Uma longa fila se formou na Avenida 13 de Maio, no centro do Rio, horas antes dos portões se abrirem para a programação oficial pelos 110 anos do Theatro Municipal, neste domingo (14). A entrada gratuita para os espetáculos comemorativos ajudou a atrair centenas de pessoas que jamais pisaram em seu suntuoso “foyer” ou subiram suas escadas cobertas por tapetes vermelhos e revestidas em mármore.
Enquanto o público esperava do lado de fora, o céu azul sem nuvens e o sol de inverno foram o cenário perfeito para a apresentação da Banda dos Fuzileiros Navais, executando músicas clássicas e modernas, em sua evolução coreográfica sob aplausos de crianças e adultos.
“É a primeira vez que a gente vem. Nós vimos que ia ter um evento grátis e aí muita gente que não tem acesso pôde vir conhecer o teatro. A gente nunca entrou. Vai tentar entrar hoje. A gente nunca veio porque são eventos caros”, disse a técnica em alimentos Andreza Barros. Ela mora no Bairro do Estácio e veio com a mãe, Regina Silva. “Eu também não conhecia o teatro. Minha expectativa é entrar no prédio, que é muito bonito”, disse Regina.
Na fila, a angústia dos que vieram cedo era visível, pois não tinham certeza da entrada. “Uns dizem que não há mais senhas, outros dizem que vai ter. A gente está confuso”, reclamava a dona de casa Antônia de Jesus Brito, moradora de Vila Isabel, que veio com as amigas, na expectativa de ver a atração principal, a ópera Fausto, de Charles Gounod, baseado na obra de Goethe. no fim da tarde,
Atrair a presença popular é uma das metas do diretor artístico do Theatro Municipal e diretor da ópera, André Heller, que trabalhou dez anos na Europa, participando de inúmeros projetos artísticos em Londres, na Inglaterra, e Lisboa, em Portugal.
“Cada programação que nós fazemos, a R$ 10, seja clássica ou contemporânea, são cheias. O teatro está no coração de todos os cariocas. O que estamos fazendo é mostrar esse acesso. O Theatro Municipal existe há 110 anos. Quem quer fazer dele algo elitista é uma parcela que se acha melhor. A nossa vocação é fazer algo que nenhum outro teatro neste Estado pode, que é ópera, ‘ballet’, concerto. As pessoas têm que vir mais ao teatro, a gente está querendo virar o jogo. E isto é o importante”, disse Heller.
A continuidade da programação popular ao longo deste ano e 2020 está garantida, em termos de financiamento, segundo o presidente da Fundação Theatro Municipal, Aldo Mussi. No ano passado, por causa de uma grave crise durante a gestão do então governador Luiz Fernando Pezão, os funcionários do teatro ficaram meses sem receber salários e a casa de espetáculos por pouco não interrompeu suas atividades.
“O pior já passou. Nós estamos em recuperação. A programação está garantida para este segundo semestre e todo o 2020, já com patrocínios e o próprio governo do Estado garantindo nossa manutenção quanto à programação. Então, não temos o que temer. Problemas sempre teremos, mas a situação atual é de restauração. Trabalhamos com financiamentos privados, resultados da bilheteria, das vendas dos nossos produtos e de patrocínios”, disse Mussi, que garantiu a permanência tanto de grandes apresentações internacionais, a preços mais elevados, quanto espetáculos a preços populares, a R$ 1.
(Fonte: Agência Brasil)