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O prazer da (boa) música e a boa música do prazer…*

ALGUMAS COISAS NASCEM A PARTIR DA FRICÇÃO, DO ESFREGA-ESFREGA. SERES HUMANOS, POR EXEMPLO...

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"(...) esfregando, dedilhando, beliscando, deslizando, roçando, tocando, percutindo, executando com o dedo, a mão e o punho..."

"A fricção – que, antes de gerar gente, fez e faz brotar ais, gemidos e outras sonoridades humanas – também produz sons mais "organizados"... e igualmente prazerosos. O som do violino está entre eles."

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Recentemente reassisti a filmes sobre grandes figuras bíblicas e destacados compositores clássicos: Mozart, Beethoven e "O Arco Mágico", de 1946, com a história de Nicolau Paganini, que em 57 anos de vida (1782 - 1840) renovou e revolucionou a arte de tocar violino.

Sobre o violino, este extraordinário pequeno grande instrumento, lembre-se que em 2025 completaram-se 302 anos de "As Quatro Estações" [1723], a grande obra musical de Vivaldi, onde se destaca a presença desse grande membro da família das violas.

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Algumas coisas nascem a partir da fricção, do esfrega-esfrega. Seres humanos, por exemplo.

A fricção – que, antes de gerar gente, fez e faz brotar ais, gemidos e outras sonoridades humanas – também produz sons, digamos, mais "organizados"... e igualmente prazerosos. O som do violino está entre eles.

Seja esfregando, dedilhando, beliscando, deslizando, percutindo, tocando, percutindo, executando com o dedo, a mão e o punho... o violino tem reproduzido ao longo dos séculos uma grande variedade de músicas e momentos, canções e emoções, que se tornaram fundo musical ou trilha sonora das paixões e sentimentos humanos.

Pequeno, portátil, primoroso, mais antigo que o Brasil, o violino, de tanto estar presente na Humanidade, absorveu características... humanas: tem braço, costelas, nariz, ouvidos, pestana, queixeira e até alma, esta que, assim, como a humana, é o que faz vibrar todo o corpo (do instrumento e nosso).

Grandes compositores – como Bach, Bártok, Beethoven, Bramhs, Mendelssohn, Mozart, Sibelius, Tchaikovsky e o sempre lembrado Vivaldi – se renderam ao violino e a ele renderam seu talento, compondo concertos e sonatas que marcam a história musical, a cultura humana, a sensibilidade das civilizações.

A majestade do violino é tal que, após o maestro, um violinista é o regente substituto: o "violino di spalla"  – no Brasil apenas "spalla", ou primeiro-violino, que, antes do maestro, é o último dos músicos a entrar no palco e é o responsável por afinar (ajustar) a orquestra. (O substantivo "spalla" é italiano e significa "ombro", pois denominava-se "attore di spalla" o ator que, como um ombro, dava apoio, suporte, ao comediante principal, da mesma forma que o primeiro-violino dá suporte ao maestro. Daí, "spalla".)

Sem limos musicais nem bolores barrocos, sem mofos do classicismo nem ferrugem da erudição, o violino se deixou mansa e humildemente integrar às produções modernas e contemporâneas, estando presente na música popular, religiosa, folclórica, nas trilhas sonoras de filmes, nas releituras, reinterpretações e rearranjos de composições de ontem para o "sabor" de hoje e de composições de hoje com um "toque" clássico de ontem e sempre.

Viva o violino. E vivam – com saúde e talento–  as mãos que o tocam.

Nos vídeos, cada um vom pouco mais dois minutos, duas interpretações do terceiro movimento do "Verão", de "As Quatro Estações", do italiano Vivaldi, com destaque para as violinistas Anne-Sophie Mutter, alemã, e Mari Samuelsen, norueguesa.

Mulheres geniais – embora as mulheres, sendo elas mesmas Música, possam até dispensar instrumentos para tocar-nos...

* EDMILSON SANCHES

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