Avenida L2 Sul, em Brasília,
ou Rua do Passeio, em São Luís,
ambas são decididamente
perfeitas para a descida solene
de pessoas espectralmente graves...
Tinham os rostos indiferentes
congelados de solidão,
empurrados por suas convicções...
De repente uma voz rouca dizia
que a poesia é a mais autêntica
orgia do ser humano!
Era a noite do automatismo psíquico!
Depois soube que aquela gente fugira
do Manifesto de André Breton,
e fora ali despejada
por um caminhão de mudanças...
* Fernando Braga, “Poemas do tempo comum”, São Luís, 2009.