O BLOG DO PAUTAR, mais uma vez, dando espaço para o projeto LITERATURA MARANHENSE – iniciativa que visa despertar o interesse para a leitura de textos de escritores de nosso Estado. Aproveite... Boa leitura!
(Prefácio ao livro “Caminhos d’Alma”, de Ribamar Silva. A obra, de 80 páginas, com revisão, projeto gráfico e supervisão editorial de Edmilson Sanches, foi publicada há 19 anos, em 2001, pelo selo editorial HumanaMente).
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A frase curta, grávida – semente e fruto –,
é fonte, é veio, nascença e desaguadouro;
caminho e chegada, corpo em estado bruto;
é alma grã, lavada, da corrida o louro.
O Poeta não traz aqui o verso diverso,
embora mais e mais cultive a poesia:
ele traz, em poucas palavras, o reverso,
o longo sentido do breve dia a dia.
Sim, é bom ver o Poeta e também a calma
com que lavra palavra e flores em horto,
cultivando CAMINHOS que agora são DA ALMA
...após tantas trilhas que tornavam ao corpo.
(E. SANCHES)
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Não se escrevem frases. Frases são feitas. Escrever é para romances, contos, novelas. Fazer, construir, elaborar – isso é para frases.
Uma frase é um conjunto de palavras com sentido. Sentido e, no caso deste livro, sentimento, sensação, sensibilidade. Uma frase é, e faz – Fiat! – um mundo.
A frase exige, do seu feitor, têmpera de domador – para adestrar a emoção, para não torná-la caudaloso rio de vocábulos e tinta.
A frase exige, do seu feitor, ofícios de carcereiro – para aprisioná-la, com alguma comodidade, na cela do texto curto.
Por fim, a frase exige que seu leitor a liberte em sentido e a torne, novamente, emoção, “insight”, inspiração, significado, sentimento, sensação.
Com a qualidade que o tornou a referência por excelência em termos de poesia ao sul do Maranhão, Ribamar Silva, neste novo livro, dá sentido às palavras que dão sentido à (sua) vida.
Em uma só frase: “Caminhos d’Alma” abrevia o Verbo de que é feito e amplia o Sujeito que o faz.
* EDMILSON SANCHES