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25 de setembro é o “Dia do Rádio” ou “Dia da Radiodifusão”. Nesta data, em 1884, nasceu Edgard Roquette-Pinto, médico, antropólogo e professor, fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1923.
Portanto, a data de 25 de setembro é a dedicada ao rádio, o meio de comunicação, o veículo, a atividade – não é apenas o aparelho eletrônico, como os das ilustrações deste texto.
Já o profissional, o radialista, seu dia é 21 de setembro, que é a data do decreto de 1943, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, que fixou, pela primeira vez, um piso salarial para os profissionais do rádio. Como o 21 de setembro não era data oficial, em 2006, o governo federal estabeleceu em decreto que o Dia do Radialista passaria a ser 7 de novembro, aniversário do músico e radialista Ary Barroso.
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O rádio é um herói da resistência. Assim como seu aparecimento, em 1895, não extinguiu o teatro, o cinema nem o fonógrafo, invenções que lhe antecederam, o rádio não se deixou abater pelos meios de comunicação e lazer que vieram depois dele, como a televisão, o computador e a telefonia celular e seus grupos e redes sociais, digitais. Há espaço, há lugar e momento para todos.
O rádio é insubstituível e tem suas vantagens em relação a outros meios de comunicação: pode-se ouvir rádio e executar outra tarefa (às vezes, até com mais entusiasmo e produtividade); o custo publicitário é menor; o alcance do rádio é maior e chega onde ainda não está chegando a televisão; e, sob qualquer análise, o rádio é mais próximo, mais íntimo do seu público, do seu ouvinte. E, claro, montar uma rádio (após ter a concessão) requer bem menos dinheiro do que uma estação de TV, por exemplo.
Sou jornalista e radialista e passei a desempenhar as duas atividades conjuntamente ali pelos 13 ou 14 anos. Tinha página em jornal e era responsável por três programas na estação radioemissora de minha cidade, Caxias – a Rádio Mearim. Eu já tinha uma rica coleção de discos “long-playing” e compactos (simples e duplos); só utilizava nos meus programas os discos de minha coleção, o que começou a provocar um ou outro desconforto quando ouvintes pediam para outros locutores as músicas exclusivas que eles ouviam em meus próprios programas. Até hoje, mantenho guardados muitos daqueles discos e diversas cartas dos ouvintes com os pedidos musicais ou com repostas às perguntas que eu fazia em um dos programas, para pesquisa, com direito a prêmios.
Em Imperatriz, onde fundei a Associação de Imprensa e o Sindicato de jornalistas, radialistas e outros profissionais de rádio e televisão, fui convidado para ser um dos diretores da Rádio Terra FM, na década de 1980. Dirigia o Jornalismo, redigia as notícias dos jornais e das veiculações horárias e tinha um programa de entrevistas e música de três horas de duração, aos domingos – o “Radioatividade”, cujo “slogan” era: “Seu Melhor Programa de Domingo”.
Não é saudosismo, mas guardo com muito carinho as lembranças de programas que eu ouvia quando criança, em rádio da marca Semp (“jabuti”) e, esporadicamente, um ABC A Voz de Ouro. Semp, pouca gente sabe, é sigla de Sociedade Eletro Mercantil Paulista, a empresa brasileira fundada em São Paulo (SP) em 1942, que sobrevive até hoje e que foi a primeira a fabricar rádios (década de 1940) e TVs (1951) em solo brasileiro, inclusive a TV em cores, em 1972. Mas o xodó mesmo era o rádio Semp PT 76, que ficou conhecido como “capelinha”, mas que eu só ouvia chamarem “casca de jabuti”, pela coloração de seu revestimento.
Ouvia histórias infantis nos fins de semana da Rádio Mearim. Ouvia o “Programa do Jairzinho” e a novela “O Direito de Nascer”, ambos à tarde e entrando pela noite, em uma rádio da Bahia, não sei se a Rádio Clube ou a Rádio Sociedade da Bahia.
Ouvia, na Rádio Pioneira, de Teresina (PI), o programa musical e de recados “Seu Gosto na Berlinda” (“o roteiro musical feito pelo próprio ouvinte”), com a voz inconfundível do locutor-apresentador Roque Moreira e a muito conhecida música de abertura “A Morte da Mula Preta”, executada com guitarra havaiana (por ser uma moda de viola, composta, em 1944, pelo botucatuense Raul Torres (1906-1970), a música é também chamada “A Moda da Mula Preta”). (Ouça a versão instrumental dessa música no “link”: https://www.youtube.com/watch?v=3ziRTKpTfN8&list=RD3ziRTKpTfN8&start_radio=1).
Claro, eu escutava os programas radiofônicos de meus colegas na Rádio Mearim de Caxias – entre eles, o Ivalter Cardoso, o J. Rodrigues, o Luiz Abdoral, o Roberto Nunes (que foi para São Luís e se tornou locutor esportivo).
O rádio contribuiu para minha educação e cultura. Em criança, ali entre 7 e 9 anos de idade, em Caxias, eu tinha um caderno onde anotava o nome das músicas e seus intérpretes, em ordem alfabética. As meninas, moças e mulheres da vizinhança, quando souberam, passaram a pedir – e levar – emprestado o caderno, para escolha e solicitação de músicas, por carta – cartas que geralmente começavam com:
“Prezado Locutor, peço que rode a música (tal) somente para ouvir” ou “para oferecer para alguém de nome (tal) ou de iniciais tal e tal, com muito amor”.
Bons tempos...
* EDMILSON SANCHES