Em 2017, o Brasil atingiu novo recorde de lançamento de filmes nacionais em cinemas de todo o país. Segundo o “Anuário Estatístico do Cinema Brasileiro”, divulgado, esta semana, pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), ao todo, foram exibidos, nas salas de cinema comerciais, 160 longas-metragens brasileiros, 18 a mais que no ano anterior, quando foram exibidos 142 produções.
Do total de filmes lançados no ano passado, 56,8% (91) pertenciam ao gênero de ficção, 38,7% (62) eram documentários e sete, animações (4,37%).
Conforme mostra o relatório, a disparidade entre as bilheterias de obras nacionais e estrangeiras se repete todos os anos. No ano passado, o número de ingressos vendidos (17.358.513) para filmes nacionais correspondeu a 9,6% do total (181.226.407), o pior desempenho da série histórica da Ancine, iniciada em 2009. Os dados mostram que, em 2010, os filmes assinados por cineastas brasileiros conquistaram seu maior público, com quase um quinto (19,1%) de todas as entradas vendidas.
Democratização da cultura
Em nove anos, o número de salas de cinema no país passou de 2.110, para 3.223. De acordo com o relatório, houve consistência na ampliação de salas nos municípios com mais de 100 mil habitantes e, ainda, uma surpresa, que consistiu o aumento da quantidade de salas em cidades entre 20 mil e 100 mil habitantes, fato que não ocorria desde 2014.
Importante espaço de cultura e arte, o cinema, entretanto, ainda permanece como uma estrutura inacessível para grande parte da população. Somente 10,7% das salas de exibição mantêm seu funcionamento de forma independente de complexos comerciais, ou seja, são classificadas como cinemas de rua. O restante (89,3%) está localizado no interior de “shopping centers”.
O encarecimento do preço dos ingressos no país também pode ser um fator que explica a queda de público. Em 2013, o valor médio da entrada era R$ 11,73, subindo, nos anos subsequentes, para R$ 12,57, R$ 13,59, R$ 14,10 e R$ 15, no ano passado.
No relatório, as unidades federativas são avaliadas conforme a relação entre o número de habitantes por salas de cinema disponíveis. Distrito Federal (34.539), Roraima (34.842) e São Paulo (43.654) aparecem no topo da lista, enquanto os Estados que apresentam as piores proporções são Bahia (144.759), Pará (126.767) e Piauí (123.818). A média no Brasil é de 64.431 habitantes por sala. Já nos Estados Unidos, para cada grupo de 8.056 pessoas, há uma sala de exibição.
Perfil dos cineastas
Outra informação trazida pelo anuário diz respeito ao perfil dos cineastas no país. Durante os anos analisados, nota-se que, apesar de a participação de diretores de cinema não estreantes (que já lançaram, ao menos, um longa-metragem) e estreantes serem equitativas no contexto geral, as produções nacionais geralmente não dão chance aos realizadores novatos.
Os números mostram, porém, uma queda na bilheteria de filmes dirigidos por cineastas mais experientes. Em 2014, os diretores não estreantes cativaram 90,5% do público; em 2015, 91,9%; em 2016, 51,7%; e finalmente, no ano passado, 65,8%.
Em 2017, os estreantes conquistaram 53,1% das cadeiras de direção de longas do circuito comercial. De todos os filmes lançados, somente 36 (22,5%) tiveram diretoras mulheres, sendo que, em 11 produções, elas dividiram a função com um homem.
Além disso, 22 dos 160 títulos brasileiros lançados foram produzidos em regime de coprodução com outros países, entre os quais estão Argentina, Alemanha, Espanha e França.
Mais exibidos e mais vistos
Segundo a Ancine, o filme brasileiro mais visto, no ano passado, foi “Minha Mãe é uma Peça 2”, reproduzido em 1.043 salas. Colocá-lo em destaque, na programação dos cinemas, pode ter colaborado para ter a bilheteria de maior sucesso no ano. Ao todo, 5 milhões de ingressos foram vendidos para o filme.
"Em 39 das 52 semanas cinematográficas do ano de 2017, havia, pelo menos, um título estrangeiro ocupando, simultaneamente, mais de 30% das salas do parque exibidor. Desde 2014, essa quantidade de semanas vem aumentando. Apenas em uma semana, um título brasileiro chegou a ocupar essa quantidade de salas", destacou a Ancine em seu anuário.
A agência destaca que, entre os títulos lançados no ano passado, 4,1% ocuparam mais de 30% das salas e que essa parcela de filmes absorve 57,4% do público. A maior parte dos lançamentos (55,5%) ocorreu em menos de 1% das salas de todo o país.
(Fonte: Agência Brasil)