
CONTRIBUIÇÃO DE MARANHENSES PARA O BRASIL E O MUNDO É TEMA DA PALESTRA DE EDMILSON SANCHES NOS CEM ANOS DO IHGM
– Expectativa, surpresas e aplausos marcaram a palestra magna do jornalista e escritor caxiense em São Luís

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Pouca gente sabe da contribuição do Maranhão à Medicina, Odontologia e à Saúde em geral no Brasil e, até, no mundo. Além destas áreas, é notável a participação e pioneirismo de mulheres e homens maranhenses na Literatura, Administração Pública, Justiça, Direito e Leis, na Música, Cinema, Esportes, Matemática, Agricultura, Espiritualidade e em outros campos do Conhecimento e da vida cotidiana. Um resumo dessa formidável riqueza de prestação de serviços culturais e científicos, entre outros, ao País e Exterior foi apresentado com entusiasmo pelo jornalista, administrador e escritor de Caxias Edmilson Sanches.
A palestra magna do caxiense – “Contribuição Maranhense para a Construção do Brasil: Importância, Destaques, Orgulho” – foi feita a convite do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (IHGM) no dia 20 de novembro de 2025, o exato dia em que o Instituto completava 100 anos de fundação. O palco da exposição, em São Luís, foi o auditório da Academia Maranhense de Letras, parceira institucional do IHGM para a solenidade. Na plateia, os presidentes da AML, desembargador Lourival Serejo, do IHGM, professor e engenheiro José Augusto Silva Oliveira e gestores de diversas academias e entidades culturais da capital maranhense e de outras cidades. Também presentes acadêmicos da AML, do IHGM, professores, escritores, médicos, profissionais ativos e aposentados do Direito e da Justiça, sacerdotes, empresários e empreendedores, convidados de outros municípios, como Imperatriz (MA) e Parnaíba (PI).

Edmilson Sanches historiou a evolução e importância do conhecimento como poder e como fazer e sua repercussão como fator de construção da identidade e do desenvolvimento de uma nação. Lembrou que o Maranhão foi oficial e definitivamente criado por Portugal em 1621, tendo completado, portanto, 400 anos em 2021. Assim, anos antes do quadricentenário do estado, Sanches elaborou o projeto da “Enciclopédia Maranhense” e passou a pesquisar, documentar e reunir “provas” sobre realizações de maranhenses que impactaram o Brasil – e, em alguns casos, o mundo – nos diversos segmentos.
As tentativas de parceria buscadas em Órgãos públicos e instituições privadas foram inicialmente acolhidas com euforia ante a riqueza da colaboração maranhense para o desenvolvimento do País. Entretanto, houve emudecimento dos iniciais entusiastas pelo projeto da “Enciclopédia”, que permanece inédita.

Para Sanches, a não resposta “atrasa a possibilidade de cultivo, documentação e divulgação dos fatos, para conhecimento geral e sobretudo para a ampliação do espírito de maranhensidade, o sentimento de pertença (“ownership”) de homens e mulheres desta Unidade Federativa que deveria se inquietar e reagir às sucessivas manchetes e outras notícias – nem sempre cem por cento certas – que colocam o Maranhão, apesar de suas potencialidades e possibilidades, como ‘o pior Estado’, ‘o mais atrasado’, ‘o de população mais dependente economicamente’, ‘economia fraca’ etc.”. Sobre o silêncio dos parceiros que se prontificaram a analisar o projeto, Edmilson Sanches não insiste e só observa: “O silêncio é a forma mais covarde de dizer não”.
O palestrante caxiense elencou de início o papel de protagonismo do Maranhão na Literatura, com escritores maranhenses tornando-se pioneiros em escolas, movimentos ou tendências literárias como o Indianismo, com Gonçalves Dias; Parnasianismo, com Teófilo Dias; Naturalismo, com Aluísio de Azevedo; Concretismo e Neoconcretismo, com Ferreira Gullar; Tradução Criativa, com Odorico Mendes; obra de Autoria Coletiva (1866), com Sotero dos Reis e Antônio Henriques Leal, entre outros; Teatro de Revista, com Arthur Azevedo; Literatura de viés comunista, com Benévolo Nogueira; Romance policial, iniciado com obra coletiva – “O Mistério”, de 1920 – com Coelho Netto e Viriato Corrêa, além da marcante obra de José Louzeiro; a primeira romancista negra, Maria Firmina dos Reis; a primeira gramática do Brasil, de Sotero dos Reis; o primeiro livro do mundo para ensino de Inglês para crianças “toddlers” (de 1 a 3 anos, que estão aprendendo a andar), com Raquel Caruso Gomes de Mello, de Imperatriz.
Nos destaques na Medicina e Saúde, Edmilson Sanches ressaltou a imensa contribuição do médico José Eduardo Sousa (nascido em Pedreiras), unanimidade na Cardiologia mundial pelos avanços e inovações, como o “stent” farmacológico, que salva muitas vidas por todo o planeta; o dentista Aderson Ferro, de Caxias, autor do primeiro livro brasileiro sobre Odontologia e um dos introdutores da anestesia odontológica no País; o médico caxiense João Paulo da Cruz Britto, que fundou a Escola Paulista de Oftalmologia, foi professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e primeiro presidente da Sociedade de Oftalmologia de São Paulo, tendo sido homenageado com um Centro de Estudos e Seminário com seu nome.

Ainda na Medicina, o médico, pesquisador e escritor José Murilo Martins, nascido em Caxias, introdutor dos serviços de Hematologia no estado do Ceará; estudou Medicina no Rio de Janeiro, em Chicago (Illinois) e Kansas, nos Estados Unidos e ensinou na França, Inglaterra, Escócia e Estados Unidos (Paris, Cambridge, Oxford, Londres, Sheffield, Edimburgo e Miami). Membro da Academia Cearense de Letras e fundador da “Revista de Medicina” da Universidade Federal do Ceará, da qual foi editor por quase 30 anos.
Foi destaque também o farmacêutico-bioquímico, professor e pesquisador Francisco das Chagas Oliveira Luz, caxiense, gênio da ciência pela vida dos mais pobres; o médico e antropólogo Raymundo Nina Rodrigues, nascido em Vargem Grande, criador da Antropologia Criminal e um dos patronos da Medicina Legal no Brasil; o médico e pesquisador imperatrizense Gibran A. G. Daher, que, com a médica patologista norte-americana Rana S. Roda, escreveu o primeiro livro biográfico no mundo sobre o médico grego Geórgios Papanicolau, criador do teste Papanicolau. Médico jovem e estudioso, morreu aos 27 anos, cheio de sonhos; pesquisador competente, ele estudou Medicina no Brasil, Rússia, França, Espanha e Estados Unidos. Assegurava que iria ganhar um Prêmio Nobel.
Os exemplos chegariam a várias centenas. Edmilson Sanches ainda comentou sobre o responsável pela criação do Ministério da Agricultura, João Christino Cruz, caxiense, que estudou Agricultura na Suíça, Alemanha, França e Inglaterra; Ubirajara Fidalgo, de Caxias, maior dramaturgo negro do Brasil; o maior matemático do Brasil e um dos maiores do mundo, Joaquim Gomes de Sousa, o Sousinha, de Itapecuru-Mirim; o caxiense Joaquim José de Campos Costa Medeiros e Albuquerque, responsável pela realização do primeiro Censo demográfico do Brasil.

Também soram evidenciados Raimundo Teixeira Mendes, criador da Bandeira Brasileira, redator das primeiras leis de proteção à mulher trabalhadora, ao menor trabalhador, ao doente mental, aos índios, autor dos dispositivos da Constituição Brasileira que pela primeira vez instituíram a liberdade de crença e culto e a separação Igreja-Estado; Coelho Netto, de Caxias, mais lido escritor de seu tempo no Brasil, indicado ao Prêmio Nobel, autor da proposição que resultou na criação da letra para o Hino Nacional, introdutor do cinema seriado no Brasil (que deu origem às séries e novelas de TV).
A lista prossegue com Antônio Eugênio Richard Júnior, de Grajaú, engenheiro que criou a primeira companhia imobiliária do Brasil e deu nome aos bairros Grajaú do Rio de Janeiro e São Paulo; Mãe Andresa Ramos, líder espiritual nascida em Caxias, última princesa de etnia africana nobre, estudada por antropólogos, escritores e pesquisadores de vários países; Liene Teixeira, caxiense, primeira mulher a se formar engenheira agrônoma na Universidade Federal de Viçosa e, depois, doutora em Botânica pela universidade de São Paulo, além de uma das nove primeiras mulheres brasileiras a ter curso superior; Armando Maranhão, de Caxias, considerada a “Pedra Angular do Teatro Paranaense”, estudou com os maiores diretores do Cinema mundial, como Federico Fellini, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni, Sir Laurence Olivier.
Os destaques continuam com João Mendes de Almeida, caxiense, redator da Lei do Ventre Livre; Cândido Mendes de Almeida, de Brejo, que dá nome à mais antiga Universidade privada do Brasil, no Rio de Janeiro; professor Tarquínio da Silva, de Viana, considerado “Mestre dos Mestres” em São Paulo; o caxiense Celso Antônio de Menezes, escultor, escritor e professor, introdutor do Modernismo nas Artes Plásticas; Sinval Odorico de Moura, conselheiro do Imperador, exemplo de administrador, que governou quatro Estados brasileiros; Odylo Costa, filho, de São Luís, que fez a renovação do Jornalismo brasileiro, a partir de sua direção do “Jornal do Brasil”, no Rio de Janeiro; Elpídio Pereira, caxiense, diplomata, maestro e compositor, aplaudido na França e outros países.

Com esses e outros exemplos e seus comentários, Edmilson Sanches foi ampliando ainda mais o conhecimento e o sentimento de maranhensidade da plateia que o ouvia atenta. Ao final, os aplausos foram intensos, com grande parte dos presentes aplaudindo de pé um dos mais marcantes testemunhos de amor e consciência crítica em relação à terra de nascimento.
Ex-procuradora de Justiça e atual corregedora-geral do Ministério Público do Maranhão, Fátima Travassos declarou: “Parabéns! Você é indispensável na literatura e na cultura maranhense, pra não dizer, brasileira! Adorei sua palestra!”
Da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, o escritor, médico e professor dos cursos de Medicina da UFMA e UniCEUMA, Hilmar Ribeiro Hortegal escreveu: “Parabéns. Bela palestra. Muito interessante”.
O escritor e padre da Igreja Ortodoxa José Caetano Cardoso de Sousa, de Parnaíba, presente na solenidade, disse: “Meu nobre professor Edmilson Sanches, parabéns pela sua belíssima palestra. Eu assisti atentamente, sem nem piscar, para não perder nada. Gostei demais.. O senhor realmente é uma potência. Muito bem feita a palestra. Parabéns. Deus lhe abençoe.”
O acadêmico Jonílson Bogéa, do IHGM, escreveu: “Parabéns, meu Confrade! Sua palestra foi ótima!”. Manifestações e cumprimentos pessoais foram dirigidos para Edmilson Sanches após a palestra. O médico, pesquisador, escritor e ex-reitor da UFMA Natalino Salgado Filho cumprimentou Sanches e o presenteou com seu livro, com bela dedicatória, “Tarquínio Lopes Filho – Médico, Político, Jornalista, Administrador que Virou Mito”.

Ao final, Edmilson Sanches autografou diversos de seus livros, que estavam em exposição durante a solenidade, e ouviu sugestões para transformar em livro, com a ampliação possível, a grande palestra que acabara de proferir e que marcou a noite de 20 de novembro de 2025, quando o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão completou exatamente um século de existência.
FOTOS:
Edmilson Sanches na tribuna. Assistentes no auditório. Com o presidente do IHGM, José Augusto Silva Oliveira, e Elimar Figueiredo, primeira procuradora-geral de Justiça do Ministério Público do Maranhão após a Constituição de 1988. Autografando livro para o juiz de Direito, pesquisador, escritor e acadêmico Agenor Gomes e o engenheiro civil, pesquisador, escritor e acadêmico Irandi Marques Leite. E o bolo do Centenário.