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12 DE JUNHO – DIA DOS NAMORADOS: A simplicidade do amor*

Jacione Freitas, jovem professora do município de Mãe do Rio (Pará) pediu-me um prefácio para seu livro de poemas simples, que falam de amor (o amor é simples ou complicado?).

Prefácio

“Entre todas as atividades, o amor é a única que não mudou de serviço: o seu culto é o mesmo que foi no princípio do mundo, ainda lhe dedicam os mesmos votos, ainda se lhe fazem os mesmos sacrifícios, ainda se lhe oferecem as mesmas vítimas (...)”.

Esse é um trecho da carta de um misterioso Cavaleiro de Oliveira a uma não menos misteriosa “Srª Condessa N.”. Datada dos fins de janeiro de 1736, a carta resistiu até os dias de hoje em matéria e mensagem. Pois, com efeito, quase nada mudou no culto ao amor: a ele ou em seu nome se derramam as mesmas lágrimas, se cometem os mesmos desatinos... e se dedicam iguais versos.

São poucas as palavras para tanto amor. Talvez daí a parecença, entre si, da maioria dos poemas românticos. Quem, verdadeiramente, viveu um amor, viveu todos. Assim também, quem leu um poema de amor, leu todos.

Mas isso não podia satisfazer Jacione Freitas. Quando, muito jovem, retomou a escrever versos, após ficar, segundo suas contas, dez anos afastada desse "métier", ela estava “carregada” de romantismo e hormônio.

E não contou conversa: fez músicas e poesias “românticas” compulsivamente. Assume cantar o amor com simplicidade, não elaboração e não academicismo. A sede de cantar e compor era tanta que, assegura, ela escreveu este "Falando de Amor" em apenas 10 dias. Algo próximo do que o peruano Ricardo Palma percebeu, quando disse que “as palavras amorosas são as contas de um colar: saindo a primeira, saem todas as demais”.

“O amor tem sido para mim sempre o maior dos assuntos, ou, antes, o único”. A frase poderia ser de Jacione Freitas, mas é de Henri Beyle, que, no século XIX, escrevia sob o pseudônimo de Stendhal, uma das expressões do romance francês.

Com tanto amor à flor da pele, a autora não se preocupou em “ir fundo” em técnica. Nada de fita métrica, sofisticação verbal, jogos semânticos etcétera e tal. Até os esquemas tipo “a-b-a-b”, esse papai-mamãe das relações íntimas poeta-poesia, vieram naturalmente.

O compromisso de "Falando de Amor" é com o sentimento, não com o sentido. Assim, à maneira do verso virgiliano que decreta que “o amor tudo vence”, a razão formal teve de tombar à passagem dos versos passionais, cujo clima permitia, como numa "ménage à trois" pronominal, que o “eu”, em nome do amor, convivesse numa boa com o “tu” e o “ele (você)”.

Falando de amor com simplicidade e emoção, a jovem professora Jacione Freitas faz a sua estreia em livro e na literatura de sua jovem cidade, Mãe do Rio, Pará.

Que os leitores a recebam da mesma forma como a autora se apresenta: de braços e coração abertos.

* EDMILSON SANCHES