as conheceram observam. As semelhanças, o legado e os conflitos dessas duas mulheres estão na origem de todo este trabalho.
Em cena, Zahy Tentehar, filha de Azira’I, canta tanto canções originais compostas por ela e por parceiros como Marcelo Caldi, assim como entoa alguns cânticos improvisados, um dom que também herdou de sua mãe. Azira’I faleceu em 2021, ao longo do processo de criação da montagem, que começa em 2019, quando Zahy e Duda Rios se conhecem no elenco da montagem de ‘Macunaíma’, dirigida por Bia Lessa e encenada pela companhia Barca dos Corações Partidos.
Nas conversas de camarim, Eduardo se surpreendia com o que Zahy contava – ela mesmo se define como uma contadora de histórias – e surgiu ali mesmo a semente da criação de um espetáculo a partir daquela vivência em um contexto tão próximo, mas também tão distante.
“Azira’I” nasce ainda do desejo que Zahy tinha de contar as suas próprias histórias, sem necessariamente ter que virar porta-voz de uma causa, além de poder mostrar uma visão absolutamente não romantizada dos povos indígenas. “É muito libertador não precisar ter que representar uma pauta o tempo todo. Quero poder contar a minha história, de uma pessoa que saiu de sua reserva, foi para a cidade, aprendeu uma outra língua e teve uma relação complexa com a mãe”, reflete Zahy.
Zahy Tentehar
Zahy Tentehar é uma artivista, indígena, do povo Tentehara Guajajara, natural da Aldeia Colônia, localizada na reserva indígena Cana Brava, no Maranhão. Filha da pajé Azira e mãe de Kwarahy, é atriz e já vivenciou experiências como fotógrafa, cantora e performer.
Aos nove anos, passou a dividir sua vida entre a aldeia Colônia e o município de Barra do Corda, devido aos estudos. Aos 19, se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, onde viveu na Aldeia Maracanã e iniciou a sua carreira artística. Viveu o papel de Domingas na minissérie “Dois Irmãos” (2017), exibida na Rede Globo, com direção de Luiz Fernando Carvalho.
Ganhou destaque nas séries “IndependênciaS” (TV Cultura/2022) e Cidade Invisível (Netflix/2021), e em 2024, participou de duas importantes produções na Rede Globo: integrou o elenco da novela “No Rancho Fundo”, com a personagem Paula Alexandre; e participou do especial “Falas da Terra”, exibido em abril.
Criou, roteirizou e atuou na videoperformance “Aiku’è” (R-existo), em parceria com Mariana Villas-Boas, selecionado para o Kannibal Fest, em Berlim e para o Festival de Curtas do Rio. Realizou a exposição fotográfica “Olhar Meu”, no Parque Lage, em homenagem ao Dia Internacional dos Povos Indígenas.
Entre seus outros trabalhos, estão os filmes: “Não Devore Meu Coração”, de Felipe Bragança; “Semente Exterminadora”, de Pedro Neves Marques; “Zahy – Uma Fábula Sobre a Aldeia Maracanã”, de Felipe Bragança; e “Estranhos Rumores do Jardim Fantástico”, de Fábio Baldo.
Serviço
O quê: o espetáculo “Azira’i - Um Musical de Memórias”, interpretado por Zahy Tentehar;
Quando: nos dias 21 (às 20h) e 22 (às 19h) de março;
Onde: no Teatro Sesc Napoleão Ewerton, no Jardim Renascença, em São Luís;
A região central de São Paulo oferece, nos próximos dias, programação cultural à população. Nesta sexta-feira (14), o município lança o projeto CENTRÔ!, que terá atrações itinerantes e intervenções culturais gratuitas em ruas e praças do centro histórico paulistano.
O Largo do Café, a Avenida Vieira de Carvalho (altura do nº 31), Praça do Patriarca e Praça Antonio Prado são os logradouros públicos que recebem as primeiras atividades culturais do novo projeto, com eventos já confirmados até 5 de abril.
Com foco nos artistas de rua, as ações incluem diversas linguagens, como teatro, circo e música. Entre as atrações dos próximos dias estão Discopédia, DJ Lady Brown, Samba de Dandara, Cortejo Sanfonada, da Cia Chegança, Fizz Jazz - swing band ao estilo de New Orleans do início do século 20, e Quarteto em Dó Machado, grupo de música instrumental brasileira.
Cinema
A nova programação do Circuito Spcine exibe, até 19 de março, os filmes Flow e Sing Sing, indicados ao Oscar, com sessões disponíveis na Galeria Olido e no Centro Cultural São Paulo, ambos na região central da cidade. Os ingressos são vendidos a preços populares. Flow foi vencedor do Oscar de Melhor Animação, e Sing Sing teve três indicações à premiação.
A 13ª edição da Mostra Tiradentes SP, que vai até 19 de março, antecipa para o público os destaques do cinema brasileiro contemporâneo para este ano. São 27 filmes brasileiros, inéditos em São Paulo, apresentados no Cinesesc e no Centro Cultural São Paulo. Entre os destaques da programação, está a exibição dos vencedores da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
Teatro
O espetáculo Dois Perdidos numa Noite Suja estreia no teatro Pequeno Ato, a partir do próximo dia 19. Escrito por Plínio Marcos na década de 1960, essa releitura conta com cenário simples, que pretende a valorização das interpretações. A peça conta a história de Paco e Tonho, dois amigos que trabalham como carregadores no mercado popular e que dividem o quarto em uma pensão barata.
O espetáculo começa antes mesmo de chegar ao teatro, com a Rota Dois Perdidos. O público poderá passar por pontos previamente escolhidos pela produção, onde se deparam com fragmentos do passado das personagens que ajudarão a contar a história final. Os personagens mantêm relação conflituosa, discutem sobre seu cotidiano e suas perspectivas de vida. O evento entra no calendário de comemoração dos 90 anos de Plínio Marcos em 2025.
O ator Othon Bastos, com 91 anos de idade e mais de 70 de carreira, sobe ao palco neste mês, a partir do dia 20, no Sesc 14 Bis, para apresentar o monólogo Não me Entrego, Não!. O espetáculo apresenta histórias da vida pessoal e profissional do artista, que trabalhou no cinema, no teatro e na televisão.
Os participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024 já podem ter acesso à correção detalhada de suas redações. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilizou a vista individual da folha de redação na manhã desta sexta-feira (14).
Os interessados nos espelhos das redações devem consultar o material na Página do Participante, mediante inserção do número do CPF e senha registrados no portal Gov.br.
O acesso à prova de redação tem finalidade exclusivamente pedagógica e ocorre sempre após a divulgação do resultado oficial do exame, em janeiro.
A vista do espelho permite que os participantes do Enem compreendam os critérios de avaliação da redação e serve de ferramenta para identificar os pontos em que o desempenho foi satisfatório e aqueles que necessitam de aprimoramento para futuras edições do exame ou para outras produções de texto.
Em 2024, o tema da redação do Enem foi Desafios para a valorização da herança africana no Brasil.
Verificação
Com a vista do espelho da redação, o participante tem a possibilidade de verificar a pontuação alcançada em cada uma das cinco competências avaliadas. Cada uma das competências vale 200 pontos, e o candidato pode atingir a pontuação máxima de 1.000 pontos.
Dois avaliadores julgaram o desempenho do participante na redação de acordo com esses critérios. A nota total de cada avaliador corresponde à soma das notas atribuídas a cada uma das competências e a soma desses pontos compõem a nota total de cada avaliador. A nota final do participante é a média aritmética das notas totais atribuídas pelos avaliadores.
Cada texto pode passar por até quatro avaliações independentes para o cálculo da nota final, se houver discrepância entre as notas dos avaliadores.
De acordo com o Inep, “o processo de avaliação das redações do Enem é supervisionado pelo Inep em todas as suas etapas e segue rigorosamente os critérios estabelecidos pelo edital do exame”.
Treineiroa
Os resultados dos chamados treineiros - que fizeram os dois dias de provas somente com o objetivo de testar conhecimentos - também estão disponíveis na Página do Participante.
O Ministério da Educação contabiliza que dos 4.325.960 inscritos na edição de 2024, mais de 841,5 mil (19,4%) eram estudantes do 1º ou 2º ano do ensino médio. Já os que não cursam e nem completaram o ensino médio, mas fizeram o Enem para autoavaliação de conhecimentos, corresponderam a 24.723 (0,6%) de inscritos.
De acordo com o edital do Enem do ano passado, os candidatos que tiveram as provas anuladas não terão vista da prova de redação. São motivos de anulação da redação a escrita de impropérios, desenhos, apresentação de parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto ou qualquer forma de identificação do candidato no espaço destinado exclusivamente ao texto da redação, por meio, por exemplo, de nome, assinatura, rubrica.
Outra situação que impede a visualização da folha de redação ocorre se a banca avaliadora atribuiu nota zero à redação escrita predominante ou integralmente em língua estrangeira.
Se o candidato quiser mais detalhes sobre os critérios de correção da prova de redação de 2024, o Inep disponibilizou uma cartilha online ao participante.
Escolas públicas e privadas de todo o país têm até o dia 17 de março para fazer a inscrição na 20ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Considerada a maior competição científica do Brasil, a olimpíada é voltada para alunos do 6º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio.
Para participar, as escolas devem acessar o sitewww.obmep.org.br, preencher a ficha de inscrição disponível, informar o código MEC/INEP e criar uma senha de acesso. No regulamento, estão disponíveis informações sobre condições, prazos, datas e regras previstas para participação na competição.
Todos os anos, a Obmep reúne mais de 18 milhões de estudantes. Criada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) em 2005, a competição é promovida com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC). Neste ano, a olimpíada comemora 20 anos.
Provas
A competição tem duas fases. A primeira fase é uma prova objetiva de 20 questões, que será aplicada em 3 de junho. Já a segunda fase é voltada para os classificados na primeira etapa, que fazem uma prova discursiva de seis questões, em 25 de outubro.
As questões são preparadas de acordo com o grau de escolaridade do aluno. O nível 1 é voltado para o 6º e 7º ano do ensino fundamental; o nível 2, para o 8º e 9º ano do ensino fundamental; e, o nível 3, para o ensino médio.
A divulgação dos aprovados para a segunda etapa será feita em 1º de agosto e a divulgação dos premiados em 22 de dezembro.
Premiação
A Obmep vai distribuir 8.450 medalhas nacionais: 650 de ouro, 1.950 de prata e 5.850 de bronze, além de 51 mil certificados de menção honrosa.
Os alunos premiados nacionalmente são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC), voltado para o incentivo e promoção do desenvolvimento acadêmico. Os participantes de escolas públicas receberão uma bolsa de R$ 300.
Serão distribuídas ainda 20,5 mil medalhas estaduais para os alunos com os melhores desempenhos em cada Estado.
Os professores também serão homenageados. Ao todo, 969 professores serão premiados e irão receber, além de diploma e livro de apoio, uma medalha de ouro especial. Os professores premiados vão concorrer ainda a oito viagens.
O romancista, dramaturgo e autor de telenovelas Dias Gomes (1922-1999) será o homenageado deste ano na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô). A festa ocorrerá entre os dias 6 e 10 de agosto, no Pelourinho, em Salvador.
Nascido na capital baiana, Dias Gomes começou a escrever ainda na adolescência. Com apenas 15 anos redigiu sua primeira peça teatral, A Comédia dos Moralistas, que ganhou o 1º lugar no Concurso do Serviço Nacional de Teatro em 1939. Três anos depois estreou no teatro profissional com a comédia Pé-de-cabra.
Um de seus textos mais famosos é O Pagador de Promessas (1960), que foi adaptado ao cinema por Anselmo Duarte, em 1962, tornando-se o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes. Ele também foi autor de vários sucessos na TV brasileira, escrevendo novelas como O bem-amado (1973), Saramandaia (1976) e Roque Santeiro (1985), que chegou a ser censurada pela ditadura militar.
Era casado com Janete Emmer (Janete Clair), autora de telenovelas, com quem teve cinco filhos.
Na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, Dias Gomes participou da produção da radiodramaturgia Grande Teatro, programa lançado no dia 7 de maio de 1955. A produção ia ao ar nas noites de sábado e começou com peças adaptadas pelo dramaturgo Dias Gomes. Em 1964, foi demitido da Rádio Nacional, da qual era diretor-artístico, por força do Ato Institucional nº 1. Era casado com Janete Emmer (Janete Clair), autora de telenovelas.
Em toda a sua carreira, Dias Gomes escreveu 33 peças de teatro, oito livros, 14 telenovelas, cinco minisséries e dois seriados. Em 1991, ele passou a ocupar a cadeira 21 na Academia Brasileira de Letras (ABL).
“Dias Gomes é um grande escritor baiano. Amigo de Jorge Amado, era sempre recebido na Casa do Rio Vermelho. Trocavam cartas, que hoje integram o acervo da Fundação Casa de Jorge Amado. E tinham uma conexão quanto aos temas abordados em suas obras como a intolerância religiosa, a exploração política e comercial da fé popular, o coronelismo político e o progresso descontrolado, assim como no uso do estilo literário realismo mágico”, disse Angela Fraga, diretora-executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, instituição cultural responsável pela realização da Flipelô.
A Flipelô é o maior evento cultural literário da Bahia. Inspirada na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a Flipelô teve a sua primeira edição em 2017 e é realizada pela Fundação Casa de Jorge Amado. A festa surgiu com o objetivo de preservar e valorizar a memória do escritor Jorge Amado, a cultura e arte da Bahia e também estimular a literatura, principalmente entre os jovens.
O Conselho Regional de Educação Física do Maranhão (Cref21/MA) e o Ministério Público do Maranhão (MP-MA) vão intensificar o trabalho de fiscalização de academias em São Luís e no interior do Estado. O objetivo é que os órgãos trabalhem em conjunto para garantir a qualidade na prestação de serviços por profissionais qualificados e dos serviços ofertados pelos estabelecimentos.
O fortalecimento da parceria entre Cref21/MA e MP-MA foi tema central de uma reunião realizada na manhã dessa quarta-feira (12). O presidente do Cref21/MA, Sandow Feques [Cref 001806-G/MA], e o assessor jurídico do Conselho, Rafael Sauaia, estiveram reunidos com a promotora de Justiça, Drª Elisabeth Mendonça, da Promotoria Especializada na Defesa da Saúde.
“O Cref21/MA tem tido um trabalho muito importante em fiscalizar e confirmar a legalidade de atuação do profissional de Educação Física. Isso garante que o profissional que está trabalhando possui formação acadêmica necessária para fornecer um serviço de qualidade nas academias. E é por isso que o Conselho sempre está em busca de novas parcerias, como esta que estamos firmando com o Ministério Público do Maranhão, para que consigamos intensificar as fiscalizações, que também tem caráter de cuidar da saúde das pessoas e garantir os direitos delas como consumidoras e beneficiárias de serviços de saúde que as academias oferecem”, afirmou Sandow Feques.
Durante a reunião, os representantes do Conselho apresentaram ao MP-MA um relatório detalhado sobre as fiscalizações ocorridas durante o ano de 2024, em academias de todo o Estado. Em suas fiscalizações, o Cref21/MA atua no combate à ilegalidade na profissão de Educação Física e analisa outros aspectos como as condições da estrutura física do local, acessibilidade, condições de higiene, entre outros.
Somente no ano passado, o relatório informa que, aproximadamente, 1.500 fiscalizações foram realizadas, sendo que cerca de 160 empresas foram autuadas e notificadas quanto à má prestação dos serviços ofertados, que denotam claramente perigo eminente à saúde pública. “Foram remetidos ao órgão ministerial os relatórios de fiscalização, com a indicação dos profissionais e estabelecimentos autuados para que seja dado o efetivo encaminhamento investigativo e punitivo em relação às condutas verificadas e atestadas no exercício da função essencial da autarquia federal, que é a fiscalização”, explicou o advogado Rafael Sauaia, assessor jurídico do Cref21/MA.
Parceria com o Procon-MA
Além da parceria com o Ministério Público do Maranhão (MP-MA), o Conselho Regional de Educação Física do Maranhão (Cref21/MA) tem atuado em conjunto com outro importante órgão de fiscalização: o Procon-MA. Em janeiro deste ano, o Cref21/MA e o Procon-MA se reuniram para planejar o cronograma das fiscalizações em 2025, que vão ocorrer regularmente.
“Ficamos felizes em firmar, mais uma vez, esta importante parceria para a sociedade maranhense. O Cref21/MA e o Procon-MA fiscalizam a parte que lhes cabem a fim de garantir que todos os aspectos legais das academias estejam em suas melhores condições, bem como diagnosticar se elas possuem profissionais especializados para atender corretamente a população maranhense”, ressalta o diretor-executivo do Cref21/MA, Diogo Oliveira [CREF 001847 G/MA].
No site do Cref21/MA (www.cref21.org.br)é possível informar irregularidades e consultar se os locais que oferecem serviços de atividade física são registrados no Cre21/MA ou se o profissional é realmente habilitado.
IPHAN REALIZA CERIMÔNIA DE ENTREGA DA OBRA DE RESTAURO E ADAPTAÇÃO DE USO DO COMPLEXO FERROVIÁRIO DE CAXIAS, SEDE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE CAXIAS (IHGC)
– Registros sobre o desembargador Arthur Almada Lima Filho, fundador do IHGC, nascido em Caxias, em 7 de outubro de 1929 e falecido em São Luís, em 27 de outubro de 2021
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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizou na tarde dessa quarta-feira (12/3), em Caxias (MA), a cerimônia de entrega da obra de restauro e adaptação de uso do Complexo Ferroviário. A solenidade teve início às 15h e encerrou-se às 17h. Houve visita técnica às instalações, discursos, apresentações artísticas e descerramento da placa inaugural. Sócios do Instituto Histórico, da Academia Caxiense de Letras, da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão, autoridades do Estado e do município e convidados compareceram ao evento.
Constituído de três grandes edificações, que antes eram a Estação Ferroviária e os dois galpões (de armazenamento e de manutenção de locomotivas e vagões), as construções foram inteiramente restauradas e adaptadas para novos usos. Entre estes usos, a sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, que já vinha ocupando e dinamizando o local e cujo fundador e presidente, desembargador Arthur Almada Lima Filho, deu início ao uso regular do prédio principal como sede do IHGC. No início, com a ação do desembargador, foram afastados da área os dependentes químicos que antes “tomavam de conta” das instalações, onde praticavam o vício e tornavam anti-higiênico a histórica Estação.
A Estrada de Ferro São Luís-Teresina, que alavancou a economia de Caxias no século passado, foi criada pelo Congresso Nacional em dezembro de 1904, inicialmente, o trecho de São Luís até Caxias (depois foi estendida até a capital piauiense).
A seguir, um pouco de memória e história acerca do fundador e primeiro presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias.
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ARTHUR ALMADA LIMA FILHO
– Fundador e primeiro presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC)
Muitos daqueles que passam pela Avenida Getúlio Vargas, em Caxias (MA), e veem o grande, restaurado e remodelado prédio e os galpões igualmente imensos, restaurados e remodelados da antiga estação ferroviária não imaginam o quanto de sonho, de visão, de esperança, de burocracia, de esforço e de amor pela terra está misturado a cada mão de tinta, pá de cal, lata de areia, barro e cimento e metros de fiação elétrica e outros materiais utilizados para o restauro daquelas construções e o resgate ou ampliação de considerável fatia do amor-próprio dos caxienses.
Aqueles prédios da antiga Estrada de Ferro São Luís-Teresina (EFSLT), da Rede Ferroviária Federal S. A. (REFFESA) estiveram durante muito tempo ao Deus-dará, antes de Arthur Almada Filho “tomar de conta” deles e ali instalar a sede do IHGC. Antes do Arthur, os prédios desmoronavam – como sempre, menos pela ação do tempo e mais pela omissão dos homens. Décadas de história estavam ruindo sem ruído, numa fragmentação silenciosa, num desfazimento criminoso de um passado que, embora não tão distante, foi responsável por parte das bases econômico-sociais de que talvez ainda se jactem alguns poucos que vivenciaram aqueles tempos e/ou que deles têm memória.
Arthur Almada Lima Filho passava ali pela Avenida Getúlio Vargas, olhava aquelas edificações e se inquietava – pode-se dizer, até: se indignava. Era o filho ilustre sabendo o quão igualmente ilustre havia ali em termos de historicidade.
Dos contatos iniciais, das correspondências obrigatórias, dos obstáculos e dificuldades que se (o)põem à frente dos que querem fazer a coisa certa neste país, até a autorização para uso e utilização, “sine die”, das portentosas instalações “refesianas”, Arthur Almada Filho teve de munir-se de paciência e persistência, sob pena de suas (boas) intenções irem juntar-se àquelas que assoalham o caminho da Geena.
Foi assim que Caxias e seu Instituto Histórico e Geográfico (IHGC) ganharam adequado espaço para se passar o passado – ou ao menos parte dele – a limpo. O Instituto é o espaço institucional por excelência e de referência para a busca, guarda, zelo e divulgação de itens e fatos, marcas e marcos do passado histórico de Caxias (que o histérico presente ainda não soube respeitar à altura).
Esse espaço, sede do IHGC, recebeu pacientes reformas, restauro, remodelação, melhorias – as quais foram entregues ontem (12 de março de 2025). E pensar que tudo começou com o sadio inconformismo, a consciência, o talento e, em especial, o tempo e o esforço de Arthur Almada Lima Filho – ele que, em vez de curtir o merecido ócio, após décadas de ofício na Magistratura, na Educação, na Imprensa, ele incumbiu-se e desincumbiu-se nas tarefas de, em igual tempo, presidente do Instituto e encarregado de fazer os contatos, o acompanhamento, as “cobranças”(ou, eufemisticamente, “lembranças”) aos que, pessoas e/ou instituições, aderiram à saudável luta pela adequada recuperação do patrimônio ferroviário e sede do IHGC – o que foi conquistado a troco da persistência e persuasão arturianas.
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Um pouco acerca desse grande caxiense, honrado legatário e esforçado transmigrante da estirpe almadiana, é o que se tentou condensar adiante. (EDMILSON SANCHES)
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A Estação Ferroviária em Caxias estava abandonada, ruindo. Um caxiense, Arthur Almada Lima Filho, resolveu “comprar briga”. Investiu tempo, talento, paciência, capacidade de luta e de gestão etc. e, em uma primeira fase, recuperou o prédio e o transformou na portentosa e orgulhosa sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, que Arthur fundou e dirigiu.
O passado só ainda está presente e somente terá algum futuro se dele tiverem cuidadores como Arthur Almada Lima Filho.
Lembro-me de que, na época já aos 90 anos, completados em 17 de outubro de 2019, aquele renovado Arthur sentava-se à sua távola quadrada e pequena no remoçado prédio da Estação Ferroviária, cuidava de aspectos da gestão do Instituto e aplicava-se a ler, estudar, pesquisar, escrever, quase sempre sobre fatos históricos de Caxias.
Anatole France, escritor francês (1844-1924), disse que “(...) o passado é o nosso único passeio e o único lugar onde possamos escapar a nossos aborrecimentos diários”, pois “o presente é árido e turvo, o futuro, oculto”. É o caso de Arthur Almada de Lima Filho, que gostava de passear no passado de Caxias, e o fazia sem aborrecimento, pois o passado caxiense era para ele desafio e combustível, mister e mistério de arqueólogo, que se vai descobrindo camada a camada, limpando as contaminações, rearrumando em ordem lógica, até a interpretação e documentação final.
O paulista Eduardo Paulo da Silva Prado, que nem o Arthur, era homem do Direito e escritor; também acadêmico, foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Viveu só 41 anos, tempo bastante para, entre seus amigos, contarem-se, entre outros, portentos literários e intelectuais como Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Eduardo Prado escreveu: “Certamente o homem deve viver no seu tempo, mas a tendência para a contemplação do passado é um dom nobilíssimo da sua alma”. Mais do que contemplar, Arthur Almada Filho, no caso do passado de Caxias, quis contribuir para organizá-lo, trazê-lo ao presente para garantir-lhe algum futuro. Como constatou o filósofo e poeta francês Paul Valéry (1871-1945): “O passado (...) age sobre o futuro com um poder comparável ao do próprio presente”.
Em geral, Caxias pouco sabe dos esforços e da história, das lutas, lides e lidas desse Arthur filho caxiense que, à maneira de Bilac, “ama com fé e orgulho” a terra em que nasceu. Juiz de Direito, desembargador, vice-presidente e presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, presidente da nascente universidade estadual maranhense, é citado no prestigioso e internacional “Who’s Who”, seus votos como jurista estão transcritos em obras de Direito, tem seu nome na testada de prédios públicos, seja em fórum seja em escola estado adentro, tais os méritos que a sociedade maranhense quis reconhecer e homenagear. Ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), autor de livros, pesquisador infatigável, magistrado intimorato, honrou o nome e o ofício do pai e o conceito da família – família que, no passado e no presente (e, pelo visto, para o futuro também), legou tanta gente inteligente para Caxias, o Maranhão e o Brasil.
Pelos feitos que fez, certamente não cabe ao Arthur a observação do educador e abolicionista norte-americano Horace Mann (século XIX): “Tenha vergonha de morrer até ter obtido alguma vitória para a Humanidade”.
Arthur e eu somos (permita-se o verbo no presente) conterrâneos, confrades e amigos, pertencemos às sadias – e lutadoras – hostes do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM), da Academia Caxiense de Letras (ACL), da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (Asleama) e do Rotary Club. E não estamos apenas para estar ou ser, mas para fazer.
Era preciso conviver um pouco com o Arthur para ver-lhe os esforços em nome de coisas e causas coletivas. Era preciso estar perto para sentir-lhe o entusiasmo e satisfação quando da descoberta de um novo nome de caxiense de talento, ou nova informação sobre Caxias, dados que zanzavam por aí, escondidos sob a poeira da História ou encobertos pelo pó do desinteresse humano.
No fim do ano 2013, Caxias e o Maranhão receberam de presente uma obra (“Efemérides Caxienses”, 404 páginas; Ética, 2014) em que Arthur Almada organizou, sistematizou e sintetizou eventos passados, com nomes e datas da História caxiense, mas com pontos de contato com a História maranhense e brasileira. Como dizia e escrevia o Arthur, ausente todo laivo de ufanismo: "Sem a História de Caxias não há História do Brasil". E, com ardor e energias moças, ainda publicou um livro de perfis biográficos (“Perfis”, 238 páginas; Ethos, 2019) e deixou, escrita e organizada – e por enquanto inédita – outra obra de fôlego, o "Dicionário Biobibliográfico de Autores e Artistas Caxienses". Sem falar nos diversos livros que se podem organizar com o ror de textos (artigos, ensaios, prefácios etc.) que Arthur deixou inéditos ou espalhados em jornais e revistas, Maranhão adentro e afora...
É esse conterrâneo, caxiense com muito orgulho, que, nessa quarta-feira (12/2), ressurge e (se) reaviva, vívido, no meio de nós, na entrega, restaurado, do Complexo Ferroviário de Caxias.
Parabéns, Arthur Almada Lima Filho, por ter feito valer a pena o dom da Vida recebido e o dom da dedicação com que se entregou à Justiça, ao Direito, à Educação, à Imprensa, à História e à Cultura.
Parabéns, Companheiro Arthur Almada Lima Filho, pela rica Vida que teve, sempre dedicada ao próximo:
– como advogado, promotor, juiz e desembargador, fazendo valer o império da Lei e da Justiça para as partes dos processos;
– como educador, professor e gestor da Educação, levando informação, saber e inspiração para alunos, estudantes e Colegas;
– como administrador privado, levando resultados às Pessoas Físicas e Jurídicas, privadas e públicas, que acertadamente confiaram em sua competência;
– como pesquisador, historiador, escritor, resgatando e levando aos seus Conterrâneos do Maranhão, em especial de Caxias, os registros acerca de pessoas e fatos notáveis de nossa Cidade;
– como ser humano, solidarizando-se com Familiares, Amigos, Colegas, Conhecidos, e disponibilizando-se a auxiliar nas necessidades prementes, nas dificuldades presentes.
Toda a vida do Arthur foi um ato de doação, pois, como é lema de Rotary, ele sabia dar de si antes de pensar em si. E sabia que o maior benefício está no melhor serviço, no saber servir.
Arthur, como Você sabe, os Céus são um lugar de perfeição. Deste modo, lá do Alto mantenha-se torcendo e orando pelo mundo, por sua Cidade, por nós que ainda teimamos em continuar “escapando” neste lado de cá da Vida.
Arthur ainda tinha obras a inaugurar, livros a escrever, lugares para visitar, amigos para rever...
Ainda tinha conversas para conversar, “breves graças” para contar, livros para ler, versos para declamar...
Tinha Francês para falar, Latim para citar, Português para bem cuidar, lições para dar...
Tinha o Belo para apreciar, o Tempo para mais aprender, mais o que realizar, mais – muito mais – para viver...
Arthur, pelo visto, ainda tinha muito que fazer – e, se não tivesse, iria procurar...
Companheiro Arthur, como pesquisador e escritor, Você enriqueceu a História.
E, com sua mudança de Vida, é a História que se enriquece com Você.
Aí na Eternidade, Paz e Luz, Amigo.
* EDMILSON SANCHES
Fotos:
Arthur Almada Lima Filho e seus livros: "Sem a História de Caxias não há História do Brasil".
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e as confederações de bancários – como a Contraf e o Contec – anunciaram, nessa terça-feira (11), a oferta de bolsas de estudo gratuitas para capacitar mulheres no setor de tecnologia. Segundo as instituições, serão oferecidas 3,1 mil bolsas de estudo, sendo 3 mil delas voltadas para iniciação em programação e outras 100 para formação em análise de dados.
O objetivo da oferta de bolsas é gerar mais oportunidades para a contratação de mulheres em uma área em que elas ainda são minoria. A iniciativa é parte do que ficou acordado na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2024/2026, negociada entre as entidades de trabalhadores e dos empregadores do setor financeiro. Entre outros temas, foi definida a realização de ações para promoção e inclusão, como a equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
Programação
Para o caso das bolsas em programação, podem se candidatar mulheres de todas as regiões do país, mas terão prioridade as que estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica. As aulas terão entre 15 e 20 horas de conteúdo, e as atividades serão desenvolvidas totalmente online. Ao final do curso, as alunas receberão certificados.
Serão oferecidos dois cursos, coordenados pelo PrograMaria. O primeiro é o Análise de Dados: meus primeiros passos em Python, com inscrições disponíveis até o dia 19 de março neste formulário. Já o segundo é Front-End: minha primeira página web, que recebe inscrições nesta página.
Análise de dados
Para o curso de formação em análise de dados, coordenado pelo instituto Laboratoria, serão oferecidas 100 vagas. O curso terá duração de seis meses, com 600 horas de conteúdo. A formação exige dedicação semanal de quatro horas presenciais e mais 10 horas remotas e assíncronas, ao longo de 20 semanas.
Para concorrer a essas vagas é preciso identificar-se como mulher, ter mais de 18 anos e ter concluído o ensino médio. O prazo para se inscrever está aberto até sexta-feira (14), e será preciso passar por teste online e entrevista. Mais informações estão disponíveis no site.