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5 de novembro, Dia Nacional da Língua Portuguesa*

A IGNORÂNCIA, EM MEU PAÍS, MAIS UMA VEZ ESTÁ VENCENDO...

*

A Língua Portuguesa não é destruída apenas em incêndio (*).

Ela vai-se acabando é pelo descaso diário, horário, a cada instante, com o uso inadequado, preguiçoso, trocista que muitos fazem dela.

A ponto de haver gente que faz pouco dos poucos que procuram falar e escrever minimamente correto o próprio idioma que lhe deu as primeiras palavras – como se não fosse dever e direito de brasileiros respeitar a Língua por meio da qual comem, trabalham, oram, se divertem e sonham.

Se não gosta da Língua Portuguesa, mude-se e vá aprender croata, mongol ou javanês.

Nas redes sociais, como o Facebook, pessoas estão se tornando mais "face" (rosto, coisas, fotografias) que "book" (livros, raciocínio, conhecimentos).

A Língua é reduzida a símbolo de potássio ("kkkkkk"), sigla de estado ("RS RS RS"). E quando você comenta algo com palavras ou envia uma mensagem privada, o outro lado responde com a preguiça mental de sempre: um inexpressivo "ok" ou uma conveniente figura de mão com dedo polegar em sinal de aprovação.

Até sentimentos, que deviam ser tão únicos, tão particulares, tão próprios de cada pessoa, são substituídos pela uniformidade, padronização e monotonia de círculos representando rostos que riem ou choram ou... São os tais "emoticons" (ícones de emoções, em inglês livre).

Para expressar a alegria, a vibração por um texto, não se devolve na mesma moeda, escrevendo – colocam-se mãozinhas azuis em aplauso. (Não sei por que me veio à mente "Clap for the Wolfman", canção escrita pelo trio Burton Cummings, Bill Wallace e Kurt Winter e cantada com sucesso pela banda canadense The Guess Who).

Ou seja: se já somos em maioria um povo monoglota, a involução grassa – passamos do monolinguismo para o monossilabismo. Ou para o imagético, o que é (só) imagem, ou o imagismo inglês e nada poético do início do século 20. Viva!

E o que fazemos com o tempo que "economizamos" ao não falar, não escrever, não digitar, não pensar com fluidez e correção a própria Língua? Que grande coisa estamos fazendo com o esforço economizado, o tempo sobrante e os pensamentos restantes?

Não será de estranhar, pela redução da Língua ou sua substituição por simbólicas imagens, que voltemos a nos comunicar tão só com o "Ugh! Ugh!". Como nas cavernas.

Claro, cada um faz o que quiser. Agora, desprestigiar a força e beleza de um idioma é não fazer jus, é não honrar ou não merecer o resultado de milênios e milênios de esforços de nossos antepassados, que escreveram ou inscreveram como podiam nas rochas, forçaram ao máximo a estrutura do cérebro, sentiram outras estruturas internas se adaptarem para dar de presente a nós essa condição de seres pensantes e falantes cientificamente classificados como "Homo sapiens" ("Humano sábio"). Humanos sábios....

A Ciência já confirmou que é pela leitura que os neurônios se desenvolvem (vamos dizer assim). A leitura é o principal aparelho da academia de ginástica do cérebro, é a maromba que prepara o corpo mental. E escrever é seu corolário, consequência ou continuação natural.

Você não lê porque é preguiçoso. Você é preguiçoso mental porque não lê. E aí, por esse seu estado basal de inteligência, com o que o raquitismo mental permite, tenta reduzir a expressividade de um texto a meras repetições de letras, sílabas ou algumas palavras. Ou imagens (e nem adianta dizer que uma imagem vale mais do que mil palavras, porque você não diz isto sem palavras...).

Não é à toa que o Brasil (apesar de nosso orgulho comum – meu pelo menos – de sermos brasileiros), não é à toa que o Brasil, com as exceções de sempre, está onde está, com índices haitianos de Educação, Matemática e outras Ciências nas avaliações internacionais.

Não é à toa que o Brasil, o Maranhão, com todas as pré-condições naturais para serem excepcionalmente excelentes, podem ver o "tapa" em nosso rosto que países como Japão nos dão.

O Japão, com tamanho semelhante ao nosso Estado (na ordem dos 300 mil quilômetros quadrados), tinha tudo para dar errado: descontinuidade territorial; terremotos, maremotos e vulcões ativos praticamente todo dia; mais ou menos 80% do território imprestáveis para agricultura e construções; bombas atômicas que destruíram duas de suas principais cidades; etc. etc. ...E são a quarta maior economia do mundo!... (Maiores economias, em 2024: Estados Unidos, China, Alemanha, Japão, Índia. Brasil caiu para a décima colocação.)

Claro, respeitar e cultivar a Língua, sozinho, não garante um melhor desenvolvimento.

Apenas garante melhores pessoas.

... E pessoas melhores tornam sua terra melhor.

Enquanto não fizermos isso, com educação, outras nações estarão rindo de nós.

E não é com "kkkkkk", "rs rs rs rs"....

* * *

Pelo visto, após o lamentado e lamentável incêndio (*), a Língua Portuguesa não ficará nem para museu...

A ignorância em meu País, mais uma vez, está vencendo...

*EDMILSON SANCHES.

(*) Referência ao incêndio do Museu da Língua Portuguesa (São Paulo/SP), em 21/12/2015 [foto].

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