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A Biblioteca Pública Municipal de Imperatriz tem seu nome*

O CAXIENSE OSVALDO FERREIRA DE CARVALHO Caxias/MA, 23/5/1933 – Imperatriz/MA, 6/1/1991)

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Neste 23 de maio, marca-se o nascimento, em 1933, do educador caxiense Osvaldo Ferreira de Carvalho, que faleceu há 33 anos, em 6 de janeiro de 1991, em Imperatriz (MA). Foi professor (de Inglês) em Caxias (MA), sua terra natal, nos colégios Caxiense, São José e Diocesano e, mais tarde, em Imperatriz, professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema, desde 2016 Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul).

Seus pais eram José Ferreira de Carvalho, maestro da banda Lira Operária Caxiense, e Eloya Maria dos Santos, a Dona Ló, que tiveram também Oneide Carvalho de Melo (residente em Caxias); Osvaldina Carvalho dos Santos (Rio de Janeiro - RJ); Maria de Carmo Carvalho da Silva (falecida); Odenise Ferreira de Carvalho (Rio de Janeiro/RJ); Oseneide Maria de Carvalho Pereira (Rio de Janeiro/RJ); e Marcus Vinicius de Carvalho (Rio de Janeiro/RJ).

Um de seus alunos em Caxias foi Jacques Inandy Medeiros (falecido em 2019), escritor, pesquisador, médico-veterinário, professor emérito e ex-reitor da Uema, membro e diretor do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias e, também, ex-diretor do Banco de Desenvolvimento do Maranhão, ex-secretário municipal de Educação e de Cultura de Caxias e ex-presidente da Academia Caxiense de Letras. Jacques Medeiros recorda que, na condição de reitor da Uema, quando vinha ao “campus” de Imperatriz, ficava duplamente feliz, porque, nas reuniões na Uema local, ele tinha um ex-aluno (o engenheiro civil Ronaldo Neri Farias, professor universitário) e um ex-professor, Osvaldo Ferreira de Carvalho, que viera de Caxias para Imperatriz a convite do irmão de Jacques, o desembargador aposentado Antônio Carlos Medeiros, que, na época, foi juiz em Imperatriz e apresentou Osvaldo Carvalho ao também magistrado José de Ribamar Fiquene, fundador da Faculdade de Educação de Imperatriz, instituição de ensino superior que, mais tarde, seria incorporada à Federação das Escolas Superiores do Maranhão (Fesm), depois Uema e, finalmente, Uemasul. Curiosidade: Antônio Carlos Medeiros foi diretor do Colégio Caxiense quando Osvaldo Carvalho lá era professor e, mais tarde, viria a ser padrinho de um dos filhos de Osvaldo, Wladimir.

O que pouco se sabe ou o que quase não se lembra é que, como recorda Jacques Medeiros, Osvaldo Carvalho “foi um dos maiores jogadores de futebol que eu já vi na minha vida; era um craque”. Outros caxienses, conhecedores de futebol, asseguravam que Osvaldo foi um dos maiores centroavantes (jogador de ataque, geralmente o camisa 9) que eles viram jogar, no nível do mineiro Heleno de Freitas, que, de 1940 a 1953, atuou profissionalmente no Botafogo, Boca Juniors, Vasco da Gama, Santos, Junior de Barranquilla e América (do Rio de Janeiro).

O economista e escritor Antônio Augusto Ribeiro Brandão (falecido em março de 2023), membro da Academia Caxiense de Letras, diz ter conhecido “muito” o jogador Osvaldo: “Jogava no Comercial, em Caxias, um time amador daqueles tempos. Uma das ‘linhas’ era fornada por Galvão, Zeca, Osvaldo, Nonato e Flávio”.

O Sampaio Corrêa Futebol Clube, de São Luís (MA), conta-se, “ficou doido” para contratá-lo, mas o futuro professor caxiense “não ligou”: à bola no pé, preferiu o giz na mão. As “quatro linhas” (do campo de futebol) tornar-se-iam as da lousa, o quadro-negro ou verde das salas de aula.

Com a esposa, Hermínia Maria Lisboa de Carvalho, nascida em Fortaleza (CE) e residente em Palmas (TO), Osvaldo Ferreira de Carvalho teve um casal de filhos, que deram três netos aos pais: Aimée Desano, nascida em Fortaleza e casada com o americano Tim Desano, com quem tem um filho (Rafael Desano) e reside no Estado de Michigan, nos Estados Unidos; e Wladimir Lisboa de Carvalho, residente em Palmas (TO) e casado com Selma Carvalho, com quem tem duas filhas, Mariana Carvalho e Fernanda Carvalho.

Osvaldo formou-se bacharel em Letras Anglo-germânicas, em abril de 1960, pela Faculdade Católica de Filosofia, da Universidade do Ceará. Uma curiosa coincidência: o diploma, expedido seis anos depois da formatura, é assinado, entre outros, pelo reitor Antônio Martins Filho (1904-2002), advogado, professor e escritor, nascido em Crato (CE) e que, em 1929, em Caxias (MA), fundou a firma “A Cearense” e, em 1935, foi um dos 14 fundadores do Ginásio Caxiense, do qual também foi diretor. Talvez nem o formando nem o reitor soubessem que Caxias e aquele diploma eram elos que os ligavam à “Princesa do Sertão Maranhense”. Antônio Martins também deu a Caxias um filho talentoso: nasceu caxiense José Murilo Martins, médico formado nos Estados Unidos, talentoso escritor e pioneiro em Hemoterapia no Ceará.

Até hoje, Osvaldo Ferreira de Carvalho não sai das lembranças de muitos de seus alunos. Wilton Lobo, engenheiro-agrônomo e ex-vereador de Caxias, lembra: “Foi meu professor no Colégio Caxiense”.

Cleide Magalhães, de Mirador (MA) e professora universitária em Imperatriz, diz ter de Osvaldo “saudosa memória... meu professor na Uema [Universidade Estadual do Maranhão]”. Fernando Cunha, fotógrafo e escritor imperatrizense, que o conheceu, atesta: “Grande educador”.

Inês Maciel, advogada e escritora, membro da Academia Caxiense de Letras, relembra: “Foi um dos meus professores de Inglês, em Caxias. Gratas recordações!”

Música e formada em Letras, a acordeonista e vocalista Fátima Boré, de Imperatriz, com “saudades eternas desse grande educador”, escreve: “O professor Osvaldo era um poço de sabedoria. Se bem me lembro, em suas aulas de latim, o assunto que mais chamava a minha atenção, eram os ‘casos’ e as cinco declinações, não esquecendo a fábula ‘Lupus et Agnus’!” (“O Lobo e a Ovelha” foi escrita originalmente pelo escritor grego Esopo, dos séculos VII e VI antes de Cristo, e reescrita para o latim por Caio Júlio Fedro, escritor romano do século I da Era Cristã).

Colega do professor Osvaldo e, por um tempo, coordenadora do curso de Letras onde ambos ensinavam na universidade, Liratelma Cerqueira revela: “Sanches, com estes registros, ascendeu-me a saudade de um grande amigo e companheiro de milenares labutas profissionais. Criamos, artesanalmente, o jornal ‘O Coruja’, de cuja safra devo ter algum exemplar, também. Lembra?”

De São Luís, o professor Leopoldo Gil Dulcio Vaz, curitibano, há décadas radicado no Maranhão, pesquisador, membro, entre outras Instituições, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, se lembra de Osvaldo: “Foi meu colega na FEI [Faculdade de Educação de Imperatriz, depois Uema e Uemasul]”.

O caxiense Joel Paulo Sousa Filho recorda-se: “Foi meu professor no [Colégio] Caxiense”.

Luiz Abdoral, radialista caxiense, aposentado, meu colega locutor na Rádio Mearim de Caxias, em meados dos anos 1970, escreve: “Lembro-me dele, sim, na época em que estudei no [Colégio] Diocesano em Caxias... Professor de Inglês”. E detalha: “Ele gostava muito de falar sobre carro americano...”.

O caxiense Francisco Sampaio de Brito relata e agradece: “Conheci demais o Professor Osvaldo. Morava na Rua Agostinho Reis, em Caxias. Filho de Dona Ló e do Maestro Zé Romão. Tinha o apelido de Bode Rouco. Eu era adolescente. Era meu amigo. Professor de inglês. Obrigado, Edmilson Sanches, sempre com belas matérias. Dei uma volta no passado. Uma sublime recordação”.

Caxiense, graduado em Filosofia e Jornalismo e com mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento, editor da “REN – Revista Econômica do Nordeste”, respeitada publicação voltada para trabalhos técnico-científicos sobre temas relacionados ao desenvolvimento regional, o jornalista e ativista ambiental Ademir Costa escreve: “Alegria muito grande ver um caxiense professor homenageado, logo dando nome a uma biblioteca!! Que orgulho! Não o conheci. Fui professor no Ginásio Diocesano, em 1973, e vim no ano seguinte para Fortaleza. 1973 foi em minha vida uma espécie de 'ano sabático', pois saí de Caxias em 1969, aos 17 anos (incompletos), para estudar em Viana, Norte do Maranhão. Esta tão demorada ausência de minha Caxias privou-me da convivência com amigos de infância e com pessoas tão gradas quanto o Professor Osvaldo Ferreira de Carvalho. Grato, Edmilson Sanches, por este novo mergulho em nossa História”.

Ivadilmar Santos Magalhães, o Mazinho, caxiense, engenheiro-agrônomo, ex-secretário municipal de Caxias (1985-1991) também lembra que o Professor Osvaldo era “filho do senhor Zé da Ló e Dona Ló. Fui aluno dele, de Inglês, no [Colégio] Diocesano, no início dos anos [19]60."

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Além de conterrâneo, fui amigo do professor Osvaldo Ferreira de Carvalho. Conhecemo-nos na faculdade de Imperatriz (MA), onde eu fazia o curso de Letras. Nosso gosto comum pela Cultura e Literatura e, sobretudo, nossa cidade de Caxias, além da franqueza da amizade, do sentir-se à vontade um com o outro, tudo isso permitiu-nos uma relação saudável, amiga, orgulhosa de nossa conterraneidade.

Brincávamos que, de tanto aprender outros idiomas (alemão, latim, grego, inglês...), ele, Osvaldo, já era quase não inteligível em português...

Após as aulas, depois das 22h, às vezes ele fazia questão de dar carona ou nos sentávamos a uma mesa de um discreto barzinho, para trocar ideias e relembrar Caxias. Como nem sempre uma carona é de graça, frequentemente eu tinha de ajudar o Osvaldo... a empurrar o fusquinha, para “pegar” e seguirmos pela cidade, cujas ruas àquela hora estavam pouco habitadas de seres automobilísticos.

Não soube de imediato do falecimento do notável professor da Universidade Estadual do Maranhão, hoje Uemasul. O ano de sua morte, 1991, foi também o ano de passamento de minha mãe, que vinha, há tempos, enfrentando uma rara doença (colangite primária), de pouco mais de 30 casos no mundo, na época. Atordoado com a progressiva, inexorável, inelutável perda materna e tendo de realizar muitos cuidados e viagens para atrasar o inevitável, não fiquei sabendo que, no começo daquele ano, já o grande amigo havia partido...

Osvaldo e eu ainda criamos um jornalzinho na universidade – parece-me que o nome era “O Coruja”. Devo ter, com certeza, exemplares entre as dezenas de milhares de itens bibliográficos de minha biblioteca.

Apesar de, para alguns, ser um professor “severo”, creio que essa característica pode ser relativizada, em especial se dada por alunos que queriam, só, facilidades ou não se “aplicavam” nos estudos. Eu nunca encontrei dificuldade nas disciplinas do ilustre professor conterrâneo.

Sua importância na Educação em Imperatriz foi reconhecida para além do carinho de seus alunos. A Biblioteca Pública Municipal de Imperatriz, criada em 1970, tem seu nome.

Parabéns à família e familiares do talentoso professor Osvaldo Ferreira de Carvalho.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

O professor caxiense Osvaldo Ferreira de Carvalho (1933-1991) com a esposa, Hermínia; e com a irmã Oseneide (à direita) e os filhos Wladimir e Aimée. E a Biblioteca Pública Municipal de Imperatriz, que o homenageia com seu nome.