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Lembrando papai… COSTA E SILVA EM SÃO LUÍS*

E Costa e Silva está chegando. E haverá uma recepção condigna para receber o marechal-candidato. Toda a Arena, setor maranhense, na festa das congratulações, no pipocar dos foguetes e na rebentação das palmas mais vibrantes. Todo o mundo oficial presente no aeroporto do Tirirical. E não haverá o espocar das bombas. Não. Haverá o delírio do entusiasmo político-democrático dos políticos arenistas, dos parlamentares e a palavra do governo. Também haverá a presença dos companheiros de arma, os militares, os que fizeram a revolução, os que ajudaram o movimento de 1º de abril. E tudo dentro da ordem democrática. Da ordem revolucionária. E o candidato único receberá, acreditamos, as mais significativas homenagens. E, diante dele, a paisagem geográfica da Ilha. Da cidade histórica. Com ele, uma grande comitiva. E 28 ou mais homens de imprensa, jornalistas especializados, veem como provável substituto de Castelo Branco. Para outros, o certo, o irreversível substituto do marechal-presidente. E isto, para muitos, acontecerá. Não poderá haver a possibilidade de uma alteração.

E temos Costa e Silva na terra. O candidato nº 1 do processo político-democrático da revolução entrará em contato com o povo através dos seus representantes no Legislativo Estadual, no Legislativo Municipal, e manterá um diálogo de afirmações com o governador José Sarney. Tudo num ambiente de paz e de concórdia. E o ex-ministro da Guerra trará para os maranhenses, para os homens que trabalham, para os homens que pensam, que lutam por um Brasil mais nosso, um Brasil mais democrático, um Brasil mais evoluído, mais progressista, a palavra renovadora, a palavra esperança e a fé nos destinos da grande Pátria. Dele, a certeza de que fará um governo povo, governo sem ódios e sem injunções políticas. Um governo reformista. Um governo evoluído. Um governo sem mais as implicações dos IMPs. Um governo liberto das influências estranhas, um governo democrático-cristão. Com ele, dizem os seus mais íntimos, haverá, de verdade, a redemocratização do país.

É uma esperança a mais. Um acreditar a mais. E a verdade é que não há outro jeito! Só duas alternativas: aceitar Costa e Silva com a sua mensagem de esperança ou, então, suportar mais, por algum tempo, a presença de Castelo Branco com o desfile dos seus atos institucionais, atos complementares, suas implicações e toda esta pressão que vem da execução da política econômico-financeira do dr. Roberto Campos com colaboração afetiva do sr. Otávio Bulhões. E parece que a experiência indica aceitar o ex-ministro da Guerra. O marechal-candidato. E dizem que o gaúcho está bem-intencionado. Em suas andanças pelo Nordeste, pela Região Centro-Oeste, tem ficado, com ele, as melhores impressões, sentindo que o povo quer sair da fome, quer sair da estagnação, quer sair do subdesenvolvimento. Que o povo quer uma melhor condição de vida, que o Brasil quer retomar a posição destacada na composição política dos países sul-americanos. Tem que retomar a liderança na América Latina. Mas, para isso, é preciso que o povo esteja preparado para melhor trabalhar, para melhor ajudar, para melhor construir a reconstrução da grande Pátria. E o povo está aí. Aí com as suas queixas, aí com as suas amarguras, mas também com o seu civismo, com a sua vontade de ajudar, de cooperar, de progredir.

E é este um pensamento renovador. E parece que está com Costa e Silva esta determinação, esta vontade de não decepcionar mais, de inaugurar, na Terra de Santa Cruz, uma era de prosperidade, uma era de grandiosidade, de reformas sérias, devolvendo ao povo o direito de votar, de sentir, de escolher livremente os seus governos, os seus administradores. É possível que esteja com Costa e Silva o melhor pensamento para governar, para dar ao país uma melhor situação para o trabalho, para a libertação total das suas possibilidades para mais evoluir. Sim, com o povo, sempre fica uma esperança de melhora. E que Costa e Silva, se eleito, não esqueça as suas promessas. Sim, não esqueça.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 25 de agosto de 1966 (quinta-feira).