FREDERICO JOSÉ CORRÊA, UM DOS MARANHENSES MAIS INTELIGENTES, UM DOS MAIS IGNORADOS
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Sobre Frederico José Corrêa disseram:
– "Uma das maiores inteligências nascidas em Caxias" (JACQUES INANDY MEDEIROS, escritor, médico-veterinário, professor, foi reitor da Universidade Estadual do Maranhão e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e da Academia Caxiense de Letras; falecido em outubro/2019).
– “[...] uma das maiores ilustrações do Maranhão, especialmente notável jurisconsulto, latinista, vernaculista” (ANTÔNIO LOPES, 1889-1950, escritor, advogado, historiador, um dos fundadores da Faculdade de Direito do Maranhão e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, de que foi secretário perpétuo).
– “[...] altos conhecimentos jurídicos, [...] honestidade de caráter independente, severo e intransigente [...]” (CÉSAR AUGUSTO MARQUES, 1826-1900, escritor, enciclopedista, historiador, tradutor, médico).
– “[...] considerável cultura e senso crítico do mais apurado [...]" (JOMAR DA SILVA MORAES, 1940-2016, escritor, advogado, foi procurador da Universidade Federal do Maranhão, presidente da Academia Maranhense de Letras e do Sioge – Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado).
– “Magistrado, poeta, advogado, político, jornalista, crítico literário, vernaculista, latinista e filósofo, escreveu também dissertações históricas” (ARTHUR ALMADA LIMA FILHO, magistrado, desembargador, ex-promotor de Justiça e juiz de Direito, ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, da Academia Caxiense de Letras e Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão).
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Entre as tantas virtudes de Frederico José Corrêa, estava a de abolicionista. Há exatos 150 anos, em 1869, ele fundava a Sociedade Manumissora, para libertação legal de pessoas escravizadas. Um traço dessa personalidade e sensibilidade em relação ao outro ele mesmo, Frederico José Corrêa, descreve em página pré-textual de sua obra “Pensamentos e Máximas”, de 1864: “O meu espírito, sumamente sensível à consciências das próprias e alheias misérias, não podia deixar de observar atentamente o vário caráter dos homens, seus vícios, defeitos e imperfeições”.
Ele nasceu em Caxias (MA), em 18 de dezembro de 1817. Morreu em São Luís, em 28 de maio de 1881. Em pouco mais de 63 anos de vida foi advogado, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Olinda (Pernambuco). Tinha uma das maiores bancas de advocacia, em razão de sua competência profissional.
Além do que dele dizem seus escritores conterrâneos, Frederico José Corrêa foi filólogo, deputado, tenente-coronel da Guarda Nacional, procurador-fiscal da Tesouraria da Província; vereador e presidente da Câmara Municipal de Caxias, vice-presidente e presidente da província do Maranhão.
Foi um dos fundadores do jornal “Brado de Caxias”, em sua terra natal, e também escreveu em jornais da capital maranhense. Foi sócio honorário do Ateneu Maranhense, membro do Instituto Literário Maranhense, da Associação Tipográfica Maranhense. Condecorado como oficial da Imperial Ordem da Rosa, honraria criada por Dom Pedro I em 1829.
Entre as diversas obras que escreveu e publicou, estão “Um Livro de Crítica”, de 1878 (com 2ª edição de 226 páginas, de 2015, acrescida de ensaios de Ricardo Leão e Henrique Borralho) e o raríssimo “Pensamentos e Máximas”, de 1864 (*), 202 páginas, dedicado a João Pedro Dias Vieira (Guimarães/MA, 30 de março de 1820 – Rio de Janeiro/RJ, 30 de outubro de 1870), ex-colega de Frederico Corrêa, pois que também magistrado, professor e senador brasileiro, pai de João Pedro Belfort Vieira, que foi professor, advogado, juiz, senador e ministro do Supremo Tribunal de Justiça e de Manuel Inácio Belfort Vieira, político e militar (almirante), três vezes governador do Maranhão e ministro da Marinha (1912/1913).
Frederico José Corrêa fez traduções e escreveu e publicou também: “Inspirações Poéticas”, de 1848, “São Luís e o Pontificado” (1869), “Meditações” (1874), “Exame Crítico da Legitimidade do ‘Placet’ e Recursos à Coroa [...]” (1874), “Novo Glossário de Palavras e Frases Viciosas Introduzidas no Português [...]” (1880).
* EDMILSON SANCHES
(*) A 2ª edição de “Um Livro de Crítica”, de 2015, nas “Notas biográficas”, registra, equivocadamente, 1865.
Ilustrações:
Fotos de livros de Frederico José Corrêa, do acervo de Edmilson Sanches.