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Feira de publicações independentes reúne artistas e pequenas editoras

Comemorando dez anos de existência, a Feira Tijuana de publicações independentes reuniu, nesse sábado (3), pequenas editoras, poetas e artistas gráficos na Casa do Povo, espaço cultural no Bom Retiro, região central paulistana. O evento, que vai até hoje (4), conta ainda com rodas de conversa sobre literatura, artes e política, além de intervenções artísticas.

Entre os grupos que apresentam seus trabalhos, está o coletivo Ocupe a Cidade, que começou a atuar em 2007 com intervenções nas ruas por meio de estêncil e colagem de cartazes lambe-lambe. “Os mesmos cartazes que a gente cola na rua a gente também comercializa para sustentabilidade do grupo, além de publicações independentes e artesanais”, explica Luana Minari, uma das integrantes do coletivo.

Experimentações

Boa parte dos cartazes e livretos expostos pelo Ocupe a Cidade fazem referência ao Bairro do Bom Retiro, região marcada por diversas ondas de imigração e pela vizinhança considerada menos nobre do centro paulistano.

Em um dos livretos aparecem imagens de lhama, animal típico da Bolívia e do Peru, acompanhadas da frase “Nenhum ser humano é ilegal”. “Pequenas intervenções que dialogam com o bairro”, enfatiza Luana sobre os trabalhos que exploram uma variedade de técnicas. “A gente pesquisa bastante tipografia. Todas as técnicas artesanais de impressão e reprodução de imagem a gente vai apreendendo e experimentando”, completa.

Na mesa ao lado, estão os cadernos do grupo Tear, de Guarulhos, na Grande São Paulo. As encadernações, que aproveitam restos de caixa de papelão nas capas, são feitas por pessoas atendidas pelos serviços de atenção psicossocial do município. Um dos artesãos, Pármenas Ferreira, 66 anos, diz que o trabalho tem uma dupla função.

“É um serviço que é útil para a gente e útil para os outros”, disse, em referência ao papel da atividade no tratamento de pessoas com transtornos mentais.

Contato com o público

Essa foi a primeira vez que Pármenas veio a uma feira vender diretamente o resultado das oficinas do Tear. “As pessoas reconhecem o trabalho e participam, porque também estão participando quando levam os produtos”, disse, sobre suas impressões.

As feiras são uma forma importante de circulação da produção independente, destaca a poeta Ibu Helena, 23 anos. Participante de “slams” ou batalhas de poesia, ela conta que costuma vender seus livretos na rua.

“Eu e outros poetas vendemos zines de mão em mão, o que é muito difícil porque as pessoas raramente querem ouvir. Então, se a gente vai em um lugar em que a pessoa vai para ouvir, é muito mais fácil do que ficar abordando as pessoas na rua”, diz.

(Fonte: Agência Brasil)