Skip to content

Programa torna bibliotecas espaço de transformação sociocultural

A participação no Conecta Biblioteca, programa nacional de estímulo à transformação social por meio de bibliotecas públicas, levou a biblioteca do município de Domingos Martins (ES) a registrar um número histórico de usuários em 2017. Um total de 15.041 pessoas, ou o equivalente à 50% da população da cidade, passou a utilizar o espaço da biblioteca para transformação sociocultural. Também a biblioteca de Juína (MT) experimentou um salto no número de usuários: de 700 empréstimos anuais, para 3 mil por ano.

Com o objetivo de fortalecer as habilidades dos profissionais de bibliotecas e incentivar o papel desses espaços no desenvolvimento de comunidades, o Conecta Biblioteca lançou, nesta segunda-feira (5), uma convocatória para selecionar 108 bibliotecas públicas em todo o Brasil até o próximo dia 5 de março. O edital está disponível na internet. O programa é coordenado pela organização não governamental (ONG) Recode e pela Caravan Studios e tem patrocínio da Fundação Bill e Melinda Gates.

“O programa visa fortalecer as habilidades profissionais dos bibliotecários, mas sempre com o objetivo de impactar os usuários, a comunidade”, ressaltou a diretora-executiva da ONG, Viviane Suhet. No ano passado, 92 bibliotecas de 86 municípios de 24 Estados e do Distrito Federal ingressaram no programa. Oitenta por cento desses 92 equipamentos criaram comitês de jovens, que contabilizam até o momento 550 voluntários, que ajudam nas pesquisas das comunidades, trabalham ligados no dia a dia das bibliotecas e, inclusive, ajudam na execução das ideias propostas.

Na biblioteca de Cariacica (ES), os jovens voluntários reforçaram a oferta de cursos on-line de tecnologia, que são ministrados por um integrante do comitê de jovens, João Carlos Valadares Júnior. Com apoio da prefeitura local, eles oferecem também um curso presencial gratuito, contribuindo para a inclusão digital da população. Outro caso que envolve bastante a comunidade é o da Biblioteca Maria Santana, em Juína (MT), que criou uma programação dentro do Carnaval oficial da cidade. A Bibliofolia é um espaço para contação de histórias e jogos. “Isso tem levado bastante a comunidade para dentro da biblioteca. O folião tem contato com os livros”, disse Viviane Suhet. “É o equipamento ser conhecido como um espaço de transformação social. Um equipamento cultural que dialoga com a comunidade que está no entorno, que contribui para o desenvolvimento das pessoas”, destacou.

Nova visão

Além de fortalecer as habilidades dos profissionais das bibliotecas, o programa visa a formar nas unidades uma nova programação que esteja em sintonia com a agenda de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). “No momento em que esses profissionais fortalecem suas habilidades e passam a entender como podem pesquisar uma comunidade, criar uma estratégia de comunicação, trabalhar uma gestão participativa, [eles] descobrem como trazer para dentro uma programação, novos usuários ou aumentar a frequência daqueles que já visitam a biblioteca”, disse Viviane.

A ideia é aumentar em, pelo menos, 60% o número de usuários, sendo um terço de jovens. Por meio da parceria com governos, organizações da sociedade civil e setor privado, o programa garante a continuidade, na medida em que os funcionários das bibliotecas conseguem articular parcerias em seus municípios e Estados para fazer com que esse apoio tenha caráter permanente e ultrapasse o programa.

Em Domingos Martins (ES), a bibliotecária Ana Maria Silva realiza aulões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) transmitidos on-line. Também promove uma feira de produtos agroecológicos dentro da biblioteca. Já em Abaetetuba (PA), a participante Alessandra Dias conseguiu, mediante parcerias entre secretarias de governo municipal, transformar a biblioteca em um polo de promoção da cidadania, onde usuários podem tirar a carteira de identidade, Cadastro Nacional de Pessoa Física (CPF) e Carteira de Trabalho, entre outras certidões.

Condições

Nessa segunda etapa do programa, podem se inscrever bibliotecas de municípios com até 400 mil habitantes de todos os Estados e do Distrito Federal, que tenham, no mínimo, três computadores voltados para a comunidade e conectados à internet, com cadastro atualizado no sistema nacional de bibliotecas públicas e sistemas estaduais. A preocupação é beneficiar municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), disse Viviane Suhet.

No período de 14 a 18 de maio próximo, o programa reunirá cerca de 200 participantes das duas etapas no 2º Encontro Nacional Conecta Biblioteca, no Rio de Janeiro, com presença dos parceiros do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) e da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), do Ministério da Cultura. A agenda inclui compartilhamento de boas práticas e o início da formação, com o módulo sobre pesquisa da comunidade. A expectativa é que, a partir de setembro, sejam criados indicadores que revelem o perfil dos usuários de bibliotecas no Brasil.

A diretora-executiva da ONG Recode analisou que a biblioteca pode ser muito mais do que um depósito de livros e ajudar a transformar a comunidade onde está localizada. O programa Conecta Biblioteca pretende deixar toda a formação dos profissionais em uma plataforma on-line, que possa ser utilizada pelas demais bibliotecas do país.

Viviane espera que, até 2020, todas as bibliotecas estejam ajudando a transformar suas comunidades de forma integrada. Isso envolve 6.102 bibliotecas cadastradas no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas; 110 bibliotecas comunitárias cadastradas na Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC), além das bibliotecas escolares. De acordo com o Censo Escolar 2016, do total de 217.480 escolas públicas do país, apenas 21% dispõem de biblioteca em suas dependências.

(Fonte: Agência Brasil)