Morando em Portugal e com uma agenda cheia de “shows” no Brasil, o violonista e compositor Yamandu Costa é um dos maiores fenômenos da música brasileira quando se trata de explorar as diversas possibilidades de um violão de sete cordas. Em entrevista ao programa “Impressões”, da TV Brasil, que vai ao ar hoje (3), às 21h, o músico fala sobre sua recente mudança para a Europa. “Eu tenho trabalhado, cada vez mais, por lá. Sinto que estou no momento de ter essa experiência fora do país. Tive oportunidades de morar fora algumas vezes e nunca quis. Agora, me deu essa sensação de que vai ser um momento muito legal”.
Filho de um casal de artistas, pai multi-instrumentista e mãe cantora, o menino Yamandu começou a tocar violão aos sete anos de idade. Fez do gosto musical a sua forma de ver o mundo. “Música, para mim, é remédio, é forma de vida. As pessoas ainda entendem de uma maneira bastante superficial essa linguagem. Acho que se a música fizesse parte do dia a dia das pessoas, sem dúvida, os dias teriam mais sentido, mais profundidade”.
Para ele, é preciso ter uma mudança de percepção das pessoas. “Eu acho que é um entendimento. Primeiro, é um entendimento e o respeito. Isso se trata, basicamente, de educação, uma coisa que faz bastante falta no nosso país. Então, quando se tem um pouco mais da compreensão disso, acho que a gente vai melhorar muito como ser humano”.
Completamente conectado ao mundo digital, com canal no YouTube, perfil no Instagram e “site” na “internet”, o músico gaúcho não para. Criou até um aplicativo com partituras para os amantes do violão. “A gente vai tentando se aproximar das pessoas”, afirma. E analisa com entusiasmo: “O lado bom que a ‘internet’ nos promove é grande demais, uma quantidade de informação. A geração nova já vem de outro patamar, né? Na minha época, a gente aprendia música com fita cassete, ouvindo, tirando de ouvido... Hoje em dia, está tudo aí”.
Por meio de “Histórias do violão”, série que ele criou no YouTube para mostrar a sua rotina de músico em lugares e países diversos onde se apresenta, Yamandu aposta na revolução digital para garantir ao público um aprendizado que vai além da música. Argentina, Brasil, Colômbia, Tóquio, Rússia são apenas alguns dos lugares retratados em seu canal. Para ele, é importante “ter um material que aproxime as pessoas da sua vida, não da sua parte artística. Poder levar as pessoas nas viagens”.
Segundo o músico, um dos maiores prazeres é conhecer o mundo levando a sua música. “O que acontece de forma natural e espontânea é muito legal. As pessoas te recebem sempre com a comida local, com a música local, com aquele carinho, com a coisa da cultura e por que não poder mostrar isso para as pessoas, né?” Para ele, uma prova de que a linguagem musical é universal. “Tratando-se de uma música que não tem palavra, só tem poesia, ela é completamente ilimitada. Você consegue rodar o planeta inteiro e se comunicar por meio dela”.
Com um virtuosismo sem limites, Yamandu também fala do recente lançamento de um trabalho inédito de voz e violão, o álbum “Vento Sul”, onde, pela primeira vez, ele aparece cantando. “É a primeira vez que eu gravo cantando. É muito difícil. Esse negócio de cantar não é uma coisa fácil, não. É um registro, aí as pessoas num momento tão agressivo do mercado, que a gente vive por meio dessas redes digitais, não entendem muito bem como alguém pode lançar um produto que não tenha a intenção de ter um viés comercial”. E sem medo de rótulos, completa: “Eu acho que a gente pode fazer o que a gente quiser. Tem que ter verdade no coração”.
Aficionado pelo violão, Yamandu revela que tem mais de 30 instrumentos. Diz que escolheu o violão de sete cordas pela vasta amplitude sonora. “Há uma frase de um maestro italiano que diz que somente a música é capaz de salvar um homem da enganação das palavras, eu acredito nisso”, conclui.
(Fonte: Agência Brasil)