
TRÍPTICO PARA A ARTE DE ESCREVER COM ARTE
(I)
AS LETRAS, A VIDA
– Letras não são só cantiga de ninar, mas, também, toque de despertar, sinal de alarmar, hino de guerrear, canção de cantar vitória.
*
Senhoras e Senhores:
Há coisas que, para serem feitas, precisam de dinheiro – pagar contas, por exemplo.
Há coisas que, para serem feitas, precisam de esforço – descarregar um navio no porto, um caminhão no armazém, por exemplo.
Há coisas que, para serem feitas, precisam de paixão – entregar-se aos abraços nos braços da pessoa amada, numa noite enluarada, por exemplo.
Há coisas que, para serem feitas, precisam de amor – morrer na cruz, em nome de toda a Humanidade, por único exemplo. Ou abraçar um ser durante nove meses da forma mais íntima possível... só explicável pelos mistérios da criação.
Há coisas que, para serem feitas, sobretudo para serem aceitas, precisam de tempo – uma Academia de Letras, por exemplo.
Sintonizada com o espírito de uma cidade, uma Academia é feita de esforço, paixão, amor, tempo. Diferentemente do comum das academias, deve-se negar a “imortalidade” para os acadêmicos, ou seja, quem entrou pode sair, a pedido.
Com isso, implode-se a tradição da tal “imortalidade” e resgata-se o primado da vontade das pessoas acima da norma das instituições. Fica quem quer crescer e ajudar a crescer, quem quer trabalhar pelas Letras, pela Cultura, pela Cidade.
Imortal será sempre o trabalho, o exemplo, não o indivíduo.
Para se habilitar a uma vaga em uma Academia, o candidato, além de ter alma de humanista e escrita de artista, deve ter disposição para fazer a cidade crescer naquilo que uma comunidade tem de mais representativo: sua cultura.
Ciganos, judeus, palestinos, entre tantos outros povos, não têm ou não tiveram territórios fisicamente delimitados para morar, mas, ainda assim, são respeitados por todo mundo no mundo todo pela força de seu saber, pela expressividade de sua história e cultura.
Senhoras e Senhores:
O local mais seguro para um navio é o porto onde ele está fundeado. Mas não é para portos que se constroem navios.
O lugar mais seguro para um automóvel é a garagem, onde ele fica guardado. Porém, não é para as garagens que se fabricam carros.
O melhor lugar para um bebê que se gera ou para uma criança que nasce é o ventre da mãe ou os braços do pai.
Entretanto, não é para ficar vitalícia e umbilicalmente no ventre da mãe nem permanentemente debaixo das vistas do pai que se geram filhos.
Uma Academia igualmente é um local razoável para um intelectual, para um humanista. Mas, ouso dizer, não é somente para reunir gentes de saberes que se formam academias.
Não, Senhores. Apesar de ali estarem seguros, não é para portos, mas sim para os mares, que navios são construídos. É para a probabilidade da tempestade, é para a possibilidade da bonança, é para a certeza da viagem que navios são feitos e são lançados à água e singram mares já ou nunca dantes navegados. Navios são feitos porque os mares, e não os portos, existem.
Também é para roer distâncias, encurtar tempos, transportar pessoas e coisas em velocidade, mas sobretudo com segurança, que se fazem carros. Eles são para as ruas e estradas, pois das vielas e becos cuidam nossos pés. É porque existem espaços para transitar, e não garagens para guardar, que se industrializam carros.
É para a vida, para o mundo, para a certeza das buscas e incerteza do encontro, que se geram filhos. Sobre eles, pais, no máximo, têm autoridade, não propriedade.
É principalmente para unirem-se em torno de um ideal, e não em frente uns dos outros, que pessoas se juntam em clubes de serviço. E uma Academia de Letras também é, ou deve ser, um clube de serviços, ou melhor: menos clube, e mais serviço. Prestar serviços que prestam.
Porque é urgente e preciso organizar as pessoas para que elas organizem, para melhor, o mundo. Abrir não o leque que espalhe um arzinho de conforto, mas um fole, que resfolegue, que crie, espalhe e trabalhe também o desconforto, donde poderão sobrevir respostas e realidades – assim como do desconforto, da irritação da ostra nasce a preciosidade da pérola. As Letras não são somente canto de acalanto, as Letras não são só cantiga de ninar, história pra boi e gente dormir, mas também, senão principalmente, as Letras são toque de despertar, sinal de alertar, sirene de alarmar, aviso de marchar, hino de guerrear, canção de cantar... vitória.
Senhores:
O que legaliza uma Instituição é seu registro, mas o que a legitima é a qualidade de sua ação. Os Cartórios e as Juntas Comerciais estão cheios de certidões de fantasmas, de escrituras de vivos-mortos. Nesse caso, não há muita diferença entre uma certidão de nascimento e um atestado de óbito.
Não tem jeito. O mundo exige, as cidades precisam, o ser reclama: pessoas e instituições têm de fazer diferença. Há muita inércia no mundo, muita energia estática.
Em uma Academia, não basta assinar a ata de fundação. Não basta assinar o ato de posse – temos de tomar posse dos nossos atos. Pelo menos nós aqui, gente escolada na vida e no ofício, sabemos que o ato de posse não se exaure, ou não se deve exaurir, nesta noite de aniversários, destaques e discursos. Não basta tomar posse NA Academia; e indispensável tomar posse DA Academia...
Que ninguém se sinta pleno aqui e agora. Academia não é mais reverência; quando muito, é referência. É, em igual tempo, museu e laboratório, conservação e criação, pensamento e ação, contemplação e trabalho.
Por mais inusual, por pouco comum que pareça, também cabe a uma Academia – como caberia a qualquer Instituição– auxiliar na desinstalação das pedagogias criminosas. Da pedagogia que não adiciona valor, embora subtraia rendas.
Do ensino prendedor, e não da educação empreendedora. Da política da passividade, que se alimenta da dependência, e não da competência.
A dependência cria, no máximo, a revolta; a competência faz a revolução. A revolta muda as pessoas do poder. A revolução muda o poder das pessoas, mostra às pessoas que elas são e têm o poder.
O revolucionário preexiste à revolução. Uma revolução inicia-se pelo nível da consciência. Uma revolta, pelo nível da emoção. O que se inicia pela consciência fortalece a emoção; o que começa pela emoção, fragiliza a consciência. O revolucionário tem consciência da necessidade. O revoltado tem necessidade da consciência.
Uma Academia é um laboratório – e não um repositório – de consciências.
Senhoras e Senhores:
Minha cidade, pode-se dizer, é uma das raras cidades das mais de 5 mil que existem no País que não se diz apenas berço de homens de letras: mais que escrever livros, seus filhos – meus conterrâneos – construíram Literatura, deram início a Escolas, criaram gêneros, tornaram-se estilo, gentes que influenciaram e influenciam. Porque foram seres que não só usaram as Letras; eles ousaram com elas.
Ousadia. Talvez isso, quem sabe, seja a grande fórmula do desenvolvimento, um desenvolvimento onde aos haveres econômicos se aliem os valores culturais.
Tudo tem de estar integrado. Onde a Engenharia erga prédios, a Estética espalhe sensibilidade.
Onde a Geografia imponha limites, a Cultura interponha pontes.
Onde a Economia fixe preços, a Arte destaque valores.
Enfim, onde o Homem faz corpo, Deus sopre alma.
Porque, à maneira de Vieira, prédios sem pessoas viram ruínas senão escombros.
Países sem pontes viram isolamentos senão ditaduras.
Economia sem cidadania vira exploração senão barbárie.
Política sem Humanismo vira escravidão senão tirania.
E pessoas sem cultura viram máquinas senão monstros.
É preciso mais. É urgente dar mais vida à vida.
Senhoras e Senhores:
Em uma cidade, uma Academia de Letras não é um contraste – é do contexto. Não é um confronto – é um encontro.
Nasce de espíritos interessados, não de mentes interesseiras. A lógica de sua ação baseia-se em argumentos, não em argúcias.
É demagógico o discurso de que uma academia não é necessária a uma cidade, de que uma comunidade tem outras prioridades.
Claro, ninguém vai à vernissage nem à avant-première, ninguém vem a uma solenidade como esta com olhos e bucho de fome de muitos dias. Mas Terra e gente foram dotados de recursos suficientes para que, explorados de forma inteligente e íntegra, integral e integrada, a vida se faça plena, dispensando, pois, prioridades isolacionistas, hierarquias mecanicistas, vícios segregacionistas, dimensões divisionistas.
A vida não é excludente; ela é inclusiva: não é isso OU aquilo, mas isso E aquilo. Não se trata do ou eu OU ele, mas do eu E ele.
Visão de conjunto, percepção do todo: É perfeitamente possível transformar em complementar o que se diz concorrente. Tornar compatível o que se julga contraditório. Fazer amigo no que é adversário.
Como veem, por tudo o que disse aqui, Academia não é só um fardão: ela é também um grande fardo. O qual, pessoal e coletivamente, devemos ajudar a carregar.
Senhoras e Senhores:
Seja a Humanidade cada vez mais cidadã.
Seja a Cidadania cada vez mais humana.
Seja cada vez mais vigilante. Seja cada vez mais solidária.
Sobretudo, sejamos cada vez mais felizes.
* EDMILSON SANCHES
(II)
O DISCURSO DA PALAVRA
*
Dia 25 de julho é o Dia do Escritor.
A data lembra a realização do Festival do Escritor Brasileiro em 1960, em um "shopping center" de Copacabana, bairro do Rio de Janeiro.
O evento foi promovido pelos escritores Peregrino Jr. e Jorge Amado, que eram, respectivamente, presidente e vice-presidente da União Brasileira de Escritores.
O sucesso do acontecimento levou o Governo a instituir o 25 de julho como o Dia do Escritor.
* * *
O DISCURSO DA PALAVRA
O jovem discípulo aprisionou um pequeno pássaro entre as mãos, colocou-se atrás do seu mestre e falou-lhe: “Mestre, tenho um pássaro nas mãos. O senhor, que sabe todas as respostas, diga-me: Ele está vivo ou morto?”
Se o mestre respondesse: “Está vivo”, o discípulo esmagaria o pássaro e o exibiria morto. Se a resposta fosse: “Está morto”, o discípulo libertaria o pássaro, que voaria frente ao mestre agora desmoralizado.
O que falar? O que dizer? O que responder?
Permitam-me que eu os cumprimente a todos aqui com a tradição, a simplicidade e a educação de duas palavras:
Senhoras; Senhores.
O que podemos falar, e o que devemos dizer, em um discurso? Que palavras devemos usar, que sentidos devemos empregar, que emoções devemos expressar, que reações queremos provocar?
Ah!, esse novo jogo verbal, essa nova esfinge vocabular também nos observa e repete: “Decifrem-me, ou lhes devoro”.
Falar sobre o que falar é reabrir a discussão – tão antiga, tão presente – entre o ser e o ter. Reflitam comigo: Como escritores, queremos ter o poder da palavra ou queremos ser a palavra do poder?
O mundo ainda não acabou por causa da Arte, por causa dos artistas. Há artistas de todos os naipes: gente que musica e compõe, que esculpe e cinzela, que calcula e escreve, gente que pinta e borda. Gente, boas gentes. E há gente que fala, que canta e encanta, que clama e reclama, gente que declama.
Nisso tudo, a palavra. A palavra base, baldrame, bastião. A palavra resistência, permanência – e, disse Guimarães Rosa, “resistir é permanecer”. Senão, vejamos: O que valeu mais para Portugal: ter conquistado, com seus navegadores, algumas terras há muito tempo retomadas ou devolvidas, ou conquistar diária e eternamente o mundo inteiro com “Os Lusíadas” de Camões, com a poesia de Fernando Pessoa?
De que valeram os enormes, portentosos, mas ao final destroçados, derrotados tanques de guerra da Alemanha?
Porém, as obras de seus pensadores e compositores permanecem inteiras e, elas sim, continuam conquistando todo mundo no mundo todo.
Na minha terra – que, por sua importância econômica e cultural, em meados do século XIX, dividia o território brasileiro em dois: Estado do Maranhão e Estado do Brasil –, na minha terra havia gigantescas fábricas de tecidos, que teciam o nome e fama nacionais. Hoje, que é daquelas fábricas? Sumiram. De-sa-pa-re-ce-ram. Tornaram ao pó, como prova da efemeridade, da transitoriedade, da impermanência a que estão submetidas, "ab initio", as coisas materiais.
Mas é igualmente da terra das palmeiras, onde cantam os sábios e os sabiás, que vem a obra de Gonçalves Dias, Coelho Netto, Humberto de Campos, Ferreira Gullar, Josué Montello, sem esquecer um dos maiores – e menos divulgados – gênios matemáticos que o mundo já teve: Gomes de Sousa, o jovem “Sousinha”, que também era médico, literato e poliglota, e que deixou perplexa a Europa com seus conhecimentos sobre tudo, mas, sobretudo, sobre Matemática, Física e Astronomia, antes de morrer com pouco mais de trinta anos.
Senhores: Da bíblica Jerusalém, da Grécia do século oito não restou pedra sobre pedra, mas a palavra de Cristo e os versos de Homero estão aí, a encantar o mundo, a edificar o homem.
Que lição isso traz? A lição, tão bem dada e tão mal recebida ou mal aprendida, o exemplo tão bem demonstrado e muito pouco seguido, é a lição de que aquilo que nos parece ser mais frágil, mais débil, mais fraco, é o que resiste, é o que permanece. A palavra, passada oralmente, escrita em papel, às vezes moldada no barro ou emoldurada no ferro, a palavra é o edifício que não rui, a construção que não desaba, o prédio que não tomba, a casa que não cai.
No princípio, e depois do fim, será sempre o Verbo.
Senhores, estamos vivendo em um mundo de virtudes rarefeitas. Neste momento empregados estão contrafeitos, clientes são desfeitos, cidadãos mostram-se insatisfeitos e patrões, administradores e governantes podem levar tiro nos peitos porque não estão sendo humildes e honestos no que tinham a falar, no que deviam dizer; porque, mesmo quando lhes é exigido serem duros no falar, não devem perder a ternura jamais.
E comunicar também sugere isso. Afinal, ternura não é frescura, delicadeza não é patente de dama inglesa. Não há como confundir, não há porque confundir educação com bajulação, boas maneiras com maneirismos. Servir não é ser vil, ou servil. Comunicação é ação única, ação comum, como um, como única ação.
E por que assuntos como este, discussões como esta, sobre palavra e virtudes, por que isso tudo parece ser tão incompreensível, inadmissível, tão demodè, às vezes tão estranho, hoje?
O que foi que aconteceu? Houve a banalização da fala? A vulgarização da palavra? A dessensibilização dos sentidos? A dessacralização dos sentimentos?
É o mau uso da Língua, a incorreção da linguagem, a palavra de duplo sentido ou a vida sem nem um significado?
É a precariedade ética, a prevenção cética, o primarismo estético, o pragmatismo técnico?
É a miopia política, a ausência de crítica, a repetição cíclica, a deseducação típica?
É a inafeição cultural, a inaptidão intelectual, a indisposição literal, a desinformação atual, a decomposição moral e coisa e tal, o que é, Senhoras e Senhores? É a falta da virtude rara, da vergonha na cara?
Desculpem-me -- peço-lhes – se, em vez de um fraseado bonito e soluções confortantes, trago-lhes eu aqui um leriado, um palavreado feio e dúvidas cortantes, constantes. Mas até nisto há de se entrever algum mérito, porque o homem também cresce quando duvida.
Dúvidas, pois, à mão cheia... e deixa o povo pensar. Dúvidas, pois, à mão cheia, para todos vocês, fiéis e únicos depositários de suas próprias respostas.
Trago-lhes a dúvida não da palavra, mas a do que fazer com ela. A mesma dúvida que pensou gerar o jovem discípulo (lembram-se) ao aprisionar um pequeno pássaro entre as mãos e testar seu próprio mestre: “O pássaro está vivo ou está morto, mestre?”
“Filho – respondeu o mestre –, o futuro do pássaro está em tuas mãos. Como o queiras”.
Senhoras e Senhores, usei da palavra para conceder-lhes, para conceder-nos o benefício da dúvida. Pois a resposta, o futuro – vivo, alegre, de altos voos aos céus, ou morto, cinzento, ao rés do chão e no pó da terra –, esse futuro, e o que fazer da palavra, dependerá dos Senhores, dependerá de nós. U-ni-ca-men-te. Como assim o decidirmos.
Façam o jogo, senhoras e senhores.
A sorte novamente está lançada.
* EDMILSON SANCHES
(III)
O ESCRITOR E O ESMOLER
*
“O livro é um pássaro
com mais de cem asas para voar.”
(RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA, escritor espanhol, 1888--1963)
* * *
Há comunidades em que o escritor e o esmoler têm algo mais em comum que a sílaba inicial – ambos pedem, rogam. Suplicam praticamente.
Há comunidades em que o escritor e o esmoler têm algo de muito diferente entre si: o esmoler consegue sobreviver do seu ofício...
A grande travessia que as comunidades precisam fazer: de comunidades “materiais” para comunidades culturais.
Mudado o que deve ser mudado, pode-se dizer, acerca da produção literária, o que já dizia o escritor francês Marquês de Custine, no século XIX: “Agora todo mundo faz livros. (...) Realmente raros, hoje, são os leitores.”
A favor dos escritores, pode-se dizer que seus livros, comprados ou não, lidos ou não, sobreviverão.
Sobreviverão às décadas de desinteresse das escolas.
Sobreviverão às atitudes refratárias das universidades.
Sobreviverão ao pouco caso (ou à inexistência) do jornalismo cultural.
Sobreviverão ao descaso do universo empresarial.
Sobreviverão – sim, sobreviverão – aos mandatos e mandatários municipais, estaduais e federai e seus desinteresses, desvontades, dissimulação.
Sobreviverão a esses indivíduos – os mandatários – que deveriam ser servidor, e não patrão; que mal reagem se procurados, mas que nunca procuram, não.
Indivíduos que só atendem à súplica derradeira, à penúltima respiração.
Que jogam migalhas, quando poderia ofertar o pão.
Os livros, sim, sobreviverão a essa gente sem generosidade espontânea.
Gente que busca na solidez de vento do Poder o espaço para se preencher.
Indivíduos vazios de substância e sentido, cuja consciência de historicidade e visão de futuro são apenas referências recorrentes de rota e repetitiva retórica para pequenas plateias ou grande mídia – grande, cara e subserviente mídia.
O autor até pode não sobreviver, mas sua obra, definitivamente, sobreviverá.
E quando se fecharem os túmulos sobre aqueles que, podendo fazer mais e melhor, não o fizeram, as páginas dos livros se abrirão como asas e voarão para dentro de cada mente.
Profunda/mente.
E/terna/mente.
* EDMILSON SANCHES