As paisagens, as pessoas e o cotidiano do Brasil no século XIX a partir do olhar do artista alemão Johann Moritz Rugendas podem ser vistos na Caixa Cultural, no centro paulistano. Pintor, desenhista, ilustrador, aquarelista e litógrafo, produziu um dos mais importantes registros do país à época, ao lado de outros artistas, como o francês Jean Baptiste Debret.
Rugendas veio para o Brasil em 1821, ano em que completou 20 anos de idade, para fazer parte da Expedição Langsdorff, que patrocinada pelo império russo, pretendia elaborar um inventário da então colônia. Os trabalhos desse contato inicial são marcados, segundo a curadora da exposição, Ângela Âncora da Luz, pelo impacto do novo ambiente no jovem artista.
“Ele chega com um olhar habituado àquela luz menos incidente nos objetos, de invernos longos e escuros, de verões que não tem aquela claridade como ele vai encontrar no Brasil. Quando ele chega aqui, ele se deslumbra com a luz tropical, com a exuberância da vegetação tropical, dos tipos diferentes”, analisou a curadora Ângela Âncora.
Influências
Segundo Ângela Âncora, as pinturas e gravuras feitas por Rugendas tiveram influência estética do romantismo, em que o autor traz a carga emocional causada pelas experiências levadas à tela. Mesmo assim, a produção tem um forte caráter documental.
“Ele [Rugendas] representa não só a fauna e a flora, como os costumes, as danças, os tipos etnográficos do índio e do negro. Ele faz um álbum de documentação do que ele via no século XIX”, enfatizou a curadora.
A vivência no país vai tornando o artista mais atento aos detalhes e cenas do dia a dia. “Primeiro, nós temos um Rugendas que vê de longe, de fora, quando ele chega. Depois, outro Rugendas, quando ele já está aqui, que o seu olho já se habituou a essa exuberância toda. Então, o primeiro registro é muito mais panorâmico, enquanto o segundo registro é muito mais singular”, acrescentou a curadora.
Inspiração
O recorte da exposição reúne 70 obras em três eixos temáticos: um com paisagens do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso e Minas Gerais, um seguinte com cenas cotidianas e um último, retratando a fauna e a flora. Todos os trabalhos vêm de coleções particulares. Por isso, nem sempre disponíveis ao público.
A exposição pode ser vista até o dia 31 de março, de terça-feira a domingo, das 9h às 19h, na Caixa Cultural, na Praça da Sé. A entrada é gratuita.
(Fonte: Agência Brasil)