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LITERATURA MARANHENSE: Na gaiola… o silêncio*

Na gaiola de bambu

pendurada no teto,

iluminando o silêncio,

o curió enche o vazio

com os seus acordes.

No espaço da prisão,

o bater de asas

dá um sentido de liberdade.

Depois, mergulha

na piscina improvisada

no seu espaço limitado.

Sua revolta está

nas batidas que dá

com o corpo frágil,

vestido de penas.

Momentos, instantes...

e volta com o canto

da sua libertação.

Todos os dias,

Eu o vejo assim

na gaiola de bambu.

E dele a lição de resistência,

a mensagem da compreensão,

da renúncia.

Ele sabe que seu dono,

seu senhor,

encontra nele

sempre

um pouco de alegria

para afugentar

tristezas.

E ele...

 iluminando o silêncio. 

* Paulo de Tarso Moraes. “Retratos do meu Eu” (inédito).