Federico aliou-se a rastros de sangue
pela liberdade e pelo verde que queria
verde, como no romance sonâmbulo.
O poeta sem defesa, fora franqueado
por homens de crânios de chumbos
que cantavam a balada da guarda-civil.
Federico longe das colinas de Vega,
amanheceu desgraçadamente fuzilado,
morto como um pássaro na ramagem
e desvalido numa vala rasa em Vizna,
porque seu canto, eterno em Espanha,
como todos os ciganos feridos pela dor,
que o aterraram na “Carmen” entre flores,
ainda agoniza nas neblinas de Granada.
* Fernando Braga, in “O Sétimo Dia" - Prêmio Cidade São Luís (Sousândrade) 1994.