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Ontem, 27 de maio de 2024, realizou-se, na “Princesa do Tocantins”, a posse solene dos membros do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI).
Diz-se "posse solene" porque, formalmente, todos os membros (inclusive os que não aparecem nas fotos, não puderam estar presentes) já se encontravam formalmente, oficialmente, estatutariamente empossados, condição que se deu um ano antes, em 27 de maio de 2023, com a lavratura da ata da Assembleia Geral de (re)fundação da Entidade, para os iniciais 40 membros fundadores.
A mesma condição oficial de membros deu-se com a assinatura de ata de Assembleia Geral que, quase um ano depois, elegeu, em 27 de fevereiro de 2024, outros quatro membros (candidataram-se onze), inclusive para ocupação de Cadeiras de membros fundadores que, antes da posse solene de ontem, por motivos pessoais ou por renúncia tácita, optaram por desistir da condição de membro do IHGI. Com esse justo gesto, os antigos membros fundadores oportunizaram que outros interessados – quiçá mais disponíveis e dispostos – pleiteassem, em eleição entre onze candidatos, as vagas desocupadas e/ou aquelas novas, das dez que haviam restado, do total de cinquenta Cadeiras.
E por que, no título deste texto e em seu segundo parágrafo, fala-se em "(re)fundação” e que o IHGI “já nasce... histórico”?
O Instituto Histórico já nasce histórico – bom humor e trocadilho à parte – porque, quando foi (re)fundado em 27 de março de 2023, ele já contava 34 anos! Explica-se: Houve uma fundação primeira do Instituto, em 23 de fevereiro de 1989. Na época, aquela nova entidade tinha como pessoas de frente o jornalista Sebastião Negreiros (da sucursal imperatrizense de “O Imparcial”, jornal de São Luís), Edmilson Sanches, Agostinho Noleto Soares, José de Ribamar Fiquene e outros. Como está na ata de fundação de 23/2/1989, foi eleita a primeira diretoria. Cite-se, “ipsis litteris”: “O senhor José de Ribamar Fiquene foi aclamado entusiasticamente Presidente da nova entidade. Foram aclamados, também, para os demais cargos da diretoria os seguintes membros fundadores: para Vice-Presidente, Sebastião de Almeida Negreiros; para Secretário-Geral, Agostinho Noleto Soares; para Primeiro-Tesoureiro, Maria da Guia Rocha da Silva; para Segundo-Tesoureiro, Hermenegildo Gomes Ferreira. Para o Conselho Fiscal foram eleitos, como membros efetivos, Edelvira de Moraes Barros, Raimundo Jurivê Pereira de Macedo e Edmilson Sanches. Como Suplentes, Ney Vasconcelos Milhomem, Jucelino Pereira da Silva e Edmilson Franco da Silva. Para o Conselho Consultivo, órgão de assessoramento direto da Diretoria, foram aclamados Ulisses de Azevedo Braga (presidente), Frederico de Almeida Rocha, André Paulino d’Albuquerque, Luís Gomes, José de Ribamar Silva Sousa e Ozenir da Costa Gomes, como membros."
Pois bem: os que mais tentavam levar adiante a novel Instituição éramos o Sebastião Negreiros e eu. O Sebastião ficou com toda a papelada (algumas vias comigo) e, homem vivido, experiente em coisas e causas do tipo, ficou de registrar o Instituto no Cartório do 1º Ofício, em Imperatriz.
Assuntos de trabalho e dificuldades na saúde da mulher, entre outros óbices, levaram o velho jornalista Negreiros a ir adiando o registro e consequentes reuniões... até que, por força do ofício, teve de transferir-se para a capital maranhense, São Luís, sede do jornal para o qual há tanto tempo prestava bons serviços.
Com a transferência “ex officio”, Sebastião Negreiros e o Instituto se distanciaram e todos nós diretores e conselheiros e demais membros, levados pela vida, fomos tendo mais o que fazer. Nas décadas seguintes, tentei reativar o Instituto, falava com um, falava com outro, mas a “struglle for life” se impunha e interpunha. Como dizem os ingleses: “The greatest motivation is the struggle for life” (A motivação maior de tudo é a luta pela vida).
Continuando a faina pela reativação do Instituto Histórico, nos anos 2000, fiz contatos com os amigos e professores universitários Jaílson de Macedo Sousa (graduado em Geografia, com mestrado e doutorado nessa Ciência, falecido em 27/1/2021) e Jessé Gonçalves Cutrim (graduado em História, com mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial e em Ciências da Educação). Os dois receberam a boa-nova com entusiasmo e companheirismo. Aí vem a pandemia de covid-19, leva-nos o Jaílson e alunos, Universidade, o município e seu entorno deixam de conter e de contar com o sorridente e competente professor, mestre, doutor, autor de obras indispensáveis sobre a geografia territorial e humana de Imperatriz e região.
De longe, mantinha contato com o Jessé; depois, com o também confrade, colega e amigo professor doutor e escritor Marcos Fábio Belo Matos, à época vice-reitor da Universidade Federal do Maranhão.
Dezenas de pessoas e centenas de telefonemas mais tarde, “fechamos”, isto é, chegamos ao número de 40 membros iniciais do Instituto, até a realização da Assembleia Geral que criou o novo e recriou o velho Instituto.
Portanto, parece óbvio ou natural que um Instituto Histórico, o primeiro, não ficasse na História.
Redigi minutas de atas, editais, histórico do antigo Instituto, minibiografias de nomes sugeridos como Patronos e, é claro, o Estatuto do novo IHGI. Nesse documento, já no Artigo 1º, incluí o parágrafo 1º, cuja redação e propósito foi compreendido e aprovado sem questionamento pelos membros da Assembleia Geral de 27/3/2023: "Fica mantida a data de 23 de fevereiro de 1989 como data oficial de criação do IHGI, em homenagem aos esforços dos seus primeiros idealizadores e com o fim de preservar os registros históricos de início da Entidade”.
Pois é: o Instituto Histórico já nasceu histórico...
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Agradeço aos poucos que não têm pejo no reconhecimento aos que investem tempo, esforço, saúde e outros recursos para iniciar e levar adiante uma causa. De sua fundação até 1989 e de sua fundação até 2023, Imperatriz teve 137 e 171 anos, respectivamente. Em nenhum desses períodos de tempo, antes de 1989 e antes de 2023, alguém procurou esforçar-se para dotar a cidade, o município, a região de uma Entidade assim, ativa e atuante, que só faz (o) bem e nenhum mal faz ao lugar onde se instala e às pessoas com as quais o território dividem.
Os outros sempre têm muitas ocupações... Mas, ainda bem, diversos desses encontram tempo no tempo contado de 24 horas para ombrearem-se e assumirem responsabilidades no erguimento, manutenção e desenvolvimento de uma Instituição.
Quando criei a Academia Imperatrizense de Letras, a Associação de Imprensa da Região Tocantina (Airt), o Sindicato dos Jornalistas e Radialistas (SindjorI; o nome oficial é Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Jornalísticas e de Radiodifusão de Imperatriz), entre outras Entidades, o mesmo enfrentamento, antes e depois da criação: Com quem começar? Quantos vão prosseguir? Quem está a fim, mesmo, de ir adiante?
Não é fácil – nunca é; se fosse, haveria uma pletora, uma superabundância de Instituições por aí, delas cujo endereço são as axilas de um presidente ou diretor, que levam ao sovaco uma pasta contendo papeis, geralmente estatuto (às vezes, registrado), e submetem a Entidade de celulose e tinta à vileza e vilipêndio de, geralmente, políticos de maus bofes e hálito. São entidades que, por preguiça e má gestão, se tornaram mortos-vivos de aluguel, símiles de zumbis cartorários. (Quem não é ousado, é usado.)
Não é o caso do IHGI. Há (muita) vida e há (muito) talento e há (muita) vontade de, nessa jornada estelar, a Entidade ir até onde ninguém antes foi. Pesquisando, conversando, escrevendo, compartilhando, publicando, divulgando, vão sendo escritos aspectos da geografia de nossa História e vai sendo consolidada a história de nossa Geografia (territorial, humana, social...).
Para isso, e representando todos os membros do IHGI, mais de 30 professores, jornalistas, pesquisadores, diversos integrantes de antigas e tradicionais famílias imperatrizenses, enfim, um conjunto biodiverso de boas pessoas, todos que se apresentaram, nessa segunda0feira (27/5/2024), à Sociedade de que são gente e agente e estão prontos para conhecer e dar a conhecer informações sobre (quase) tudo de (quase) todos. Há muita geografia para andar e muita história para contar...
E uma nota distinta: grande parte, senão a maior parte, dos que, agora mais que antes, estão, via IHGI, comprometidos com a História e a Geografia de Imperatriz não são imperatrizenses.
Pois, como se sabe, há os que nascem em Imperatriz...
... e há os que Imperatriz nasce neles.
Parabéns a todos. Parabéns ao IHGI. Parabéns, Imperatriz.
* EDMILSON SANCHES
ILUSTRAÇÃO:
Fotos e texto compartilhados de Instagram pessoal, enviados por Luís Pereira Santiago, membro fundador do IHGI (Cadeira nº 19).