Telonas e telinhas iluminadas. Ouvidos em êxtase. De trilhas para obras cinematográficas a vinhetas de abertura de telejornais. O violonista Eduardo Camenietzki, de 63 anos de idade, recorda que as batidas em instrumentos ou objetos se organizavam em melodias criativas desde a infância. Com atividade profissional desde 1983, mais de 400 composições, ele já experimentou diferentes sensações ao criar e se apresentar. Para o experiente músico, porém, uma sensação no ano passado foi especialmente “maravilhosa”. Ele foi o vencedor do Festival de Música da Rádio MEC na categoria de música clássica, com a composição “Três vinhetas para violino”. “Uma felicidade que eu não tinha sentido ainda”, garante. Camenietzki é um dos músicos que se apresenta neste sábado (18), em evento virtual, uma “live”, no anúncio dos semifinalistas do festival deste ano. A apresentação começa às 16h.
O evento vai mexer com os corações de muita gente. O festival contou com 1.029 inscrições nas nove categorias. A edição deste ano foi recordista em inscrições. A Comissão Julgadora selecionou as semifinalistas, que serão anunciadas no evento e veiculadas por um período de um mês na Rádio MEC. “Essa difusão é muito importante para nós artistas. As músicas tocam na rádio. É uma sensação incomparável”, destaca Eduardo Camenietzki.
Depois de um mês de divulgação, em que o público poderá votar pela “internet”, 12 músicas serão aclamadas finalistas em anúncio programado para o dia 27 de agosto.
O festival é organizado em quatro categorias: Música Instrumental, Música Clássica, Música Infantil e MPB. A premiação inclui a melhor composição e intérprete de cada categoria, como “Melhor Canção”; “Melhor Intérprete Vocal”; “Melhor Música Infantil”; “Melhor Intérprete Música Infantil”; “Melhor Música Instrumental”; “Melhor Intérprete Música Instrumental”; “Melhor Música Clássica”; “Melhor Intérprete Música Clássica”; além do prêmio de “Melhor Música Voto Popular (“internet”)”.
No caso de Eduardo Camenietzki, ele respira música em diferentes ambientes há tanto tempo, que criar e escrever integram uma rotina em poesia, entre bemóis e sustenidos. Gravou o primeiro disco em 1983, embora tenha registro na atividade desde os 15 anos de idade. Músico de câmara e pesquisador do assunto na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele já foi reconhecido fora do país, inclusive com a música que venceu o festival no ano passado.
Para este sábado, o vencedor com “Três vinhetas para violino” preparou duas peças para violão solo (instrumento principal dele) com ritmos distintos. Uma das atrações programadas é a música que ele fez para a série “O tempo e o vento , veiculada na TV Globo. “Preparei duas peças. Uma é a “Suíte gaúcha”, encomendada pelo ator e diretor Paulo José para o personagem Capitão Rodrigo. A outra é “Prelúdio em tempo de axé”, feita em meados de 1990, inspirada no samba-reggae.
Piano e hibridismo
Outra atração do evento de sábado é uma apresentação da pianista Deborah Levy, de 49 anos, que venceu o festival em 2018, com a música “Back to life”, na categoria de “Intérprete de Música Instrumental”. Ela conta que o resultado, na ocasião, trouxe nova energia e horizonte surpreendente para a carreira. “Foi maravilhoso porque tinha acabado de lançar o CD ‘Apimentada’. Me fortaleceu como instrumentista. Fiquei muito emocionada”, lembra. A música (com título em inglês) foi feita nos Estados Unidos, onde vivia, e composta em um navio (em que trabalhava como musicista), depois de decidir que voltaria ao Brasil para retomar a carreira. “Era uma volta à vida. Pensando para este momento em que estamos vivendo, também pode ser considerado inspirador”.
Sob inspiração deste momento da pandemia, a musicista desenvolve, desde março, o projeto “Nossa melhor visão do mundo”, com oito “singles”. O primeiro, “Isolamento e cura” (que ela vai tocar no sábado, com “Back to life”), e o segundo, “Dança da Lua Cheia”, já foram lançados. No dia 24, ela veicula o terceiro, “A queda das sombras”. Obra da pianista mistura jazz e elementos de diferentes gêneros da música brasileira, como as influências de compositores mineiros e cariocas. Uma artista inspirada por mestres de diferentes gêneros que identifica a sua obra como híbrida e instrumental, com referências do samba, choro, maracatu, baião e frevo. “Amo a música brasileira”.
Por falar em música popular, outro artista que irá apresentar-se é o violonista Raphael Gemal. Ele foi finalista na edição de 2019 (com “Tema de Hipólita”) e foi compositor, em 2005, em parceria com Ricardo Spilman, de “Chamada”, que venceu com a interpretação de Valéria Lobão. As duas músicas serão apresentadas na “live” deste sábado. “São duas canções que nós gostamos muito. Vou levar meu violãozinho pra tocar e cantar para o pessoal. Esses resultados nos trazem uma felicidade muito grande. Uma honra receber esse reconhecimento da Rádio MEC. Só de pensar que estamos no acervo dessa rádio tão representativa é uma honra muito grande”, diz o compositor de 52 anos de idade, profissional desde 1995. Lá se vão mais de 100 trabalhos de sua autoria. A paixão pela música nasceu quando criança. “Teve um período que eu ficava escutando minha mãe tocar piano. Levava a bacia e também ficava batucando. Foi sempre uma forma muito natural”.
Natural também foi para o professor de música e compositor Hamilton Catette, outra atração de sábado. Ele venceu, no ano passado, com a música “Pezinho de maracujá”, na categoria de música infantil. “Foi uma enorme emoção. No ano anterior, a música ‘O banho’ foi finalista. Só de estar ali, foi uma satisfação muito grande. Nesse festival tão importante, no dia da premiação, eu estava tão exultante que colecionei sementes de maracujá e dei para todo mundo. Quando vi que tinha ganhado, eu pulei muito”.
Hamilton é formado em psicologia. “Durante o estágio em escola, eu me aproximei da educação infantil. São 40 anos dedicados a isso. Foi uma grande alegria ter abraçado a carreira de professor de música para infância”. Neste sábado, vai levar o violão e uma energia boa para os músicos e para a rádio. Ele, como os outros concorrentes, sabe que, cada música em um festival tradicional como esse, pode significar uma transformação e um novo fôlego para criar. Querem espalhar sementes de arte a cada vez que o som ecoar.
Você pode fazer companhia a essa galera, ouvir as produções e, ainda, perguntar e participar. A “live” é interativa. Não perca, clique aqui e assista a partir das 16h deste sábado.
(Fonte: Agência Brasil)