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10 de maio de 1933: 100 MILHÕES DE LIVROS NA FOGUEIRA*

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Há 91 anos, em 10 de maio de 1933, o governo da Alemanha de Adolf Hitler remarcava seu ódio e descontava suas frustrações queimando livros em praça pública, de autores “inconvenientes” ao regime.

Dessa data até 8 de maio de 1945, doze anos depois, estima-se que a Alemanha queimou, pelo menos, CEM MILHÕES de livros.

Para os interessados, há uma obra espetacular que traz mais informações sobre esse “bibliocídio”: “Quando os Livros Foram à Guerra”, de M. G. Manning. Também, na ficção e na história, há outros livros sobre essa criminosa relação dos alemães nazistas com esse que é o maior e mais charmoso objeto de cultura popularizado há 600 anos. Entre esses, “A Bibliotecárias dos Livros Queimados”, de Brianna Labuskes; “Ladrões de Livros”, de Anders Rydell; “O Livro dos Livros Perdidos”, de Stuart Kelly... (Tenho essas obras em meu acervo, além de outros livros de Bibliologia que fazem referência a essa loucura piromaníaca [que queima] e biblioclasta [que destrói livros]).

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O LIVRO, A LEITURA, O PROFESSOR (*)

A bengala é a extensão do braço, a muleta é o complemento ou reforço da perna, o amuleto é a explicitação dos medos. Mas, o livro, é o prolongamento da consciência – e a leitura, sua decodificação e enriquecimento.

Não há nada que se compare ao ato de ler. Nem mesmo a apreciação de uma pintura, a contemplação de um pôr do sol. Ler é mais que ver – é vivenciar, é (re)viver. Ler é criar e recriar a coisa lida dentro de nós.

E lemos tão pouco... E, frequentemente, lemos tão mal...

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(...) De onde vem esse desapetite, essa falta de fome de leitura? Com fino humor, o crítico argentino Carmelo M. Bonet (falecido em 1977) escreveu que, para ser um escritor, haveria três alternativas: a genética – quando a pessoa dependeria de os pais serem inteligentes; o esforço pessoal – quando a pessoa dependeria de si mesma; ou a fé – quando a pessoa dependeria da vontade de Deus...

Não sei por que Carmelo Bonet não colocou o professor nessa lista da gênese da formação do escritor. Afinal, ali está ele, professor, artesão de saberes, emulador de mentes, fomentador de consciências, escultor a esculpir a massa (rósea, não cinzenta) de modelar que é o cérebro do jovem, do adolescente, da criança. Professor – modelo, exemplo, espelho.

Se o Brasil quiser ser uma pátria melhor, tem de ter mais e melhores leitores. E para ter mais e melhores leitores, temos de ter mais, muito mais e melhores professores. Professores-leitores.

No ato de ler, o leitor é, em igual tempo, objeto e sujeito: em um papel, é influenciado pelo conteúdo do texto-sujeito; no outro, e simultaneamente, o leitor é coautor, reescrevendo mentalmente, complementando, valorando e validando o texto-objeto.

* EDMILSON SANCHES

EDMILSON SANCHES

CONTATO:

[email protected]

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(*) Trecho do prefácio que escrevi para o livro “Professor-leitor: De um Olhar Ingênuo a um Olhar Plural”, da professora doutora Tereza Bom-Fim (UFMA). Interessados no texto integral podem solicitá-lo pelo “e-mail” acima ou como anexo do Messenger/Facebook ou WhatsApp.

FOTOS:

Fogueira de livros na Alemanha de 1933 e capas de livros que contam a história.