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Lembrando papai… A ENFERMEIRA ANTÔNIA MARIA*

Cumprindo um programa intensivo, aluna que era da Escola de Enfermagem Ana Nery, diplomou-se no referido estabelecimento de ensino profissional, obtendo ótima classificação, a senhorita Antônia Maria Dias Carneiro de Castro, filha do sr. Feliciano Castro e sua esposa sra. D. Maria de Lourdes Dias Carneiro de Castro. Com a nova enfermeira, a força duma vontade determinada aliada a uma inteligência privilegiada. Nasceu na Ilha tradição e histórica. Cresceu aqui e aqui iniciou os seus estudos. Com sacrifício, foi matriculada no Curso Primário do Colégio Santa Teresa. Entrou pequenina. Fixou-se. Fez um bom Primário. Depois, concluía, com aproveitamento, o Ginásio. Tudo nela inteligência. Tudo nela valorização duma capacidade de trabalho admirável. Seu objetivo: formar-se. Conquistar o diploma de enfermeira.

Não se afastou dessa sua resolução. Houve um momento que a doença tentou impedir a realização desse seu sonho. Mas venceu as dificuldades e, logo depois, estava cursando o Científico. Santa Teresa o seu campo de experiência. O seu laboratório. E venceu os obstáculos de todos os ciclos escolares: o Primário, o Médio e o Científico. Em todos, a presença da sua fulguração intelectual, da sua determinação. Sim, Antônia Maria, a filha do meu amigo Feliciano Castro, terminava essas primeiras etapas e, assim, preparada, firmava a decisão final na Ana Nery. Seria a concretização de seus íntimos desejos: o diploma de enfermeira. A mulher na participação da ajuda, da colaboração esta que salva vidas, que está no exercício, podemos assim dizer, da solidariedade humana. Com a enfermeira, há a presença duma Irmã de Caridade, a companheira na contribuição maior de amor que é bondade, que é renúncia, que é uma mensagem de consolação.

Antônia Maria, um dia, iluminação de Sol, deixou a cidade. Viajou para Rio, para o Estado da Guanabara. Inscreveu-se no vestibular da Escola Nacional de Enfermagem “Ana Nery” da Universidade do Brasil. Concentrou-se aí. Só, sem a ajuda de ninguém, Antônia Maria preparou-se para enfrentar as exigências do referido exame. Muitas meninas foram reprovadas. Prejudicadas. A maranhense Antônia Maria passou. Conquistou uma magnífica aprovação. Dava os primeiros passos. Daí por diante, tudo se tornou mais fácil. Nela, a aluna estudiosa. Inteligente. Aplicada. Vantajosa. Não sentiu cansaços e nem esmorecimentos. Cá fora, o Rio. Cá fora, a paisagem agressiva da terra dadivosa. Cá fora, um mundo de divertimentos, de passeios. Mas, com Antônia Maria, o seu objetivo: estudar.

Três anos ou mais na disciplina das aulas. Atenta. Na vigília. Seus livros eram os seus divertimentos.

Antônia Maria não perdeu um ano. Admirada pelos seus professores, querida pelas suas colegas. E, em dezembro deste 67, na cerimônia de entrega de diplomas, lá está entre muitas alunas. Maria Antônia Castro. Lá, está a maranhense defendendo, com brilho, as tradições de inteligência do Maranhão. Hoje, temos nela, na menina pobre da cidade, da Ilha, a enfermeira Antônia Maria.

Desde pequenina que a conheço. E ela habituou-se a me chamar de tio Paulo. A alegria da família iluminou-se o Espírito. Aqui, a minha homenagem. Seja feli,z minha sobrinha técnica. E mais, em tempo, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo. E continue a estudar. Para completar as suas conquistas. Vai, aqui, um conselho: encaminhe-se para o vestibular de Medicina. Na minha velhice, vou precisar dos seus cuidados médicos. Sim, vou precisar também da enfermeira. E que Deus ilumine os caminhos. O Maranhão, acredito, orgulha-se de filhos assim. Para frente, Antônia Maria, minha menina estudiosa. 

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (Inédito) – “Jornal do Dia”, 30 de dezembro de 1967 (sábado).