Neste domingo, continuamos com as...
Dúvidas dos leitores
1ª dúvida:
Ou eu ou você teremos ou terá de viajar na próxima semana?
A resposta é:
Ou eu ou você terá de viajar na próxima semana.
Quando repetimos a conjunção “ou” (= ou…ou), é para ficar clara a ideia de exclusão, ou seja, somente um vai viajar: se eu for, você não vai; se você for, eu não vou. Nesse tipo de construção, não existe a possibilidade de “nós” viajarmos.
Quando o sujeito composto apresenta essa ideia de exclusão, o verbo deve concordar com o núcleo mais próximo. Veja as duas possibilidades: “Ou eu ou você terá de viajar” e “Ou você ou eu terei de viajar”.
Não havendo a ideia de exclusão, ou seja, havendo três possibilidades (= ou eu, ou você, ou nós), o verbo pode concordar no plural: “Eu ou você talvez tenhamos de viajar na próxima semana”. Nesse caso, não podemos repetir a conjunção coordenativa alternativa “ou”.
Existe, ainda, outra interpretação: “O pintor ou o escultor merecem igualmente o prêmio”. Nesse caso, o uso do verbo no plural é obrigatório porque a conjunção “ou” apresenta uma ideia aditiva (= e): “O pintor e o escultor merecem igualmente o prêmio”. Se é “igualmente”, é porque os dois merecem o prêmio.
2ª dúvida:
Nas ou nos milhares de linhas que escrevi?
A resposta é:
Nos milhares de linhas que escrevi.
“Milhar” é um substantivo masculino. Isso significa que artigos, numerais, pronomes ou adjetivos que se refiram a ele deverão concordar no masculino: aos milhares, dois milhares, aqueles milhares…
O substantivo “coma” também é masculino, portanto o correto é “saiu do coma”, “entrou em coma alcoólico”.
3ª dúvida:
Após a feijoada, comeu um ou uma musse?
A resposta é:
Após a feijoada, comeu uma musse.
A “musse”, palavra de origem francesa já aportuguesada, é do gênero feminino. O mesmo ocorria com “omelete”. O certo era a “omelete”, mas as novas edições de nossos principais dicionários registram, também, a forma masculina: “a omelete” ou “o omelete”.
O certo é a moral ou o moral? Nesse caso, temos outro tipo de problema. A palavra “moral” pode ser masculina ou feminina. Depende do significado.
A moral (gênero feminino) é o conjunto de normas de conduta, os princípios que regem os bons costumes: “Isso faz parte da moral cristã”. Também pode ser a conclusão que se tira como norma: “Qual é a moral da história?”.
O moral (gênero masculino) é o ânimo, o entusiasmo: “É preciso levantar o moral dos jogadores”. Se “o moral está baixo”, é porque há muito desânimo; se “a moral está baixa”, é porque a degradação moral é grande.
4ª dúvida:
Todos os nossos cidadãos ou cidadões merecem respeito?
A resposta é:
Todos os nossos cidadãos merecem respeito.
As palavras terminadas em “ão”, de acordo com a sua origem, podem fazer plural em “ãos”, “ões” ou “ães”. Vejamos alguns exemplos: irmão/irmãos, cristão/cristãos, bênção/bênçãos; peão/peões, limão/limões, mamão/mamões; pão/pães, capitão/capitães, escrivão/escrivães…
Existem palavras que admitem duas formas no plural. A palavra “corrimão” é derivada de “mão”, cujo plural é “mãos”. Assim sendo, o plural original de “corrimão” é “corrimãos”. Hoje em dia, entretanto, o uso consagrou a forma “corrimões”, que já é perfeitamente aceitável. Inaceitável seria a forma “corrimães”. Nem ficaria bem ficar “correndo mães” por aí…
5ª A dúvida:
Este jardim está cheio de florzinhas ou florezinhas?
A resposta é:
Este jardim está cheio de florezinhas ou florzinhas.
A regra de formação do plural de palavras no diminutivo manda pluralizar a palavra primitiva antes de colocar o sufixo diminutivo com a desinência -S do plural: PAPEL > PAPÉIS > PAPEIZINHOS; ANIMAL > ANIMAIS > ANIMAIZINHOS; PÃO > PÃES > PÃEZINHOS; BALÃO > BALÕES > BALÕEZINHOS.
Com as palavras terminadas em “r”, aceitam-se as duas formas: FLOR > FLORES > FLOREZINHAS ou FLORZINHAS (que é a mais usada); BAREZINHOS ou BARZINHOS.
6ª dúvida:
Descobriu tudo em nossos bates-papos ou bate-papos?
A resposta é:
Descobriu tudo em nossos bate-papos.
Quando o primeiro elemento das palavras compostas for verbo, somente o segundo deve ir para o plural: arranha-céus, bate-papos, guarda-chuvas, lança-perfumes, mata-borrões, para-brisas, porta-bandeiras, quebra-cabeças, salva-vidas, vira-latas…
Não devemos confundir o plural de “guarda-chuva” com o de “guarda-civil”.
a) Em “guarda-chuva”, “guard”a é verbo e “chuva” é substantivo. Nesse caso, somente o substantivo vai para o plural: guarda-chuvas. Estão na mesma situação: guarda-louças, guarda-roupas, guarda-pós, guarda-sóis…
b) Em “guarda-civil”, “guarda” é substantivo e “civil” é adjetivo. Nesse caso, os dois vão para o plural: guardas-civis. Seguem a mesma regra: guardas-noturnos, guardas-florestais…