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Professor: aprendiz da esperança*

São históricas as violências que se praticam contra a classe das pessoas que têm classe – os professores. Na corrida salarial professores “versus” políticos, por exemplo, os primeiros não levam qualquer vantagem.

Mesmo sendo todos, políticos e professores, servidores públicos, há uns que SE SERVEM do público, do contribuinte. E se servir de atenuante, embarco na onda dos que dizem que o salário dos políticos não é alto: os outros é que ganham pouco. Mas que tem gente, como os professores, ganhando “mais pouco” ainda, ah! isso tem. Que o salário dos professores, especialmente no Brasil e sobretudo os das redes públicas de ensino, não é o ideal, isso não é.

DIA & DINHEIRO

Direito do professor, mesmo, parece, só ao seu dia, 15 de outubro. E olhe lá. Nesse dia, às vezes tem refrigerante aqui, bolinhos acolá. Talvez uns discursos aguados falando sobre “a missão” do mestre. Mas – ou mais – dinheiro, que é bom, necas!, nem pichite. Seria mais intere$$ante que o professor ficasse esquecido no 15 de outubro... e fosse lembrado em todos os outros.

SERVIR & SER VIL

Essa lembrança diária – a justa remuneração – seria um jeito de ir aliviando os males infligidos ao professor, à escola, à Educação. São malefícios que, à maneira de uma legião de diabos, de demônios terrenos, perturbam a alma e a vontade de quem só quer SERVIR (e não SER VIL), de quem só espera o que lhe é justo e o que lhe é devido, para, ao menos, (sobre)viver com dignidade de gente. Nada mais. Mas não! O professor não é reconhecido. Atitudes humilhantes, desconsiderações irracionais, desculpas tresloucadas atrelam-se às respostas aos pedidos de justiça (ou de clemência?) da classe professoral.

CORPO & ALMA

Esquecem-se de que o professor não é só alma, vontade, sacerdócio. Professor não é santo. Professor é, também, corpo, matéria, família a ser sustentada, necessidades a serem atendidas, contas a serem pagas. Mas não. Nada disso. Corre por aí a estória de que o trabalho do professor não tem preço e, vejam só, levam isso ao pé da letra! Colocam os mestres no pé do muro e dão-lhes uma paga que sequer preenche um pé de página, um rodapé.

JOGO & LIÇÃO

Mas não param aí os trocadilhos, as figurações que envolvem o nosso professor. O professor é um jogador, de futebol, driblando sua sobrevivência, fintando suas aspirações com a bola murcha de seu “prestígio” sempre “alto” e seu salário sempre mínimo.

O professor, acostumado a ensinar, desta vez é obrigado a aprender e repetir (a troco de palmatória e puxões de orelha) sua lição quotidiana de sobrevivência e paciência – que só interessa a quem (des)manda em municípios, Estados e neste país.

Essa lição de paciência e humildade, mestres, deve ser esquecida, desaprendida. Pois, convenhamos, boa vontade termina onde começa (ou deveria começar) o bom senso. Quem não quer admitir isso são os nossos governantes, maiores e menores, porque, muitos deles, despreparados, despreocupados, deixam-se embriagar pelo poder e comportam-se como patrões do povo, quando, na verdade, deveriam ser o que de fato são: servidores públicos, funcionários da Nação.

DOCÊNCIA & INDECÊNCIA

Deve-se dizer NÃO ao magistério romântico, o ensino pelo ensino. Há de haver a justa compensação. A docência (doce arte e ciência) não se confunde com a indecência.

Basta de condições e salários injustos ou ilegais ou ilegítimos ou indecentes ou imorais!

Mais recursos, fartos e estáveis, para a Educação!

A mão que se eleva ao quadro-negro não deve baixar-se na mendicância de direitos.

A fonte do direito é o dever – e este, da parte dos professores, vem sendo cumprido.

Para eles, a qualquer tempo, a solidariedade do colega aqui, que ensina em baixa e assina embaixo.* EDMILSON SANCHES