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O que um lápis tem a ver com Ética*

Dona Carlinda

UMA MÃE, UM FILHO

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Não sou candidato a santo, não estou em busca de carimbar passaporte para o céu, mas, em termos de Política e de Gestão Pública (com letras maiúsculas), em termos de Vida e do Ofício de viver, não abdico do direito de permanecer maximamente correto – e isto, de algum modo, tem a ver com os padrões de seriedade que Dª Carlinda Orlanda Sanches, minha mãe, pregava e dos quais se orgulhava (ela faleceu aos 49 anos).

Na infância, em Caxias, quando eu chegava em casa da escola (o Coelho Netto, do Dr. Marcello Thadeu de Assumpção, e o Bandeirante, lá no Morro do Alecrim), minha mãe examinava o material escolar e perguntava:

“– De quem é esse lápis?”

“– Encontrei no caminho da escola, mamãe”.

“– Pois amanhã meu filho o devolve para a professora ou diretora, pois alguém o perdeu. E não faça sua mãe ir lá para saber se você devolveu ou não. Sua mãe é pobre mas tem condição de comprar um lápis, se precisar”.

E ela concluía, simples e magistralmente:

“– Meu filho, o que é seu é seu, o que é dos outros é dos outros”.

Além do dia e da noite, e uma enorme saudade, foi essa a herança que minha mãe deixou. Devo ter meus momentos de “deseducação”, mas eles não fazem parte, não derivam do legado de Dona Carlinda.

Educação, aprende-se em casa – e pratica-se, ou não, nas ruas da vida.

Ética. Bons modos. Respeito. Não ser bandido.

Ao lembrar de minha mãe, meu tempo muda...

Chove muito dentro de mim...

* EDMILSON SANCHES.