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Como o velho fazendeiro que era, todo dia acordando cedo para a vida, neste 11 de março de 2021 João Batista Pacheco acordou cedo... para a morte.

Era fim da madrugada ou início do amanhecer de hoje, quinta-feira. Ao lado da esposa, Lourdes Pacheco, João Batista fez menção a uma dorzinha no peito. Tornou-se desnecessário o cuidado de sua zelosa mulher na busca dos comprimidos: o Pachecão já havia partido, à frente de todos – mulher, filhos, netos e demais parentes –, para preparar os vastos campos celestes quando o tempo de cada um aqui na Terra se tiver exaurido.

Faltando três meses e 24 dias para completar 81 anos, Pacheco, mineiro de nascimento, ainda teve tempo e energia suficientes para vencer a covid-19. Mas o coração percussionista andava fraquejando em seus baticuns. E só parou como coração de lutador, que sabe a hora de parar – mansa e discretamente, como ocorre entre mineiros mansos e discretos... (Em 20 de maio de 2020, Pacheco referia-se a seu coração, em mensagem para uma prima: “Nada mudou; ocorre que há algum tempo estou com um problema cardíaco em tratamento. Para o próximo [ano] estarei reiniciando minhas atividades”. Como se vê, Pacheco tinha planos de incrementar seu trabalho).

João Batista Pacheco era meu amigo. Trabalhamos juntos muitos anos no Banco do Nordeste do Brasil (BNB), instituição financeira do governo federal considerada a maior da América Latina em termos de financiamento do desenvolvimento regional. Em umas raras vezes nos últimos tempos, encontramo-nos pelas ruas e conversamos. Sempre vinha um bordão só nosso: “Piada boa danada!” (Veja adiante).

Pacheco era chefe da Carteira de Crédito Rural, e eu, investigador de Cadastro. Juntos, Pacheco e eu, mais a participação do fiscal agrícola José Antônio da Nóbrega, quantas viagens fizemos pelos diversos municípios da imensa área de jurisdição da agência local do Banco do Nordeste naqueles idos das décadas de 1970 e 1980. Cabia ao Pacheco conversar com o futuro cliente sobre as condições dos empréstimos e financiamentos; Nóbrega visitava as terras e o que elas continham (benfeitorias, pastagem, animais, máquinas etc.); e eu era o responsável por colher informações do pretenso futuro cliente e sobre ele, pesquisando com pessoas físicas e jurídicas que nem o próprio futuro cliente atinava. Além disso, se o cliente fosse empresa (pessoa jurídica), eu, como contabilista registrado, analisava anos de balanços e balancetes, calculava índices financeiros, de liquidez, do imobilizado etc., projetava faturamento baseado em declarações atestadas por colega da área contábil, rebuscava uma parte da vida pessoal e profissional do cadastrando, praticamente rastreando seus passos por quase toda a vida nas diversas cidades e Estados por onde eu descobrira que o cliente andou, negociou, trabalhou, morou, deixou rastros – positivos, de preferência... ou o negócio parava ali mesmo e nada de financiamento.

Nas viagens, era Pacheco quem dirigia o próprio carro dia afora e noite adentro. Às vezes, em lugar ermo, parávamos para “calibrar” melhor a pontaria e as armas que levávamos, àquela época legais e necessárias, haja visto o sem-número de incidência de assaltos, mortes, ataques que comumente se davam nas péssimas estradas que, “ex officio”, éramos obrigados a percorrer.

Mas o clima interior, isto é, a animação dos três amigos era tal que estradas péssimas eram só moldura, não o quadro principal... Ríamos muito pelo caminho. O fiscal Nóbrega, com um jeito bem peculiar (quase sem graça...) de contar piada, quando contava, a gente achava que a anedota ainda prosseguiria. Ninguém ria... até o Pacheco olhar assim para mim e dizer: “– Piada boa danada, hein, Sanches!” E todos ríamos da observação do Pacheco e da sem-gracice das anedotas do bom benebeano Nóbrega, sujeito tranquilo, de boa índole.

Certa vez, fomos financiar as exposições agrícolas de Carolina e de Grajaú (a Expoagra) – é claro, cada uma a seu tempo. Não sei exatamente em qual dos dois municípios deu-se que se aproximou de nós, como é natural nesses eventos, dois bons cantadores e suas violas, fazendo versos de improviso – a gente dava o mote, e eles ampliavam. Depois de um certo tempo, vendo que nós três éramos chegados a ouvir os bons repentes, desafios, improvisos e versos outros, os violeiros decidiram fazer versos a partir dos nossos nomes. Inicialmente, perguntaram ao Pacheco o nome completo:  “– João Batista Pacheco”. Aí, os cantadores fizeram festa, rimando com “João Batista” e cruzando com passagens da história do santo pregador e batizante de Cristo.

Depois, foi a vez do Nóbrega – “– José Nóbrega Rocha”, disse o fiscal. Pra quê! Os violeiros serviram um prato cheio de rimas (com “José” e “Rocha”), além de informações onde pontificava a figura do padre jesuíta português Manuel da Nóbrega, fundador, com José de Anchieta, da cidade-capital São Paulo.

Quando chegou a minha vez – e o Pacheco costumava lembrar e rir muito dessa lembrança –, os violeiros, após ouvirem meu nome completo, encostaram o rosto ao cabo de suas violas, olhavam para cima, ficavam dedilhando as cordas... e nada dos versos saírem... Acontece que meu antropônimo – “Edmilson Sanches” – era tão poeticamente pobre que não havia, assim à mão, o que evocar a partir de meu nome e sobrenome. Um nome sem versatilidade para a versificação... E ali estavam os dois violeiros aqui e acolá repetindo: “– Sanches... Sanches... Sanches...”, e as musas não facilitavam o trabalho dos moços cantadores...

Nem os maiores dicionários registram, entre seus verbetes, palavras que rimem com “edmilson”; e, para “sanches”, temos uns poucos e rebuscados exemplos para plurais de uma meia dúzia de palavras em um universo de mais de quatrocentas mil: as quedas de neves, por exemplo, chamadas avalanches; os indígenas norte-americanos denominados comanches; os desmontes de veículos e máquinas apelidados desmanches; as refeições rápidas, os lanches; as alavancas de comando dos aviões – manches; o nome mais sutil para desforras e vinganças – revanches; e apelar para o plural de um dialeto em um determinado cantão da Suíça – romanche. Ou desdobrar-se na segunda pessoa do singular para flexões de verbo que resulte, por exemplo, em “enganches”, “arranches”, “manches”, ou nomes próprios como “Abranches”... É muita “sofisticação”... Melhor fazer o que nós fizemos: convidamos os dois cantadores para se abancarem à mesa e partilharem dos comes e bebes e das falas e risos – sem esquecer a justa paga pelo tempo e talento dos dois.

Outro momento que ficou como anedota na história da primeira década do BNB em Imperatriz foi quando João Batista Pacheco e seu subordinado (e também substituto) Antônio Bento de Araújo se esbarraram, colidiram no meio da escada de acesso ao segundo andar, onde ambos trabalhavam. Um vinha subindo e, o outro, descendo. Após darem de frente um contra o outro, um deles teria observado: “– Você não olha por onde anda?!” Ao que o outro respondeu: “– E tu, que não anda por onde olha!”

O episódio foi motivo de saudável bom humor. Acontece que tanto o Pacheco quanto o Bento eram portadores de estrabismo, cada um de um tipo – divergente e convergente, quando os olhares, para alguém não estrábico, “não combinam” com os passos que dão. Resultado: colisão frontal... Nada de ressentimentos.

*

João Batista Pacheco era mineiro da cidade de Januária, famosa, além de sua cachaça, por ser cidade com diversos estabelecimentos de ensino superior. Quando veio de lá para Imperatriz, Pacheco trouxe também a esposa, Lourdes (nascida em Montes Claros), e dois filhos januarenses, Pacheco Filho, microempresário, e Mônica, odontóloga. Em Imperatriz, o casal teve o caçula, Políbio, empreendedor do setor de irrigação. Os dois filhos lhe deram quatro netas: Marília, Ana Carolina e Ana Beatriz, filhas de Antônia e Pacheco Filho; e Laís, filha de Tânia Menezes e Políbio.

Depois de aposentado, Pacheco cuidava de umas terras (fazenda) que tinha em Montes Altos (MA). Estudioso, era uma sumidade em assuntos rurais. Bem diferente da ridicularia de seu homônimo Pacheco, da ficção de Eça de Queirós em sua fictícia correspondência de Fradique Mendes, o nosso João Batista Pacheco era mineiro ladino, vivaz, esperto. Aqui e acolá, tinha seus rompantes, se a coisa não saía como deveria ser – mas todos temos esses momentos (faz parte...).

Pacheco já conhecia bem de leis e jurisprudências, pelos rigorosos estudos de formação interna no Banco e pelas características e qualidade de seu alto cargo de gestor, como responsável por assinar contratos de milhares e de milhões. Buscando aperfeiçoamento e até, quem sabe, uma futura profissão (em que se daria muito bem, se tivesse concluído), estudou Direito – mas, já perto de formar-se, desistiu; entretanto, elaborava peças processuais com esmero, auxiliando mesmo advogados de carreira.

Pacheco tinha condições e teve convites para ser gerente e comandar sua própria agência bancária, mas preferiu a estabilidade da família à ascensão para um posto cujas atribuições ele, de há muito, as conhecia. Pra que debandar com a família de um lado para o outro do país, por causa de uns poucos reais a mais no salário? Melhor o sossego construído ao longo de anos em Imperatriz...

João Batista Pacheco saiu de sua cidade à margem esquerda do Rio São Francisco e veio trabalhar, veio de vez e para sempre para a cidade-majestade à direita do Rio Tocantins. Da mineira Januária à maranhense Imperatriz, são perto de 1.600 quilômetros, por terra. Um dia de viagem.

Acostumado a grandes distâncias, bom motorista que era, João Batista Pacheco demorou-se bem pouco para a última de suas viagens...

... pois o caminho dos Céus se percorre apenas com um fechar de olhos.

Ou um último suspiro.

Ou uma última batida do coração... – tum... tum... tu... t... ...

*

Toc toc toc.

Abre o portão, São Pedro.

João Batista chegou.

*

Abraço na Lourdes, Pachequinho, Políbio, Antônia, Tânia e os netos daquele que em vida era e em memória é João Batista Pacheco.

Descanse em paz, Amigo.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

João Batista Pacheco (Pacheco Joao Batista) quando jovem e com a esposa, Lourdes Pacheco, em momento de lazer nas águas e praias fluviais do Rio Tocantins.

Brasília (DF) 07/03/2024 - Clube de Leitura CCBB
Foto:  Clube de Leitura CCBB/Divulgação

O Clube de Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ) inicia suas atividades anuais, no próximo dia 13, no Salão de Leitura da Biblioteca, a partir das 17h30, tendo como tema de estreia, em alusão ao mês da mulher, a literatura negra feminina no Brasil.

“Na verdade, nos reunimos em torno de uma pergunta: Literatura tem gênero e cor?”, disse à Agência Brasil a curadora do clube, Suzana Vargas, poeta, ensaísta, escritora, professora e mestre em teoria literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As rodas de conversa ficarão gravadas e serão disponibilizadas no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento.

Para o encontro de abertura, foram convidadas duas escritoras negras: Marilene Felinto, autora da obra As Mulheres de Tijucopapo, escrita na década de 1980 e que foi definida como uma bandeira do feminismo, e a escritora contemporânea Eliana Alves Cruz, com o livro O Crime do Cais do Valongo, que aborda a questão da negritude, tendo como pano de fundo a história do Brasil escravocrata.

O debate conta com participação especial da poeta e filósofa Viviane Mosé. Nele, serão levantadas, entre outras questões, se uma mulher pode escrever como homem ou um homem pode escrever como mulher; e quais são as marcas de que uma literatura é feminina ou negra, informou Suzana Vargas.

Os dois livros que serão discutidos foram escolhidos por votação popular entre os participantes do Clube no X (antigo Twitter), logo depois do Carnaval. Foram sugeridos ao público dois livros de cada autora convidada.

Autoras

Marilene Felinto é pernambucana, jornalista e escritora, graduada em letras. É, também, tradutora, romancista e cronista. Seu primeiro livro, As mulheres de Tijucopapo, ganhou o Prêmio da União Brasileira dos Escritores (1981) e o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 1982.

“É sempre surpreendente que o romance As Mulheres de Tijucopapo, publicado 42 anos atrás, escrito quando eu tinha 22 anos, desperte a atenção de gerações mais jovens, como acontece hoje”, destacou Marilene. Eliana Alves Cruz é escritora, roteirista, jornalista e apresentadora. Ganhou o Prêmio Jabuti de contos, em 2022.

A obra As Mulheres de Tijucopapo narra a viagem de retorno da narradora Rísia a Tijucopapo, local fictício de nascimento de sua mãe, evocando a história real do local, em Pernambuco.

No século XVII, a cidade foi palco de uma batalha entre mulheres da região e holandeses interessados em saquear o Estado. Nas entrelinhas, As Mulheres de Tijucopapo revelam as contradições inerentes à sociedade e à cultura multirracial brasileira.

Já O crime do Cais do Valongo é um romance histórico policial que começa em Moçambique e se estende até o Cais do Valongo, que foi porta de entrada de cerca de um milhão de escravizados entre 1811 e 1831 no Rio de Janeiro e reconhecido como patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2017.

Tema contemporâneo

Na avaliação de Suzana Vargas, a literatura feminina negra é um tema muito contemporâneo, que precisa de reflexão. “Tanto para quem faz literatura, como para quem é leitor. Porque o Brasil está vivendo um momento em que as questões da negritude, as questões da mulher, a diversidade, estão muito presentes hoje na produção literária contemporânea. Assim como a literatura indígena”.

Por isso, a curadora acredita que o Clube de Leitura vem trazendo um modo de formar e informar os seus leitores sobre as questões principais da literatura produzida no Brasil atual. “Acho que, de fato, é uma discussão urgente e importante nesse dia, com as duas autoras e personagens que a gente vai poder brindar o público, e com a literatura que elas produzem”. Este será o quarto ano do Clube de Leitura do CCBB RJ.

Calendário

O Clube de Leitura do CCBB RJ terá dez encontros este ano, cada um com duração de uma hora e meia. Até o próximo mês de julho, já estão definidos os temas e convidados que participarão das atividades. A retirada dos ingressos é feita a partir das 9h do dia do evento na bilheteria física ou no site.

Em abril, o clube terá como tema caminhos e descaminhos indígenas. Participarão a autora Eliane Potiguara e a jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum. O convidado especial será Anapuaka Tupinambá, comunicador e entusiasta da cultura digital indígena. É fundador e presidente-executivo (CEO) da Rádio Yandê, primeira rádio indígena do Brasil.

Em maio, o clube vai tratar do escritor clássico brasileiro Lima Barreto. Quem falará sobre ele é Lilia Schwarcz, historiadora e antropóloga brasileira, e Beatriz Resende, pesquisadora e professora titular de letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Suzana Vargas será a mediadora.

Em junho, o tema de debate será a escritora Clarice Lispector e seu livro A Paixão Segundo G.H. O cineasta Luiz Fernando Carvalho, que está lançando um filme sobre essa obra, conversará com o público, além da biógrafa da escritora, Nádia Gotlib, e a roteirista Melina Dalboni. Haverá participação especial da atriz Maria Fernanda Cândido, por videoconferência, que fez o papel de Clarice Lispector no filme.

Para o encontro de julho, o tema escolhido é As 7 Cores da Palavra, Literatura e Diversidade. Já estão confirmadas as presenças de Guilherme Terreri Lima Pereira, mais conhecido pelo nome artístico Rita von Hunty, que é professor, ator, youtber, comediante, palestrante e drag queen brasileiro, e Tom Grito, artista trans que defende a tradição da poesia falada. A programação do segundo semestre ainda está sendo elaborada.

No ano passado, 1.243 pessoas participaram presencialmente do Clube, que recebeu os escritores Paula Tavares; Milton Hatoum; Gonçalo Tavares; Gregório Duvivier; Cida Pedrosa; Eliakin Rufino; José Eduardo Agualusa; Luiz Fernando Carvalho e Ítalo Moriconi; Conceição Evaristo; Mia Couto; e Antonio Torres. 

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília(DF), 06/03/2024 - Valdina Ferreira, caloura de Biologia,faz parte da seleção divulgada pela UNB para fazer o registro acadêmico para começar a estudar. Foto:Wilson Dias/Agência Brasil

Dia 18 de março, uma segunda-feira, será um dia especial para a Universidade de Brasília. A partir da data, 136 calouros com 60 anos ou mais, os 60+, iniciam ou recomeçam suas vidas acadêmicas. Eles são os estudantes aprovados no fim de fevereiro no vestibular que a UnB realizou especialmente para esse público.

Os novos alunos têm de 60 a 78 anos. Seis de cada dez estudantes são mulheres e quatro são homens e vão estudar em 37 cursos presenciais, diurnos e noturnos, nos quatro campi da UnB – Asa Norte, Ceilândia, Gama e Planaltina.

Os calouros venceram uma corrida bem afunilada. Mais de 3 mil pessoas se inscreveram, 1.979 realizaram a prova de redação em língua portuguesa no dia 28 de janeiro. Desses, menos de 7% estão entrando na universidade. A graduação com maior número de inscritos foi o curso de psicologia, com 566 candidatos para apenas duas vagas.

A grande procura não foi prevista pela UnB. “Foi uma surpresa muito grande. A gente não esperava realmente essa quantidade”, disse Thaís Lamounier, diretora de Inovação para o Ensino de Graduação, do Decanato de Ensino de Graduação.

Para ela, o convívio diminuirá preconceitos contra idosos e haverá “troca” entre os alunos idosos e os jovens alunos de graduação. “Os mais velhos vão ensinar bastante com a sua experiência. Os mais jovens vão ensinar sobre questões institucionais e ajudar na adaptação do público mais velho à universidade”.

A diretora avalia que a UnB, pioneira na política de ingresso por cotas raciais, vai ficar “ainda mais colorida” com as pessoas idosas de cabelos brancos. “Esses cabelos brancos vão começar a escrever uma nova história da instituição, pode ter certeza”.

Nova história

Brasília(DF), 06/03/2024 - Valdina Ferreira, caloura de Biologia, e sua filha Patricia, faz parte da seleção divulgada pela UNB para fazer o registro acadêmico para começar a estudar. Foto:Wilson Dias/Agência Brasil
Valdina Ferreira e sua filha Patrícia

Reescrever a história para qual estava predestinada foi o que sempre fez Valdina Ferreira Paiva, ou apenas Dina, caloura de licenciatura de biologia (período noturno). Ela tem 60 anos, é mãe solo de três filhas e já trabalhou como empregada doméstica e diarista.

Por ter morado em zona rural onde não havia escola, ela parou de estudar. Depois de adulta, recuperou o tempo perdido fazendo supletivo para concluir o ensino fundamental e em seguida cursando a Educação de Jovens e Adultos (EJA) para se formar no ensino médio.

A oportunidade de estudar apareceu após passar em um concurso público aos 28 anos para trabalhar no Jardim Botânico de Brasília, onde ainda se dedica ao herbário com mais de 40 mil espécies. Foi no trabalho também que passou a se interessar por biologia e, por isso, nutre expectativa positiva para a vida universitária. “Acredito que vai ser muito bom. Vou desbravar conhecimentos e reafirmar o que eu já aprendi na prática”.

Dina não vai afastar-se do trabalho e pretende ir além. “Pra quem não gosta de ficar parado, eu vou ter muita coisa pra fazer ao longo dessa minha vida. Posso entrar na área de pesquisa”, prevê.

De exatas para humanas

Brasília(DF), 06/03/2024 - João Aloisio, calouro de História, faz parte da seleção divulgada pela UNB para fazer o registro acadêmico para começar a estudar. Foto:Wilson Dias/Agência Brasil
João Aloísio

No caso de João Aloísio Vieira, 63 anos, a universidade será a ocupação principal após se aposentar em setembro, como analista de infraestrutura do Ministério das Comunicações. Engenheiro elétrico em sua primeira graduação há 40 anos, João vai cruzar a fronteira entre as ciências exatas e as ciências humanas. Ele é calouro de história (período diurno).

“Talvez, eu possa me interessar pela história da matemática, porque está relacionada com as exatas”, especula o novo aluno da UnB. A mudança de território de conhecimento e a expectativa de se relacionar com pessoas bem mais jovem não assusta ao novo estudante. “Olha, eu tenho uma expectativa muito boa, eu sou assim fácil de lidar. Tenho facilidade de conversar com as pessoas, me dou bem com jovens, inclusive. Então, acho que vai ser muito bom”, afirmou.

Brasília(DF), 06/03/2024 - Augusto Ferradaes, calouro de Física, faz parte da seleção divulgada pela UNB para fazer o registro acadêmico para começar a estudar. Foto:Wilson Dias/Agência Brasil
Augusto Ferraz

Já aposentado, Augusto Gonçalves Ferraz, de 63 anos, também está sereno com sua estreia na UnB e o convívio com a mocidade colega. “Talvez seja diferente no começo, mas acredito que é só ali no começo, né? Creio que com o tempo, poucos dias, a coisa vai ficar tão normal, tão natural que ninguém vai mais reparar”.

(Fonte: Agência Brasil)

Nereu Bittencourt, 144 anos (8/3/1880 – 11/9/1963)

– 144 anos de nascimento do professor, jornalista, escritor e gestor caxiense.

*

Até umas poucas décadas atrás, quem viesse de São Luís (MA) para Teresina (PI) por via rodoviária (BR-022) teria de passar, obrigatoriamente, pela região central da cidade de Caxias. Passaria pela Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, à margem esquerda do rio de minha infância, o Itapecuru, no Bairro Tresidela, que foi onde Caxias começou. (A Igreja Nossa Senhora de Nazaré completa 205 anos em 2024 – seriam 264 anos se a primeira construção, de 1760, houvesse sido mantida).

Continuando o percurso: logo adiante, após a Igreja de Nazaré, o viajante passaria pela Ponte Eugênio Barros, de concreto, inaugurada em 22 de janeiro de 1956 e que ficou mais conhecida como “ponte de cimento”. (Por essa ponte, tantas vezes a pé, eu transitei e de onde, quando menino, jogava câmara de ar, de pneu, e me atirava do alto para tibungar no Rio Itapecuru e ir, deitado na boia, até o “Porto dos Homens”, no começo da Rua da Galiana). A construção da “ponte de cimento” deve ter sido estimulada pela destruição, por sucessivos desabamentos ou enchentes, das pontes de madeira que interligavam a Tresidela ao centro – a ponte de madeira iniciada em 1826 desabou em 1830; a ponte inaugurada em 1884 caiu após 40 anos, em 1924; a ponte inaugurada em 1929, desmoronou-se anos depois; e a ponte inaugurada em 1981, foi levada pelas águas (pluviais) de abril, em 1995. Morei na Rua Bom Pastor, bem próximo ao “Porto Grande”, um dos lados, no centro de Caxias, unidos por essas pontes.

Voltando à ponte de cimento: Quem vinha de São Luís no rumo de Teresina passaria, logo após a ponte, pela Rua 15 de Novembro, que, desde a década de 1960, é a Avenida Nereu Bittencourt, por proposição do à época vereador e intelectual caxiense Osvaldo Rodrigues Marques, que foi diretor do antigo Centro Cultural Coelho Neto, fundado em 1947, já extinto.

Após a Avenida Nereu Bittencourt, continuava-se o caminho para Teresina dobrando-se à esquerda, passando pelo grande e icônico prédio da antiga Companhia Manufatora Caxiense, de 1892, hoje com nome de “centro cultural” mas abrigando inapropriadamente órgãos administrativos municipais. Dali em diante, o viajante pegaria a Avenida Central, antiga Estrada de Rodagem Central, até conectar-se com a atual BR-316 e chegar a Timon e, depois, a Teresina.

Mas... estacionemos na mão certa, na Avenida Nereu Bittencourt. O homem desse nome era professor, jornalista e escritor e nasceu em Caxias, em 8 de março de 1880. Era filho de Maria José de Moura Bittencourt e de Altino Bittencourt, empresário, ex-diretor da Companhia de Navegação a Vapor do Maranhão.

Aos 83 anos, Nereu Bittencourt morreu onde nasceu, em Caxias, em 11 de setembro de 1963. Foi enterrado no Cemitério dos Remédios, Bairro Castelo Branco, não tão distante do Ginásio Bandeirantes (Duque de Caxias), onde estudei os quatro anos do atual ensino fundamental 2 (ou anos finais).

Nereu Bittencourt tentou estudar Medicina em São Paulo, mas terminou por se formar em curso da área de Humanas, em Campinas, onde foi aluno do centenário Colégio Culto à Ciência (estabelecimento de ensino fundado em 12 de janeiro de 1874 e frequentado por aluno famosos, como o pioneiro da aviação Alberto Santos-Dumont, o poeta Guilherme de Almeida, o jornalista Júlio de Mesquita, fundador do jornal “O Estado de São Paulo”, além de nomes do meio artístico, como o apresentador Fausto Silva e os atores Carlos Zara e Regina Duarte, entre outros). Lembremo-nos de que outro grande caxiense esteve em Campinas e, ao contrário de Nereu, que foi para lá aprender, ele ensinou – foi Coelho Netto, que, aprovado para docência no maior município paulista após a capital, ali se tornou referência de brilho intelectual e enriqueceu a dramaturgia e cultura locais.

Nereu Bittencourt retornou ao Maranhão pela capital, São Luís, onde, começando o século XX, deu aulas no Colégio de Santana, fundado no século XIX, e integrou a Oficina dos Novos, instituição criada em 1900, embrião da Academia Maranhense de Letras e que tinha como patrono outro caxiense, Gonçalves Dias.

Após voltar para Caxias, Nereu esteve em 1906, no Externato Benedito Leite (mesma denominação de estabelecimentos de ensino fundados em Imperatriz [1903], Axixá e Carolina [1927]). Os bem falados estabelecimentos de ensino Ginásio Caxiense e Escola Normal tiveram, em sua história, o notável Nereu, que, neles, foi professor e diretor. Ministrava aulas de Língua Portuguesa e Língua Francesa, idiomas que dominava à perfeição. A professora universitária Erlinda Maria Bittencourt, neta de Nereu, informa que, além do Português e do Francês, Nereu Bittencourt dominava outros cinco idiomas – entre estes, provavelmente, o Latim, pois era sabido que o professor detinha vasta e sólida cultura humanística, em que se incluíam os clássicos da Língua de Cícero e da República Romana. (O próprio nome “Nereu” é dado a um santo e mártir romano, possivelmente ex-soldado perseguido e morto pelo imperador Diocleciano, no século III. O nome “Nereu”, entretanto, é de origem grega: “Nêreús”, do verbo “néein”, “nadar”. Nereu era um deus do mar, na mitologia grega, pai das nereidas, as belas e moças ninfas. Conhecido e reconhecido por suas virtudes, inclusive a da verdade, Nereu é citado pelo poeta e historiador grego Hesíodo, do século VIII antes de Cristo, em sua obra “Teogonia”, de 1.022 versos: “Mas Pontos, o grande mar, era pai do veraz Nereu que não conta mentiras, o mais velho de seus filhos. Eles o chamam de Velho Gentil, pois ele [Nereu] é confiável, gentil, e nunca esquece o que é certo, mas os pensamentos de sua mente são suaves e justos”.

Em 2013, localizei, em Santa Inês (MA), uma foto do professor Nereu com alunas do Colégio Caxiense e colegas professoras, entre elas Filomena Machado Teixeira, a Filozinha, que foi minha professora no Ginásio Bandeirantes e minha vizinha, de fundo de quintais, no centro de Caxias. A foto foi cedida por uma das ex-alunas de Nereu Bittencourt, a professora Marly Viana, nascida em Caxias.

O conteúdo humanístico e a experiência educativa de Nereu Bittencourt levaram-no à direção de uma instituição símbolo da Educação e Cultura maranhense: a Biblioteca Pública Benedito Leite, fundada em 1829 e uma das onze maiores do Brasil. Nela, como diretor, Nereu contrapôs-se ao espírito ditatorial reinante à época e construiu um ambiente de liberdade intelectual. Quem convidou o professor caxiense para a maior biblioteca do Estado foi outro caxiense, o advogado Paulo Martins de Sousa Ramos, que administrou o Maranhão por longo período, de 15 de agosto de 1936 a 25 de abril de 1945, tempo em que, entre tanto que fez, criou o Banco do Estado do Maranhão, a Rádio Timbira, o Departamento de Estradas e Rodagens (DER).

Nereu Bittencourt casou-se com Erlinda de Oliveira Bittencourt, e o casal teve três filhos: Hélio, odontólogo; Myron, bancário; e Onildo, funcionário público federal, vinculado à Rede Ferroviária Federal S. A. Teve uma prima, Lili Bittencourt, que, à maneira de Gonçalves Dias e Ana Amélia Ferreira Vale nos meados dos anos 1800, foi a grande musa, paixão, inspiração e amor irrealizado do poeta caxiense Vespasiano Ramos (1884-1916). Vespasiano, além de conterrâneo, foi colega de Nereu na Oficina dos Novos, em São Luís. Diz-se que, em razão do amor não correspondido, Vespasiano Ramos teria debandado para a Amazônia, fazendo pouso e rima com Rondônia, onde, em Porto Velho, está enterrado. (O governador caxiense João Castelo Ribeiro Gonçalves até que baixou decreto para trazer os restos mortais de Vespasiano para sua terra... mas quem diz que neste país se cumpre lei?...).

Em 1961, dois anos antes de sua morte, Nereu Bittencourt teve um conjunto de seus sonetos publicado em livro, sob o nome de “Poesias”. A obra, custeada por amigos, saiu sob o selo das Edições Aldeias Altas, criado por Amandino Teixeira Nunes, piauiense nascido em Regeneração, em 8 de abril de 1922, e que marcou época em Caxias como promotor de Justiça. Foi, também, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (Cadeira nº 43).

Nereu Bittencourt dedicou a maior parte de seus 83 anos, seis meses e três dias de vida à Educação, à História e à Cultura de sua cidade e de seu Estado. Em vida, foi alvo de homenagem em Caxias, em 15 de novembro de 1955: a inauguração de uma escola municipal com seu nome. A distinção foi feita, à época, pelo prefeito Aniceto de Almeida Cruz, grande empresário caxiense, pai de minha madrinha Lurdinha Cruz e sócio honorário do Centro Cultural Coelho Neto.

Não bastassem seus feitos como gestor de escolas e biblioteca, sua dedicação como professor, suas qualidades de cultor da Língua Portuguesa e autor de poemas de fina composição, Nereu Bittencourt foi ainda a mais expoente figura na defesa da permanência do nome “Caxias”, de nossa terra, que se viu ameaçada de ter de mudá-lo, ante a força econômica e política com que queria se impor o município de Caxias do Sul. Naqueles meados da década de 1940, era legalmente proibida no Brasil a denominação de mais de uma cidade com o mesmo nome. Caxias do Sul queria que seu topônimo fosse só “Caxias”, com o que pretendia homenagear o militar Duque de Caxias, o Patrono do Exército Brasileiro. Esse município sul-rio-grandense chegou a ser qualificado de “cidade gaúcha de grande importância comercial, a ponto de seus produtos serem rotulados como de Caxias”. Quem assim escreveu foi  José Carlos de Macedo Soares, à época o primeiro presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O paulista e paulistano Macedo Soares (1883-1968) foi jurista, historiador, escritor e político, tendo ocupado elevados cargos na vida pública e privada nacional, desde presidente da Associação Comercial de São Paulo a até duas vezes ministro (Justiça e Relações Exteriores), além de interventor federal do Estado de São Paulo (1945-1947), membro das Academias Paulista e Brasileira de Letras. Foi embaixador e cognominado de “o príncipe da conciliação”.

Como se deduz, o presidente do IBGE, Macedo Soares, em sua correspondência (telegrama) de 1º de novembro de 1943, era explicitamente, embora “diplomaticamente”, a favor de que a maranhense Caxias mudasse de nome, a ponto de sugerir que nossa honrada e honrosa cidade “passasse” a se chamar “Marechal Caxias” ou “Caxias do Norte”.

Aí entrou em cena o prefeito caxiense, Otávio Vieira Passos. De modo lúcido, determinou ao secretário Arthur Dias de Paiva que encaminhasse ofício e cópia do telegrama do Sr. Macedo Soares a ilustrados caxienses, aos quais consultou sobre a pertinência da troca de nomes. Das respostas recebidas, a que ficou conhecida foi a do professor Nereu Bittencourt, que a vejo transcrita no volume 15, página 126, da portentosa, volumosa, detalhada e pesadíssima coleção intitulada “Enciclopédia dos Municípios”, de meu acervo, que o IBGE publicou em 1959 (31 de janeiro de 1959).

Pode-se dizer: apesar da competência poética, literária e redacional do jornalista, escritor e professor, foi uma produção epistolar o texto possivelmente mais famoso de Nereu Bittencourt, por uma coincidência histórica e um motivo mais que relevante, pois estava em jogo o nome de Caxias – e nome, como se sabe, é o maior patrimônio... Eis a carta, de menos de 250 palavras, do professor Nereu, carta que deve ter servido de pá de cal nas tentativas e tratativas para trocar o grande pequeno nome de Caxias:

“Ilmo. Sr. Dr. Prefeito Municipal de Caxias. Convidado por V. Sª, em ofício de 16 do corrente, hoje recebido, a emitir opinião a respeito da mudança do nome desta cidade, pleiteada pela de igual denondominação do Rio Grande do Sul, que é menos antiga, eu o faço com a satisfação com que venho há 40 anos, embora parcamente, cooperando para a elevação cultural dos caxienses. Caxias tem, na história política do Brasil, um nome altamente honroso conquistado nas lutas pela independência de nossa pátria, e, na história cultural, a Princesa do Sertão fulgura, com o brilho magnífico dos astros de primeira grandeza que se chamaram Antônio Gonçalves Dias, Henrique Coelho Neto. Raimundo Teixeira Mendes, Cândido Mendes de Almeida, Teófilo Dias. Constelação tão brilhante não deu até hoje, ao Brasil, nenhuma outra cidade ou Estado brasileiro. Quando de volta do Rio de Janeiro, após brilhante desempenho da missão pacificadora que o trouxe a este Estado, o então General Luís Alves de Lima e Silva escolheu o nome da cidade invicta para o título nobiliárquico com que o agraciou o monarca brasileiro, Dom Pedro II. A escolha honrosa do grande soldado deveria bastar, para que nenhuma alteração sofresse o nome de Caxias. Ante ao exposto, não é justo que uma simples superioridade financeira, como alegada pela cidade rio-grandense, supere as glórias que Caxias conquistou, ou o orgulho que a exalta, de ter seu nome imorredouramente ligado ao nome da maior glória do exército nacional. Respeitosas saudações — (a) Professor Nereu Bittencourt.”

*

Embora lhe já tenham colocado seu nome em avenida, escola e o patronato de Cadeiras na Academia Caxiense de Letras e no Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, a obra poética de Nereu Bittencourt ainda é pouco conhecida, nunca estudada e quase sempre dela só têm ciência pessoas “do meio” literário caxiense, e em pequeno número. Arte para artistas...

Nomes como Libânio Lobo, Flávio Teixeira de Abreu e Mílson Coutinho não economizaram em dizer da grandeza cultural, da tessitura literária e do caráter do professor Nereu Bittencourt. Também o desembargador Arthur Almada Lima Filho, pesquisador e autor de livros de resgate da História caxiense, de quem editei e prefaciei livros, segue nesse reconhecimento, mas, responsavelmente crítico e cítrico, manda ver: “Gastam-se horas e louvaminhas a figuras de menor quilate. Deixa-se em penumbra um exemplo de acendrado amor à terra mãe e de vida edificante, além de uma obra poética de real valor”.

Esse é o tamanho do professor Nereu Bittencourt – e este é texto curto ante o que há de História e o que há de Literatura para, num misto de geólogo e arqueólogo, se escavar e descobrir nesse imenso campo de trabalho que é a vida desse professor.

Se, em 2020, não se comemoraram os 140 anos do nascimento de Nereu Bittencourt; se, no ano passado, em 2023, não se lembraram os 60 anos de sua morte, imagine se haverá qualquer movimentação agora em 2024, meados da contagem de mais uma década bittencourtiana, iniciada em 2021...

Para um homem que foi exemplo de pessoa e de profissional e que defendeu com ardor e fatos o nome de sua cidade, causa estranheza – e, mais que isso, causa tristeza – que não haja nenhuma manifestação pública em favor do resgate do nome, da vida e obra de Nereu Bittencourt. Autoridades públicas, produções universitárias, obras acadêmicas, trabalhos escolares... ninguém está nem aí. Os caxienses parecem não ter orgulho dos conterrâneos que tanto orgulho deram e dão a Caxias.

A reedição da obra de Nereu Bittencourt e seu (re)exame crítico-literário, um ciclo de palestras sobre sua vida e obra, entre outros eventos, poderiam contribuir para resgatar-se um pouco do muito que o ilustre intelectual caxiense é e fez.

Um resgate que nada incorporaria à grandiosidade própria do velho professor...

... –  mas que, certamente, diminuiria nossa dívida pública para com ele...

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

O professor Nereu Bittencourt, com alunas e colegas professoras do Colégio Caxiense, em Caxias (MA); a Escola Culto à Ciência, onde estudou, em Campinas (SP); e a avenida com seu nome, no centro da cidade (no centro da foto, no alto, a Igreja Nossa Senhora de Nazaré, do outro lado do rio Itapecuru, no bairro Tresidela, onde Caxias começou).

Brasília (DF), 08/03/2024, A conferência entra no seu último dia nesta sexta-feira (8). O tema é

A 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC), realizada pelo Ministério da Cultura (MinC), chegou ao último dia, nessa sexta-feira (8), em Brasília, com o tema central Democracia e Direito à Cultura.

Na plenária final, iniciada na noite da última quinta-feira (7) e encerrada nessa sexta-feira (8), os delegados apresentaram à ministra da Cultura, Margareth Menezes, as 30 propostas consideradas prioritárias, dos seis eixos temáticos da conferência. Após a análise, debates e votações durante 4 dos 5 dias da conferência, os mais de 1.200 delegados ainda ordenaram as propostas vencedoras em uma escala de votos recebidos.

A 4ª CNC encerrou o intervalo de mais de 10 anos, desde a última conferência, em dezembro de 2013. O evento começou com 140 propostas acolhidas nos municípios, Estados e Distrito Federal. Os grupos de trabalho escolheram 84 prioridades, que se transformaram em 30, nas plenárias dos seis eixos temáticos.

Durante a manhã dessa sexta-feira, na plenária final, os delegados ainda discutiram, modificaram, aprovaram e rejeitaram algumas propostas apresentadas durante a realização da 4ª CNC.

As dezenas de moções aprovadas em bloco na plenária final não entram no texto final das 30 propostas aprovadas pela conferência. Servem para marcar posicionamentos ou prestar apoio a ideias.

Brasília (DF) 07/03/2024 – 4ª Conferência Nacional de Cultura
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Avanços

A conselheira do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) produtora Mariana Queiroz apontou que, entre os avanços do texto final da conferência, estão, sobretudo, a valorização e visibilidade dada ao protagonismo dos mestres e mestras das culturas populares; o olhar para a cultura indígena como grande influenciadora da formação da identidade cultural brasileira. 

De acordo com a conselheira, outro ponto amplamente defendido foi a ampliação de representações de setores culturais no CNPC, como o audiovisual, a capoeira, a cultura digital, entre outros.  

Para o Colegiado Setorial de Culturas Populares, que faz parte da estrutura do CNPC, houve pedido para divisão em vários colegiados das culturas populares, devido às várias vertentes dentro da cultura popular. “Avalio que são inovações que teremos nesse próximo Plano Nacional de Cultura. Acho que passaremos 20 anos olhando para essa conferência de 2024, porque se produziu muito material”, disse Mariana Queiroz.

Outra questão aprovada entre as 30 propostas está o fortalecimento da Política Nacional das Artes, do Eixo 6 – Direito às artes e linguagens digitais. A previsão é de publicação de mais editais públicos para financiar projetos culturais que valorizem a inclusão e a diversidade de gênero, racial, cultural e artística brasileira.

Em entrevista à Agência Brasil, a presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, comentou a missão da entidade nesse processo. “Coordenaremos o grupo de trabalho que levantará os insumos no prazo de 1 ano. Esse grupo apresentará os elementos de construção da Política Nacional das Artes e precisará ser validado em uma plenária de cultura”.

Próximos passos

O secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, explicou que, após 60 dias da realização da CNC, as propostas serão encaminhadas aos conselhos municipais, estaduais e do Distrito Federal, pontos de cultura, além de delegados e secretarias estaduais e municipais de Cultura. As propostas servirão para o ministério elaborar, em conjunto com a sociedade civil, o novo Plano Nacional de Cultura.

“Conseguimos ter um conjunto de propostas que está muito alinhado com o que o governo defende e que vai contribuir muito com as nossas diretrizes de trabalho, de reconstrução do Plano Nacional de Cultura”, avaliou, positivamente, o secretário-executivo do MinC.

A previsão é que, até outubro deste ano, o texto da proposta seja enviado para apreciação do Congresso Nacional. Somente após toda a tramitação no Poder Legislativo, se aprovado, a lei seguirá para sanção presidencial para se materializar, enfim, em Plano Nacional de Cultura, com duração de 10 anos.

(Fonte: Agência Brasil)

Laura de Mello e Souza doutourou-se em História pela Universidade de São Paulo, onde ensinou até se reformar como professora catedrática , passando a ocupar, desde 2014, a Cátedra de História do Brasil na Lettres Sorbonne Université. Esteve como convidada em várias universidades europeias e americanas. Foi Thinker Visiting Professor na Universidade do Texas-Austin e professora na Cátedra Guimarães Rosa na Universidade Nacional Autonoma do México. Coordenou o projeto Dimensões do Império Português, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Orientou trinta teses de doutorado. É membro da Academia Brasileira de Ciência. Foto: Centro de História da Sociedade e da Cultura

A pesquisadora Laura de Mello e Souza foi escolhida pelo Conselho do International Commitee of Historical Sciences (ICHS) para receber o Prêmio Internacional de História. A historiadora, que começou seus estudos na área em plena ditadura militar, é a primeira mulher e a primeira pessoa do continente sul-americano a ganhar o prêmio.

Laura lecionou no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) de 1983 a 2014. Ocupou também a cátedra de história do Brasil na Universidade de Sorbonne, em Paris.

Em entrevista no Dia Internacional da Mulher, Laura ressaltou as dificuldades que as mulheres enfrentam ainda hoje em suas carreiras, tanto por causa do tempo disponível quanto pelo reconhecimento profissional, em uma sociedade marcada pela desigualdade de gênero.

“As conquistas obtidas pelas mulheres são fruto sobretudo da luta e do sofrimento delas, e a luta tem de ser cotidiana, pois o mundo ainda é dos homens”, disse Laura à Agência Brasil. 

O prêmio deve ser entregue em outubro deste ano, em Tóquio, durante cerimônia que marcará a Assembleia Geral do Comitê Internacional de Ciências Históricas.

Leia a entrevista da pesquisadora:

Agência Brasil

Como você decidiu estudar história? 

Laura Souza

Sempre gostei de história, desde pequena, mas hesitei muito em seguir o curso quando estava para terminar o ensino médio. A ditadura militar investira pesado contra as ciências humanas, e muitos professores da USP e de outras universidades, que ensinavam nessa área, tinham sido cassados ou haviam deixado o país. Pensei em arquitetura, medicina e psicologia, mas o amor pela história falou mais forte, e entrei no curso de história da USP em 1972. 

Agência Brasil

Quais foram as suas referências?

Laura Souza

Eu gostava muito de ler sobre a Grécia antiga, me interessava pela cultura clássica e adorava romances históricos. Mas creio que foi a leitura de Caio Prado Jr (História Econômica do Brasil), ainda no ensino médio, e a de Jacob Burkhardt, no mês que antecedeu minha entrada na USP (Cultura do Renascimento na Itália), que me marcaram decisivamente.

Uma vez na universidade, fui muito influenciada pela historiografia francesa da revista Annales, por autores como Jacques Le Goff, Marc Bloch e Philippe Ariès e pelos historiadores da micro-história italiana, como Carlo Ginzburg. Dentre os brasileiros, sempre Caio Prado Jr, mas sobretudo Fernando Novais e Sérgio Buarque de Holanda. 

Agência Brasil

Em que tema você começou suas pesquisas? 

Laura Souza

Comecei com a história contemporânea: escrevi um texto de pesquisa oral sobre o lazer em São Paulo no entre-guerras, e fiz a pesquisa histórica para um documentário de Lauro Escorel sobre o movimento operário brasileiro no primeiro quartel do século XX, Libertários.

Depois, mudei de período e comecei a pesquisar a pobreza e a marginalidade em Minas Gerais no século XVIII. Esta foi a minha porta de entrada na pesquisa acadêmica, ali me fiz historiadora.

Desde então, mudei muito de tema. Meu doutorado foi sobre a feitiçaria e a religiosidade popular entre os séculos XVI e XVIII. Em trabalhos posteriores, estudei as visões negativas que incidiram sobre a América Hispânica; a administração colonial e a trajetória dos governadores portugueses que iam para as conquistas ultramarinas; escrevi a biografia de um poeta do século XVIII que se envolveu na Inconfidência Mineira, Cláudio Manuel da Costa, e meu último livro publicado tratou das visões de natureza no século XVIII, em Minas Gerais. Organizei ainda um volume sobre o cotidiano e a vida privada no Brasil colonial. 

Agência Brasil

Atualmente que tema você pesquisa? 

Laura Souza

Tenho dois projetos em andamento. O mais antigo aborda o deslocamento de três cortes europeias cujos países foram invadidos pelos exércitos revolucionários franceses entre os últimos anos do século XVIII e o início do século XIX. O mais recente estuda três escritos literários sobre regiões diferentes do império português no século XVII.

Agência Brasil

Quais dificuldades você encontrou na carreira de pesquisadora e de professora?

Laura Souza

Encontrei as dificuldades inerentes à época em que vivi. Os documentos não estavam digitalizados, era preciso viajar para consultá-los, a consulta era difícil, sobretudo quando os arquivos eram privados. Enfim, nada estava informatizado, e eu sempre trabalhei muito e ainda trabalho com documentos manuscritos e não publicados.

Por outro lado, pertenço a uma geração privilegiada, que teve bolsas de pesquisa porque as agências mais importantes de financiamento já existiam, como a Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo], em nível estadual, a Capes [Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] e o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], no âmbito federal. Nesse sentido, foi mais fácil para nós do que tem sido para as gerações posteriores, que viveram recentemente um período tenebroso, com ameaça e corte de verbas para a educação e a pesquisa. 

Agência Brasil

Como foi receber o Prêmio Internacional de História? 

Laura Souza

Foi uma grande honra e sobretudo uma grande surpresa. Há grandes historiadoras e historiadores no mundo, certamente mais merecedores do que eu. Mas fiquei feliz porque mostra a força da historiografia brasileira, que é cada vez mais reconhecida em nível internacional, e conta com excelentes especialistas.

Além disso, recebi muitas mensagens afetuosas de mulheres historiadoras, que se sentiram incentivadas e prestigiadas com essa premiação, porque sabem que é bem mais difícil ter tempo disponível para a pesquisa e reconhecimento profissional quando se é mulher, já que as tarefas domésticas e a criação de filhos ainda recaem mais sobre elas do que sobre os parceiros.

Agência Brasil

O que você considera importante ressaltar no Dia Internacional da Mulher?

Laura Souza

Que as conquistas obtidas pelas mulheres são fruto sobretudo da luta e do sofrimento das mulheres, e que a luta tem de ser cotidiana, pois o mundo ainda é dos homens. As mães têm de educar filhos homens que respeitem as mulheres e sejam solidários a elas. A lei tem que garantir igualdade entre os sexos em todos os sentidos. As agressões e assassinatos têm de ser severa e implacavelmente punidos. É muito triste que ainda estejamos longe disso.

Torço para que os avanços se tornem cada vez mais significativos. Afinal, minha descendência é totalmente feminina: tenho três filhas e três netas, e espero que o mundo seja mais acolhedor para elas.

(Fonte: Agência Brasil)

MULHERES E ESTRELAS

– Uma palavra de carinho, gratidão e reconhecimento para as mulheres, neste e em todos os dias.

  * * *

Qual o poema que falta ser feito

de um homem para uma mulher?

Que palavras, que modo, que... que jeito

de bem dizer aquilo que se quer?

O melhor poema para a mulher,

quem sabe, talvez nunca seja escrito

– porque o melhor poema para ela

seja, sim, aquilo que lhe seja dito...

... dito com ternura, verdade, carinho,

como quem acaricia flor e ramo,

esse poema, bem pequenininho,

é o mais simples, e o maior: “Eu te amo!”

* * *

MULHERES E ESTRELAS

Há algo de diferente, muito diferente, no espírito feminino.

As mulheres têm uma capacidade de suportação, de resignação e resistência que transcende a imaginação e a perplexidade do homem.

As mulheres merecem mais, muito mais: mais poder, mais participação, mais reconhecimento. As mulheres são melhores.

Tem algo de múltiplo e vário na singeleza da mulher,

de arrebatador em sua beleza,

de premonitório em seu olhar,

de indecifrável no seu ser,

de irresistível em sua sedução.

Talvez porque não haja um homem que, no íntimo, não se quede ante esse poder invisível, invejável, de que foi dotada, às escondidas, a mulher. O poder e a resistência, a sedução e o encantamento femininos – ante os quais impérios ruíram e também se alevantaram,

vidas se ergueram e igualmente tombaram,

fracos se fortaleceram e heróis se acovardaram...

Sim... Seja à frente de reinados ou nos bastidores de residências, sentadas em tronos como rainhas reais ou em pé em casa como rainhas domésticas, as mulheres têm, escondido ou explícito, um poder diferente,

uma força indescrita,

um segredo não revelado,

um mistério indecifrado.

Mulher. Mar pouco navegado.

Território pouco desbravado.

Alma quase nunca compreendida.

Sentimentos quase sempre pouco correspondidos.

Desejos simples contrafeitos.

Vontades abissais insatisfeitas.

Uma mulher não é só um corpo, embora, mesmo quando acompanhada, seja uma alma só.

Sozinha.

Solitária.

Mulher – usada e ousada.

Mulher – cifrada e indecifrada.

Mulher – que acomoda e incomoda.

Mulher – citação e excitação.

Se o homem veio do barro, as mulheres vieram do pó.

Pó de estrelas.

Por isso brilham.

Por isso luzem.

Por isso ofuscam.

Por isso reinam.

Por isso voam.

... E também por isso nós homens as amamos.

* EDMILSON SANCHES

Escolas adotam medidas de segurança contra a covid-19 na volta presencial às aulas.

Termina, nesta sexta-feira (8), o prazo para sistemas de ensino e instituições federais ofertantes de ensino médio que aderiram ao programa Pé-de-Meia transmitam ao Ministério da Educação (MEC) as informações de matrícula dos estudantes.

Em nota, o MEC informou que os dados devem ser enviados via Sistema Gestão Presente, por meio de planilha ou de interface de programação de aplicações Os alunos que tiverem as informações consolidadas dentro do prazo vão receber o incentivo-matrícula, pago em parcela única de R$ 200, entre os dias 26 de março e 7 de abril.

 “Até 14 de junho, podem ocorrer eventuais correções e atualizações dos dados por parte dos sistemas de ensino e das instituições federais que ofertam ensino médio. Nesse caso, o pagamento do incentivo-natrícula poderá ser realizado até 1º de julho de 2024”, destacou o ministério.

“O não compartilhamento das informações pelos sistemas de ensino nos prazos previstos no termo de compromisso assinado pelas redes ofertantes que aderiram ao Pé-de-Meia poderá impactar o pagamento dos incentivos relativos ao período no qual as informações não foram compartilhadas”, completou a pasta.

O programa

Instituído pela Lei nº 14.818/2024, o Pé-de-Meia é um programa de incentivo financeiro-educacional, na modalidade poupança. A proposta é promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público. 

“Seu objetivo é democratizar o acesso e reduzir a desigualdade social entre os jovens do ensino médio, além de promover mais inclusão social pela educação, estimulando a mobilidade social. Os Estados, o Distrito Federal e os municípios vão colaborar e prestar as informações necessárias à execução do incentivo, a fim de possibilitar o acesso a ele para os estudantes matriculados nas respectivas redes de ensino”. 

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 07/03/2024 – 4ª Conferência Nacional de Cultura
Foto: José Cruz/Agência Brasil

A quarta Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC) chega ao penúltimo dia, em Brasília, com o tema central Democracia e Direito à Cultura.

Atentos ao prazo final, os delegados que, nos primeiros dias, debateram com representantes dos governos municipais, estaduais e federal e da sociedade civil, produtores de cultura as políticas culturais para os próximos anos, nessa quinta-feira (7), passaram o dia negociando o que deve entrar ou sair do texto final que orientará o Poder Público na formulação do Plano Nacional de Cultura, com diretrizes para todo o país.

Em todas as salas que abrigaram os seis eixos temáticos, o movimento dos delegados com direito a voto era de levantar crachás para demonstrar com o que estavam de acordo.

O secretário de Direitos Autorais e Intelectuais do Ministério da Cultura, Marcos Souza, disse que, apesar de ser um trabalho exaustivo, é necessário. “Até agora, as propostas estão sendo aprimoradas e ficando muito mais interessantes que com a redação anterior.  É uma coisa trabalhosa e necessária, e temos que vencer isso até esta sexta-feira (8)”.

Sobre os embates para aprovar o texto das propostas do documento final da conferência, o secretário explicou que são a essência de um evento como esse. “Não deixa de ser um tipo de democracia direta. Aqui, todo mundo tem direito de falar: quem é do governo, quem é da sociedade civil. E vamos aprimorar. Estamos chegando a acordos sobre temas complexos”, afirmou.

Na sala que tratava do Eixo 4 da conferência – Diversidade Cultural e Transversalidades de Gênero, Raça e Acessibilidade na Política Cultural – uma discussão em que houve um ponto de unanimidade foi o da previdência social dos fazedores de cultura.

Porém, em outras questões, surgiram divergências. Os delegados da Região Norte, por exemplo,  declararam que os eventos e os produtores culturais locais não concorrem em equidade com os de outras regiões do país.

Brasília (DF) 07/03/2024 – Presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues dos Santos durante 4ª Conferência Nacional de Cultura
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Presidente da Fundação Cultural Palmares

A coordenadora do Conselho de Cultura de Rio Branco, Valéria de França, que organizou a votação de vários dos pontos propostos, enfatizou que a maior dificuldade é aglutinar as ideias e fechar um texto que abarque os direitos da maioria das categorias nas políticas públicas votadas. Segundo Valéria, o grupo de trabalho é muito grande, e o debate, importante para todos. “Todo mundo escolhe muito, mas, na hora final, é preciso afunilar as colocações. Mas o debate tem sido muito bom, muito rico neste grupo".

Na plenária do Eixo 3 sobre Identidade, Patrimônio e Memória, os delegados decidiram acrescentar à proposta final que, além da valorização de mestres dos saberes, jovens lideranças também devem ser consideradas detentoras do conhecimento.

O presidente da Fundação Cultural Palmares, do Ministério da Cultura, João Jorge Rodrigues, destacou a participação social que tem dominado a conferência e disse que isso valoriza a cultura brasileira.

“Os países, as nações, são a cultura que têm. A nossa cultura é diversa, o país é um dos cinco mais importantes do mundo. E aqui há uma verdade. É a cultura voltando ao seu lugar, para o Brasil, para os brasileiros, para todos os povos e, ao mesmo tempo, para as diferentes manifestações”.

Rodrigues enfatizou que a Fundação Cultural Palmares, que está participando das discussões, ajudou a criar a conferência e está feliz com os resultados.

(Fonte: Agência Brasil)

Ao criar o judô no Japão, em 1882, o professor Jigoro Kano resumiu a arte marcial como “a elevação de uma simples técnica a um princípio de viver”. Na perspectiva do judô, elementos de luta se unem a uma filosofia baseada no condicionamento físico, moral e espiritual cujo objetivo não é apenas de formar lutadores, mas pessoas mais preparadas para enfrentar as adversidades do dia a dia. Esses conceitos históricos e filosóficos que norteiam a modalidade serão tema de estudo durante um curso promovido pela Federação Maranhense de Judô (FMJ). O evento vai ocorrer a partir das 8h deste sábado (9), na Escola Crescimento Calhau. 

O curso “Aspectos Históricos e Filosóficos do Judô” será ministrado pelo sensei Wanderson Robson e é destinado, principalmente, para candidatos ao Exame de Graus de faixa preta da FMJ. No entanto, judocas a partir dos 15 anos com graduação faixa verde também podem participar. As inscrições podem ser feitas pela plataforma Zempo (www.zempo.com.br).

“O curso deste sábado está voltado para tratar a gênesis do judô, as características que envolveram o tempo, a época e a cultura que gerou o judô, como a modalidade foi se desenvolvendo, se aperfeiçoando até chegar nos dias de hoje. Vamos abordar, ainda, a trajetória histórica do judô, suas principais figuras, acontecimentos e, também, os princípios filosóficos que embasam a prática do judô”, explicou o sensei Wanderson Robson, faixa preta 4º DAN e integrante da Comissão de Graus da FMJ. 

De acordo com a FMJ, este é apenas o primeiro de vários cursos que serão realizados ao longo de 2024 visando a próxima edição do Exame de Graus. “A FMJ segue seu trabalho de proporcionar esses cursos, que são pré-requisitos para a participação dos judocas no Exame de Graus. É a partir de cursos desta natureza que os candidatos a graduação se capacitam e conseguem evoluir tanto dentro como fora do dojô”, disse o sensei Rodolfo Leite, presidente da FMJ. 

Exame de Graus

A última edição do Exame de Graus da Federação Maranhense de Judô (FMJ) foi concluída no início de fevereiro deste ano, com a realização das provas práticas, no Ginásio Manoel Trajano, em São Luís. Na ocasião, todos os 15 candidatos participantes do exame foram aprovados: Hilton‎‎ Ryan‎‎ de‎‎ Azevedo, Mayara‎‎ Luíza‎‎ da‎‎ Silva, Emerson‎‎ Quintanilha‎‎ Valois, Antônio‎‎ Enes‎‎ Rocha‎‎ Pacheco, Rhezon‎‎ Bezerra‎‎ Costa, Gabriel‎‎ Araújo‎‎ Silva, Claudio‎‎ Flavio‎‎ Santos‎‎ Filho, Pedro‎‎ Silva‎‎ Kruk e Wallace‎‎ Serra‎‎ Carvalho foram graduados a Shodan (1º DAN); Gleidson‎‎ Ruan‎‎ Marques, Alessandro‎‎ Costa‎‎ Robson, Cezar‎‎ Augusto‎‎ Kruk, Cayo‎‎ Marcelo‎‎ Bastos, Claudio‎‎ Cesar‎‎ Pedrada foram graduados a Nidan (2º DAN); e Luiz‎‎ Henrique‎‎ Cidreira graduado a Yondan (4º DAN). 

(Fonte: Assessoria de imprensa)