Skip to content

LÍNGUA PORTUGUESA: dicas e exercícios 71

Neste último domingo de fevereiro, apresentamos...

Outras dúvidas do leitor

1ª) Encarar de frente?

Disse um dos nossos gestores: “É preciso encarar a pandemia do novo coronavírus de frente”.

Nosso leitor tem razão. Eu também nunca vi alguém com “cara nas costas”. É impossível “encarar de costas”. Além de tudo, pode ser perigoso: vá que goste!

Nas transmissões esportivas, é muito comum ouvirmos: “o atacante tem de encarar de frente os zagueiros”. É um típico vício de linguagem. Basta encarar os zagueiros.

Se ENCARAR só pode ser de frente, temos aqui uma redundância ou pleonasmo vicioso.

2ª) Literalmente?

E o apresentador do programa, entusiasmadíssimo, afirmou: “O governador está literalmente botando fogo em na política”.

Pelo visto, o governador é incendiário! “Botar fogo literalmente” significa “botar fogo no sentido real da palavra”.

Não é isso que o apresentador queria dizer. Na realidade, a expressão “botar fogo” está sendo usada no sentido figurado, no sentido não-literal.

3ª) Onde está o erro na frase:

“Há feitiços que, se usados antes de que esteja pronto, podem matá-lo”?

Tudo depende de quem é o sujeito de “esteja pronto”.

Se o sujeito for “ele” (determinado simples = oculto), a frase está correta: “Há feitiços que, se usados antes de que (ele) esteja pronto, podem matá-lo”.

Se o sujeito for “eles (= os feitiços)”, a concordância está errada: “Há feitiços que, se usados antes de que (eles) ESTEJAM PRONTOS, podem matá-lo”.

4ª) Pouquíssimas pessoas ou ninguém pensaria OU pensariam nesta solução?

Quando o sujeito determinado composto é ligado pela conjunção coordenativa alternativa OU com valor de e/ou, a concordância é facultativa.

Alguns autores preferem a concordância do verbo com o núcleo mais próximo: “Pouquíssimas pessoas ou ninguém PENSARIA nesta solução”.

Outros preferem as vírgulas com concordância no plural: “Pouquíssimas pessoas, ou ninguém, PENSARIAM nesta solução”.

Quando a conjunção OU apresenta a ideia de “exclusão”, o verbo concorda obrigatoriamente com o núcleo mais próximo: “Ou eu ou o diretor DEVERÁ IR à reunião com os clientes”.

5ª) Ele nasceu em OU na Uganda?

Ele nasceu em Uganda.

Não há regra que determine o uso ou não de artigos antes dos topônimos (= nomes de lugares), por isso, falamos O Brasil, O Egito, O Equador, O Paraná, O Rio Grande do Sul (com artigo masculino “o”); A Argentina, A Inglaterra, A China, A Bahia, A Paraíba (com artigo feminino “a”); Portugal, Israel, Uganda, Goiás, São Paulo, Brasília (sem artigo algum).

O artigo se consagra pelo uso. Isso explica alguns casos polêmicos (Recife ou O Recife) e algumas mudanças: As Minas Gerais – Minas Gerais, As Alagoas – Alagoas.

Devemos respeitar a forma mais usada: “Ele nasceu em Minas Gerais, em Alagoas, na França, no Tocantins, em Uganda”.

6ª) Lesionado OU lesado?

Tanto faz. Segundo o dicionário Houaiss, LESIONAR é sinônimo de LESAR (= causar lesão física). Assim sendo, quem sofre uma lesão está LESIONADO ou LESADO. É o mesmo que “ferido, contundido”.

O problema é que LESADO apresenta um segundo significado: “prejudicado em seus interesses”: “O empregado foi lesado, por isso requereu seus direitos na Justiça”.

Teste da semana

Que opção completa, corretamente, a frase abaixo?

“Quando adoeceu __________ questão de alguns anos, ainda não se __________ outros métodos de tratamento”.
(a) a / conhecia;

(b) à / conhecia;

(c) à / conheciam;

(d) há / conhecia;

(e) há / conheciam.


Resposta do teste: letra (e).

Em “… adoeceu há questão de alguns anos”, devemos usar o verbo HAVER. Temos a ideia de “tempo decorrido” (= faz alguns anos). E o sujeito do verbo CONHECER é “outros métodos de tratamento”, ou seja, “outros métodos de tratamento não ERAM CONHECIDOS” (= não SE CONHECIAM outros métodos de tratamento).