Sexta-feira próxima passada, o desembargador Tácito Caldas, por meio de uma telefonada comunicava-nos da resolução do prefeito Vicente Maia Neto, do município de Paço do Lumiar, que inauguraria no sábado, na localidade Itapera, uma escola e que esta tomaria o nome de Escola Rural NASCIMENTO MORAES. O convite estava feito e tínhamos de comparecer e em comparecendo, em nome da família, agradecer a homenagem à memória de Nascimento Moraes, o mestre inesquecível. O desembargador Tácito e a organização do programa oficial queriam a ajuda para que nada faltasse à solenidade. E fomos. Com o poeta da Academia dos Novos Murilo Sarney, a incumbência de nos apanhar em casa e, se possível, levar o José Chagas. Murilo cumpriu a risca a sua missão.
E chegamos. Já conhecíamos o município porque ali já tínhamos estado visitando o ex-vereador Luís Alves, em companhia do querido amigo, jornalista brilhante Erasmo Dias. Mas o município, agora, estava diante de nós, um desafio à nossa curiosidade, um mundo de terra sob a plantação do trabalho construtivo dos que o idealizaram, dos que sempre lutaram por ele, pelo seu crescimento, seu progresso e seu desenvolvimento. Olhamo-nos assustados. Dentro de nós, confessamos, o tumulto das incompreensões. Mas, vibrante, quadro vivo duma administração que começa a ampliar-se com mais determinação, ele, o município de Paço do Lumiar.
E o município tem história e tradição. Sentíamos que ali estava, de verdade, um município jovem, uma terra no aceleramento para a conquista duma maioridade esplendorosa. Não, o Paço não era uma lenda. Existia. Estava ali na moldura da vida política e social e econômica do Estado. Ele e sua população. Ele e seus problemas. Ele e a execução dum trabalho já iniciado em marcha para outras realizações.
E lá estavam outros convidados, autoridades estaduais, intelectuais, o prefeito Vicente Ferreira Maia Neto. Muita gente. Lá, estava o desembargador Tácito e sua família. Com a sra. Tácito Caldas, o programa da recepção. E, antes de assistirmos à inauguração do prédio escolar, fomos olhar, de perto, o município de Paço do Lumiar. E demos logo de cara com o prédio do hospital! Sim, lá estava a casa de saúde do município. Uma casa ampla, arejada, com seus compartimentos. Lá, a presença duma enfermeira. Olhamos tudo. O hospital, isto sim, precisa funcionar. Mas mesmo assim, fornece medicamentos, e a população procura o hospital para receber o benefício. E pensar-se que fora, na ferrugem da politicalha, no azinhavre da campanha sórdida, desonesta, este hospital nunca existiu. Existia apenas na fulguração duma arranjada prestação de contas! Mas, sim. O hospital está lá, e lá estão outros prédios do município, a usina elétrica, mantendo, com regularidade, o fornecimento da luz. Lá, estava a prefeitura, o prédio da cadeia pública. Bons prédios. Lá, estava a igrejinha, o templo de oração. As imagens. O silêncio numa mensagem de Cristo no coração da gente. Tudo no município a refletir ordem, trabalho, compreensão e ajuda de todos.
Depois, partimos para Itapera. Lá, já nos esperava a população da localidade e do município. Lá, estava a escola. Um bom prédio. Construção moderna. Boa instalação. Lá, os alunos, as professoras, os vereadores. E, com a nossa presença, teve início a solenidade.
Falou o prefeito Vicente Ferreira Maia Neto. Falou o comandante da Polícia Militar do Estado. Falou um dos vereadores, falou o engenheiro Cordeiro, a professora da escola. Bons discursos. Com todos, a alegria, a emoção. Com Tácito Caldas, também a palavra clara, precisa, dando uma melhor explicação sobre a administração do município, ressaltando alguns aspectos. Tudo bem ordenado. Tudo num ambiente de encantamento. E, por fm, coube a nós agradecer a homenagem que ali se prestava ao inesquecível prof. Nascimento Moraes.
E começamos a falar. Relembramos o Nascimento, uma prece de amor e de respeito. Diante de nós, aquelas crianças, aqueles alunos, aquela gente boa, o povo de Paço do Lumiar. E, à parte, a assistência da gente intelectual. E falamos. Dentro de nós, o desejo de dar àquelas crianças, ali, a justificativa da homenagem. E o improviso ajudou. Sentimos que a missão fora cumprida sem exagero. As palavras tinham a força da sinceridade. No agradecimento, uma mensagem de confiança. Aquela Escola Rural Nascimento Moraes vai mesmo progredir, vai mesmo prosperar. Outras escolas serão abertas. Paço do Lumiar está dentro do esquema político das reformas democráticas. Com o prefeito Vicente Mais Neto, o propósito de insistir, de lutar mais para que o Paço mais cresça, mais se desenvolva.
E, aqui, fazemos um apelo ao nosso amigo dr. Murad: vá, doutor. O Paço está lhe esperando. E se você, Murad, puder ajudar, ajude, coopere. Lá, esta um povo aguardando a sua presença. Aquele hospital tem que funcionar.
E prefeito Vicente Maia, mais uma vez, em nome da família, muito obrigado pela homenagem.
* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 13 de abril de 1967 (quinta-feira).