A mulher que deu nome à cidade maranhense de Imperatriz nasceu no dia 14 de março de 1822, em Nápoles, uma das principais cidades italianas, de mais de três milhões de habitantes (em 2019). Sua Alteza Imperial Dona Teresa Cristina Maria de Bourbon era a filha mais nova do rei das Duas Sicílias, Francisco 1º, e de sua segunda mulher, Dª Maria Isabel de Bourbon.
Por procuração
Em 20 de abril de 1842, Teresa Cristina casou-se por procuração com o Imperador Dom Pedro 2º, que ratificou o contrato nupcial em 23 de julho do mesmo ano. No dia 30 de maio de 1843, ela veio para o Brasil, juntar-se ao marido. O casal teve quatro filhos: Afonso, que nasceu em 1845 e viveu só dois anos; Isabel (a princesa que assinou a Lei Áurea), nascida em 1846 e falecida em 1921; Leopoldina, que nasceu em 1847 e faleceu em 1871; e Pedro Afonso, que nasceu em 1848 e, como seu irmãozinho Afonso, também viveu só dois anos.
Culta
A imperatriz Teresa Cristina era uma mulher de grande cultura. Chamada “a Imperatriz arqueóloga”, também cultivava outros campos da Cultura, entre eles Artes, Religião e Música. Quando se mudou para o Brasil, trouxe em sua companhia artistas, intelectuais, cientistas, artesãos e coleções de obras, objetos e documentos de grande valor. Apoiou brasileiros, como o músico Carlos Gomes, a quem enviou para estudar na Europa.
Mãe dos brasileiros
Era muito discreta e avessa às pompas da corte imperial. Dotada de enorme sensibilidade humana, não se recusava a atender pessoas doentes e carentes. Foi tão amada no Brasil que chegou a ser chamada de “Mãe de Todos os Brasileiros”. Viveu 46 anos no Brasil. Com a proclamação da República – e, portanto, fim do governo imperial –, foi para a cidade de Porto, em Portugal, onde faleceu em 28 de dezembro de 1889.
Contato
O momento de contato da cidade de Imperatriz com a Imperatriz Teresa Cristina teria se dado em meados da década de 1860 a 1869, aí por volta de 1864 ou 1865. A povoação de Santa Teresa (o nome de Imperatriz à época) disputava com Porto Franco a condição de sede da Vila Nova da Imperatriz. Uma lei (nº 631, de 5 de dezembro de 1852) já fora assinada autorizando a mudança, mas ainda não fora cumprida. Dois anos se passaram e os líderes de Santa Teresa, entre eles o fundador frei Manoel Procópio, despacharam um emissário até a Corte, no Rio de Janeiro.
Esse emissário era portador de uma comunicação à imperatriz Teresa Cristina, onde se informava que o nome Vila Nova da Imperatriz era uma homenagem a Sua Majestade. Simultaneamente, pedia-se a real intercessão da imperatriz junto ao presidente da província do Maranhão, para este fazer valer a lei de dois anos atrás.
Doações
Acredita-se que dona Teresa Cristina tenha dado uma força, pois logo a povoação de Santa Teresa retomou seu status de sede da Vila Nova da Imperatriz. E Sua Majestade teria feito mais: doou “um conjunto de pesos e medidas em cobre, artisticamente trabalhados”, por ela enviado “como presente”, como grata retribuição à lembrança dos moradores, capitaneados por frei Manoel Procópio, em denominar a vila com o título de imperatriz. Foram vários caixões contendo os pesos e medidas vigentes à época, que chegaram em Imperatriz em 1875.
Ilegalidade e localização
Essas peças, juntamente com a imagem de Santa Teresa d’Ávila, são provavelmente os itens mais antigos do patrimônio histórico-cultural do município. Mas, enquanto a imagem da santa se encontra protegida na igreja que leva o seu nome, os pesos e medidas tomaram vários destinos. Um dos conjuntos de medidas está, ilegalmente, em museu de São Luís. Ele foi localizado e documentado fotograficamente pelo jornalista Edmilson Sanches em 2002.
Outras cidades
Além da maranhense IMPERATRIZ, outras cidades brasileiras têm seu nome dado em homenagem a Teresa Cristina:
TERESINA, capital do Piauí (o nome “Teresina” é um diminutivo de “Teresa”);
TERESÓPOLIS, no Rio de Janeiro (o nome “Teresópolis” significa “cidade de Teresa”);
e SANTO AMARO DA IMPERATRIZ, município de Santa Catarina.
imperatriz Teresa Cristina. A última foto da família imperial no Brasil, em 1889, antes da partida para o exílio. Da esquerda para a direita: (sentados) Imperatriz Teresa Cristina e Príncipe Dom Antônio; (em pé) Princesa Isabel, Imperador Dom Pedro 2º, Príncipe Dom Pedro Augusto, príncipe Dom Luís, conde d'Eu Gaston d'Orleans e príncipe Dom Pedro de Alcântara.
* EDMILSON SANCHES