“Aprendi esta língua como se consegue o amor de uma mulher” (Valéry Larbaud)
Meus versos surgem de repente, sem anúncios
preconcebidos, e assim, a esmos e inconsúteis,
se amesendam nas múltiplas intransitividades
que na vida hei passado como poeta e bruxo.
Há entre mim e eles, uma brancura bipartida
em orgânica dualidade, simples e ressurgida,
numa cumplicidade inconsciente e consentida,
mas comedida, necessária, útil e dependente.
Há entre nós uma parceria, como se heterônimos
dalgum poeta fôssemos, onde eles, meus versos,
sorrateiros nas paráfrases se permitem comigo
logo no primeiro grito, sentir a dor que sinto,
mas que nunca em tempo algum deveras finjo.
Eles e eu somos um só Fernando, uma só Pessoa...
* Fernando Braga. In “O Sétimo Dia”, São Luís, 1997.