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5 de novembro, Dia Nacional da Língua Portuguesa*(*)

NO BRASIL, TER CONHECIMENTO É UMA AGRESSÃO

(SE NO BRASIL JÁ SE PRATICA POLÍTICA ERRADA E SE CULTIVA UMA MORAL ERRADA... POR QUE SE INCOMODAR EM FALAR A LÍNGUA ERRADO?)

*

O amigo Jerry Alves, pessoa de bons pensares, falares e escreveres, aqui e acolá me "provoca" com a remessa ou indicação de certos assuntos.

Declarado admirador de umas e outras coisas que escrevo e de minha atuação como cidadão que “enfrentou o sistema” na política (para a raiva de alguns), Jerry, segundo me contou, já teve até de me defender de pessoas que, em conversa com ele, manifestavam o desagrado delas pelo simples fato de eu buscar conhecimento.

Jerry teve de perguntar a essas pessoas se elas tinham alguma crítica contra mim baseada em roubalheira minha quando era político com mandato, se conheciam minha produtividade enquanto parlamentar em Câmara Municipal (as leis, os projetos, as audiências públicas, os discursos, as diversas proposições, o “ide e pregai” nos bairros e povoados), se eu empreguei (ou pedi para empregar) parente ou qualquer gente na Prefeitura, e se eu, como cidadão, era um mal para a cidade, o município.

Enfim, perguntou o Jerry àquelas gentes que motivo levava uma pessoa a condenar outra pelo simples (simples?) fato de buscar conhecimento e, principalmente, dividi-lo com os semelhantes por aí, sem ônus, em escolas e outras instituições, bairros e povoados, cidades e estados, ajudando para a formação e formatação de uma melhor consciência crítica etc. etc.

Tem certos políticos e assessores e asseclas de políticos que me detrataram exatamente pelo que eu NÃO sou, pelos vícios e desvios de que eles e seus chefes e chefetes são portadores e praticantes, sustentados geralmente por brasileiros que, com certeza, não se orgulham de tê-los como mandatários, representantes ou servidores. Bandidos... (atuam como bando).

*

Mudando, ou entrando, no assunto, tempos atrás foi trazido a mim o assunto, na época, acerca da medida do Ministério da Educação brasileiro, de chancelar livro didático para crianças onde se diz que falar e escrever errado é certo.

Minha opinião:

Validar ou avalizar o significado da mensagem sem se importar com sua forma é enfraquecer as bases da própria Língua.

Claro, há sim ambientes e situações onde e quando se pode falar à vontade, sem necessidade de saber se o pronome pessoal "SE" está em próclise, ênclise ou mesóclise. (Lembre-se da a piada: "O carro SE atolou-SE".)

Há espaço, sim, para a informalidade, para a descontração, para o falar sem observar a norma padrão ou norma culta.

Há espaço e momento até para o não falar...

Agora, não parece ser bom para a pessoa ou para seu país apor um carimbo oficial permitindo, endossando, legalizando ou legitimando o uso incorreto (ou, vá lá, discordante da norma padrão) da Língua Portuguesa.

Se "minha Pátria é minha Língua", então façamos e falemos (d)a Pátria errada, viva a Pátria errada!

Estamos na pátria errada...

Não é cultivando menos a própria Língua Portuguesa que seremos melhores cidadãos.

Não será errando na Língua que acertaremos na Cidadania.

Não é assim que seremos mais ricos, ou menos pobres.

Não é desrespeitando o próprio idioma que seremos mais respeitados no estrangeiro.

Pelo visto, estamos preparando o Brasil para o entregarmos às Nações estranhas.

Se não temos porque lutar, se o erro é que é o certo e o conhecimento é enxovalhado, antecipemos o futuro e, com o apoio da maioria que odeia "falar certo", que não tem tempo para o conhecimento...

... com o apoio – até inconsciente e involuntário – da maioria dos analfabetos, ágrafos, agramatistas, amorais, imorais, incultos, não leitores, famintos de arroz e feijão, ignorantes da ciência do conhecimento e do conhecimento da Ciência,...

... enfim, com o apoio de políticos bandidos e dos bandidos políticos, antecipemos o futuro e vendamos o Brasil, coloquemos nosso país na hasta pública, façamos um leilão e que o pregoeiro grite – em correto idioma estrangeiro – que nós brasileiros cansamo-nos de ser um país grande de atitudes pequenas, que acha "esperto" aquele candidato e aquele político ser ladrão, aquele cidadão não ter cidadania, aquele brasileiro falar de qualquer jeito, desde que "comunique", desde que a mensagem seja entendida, entendeu?

O Brasil já não tinha muita coisa para defender como certo. Até fazer política corretamente é errado: quem faz assim perde, se lasca – pois político que não é corrupto não é confiável.

Agir com correção, não dar um "jeitinho", não furar a fila, não agradar/não corromper o guarda e outras autoridades é ser besta, tolo, idiota, imbecil.

Buscar o conhecimento e respeitar a Língua, é querer "aparecer".

Para não encompridar a lista, basta dizer que fizemos a opção consciente por praticar uma Política errada, uma Moral errada, uma Cidadania errada, uma Saúde errada, uma Educação errada...

Por que se incomodar em falar uma língua errado?

Ao menos deixem em paz aqueles que escolherem ("errado") o modo certo de fazer... e falar.

Certo?

*EDMILSON SANCHES

(*) O Dia Nacional da Língua Portuguesa – 5 de novembro – foi instituído, no Brasi,l pela Lei federal nº 11.310, de 12 de junho de 2006. O dia 5 de novembro é uma homenagem a um dos maiores estudiosos e cultivadores da Língua Portuguesa, o advogado, político e escritor Ruy Barbosa, nascido nessa data em 1849.

*

Comentário

"SOU SIM, UM GRANDE ADMIRADOR DO POLÍTICO EM QUEM JÁ CONFIEI E CONFIO MEU VOTO SEM ME ARREPENDER, DO CIDADÃO INSTIGADOR, CONSCIENTE E PARTICIPATIVO QUE TU ÉS".

Quanta honra ser citado em um texto de tamanha qualidade e importância ["TER CONHECIMENTO É UMA AGRESSÃO"], para saudar uma data enormemente especial de nosso calendário [5 DE NOVEMBRO, DIA NACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA], ainda mais vindo de um dos maiores linguistas que conheço, um imenso cidadão, e um voraz guardião de nossa tão mal falada Língua Portuguesa.

Em tempos de rede social, então... quem cuidará desse tesouro?

Ainda chegará o dia em que as pessoas serão admiradas pelo seu saber e conhecimento acumulados, em vez de pelo tanto de números em sua conta bancária?

E quando será que o eleitor elegerá alguém por suas credenciais, em vez de o quanto o sujeito é o mais popular da vez, o amalucado que o denominam de Messias, o que compre votos e consciências suficientes, ou tenha participado de um BBB?

Quando?

Sou sim, um grande admirador do escrevinhador fora de série, e do estudioso intelectual em que tu te tornaste ao longo do tempo, do político em quem já confiei e confio meu voto sem me arrepender, do cidadão instigador, consciente e participativo que tu és na comunidade em que vives, e o amigo atencioso, correto e de excelente companhia, sempre.

Receba o meu fraterno abraço e votos de saúde; e muito obrigado pela amizade e citação.

Em tempo: viva a Língua Portuguesa!"

(JERRY ALVES, radialista, mestre de cerimônias. Boa Vista/RR, 5/11/2018)

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