O cavalo despeado e solto como um poema
livre, galopa com outros cavalos selvagens.
Abstraído, o cavalo é mais verde que o verde
subjetivo que lhe inspira o impressionismo.
O cavalo imaginado pelo gênio de Gauguin
é multifário, e respira pelas largas narinas
o verde de Brasília e o aroma de Martinica.
O cavalo, na pastagem, é mágico e lógico
ao pão do seu alimento, e nunca se mudou
ou fugiu daquele velho quadro na parede.
Abstruso e de um silêncio que se faz ouvir,
o cavalo oculto nunca quis esquartejar-me,
e nunca, relinchante, se foi campo em fora.
O cavalo por si lhe cabe, e à tuna, o tenho!
* Fernando Braga. In “O Sétimo Dia”, São Luís, 1997.