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Inezita Barroso

Nesta terça-feira (4), completa-se o centenário de nascimento de uma das mais importantes artistas brasileiras: Ignez Magdalena Aranha de Lima, ou melhor, Inezita Barroso. Nascida em 1925, em São Paulo, Inezita foi cantora, atriz, instrumentista, apresentadora de rádio e televisão, além de folclorista, professora e pesquisadora da cultura popular brasileira.

Inezita teve uma trajetória que deixou uma marca indelével na arte do país, principalmente na chamada cultura caipira, incentivada e divulgada no seu trabalho. Também deixou saudades pela apresentação do saudoso programa Viola, Minha Viola, na TV Cultura, criado em 1980 e que é, muitas vezes, reprisado até os dias de hoje pela emissora.

O sucesso de Inezita pode ser explicado não apenas pelo seu talento artístico, mas também pelo vasto conhecimento que tinha do gênero que abraçou. 

“Inezita era obcecada pela cultura brasileira. Eu acho que ela fazia disso um objetivo de vida, de divulgar a cultura popular brasileira”, disse Aloisio Milani, jornalista, roteirista e pesquisador que trabalhou por oito anos com Inezita na produção do Viola, Minha Viola.

Milani vai lançar um livro digital sobre Inezita, com “causos” sobre a “moda da pinga”, sua música mais conhecida, composta por Ochelsis Aguiar Laureano. Mas, segundo ele, entre vários outros assuntos, tem também histórias de “seu grupo de música na época de estudante como Paulo Autran, Renato Consorte, Tullio Tavares, Paulo Vanzolini, sobre os bastidores de seus discos preferidos, sobre suas alegrias e tristezas”.

O jornalista ressaltou a dedicação e zelo de Inezita na condução do programa, que trazia tanto nomes consagrados quanto os novos talentos que emergiam no cenário da música interiorana. Assim, os palcos do Viola, Minha Viola receberam desde as Irmãs Galvão, Liu e Léo, Pedro Bento e Zé da Estrada, Craveiro e Cravinho até Almir Sater, então um jovem e talentoso violeiro de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

O pesquisador Walter de Souza, da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo e autor do livro Moda inviolada – uma história da música caipira, destacou que ela fez vários registros históricos de todas as regiões do país.

“Em termos culturais, representou a tradição musical caipira paulista, mesmo enquanto esta se misturava a ritmos de fora do país, como a guarânia paraguaia, o bolero cubano, a rancheira mexicana e a versão brasileira do rock, o iê-iê-iê, até virar o gênero sertanejo”, disse Souza.

“O que sempre a moveu foi a defesa da música brasileira, ou seja, a manutenção da identidade caipira contra o afã do capital como força motriz do crescimento do gênero sertanejo”, completou o pesquisador.

Inezita Barroso se apresenta no auditório da Rádio Nacional de Brasília - Acervo Arquivo Público do Distrito Federal

Carreira

Nascida em São Paulo, Inezita teve uma carreira profícua. Formou-se em biblioteconomia na Universidade de São Paulo (USP). Por seus estudos com folclore e cultura popular, chegou a ser ganhar o título honoris causa pela Universidade de Lisboa.

Na Rádio Clube de Recife interpretou músicas coletadas pelo escritor Mário de Andrade. Entrou na rádio Bandeirantes em 1950, e em seguida, foi contratada pela Record. Foi também em 1950 quando adotou o nome artístico Inezita Barroso – um apelido de infância com o sobrenome do marido.

No cinema, Inezita esteve em filmes como Ângela (1950), O craque (1953), Destino em apuros (1953) e É proibido beijar (1954), entre outros.

Na década de 70, Inezita apresentou-se numa série de eventos internacionais. Começou a apresentar programas de televisão e rádio, sendo o mais famoso o até hoje reverenciado Viola, Minha Viola, que comandou por 35 anos. 

Ela esteve à frente do programa de 1980 a 2015, pouco antes de morrer em 8 de março, quando completou 90 anos.

(Fonte: Agência Brasil)

Director Walter Salles poses with the Oscar for Best International Feature Film for

O cinema brasileiro fez história na noite desse domingo (3), na 97ª edição do Oscar, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, foi o grande vencedor na categoria de melhor filme internacional. Uma conquista inédita para o cinema brasileiro. 

O filme brasileiro superou Emilia Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha), A Garota da Agulha (Dinamarca) e Flow (Letônia).

Walter Salles dedicou a conquista para Eunice Paiva, esposa do ex-deputado Rubens Paiva desaparecido na ditadura, cuja busca em saber o destino do marido norteou o roteiro do filme. Em seu discurso de agradecimento, o cineasta brasileiro também ressaltou os trabalhos de Fernanda Torres, e sua mãe, Fernanda Montenegro.

Indicado também para a estatueta de melhor filme, Ainda Estou Aqui perdeu para Anora, maior vencedor da festa com cinco estatuetas no total.

Fernanda Torres, indicada ao prêmio de melhor atriz, não levou a estatueta, que acabou nas mãos de Mikey Madison, de Anora. Mesmo assim, Fernanda Torres entra na história do cinema repetindo sua mãe, Fernanda Montenegro, que foi indicada na edição de 1999 do Oscar como melhor atriz, mas a laureada foi a estadunidense Gwyneth Paltrow.

Clima de Copa do Mundo

A coincidência das datas da maior premiação do cinema com o Carnaval brasileiro acabou em clima de torcida da Copa do Mundo. Máscaras de Fernanda Torres e de Selton Mello (intérprete de Rubens Paiva), fantasias da estatueta dourada do prêmio, boneco gigante de Olinda, entre outras referências ao Oscar, estiveram presentes em desfiles e blocos carnavalescos pelo país inteiro.

Com suas indicações, o filme de Walter Salles sobre o desaparecimento do deputado Rubens Paiva (1929-1971) e a saga de sua esposa Eunice Paiva (1929-2018) já chegou vitorioso à festa da indústria cinematográfica.

Especialistas consultados pela Agência Brasil disseram que, entre as qualidades do filme, estão a capacidade de abordar o passado de uma forma diferente e a maneira como a obra conseguiu dialogar com os tempos atuais.

O livro autobiográfico que nomeia o filme, de autoria de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens e Eunice,  foi para o topo das listas dos mais vendidos. O próprio caso Rubens Paiva ganhou novos desdobramentos recentemente. Por determinação da Justiça, em janeiro deste ano, a certidão de óbito do ex-deputado foi corrigida. Na versão original do documento, ele foi tido como “desaparecido político”. Na nova redação, consta agora que sua morte foi violenta, causada pelo Estado brasileiro.

Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu analisar se a Lei da Anistia, adotada com o fim do regime de exceção, se aplica ou não a crimes de sequestro e cárcere privado cometidos na época da ditadura militar brasileira.

Os premiados nas 23 categorias foram:

Ator coadjuvante – Kieran Culkin, em A verdadeira dor

Animação – Flow

Curta-metragem animado – In The Shadow of Cypress

Figurino – Wicked

Roteiro original – Anora

Roteiro adaptado – Conclave

Maquiagem e penteado – A substância

Edição Anora

Atriz coadjuvante – Zoe Saldaña, por Emília Pérez

Design de produção – Wicked

Canção original – El Mal, de Emilia Pérez

Documentário de curta-metragem – A única mulher na orquestra

Documentário   - No other land

Som – Duna: Parte 2

Efeitos visuais Duna: Parte 2

Curta-metragem em live-action – I´m not a robot

Fotografia – O Brutalista

Filme internacional – Ainda estou aqui

Trilha sonora  – O Brutalista

Ator –Adrien Brody, em O Brutalista

Direção – Sean Baker, de Anora

Atriz – Mikey Madison, em Anora

Filme Anora

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 23/01/2025 - Cena do filme Ainda estou aqui. Foto: Alile Dara Onawale/Sony Picutres

Repercussões nacionais e internacionais de diferentes características. Públicos emocionados e curiosos sobre o que foi a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Cinema brasileiro reconhecido ao tratar do impacto do autoritarismo (que ainda hoje ameaça democracias)... São variados os motivos que fazem o filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, já chegar vencedor ao Oscar, neste domingo (2), avaliam estudiosos. Mesmo se não vierem estatuetas.

Brasília (DF), 23/01/2025 - Atriz do filme Ainda estou aqui, Fernanda Torres. Foto: oficialfernandatorres/Instagram

Inspirada em livro de 2015 com escrita biográfica de mesmo título, de autoria do escritor Marcelo Rubens Paiva, a obra foi lançada em 2024 e levou mais de cinco milhões de pessoas ao cinema. Em caso de vitória neste domingo, será a primeira estatueta para o Brasil. Em 1960, porém, o longa brasileiro Orfeu Negro venceu na categoria de melhor filme estrangeiro, mas o filme representava a França (do diretor Marcel Camus).

Marcelo Rubens Paiva é um dos cinco filhos da advogada e ativista Eunice Paiva (1929-2018).e do ex-deputado Rubens Paiva (1929-1971), que teve o mandato cassado e, depois, foi perseguido, sequestrado, torturado e morto por agentes da ditadura (da Aeronáutica e do Exército). 

Até agora, o longa recebeu 38 prêmios nacionais e internacionais, entre eles, o Prêmio Goya e o Globo de Ouro de Melhor Atriz. No Oscar, foi indicado em três categorias melhor filme, melhor atriz, para Fernando Torres, e melhor filme internacional.

Presente

Em geral, estudiosos ouvidos pela Agência Brasil explicam que remexer no passado de uma forma diferente, em diálogo com um presente atribulado, mobiliza crítica e o público, o que já, de antemão, representa vitória. 

De acordo com o professor Arthur Autran, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e que lidera grupo de pesquisa sobre cinema e audiovisual na América Latina, a repercussão é “enorme” em diversos níveis, independentemente se o longa receber algum Oscar neste domingo.

Há o que o pesquisador chama de uma “repercussão social”.

“O filme se tornou, de fato, uma espécie de evento. Muitas pessoas se interessaram pelo cinema brasileiro”, explica.

Brasília (DF), 01/03/2025 - Bloco de carnaval, Vai quem fica, nas ruas de Brasília.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Para ele, isso evidentemente cria um clima bastante positivo e, mesmo sem utilizar diretamente de recursos públicos, é uma expressão da política pública brasileira para o audiovisual.

Outra vitória do filme para o país citada pelo professor é a valorização da memória nacional. “(O assassinato de Rubens Paiva) Foi um crime praticado pela ditadura militar brasileira. O filme é trazido de uma forma muito emocionante e candente. Houve muita competência em recontar essa tragédia brasileira e trazer isso de uma forma narrativamente muito poderosa”, diz Autran. 

O filme, em si mesmo, segundo analisa o especialista, ao trazer uma narrativa poderosa, coloca luz sobre o cinema brasileiro. 

“Nós temos voz”

Outra estudiosa, a professora de artes cênicas Dirce Waltrick do Amarante, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), identifica que a visibilidade fora do Brasil significa uma vitória expressiva para a arte brasileira.

“Nós temos conseguido erguer a nossa voz. É uma voz falada em português, de um país periférico como o Brasil. Uma voz que tem sido ouvida”, explica a pesquisadora. 

O alcance do filme, de acordo com o que Dirce Waltrick entende, tem trazido repercussão às produções brasileiras na arte. “Esse filme é importantíssimo em razão dessa temática e tem muitas chances de vencer no Oscar. De toda forma, eu acho um filme fundamental, uma virada de chave para a nossa cultura”. 

Para a professora, a função da obra de arte é de fato mexer e perturbar.

“As pessoas se sentem instigadas a ir atrás e a saber mais sobre quem foi Eunice Paiva, que lutou pelo direito dos indígenas (o que é menos abordado no filme)”.

De olho no presente

Para o professor de história Marco Pestana, da Universidade Federal Fluminense (UFF), pesquisador do tema da ditadura, o filme tem diferentes méritos, como o de, mesmo tratando de um período obscuro, conseguir dialogar de maneira direta com o presente. “É um filme que, nessa conjuntura, tem cumprido um papel importante”. 

Em um cenário de expansão de correntes autoritárias pelo mundo, como ele avalia a ascensão do extremismo em países de diferentes continentes, o longa apresenta-se como uma linguagem universal e que pode ser compreendida além do cenário do passado brasileiro. 

Segundo considera Pestana, esse avanço político foi conquistado por uma disputa ideológica ferrenha, inclusive com uma ideia reverberada e falsa de que haveria tranquilidade no Brasil e que tinham problemas com a polícia e com a justiça quem estava fazendo algo de errado. “Isso é parte da construção ideológica de valorização desse período”, explica. 

O professor entende que o filme mostra que aquele período não era exatamente uma era de ouro para o Brasil. “Evidentemente dialoga (e contesta) com esse imaginário que a extrema-direita tenta fomentar”.

Direitos

Naquele cenário da obra, o filme destaca o impacto da ação repressiva sobre um membro da família. “E como isso tem consequências para o conjunto daquela família, não só naquele momento, e como é um impacto de longa duração. Não deixa de mostrar o momento da luta e o em que a família consegue o atestado de óbito”, explica.

Sobre o direito da família, a advogada Ariadne Maranhão reconhece que o filme traz visibilidade ao tema da morte presumida.

“O reconhecimento antecipado da morte foi um avanço que garantiu não apenas segurança jurídica, mas um alívio necessário para que essas famílias seguissem com suas vidas dentro do ordenamento", explica.

Ela entende que a repercussão do filme Ainda Estou Aqui, no âmbito do direito de famílias e sucessões, é relevante, já que evidenciou como o contexto histórico impactou diretamente as estruturas familiares e a autonomia das mulheres. 

“Como sabemos, por séculos, as mulheres foram silenciadas e relegadas ao papel de zeladoras da família, sem voz, para participar das decisões que moldavam suas próprias vidas”. Para a especialista, o filme retrata essa realidade sob a ótica de Eunice Paiva.

“A arte desempenha um papel fundamental para alertar a sociedade sobre os seus direitos”. 

“Fura a bolha”

O professor de história Marco Pestana, da UFF, argumenta que o filme consegue ter repercussão até com pessoas que não conheciam ou compreendiam as violências perpetradas pelos agentes da ditadura. Com Oscar ou sem, há uma vitória nesse sentido. 

“Furou a bolha. Em alguma medida, isso tem relação com a estratégia narrativa de politizar pelo viés do cotidiano, da vida familiar”.

No entender do professor Arthur Autran, da UFSCar, a esse respeito, houve um esforço do filme de tentar falar para um público o mais amplo possível dentro do Brasil e fora do Brasil também. Ainda que, conforme os especialistas, com limitações a “quem não quer ouvir”. Ele lembrou que Marcelo Rubens Paiva, que é cadeirante, foi atacado quando estava em um bloco de carnaval. 

Brasília (DF), 23/09/2024 - Cena do filme Ainda estou aqui. Foto: Alile Dara Onawale/Sony Pictures

Justiça

Depois que o filme foi lançado, o Supremo Tribunal Federal (STF) resolveu analisar o processo que estava com trâmite parado há uma década. Agora, a Corte anunciou que vai julgar se a Lei da Anistia se aplica aos crimes de sequestro e cárcere privado cometidos durante a ditadura militar a partir das investigações da morte do ex-deputado Rubens Paiva.

Marco Pestana avalia que a decisão tem relação com o filme e a conjuntura. “O STF soube ler (o momento) e entendeu que era momento para pautar isso". 

(Fonte: Agência Brasil)

– "Até onde iríamos nesse desfile de grandes nomes maranhenses que, em geral, nós maranhenses deles pouco sabemos, ou não sabemos? A quantidade de nomes é tal que dobraríamos as esquinas da paciência e testaríamos o limite de páginas de papel e espaços digitais".

– (...) "Essa coleção de nomes forma um patrimônio simbólico, um potencial da Economia Criativa, um capital intelectual fantástico que não pode ser deixado assim, no desperdício, na não recorrência, no esquecimento".

*

Há dez anos, no dia 1º de março de 2015, na página principal de apenas um “site” de notícias, a expressão “Cidade Maravilhosa” aparecia pelo menos sete vezes em manchete e títulos de textos (como, por exemplo, no endereço eletrônico http://noticias.uol.com.br/rio-de-janeiro, às 9h12) . “Cidade Maravilhosa”, como se sabe, é uma figura de linguagem (autores classificam como perífrase, antonomásia, epíteto...) para denominar a cidade Rio de Janeiro, capital do Estado brasileiro de mesmo nome.

Dez anos depois, neste 1º de março de 2025, a ferramenta de buscas Google traz incontáveis referências aos 460 anos do Rio de Janeiro e à expressão “Cidade Maravilhosa”, um sinônimo para a capital fluminense.

Essa expressão – “Cidade Maravilhosa” –, de tanto que “pegou”, é nome de música (de 1934, depois considerada hino oficial do município carioca: “Cidade Maravilhosa / cheia de encantos mil...”).

“Cidade Maravilhosa” também foi nome de programa de rádio, é título de diversas obras: a escritora francesa Jane Catulle Mendès (1867-1955) publicou em 1913 em Paris “La Ville Merveilleuse” (“A Cidade Maravilhosa”), livro de poemas sobre o Rio de Janeiro, onde estivera dois anos antes, de setembro a dezembro de 1911. Tenho um exemplar de obras com esse nome, de 1922, de autoria de Olegário Mariano, pernambucano que morava no Rio, e outra de igual título do maranhense de Caxias Coelho Netto, que também residia na capital carioca.

Enfim, no Brasil e no mundo, é automático: “Cidade Maravilhosa” é sinônimo de “Rio de Janeiro”. Dezessete letras por doze. Métrica e poeticamente, um septissílabo e um pentassílabo.

Pois bem: antes de 1º de março, em 2015 e neste 2025, há dias que a grande Imprensa (rádio, jornal, televisão, Internet), sobretudo a do Sudeste, vinha fazendo e divulgando matérias sobre o Rio de Janeiro e seus 450 / 460 anos. Invariavelmente, a expressão “Cidade Maravilhosa” está ali, naquelas matérias. “Cidade Maravilhosa” é a expressão-alma que dá “vida” ao nome-corpo “Rio de Janeiro”.

O que não vi, não li, não escutei foi a referência, mínima que pudesse ser, a quem se tornou o maior divulgador da expressão “Cidade Maravilhosa” como perfeita substituta, dublê de corpo e alma do topônimo “Rio de Janeiro”. A expressão “cidade maravilhosa” já constava de textos e títulos de matérias jornalísticas veiculadas pela Imprensa carioca pelo menos desde 1907 e 1913.

Pois o maior divulgador desse epíteto / perífrase / antonomásia / metonímia foi um maranhense multitalentoso – como o eram os diversos maranhenses, sobretudo escritores, que, individualmente ou com a família, se mudaram para a antiga Capital Federal, o Rio, em especial no século XIX.

O grande divulgador da expressão “Cidade Maravilhosa” é o maranhense de Caxias Henrique Maximiano Coelho Netto, que surpreendeu e encantou o Brasil com seus mais de cem livros e milhares e milhares de textos em jornais, além de centenas de discursos e outros pronunciamentos.

O Maranhão de hoje não sabe fazer jus aos maranhenses talentosos de ontem. O Maranhão não se autorreconhece. Não adotou um pingo de sadia ousadia, de criativa audácia, para (im)pôr-se em seu lugar como instrumento de destaque no concerto da Federação.

Falando no geral, pergunte-se a um estudante maranhense ou a um outro cidadão a escalação do seu time de futebol (geralmente paulista ou carioca) e ele lhe poderá detalhar até como deram os passos e passes que culminaram no terceiro gol do segundo tempo do primeiro turno do ano de mil e lá vai fumaça. Genial. Louvável. É o amor ao futebol.

Agora, pergunte-se quem e que (enorme) diferença fizeram ao Brasil ou ao mundo escritores, cientistas, gestores públicos, artistas e políticos nascidos em muitos casos nas brenhas da hinterlândia maranhense, muitas das vezes com todas e aparentes pré-condições para darem errado na vida, pela soma de fatores socioeconômicos, educacionais, familiares, territoriais...

Maranhenses que causariam orgulho aparente, explícito, e não apenas latente, potencial, a cidades como Paris, a países como a França... Mas esses nossos irmãos – ilustres desconhecidos – não mereceram até hoje dos setores Público e Privado um conjunto de ações sistêmicas e sistemáticas, orgânicas e organizadas para, até mesmo, (re)validar nossa “fama” de “Atenas Maranhense” e (re)ativar ou inspirar espíritos conterrâneos para os valores e validade da Cultura, da Arte, da Educação, do Conhecimento, da Ciência, da Literatura, da (boa) Política.

Dá vergonha ou, mais ainda, tristeza, saber o tanto de esforço, tempo, talento e outros recursos que homens e mulheres maranhenses despenderam em nome de uma coisa, em defesa de uma causa. Gentes maranhenses que têm recebido muito mais reconhecimento e homenagens em solo não maranhense do que na própria terra que as viu nascer.

Nestas comemorações dos 460 anos do Rio de Janeiro o Maranhão poderia estar saudando a antiga capital brasileira em peças publicitárias copatrocinadas, em textos assinados, em matérias jornalísticas, onde se destacasse o talento do maranhense Coelho Netto como autor da expressão “Cidade Maravilhosa” e se resgatasse ou se reafirmasse a identidade ou coirmandade maranhense e carioca, a partir mesmo da enxurrada de ações e realizações de que foram agentes os muitos e talentosos maranhenses que tiveram o Rio como segunda terra em sua vida.

Poucos Estados ombreiam-se com o Maranhão na quantidade e qualidade de seus filhos de destaque. MANOEL ODORICO MENDES, escritor, político, tradutor, é o precursor no Brasil da moderna tradução criativa. Sua tradução das obras de Virgílio e Homero são até hoje objeto de estudos e elogios. A Unicamp (Universidade Campinas) e seu Instituto de Estudos da Linguagem têm , permanente, o “Projeto Odorico Mendes”. Odorico Mendes é nome de rua no Rio de Janeiro e é bisavô de Maurice Druon, famoso escritor francês, autor do mundialmente conhecido livro “O Menino do dedo Verde”, decano da Academia Francesa, falecido em 2009.

TEÓFILO ODORICO DIAS DE MESQUITA, advogado, jornalista, escritor, é patrono da Academia Brasileira de Letras e autor da obra responsável pela introdução do Parnasianismo no Brasil.

JOAQUIM DE SOUSA ANDRADE DE CAUKAZIA PEREIRA, o Sousândrade, escritor vanguardista, formado em Paris, é autor de obra tida como das mais originais e instigantes do Romantismo no Brasil e precursor do Modernismo na Literatura.

JOÃO MENDES DE ALMEIDA, advogado, jornalista, líder abolicionista, escritor, foi o maranhense redator da Lei do Ventre Livre e foi considerado o jornalista mais completo do Brasil. Em São Paulo, sua vasta obra jurídica foi relançada. João Mendes mereceu busto e praça com seu nome na maior cidade brasileira, São Paulo, além do nome de seu filho, João Mendes de Almeida Júnior, dado ao fórum paulistano... No Maranhão, quem sabe disso?, quem o estuda?, que escola ou rua ou praça recebe seu nome?, que homenagens lhe são creditadas?, que honrarias lhe são, mesmo pós-morte, atribuídas?

ADERSON FERRO, odontólogo, formado em Paris, considerado “Glória da Odontologia Nacional”, autor de obra pioneira nessa Ciência – foi o primeiro brasileiro a escrever um livro sobre Odontologia. É também um dos introdutores da anestesia odontológica no Brasil. Quanto ao Maranhão, deixa-nos de boca aberta o desconhecimento e o não esforço para reassumir a maternidade desse ilustre filho, reconhecido e homenageado em outros lugares – mas não aqui. Há livro inteiro dedicado a Aderson Ferro... de autoria não maranhense.

JOAQUIM GOMES DE SOUSA, o Sousinha, matemático, escritor, tradutor, estudou Matemática e Medicina (em que se doutorou) na Europa. É considerado o primeiro físico e matemático brasileiro e, segundo alguns, o maior matemático do Brasil até hoje. Também surpreendeu a Europa com seus vastos conhecimentos nas ciências dos números e cálculos.

HENRIQUE MAXIMIANO COELHO NETTO, eleito “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”, entre tanta coisa que legou ao Brasil, a consolidação do título “Cidade Maravilhosa” para o Rio e a autoria do título “Cidade Verde” para Teresina. E mais: desportista e capoeirista que era, foi o responsável pela elevação da capoeira no Brasil e pela ampliação de significado da palavra “torcida” com o sentido de grupo de adeptos de um time de futebol. Seu filho João, apelidado “Preguinho”, foi o autor do primeiro gol da Seleção Brasileira de futebol em Copa do Mundo.

MARIA FIRMINA DOS REIS é considerada a primeira romancista brasileira. Seu primo, FRANCISCO SOTERO DOS REIS, é autor de monumental obra de estudos filológicos (Língua Portuguesa).

ANTÔNIO GONÇALVES DIAS é introdutor do Indianismo na Literatura brasileira, autor de decantados livros e dos mais declamados e citados versos da Poesia brasileira: “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá / ...”. Quem canta o Hino Nacional Brasileiro também canta Gonçalves Dias e o Maranhão, pois a mais importante composição musical do país tem versos desse maranhense de Caxias.

RAIMUNDO DA MOTA DE AZEVEDO CORREIA, magistrado, professor, diplomata, escritor, membro fundador da Academia Brasileira de Letras, é autor maranhense citado e recitado pela beleza de seus versos e importância dentro do Parnasianismo e Simbolismo brasileiros.

CELSO TERTULIANO DA CUNHA MAGALHÃES é o maranhense pioneiro do estudo do folclore no Brasil, responsável pelo lançamento das bases metodológicas do folclorismo nacional. Embora voltado mais para a poesia popular, seu trabalho se estendeu também pelo teatro, a poesia, a ficção e a crítica.

HUMBERTO DE CAMPOS VERAS, escritor, jornalista, político, da Academia Brasileira de Letras, é autor de volumosa obra, conhecida e reconhecida por muito tempo.

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE (seu pai era do Ceará; sua mãe, maranhense), nascido em São Luís, é o poeta e músico autor do que é considerado o “hino nacional sertanejo” e primeira música sertaneja gravada no Brasil, “Luar do Sertão” (quem não se lembra de “Não há, ó gente, ó não, / luar como este do sertão (...)”. “Luar do Sertão” foi gravada por, entre outros, Luiz Gonzaga, Vicente Celestino e Maria Bethânia. Trata-se, como dito, da primeira música sertaneja gravada no Brasil – e o que o Maranhão faz com esta informação, nestes tempos de proliferação da música dita “sertaneja”? Além disso, Catulo, que foi relojoeiro no Rio e parceiro de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth, é considerado o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da "modinha", uma espécie de canção espirituosa ou amorosa.

E os talentosos irmãos Azevedo? ALUÍSIO TANCREDO BELO GONÇALVES DE AZEVEDO, escritor, diplomata, jornalista, caricaturista, desenhista e pintor, que lançou no Brasil o Naturalismo, com seu romance “O Mulato”, de 1881. ARTUR NABANTINO GONÇALVES DE AZEVEDO, mais velho que Aluísio, dramaturgo, poeta, contista, crítico, jornalista brasileiro, é no Brasil o principal autor do gênero teatral chamado “teatro de revista”, que traz números musicais com sensualidade e comédias com críticas políticas e sociais. Foi o maranhense Artur Azevedo o responsável pela criação da lei que obrigava a construção do Teatro Municipal do Rio de Janeiro -- inaugurado, aliás, com uma peça do igualmente maranhense Coelho Netto. Ambos os irmãos moraram no Rio e foram sócios fundadores da Academia Brasileira de Letras.

ADELINO FONTOURA CHAVES, jornalista, ator e poeta, maranhense que é o patrono da cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras. Sua obra, sua vida precisam ser divulgadas, conhecidas...

ODYLO COSTA, FILHO, jornalista, escritor, membro da Academia Brasileira de Letras, chefiou redações de publicações importantes no Rio de Janeiro e São Paulo, é considerado o responsável pela renovação do jornalismo brasileiro, a partir da modernização do “Jornal do Brasil”, hoje extinto. Poucos sabem que Odylo foi primeiro diretor da revista de reportagens “Realidade” (1966-1976), da Editora Abril, empresa da qual também foi membro do Conselho Editorial.

CELSO ANTÔNIO SILVEIRA DE MENEZES, pintor, escritor e professor brasileiro, um dos maiores escultores brasileiros, considerado o introdutor do Modernismo nas Artes Plásticas do Brasil. Amigo de Di Cavalcanti, Cândido Portinari, mereceu os melhores reconhecimentos de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e, entre outros, Otto Lara Resende, autor de um verdadeiro manifesto onde escreve, textualmente: “(...) considero um absurdo que até hoje, no final de 1989, um artista do valor e da importância de Celso Antônio não tenha tido ainda o reconhecimento que merece”. E o Maranhão, o que faz, o que diz?

SINVAL ODORICO DE MOURA, magistrado e político, um raro caso de alguém que foi governante de quatro Estados no Brasil. Era conselheiro do imperador.

RAIMUNDO TEIXEIRA MENDES, maranhense de Caxias cuja luta em prol das causas sociais, a partir do Rio de Janeiro, inundou o país de benefícios, como redator das primeiras leis de proteção à mulher trabalhadora, ao menor trabalhador e aos, à época, doentes mentais. Também defendia questões indígenas e a criação da hoje Fundação nacional dos Povos Indígenas (Funai) foi criada sob sua inspiração. Se hoje há legalmente diversidade religiosa e liberdade de crença e culto, ela teve início com Teixeira Mendes, redator do dispositivo constitucional que fez a separação Igreja—Estado... Entre tantas “coisas” que fez e foi, é um dos principais nomes do Positivismo (aqui e no mundo) e é autor da Bandeira Brasileira. Não fosse Teixeira Mendes e correríamos o risco de ter, como nossa, a bandeira dos Estados Unidos pintada de verde e amarelo.

CÉSAR AUGUSTO MARQUES, múltiplo talento de médico atuante, pesquisador incansável, escritor e historiador, autor de obras inaugurais da historiografia maranhense e brasileira.

ANDRESA MARIA DE SOUSA RAMOS, estudada por escritores, sociólogos e antropólogos brasileiros e estrangeiros, é a Mãe Andresa, sacerdotisa de culto afro-brasileiro de renome internacional, última princesa da linhagem direta africana fon. Andresa Ramos comandou durante 40 anos a Casa de Mina em São Luís, até morrer em 1954, aos cem anos de idade. O vice-presidente e presidente da República João Fernandes Campos Café Filho vinha ao Maranhão cumprimentar e pedir as bênçãos a essa maranhense de Caxias.

O grande UBIRAJARA FIDALGO DA SILVA, o primeiro dramaturgo negro brasileiro, ator, diretor, produtor, bailarino, apresentador de TV e criador do Teatro Profissional do Negro, reconhecido e homenageado nos grandes centros brasileiros como Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Enquanto isso, no Maranhão, quem sabe da existência de tamanho talento, falecido em 1986, no Rio de Janeiro? Quem do Maranhão já patrocinou montagem de suas peças, a edição de seus textos em livros, encenados e inéditos? Qual autoridade bancou uma exposição sobre seus trabalhos, a exibição de documentários sobre Ubirajara Fidalgo, desconhecido em vida por seus conterrâneos de Caxias, onde nasceu, e não reconhecido após a morte, e cuja filha, a cineasta Sabrina Fidalgo, luta pela preservação e divulgação da obra de seu pai e nosso conterrâneo?

No Maranhão, nasceram CÉSAR FERREIRA OLIVEIRA, “revolucionário constitucionalista” em São Paulo e “Herói da Guerra de Canudos”, e JOÃO CHRISTINO CRUZ, responsável pela criação do Ministério da Agricultura, agrônomo que fez estudos em outros países e é o presidente de honra da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), em cujo auditório fiz pronunciamento relembrando a importância, entre outros, desse grande maranhense.

ANTÔNIO CARLOS DOS REIS RAYOL, compositor, tenor, violinista e regente brasileiro, que já aos 13 anos ensinava música, tirou primeiros lugares, foi para a Itália e tem obra ainda a ser, digamos, “popularizada”. Assim também ELPÍDIO PEREIRA, maestro e músico de renome internacional, autor do hino de sua cidade natal, Caxias, estudou e apresentou-se na França e em diversos Estados brasileiros. A obra elpidiana é publicada em livro por outros Estados. No Maranhão, musicalmente, ninguém (se) toca.

JOÃO LOPES DE CARVALHO, pintor e desenhista, que estudou sua arte em Portugal, onde, por seu grande talento, já aos 16 anos, em 1862, foi elogiado por muitos jornais de Lisboa. Nascido em Caxias, sua arte era de tal qualidade que um de seus quadros ele recusou-se a vender, para doar para o Imperador patrono das Artes.

JOAQUIM ANTÔNIO CRUZ foi médico, militar e político e participou da demarcação de fronteira do Brasil com a Argentina e votou pela lei que terminou por abolir os castigos corporais nas Forças Armadas

JOSÉ ARMANDO DE ALMEIDA MARANHÃO, teatrólogo, escultor, caricaturista, considerado “A Pedra Angular do Teatro Paranaense”. Estudou na Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Portugal, Espanha, Suíça, Bélgica e Holanda e teve aulas com nomes notáveis do Cinema e das Artes Cênicas, como Luchino Visconti, Federico Fellini, Roberto Rosselini, Michelangelo Antonionni, Lawrence Olivier, entre outros.

LIENE TEIXEIRA, caxiense, foi a primeira engenheira-agrônoma formada na Universidade federal de Viçosa, em Minas Gerais. Fez doutorado em Botânica, na USP (Universidade de São Paulo). A qualidade de seus estudos e pesquisas levou a Botânica a, após sua morte, homenagear a maranhense com seu nome dado a um espécime vegetal.

E a vida de dedicação do cientista FRANCISCO DAS CHAGAS OLIVEIRA LUZ, falecido em 2017? Maranhense de Caxias, farmacêutico-bioquímico, professor da Universidade de Brasília (UnB), era obstinado na pesquisa e resultados na área de Medicina Tropical, sobretudo os voltados para o diagnóstico e tratamento de doenças que atingem pessoas mais carentes, como calazar e malária. Seu trabalho contribuiu para o aperfeiçoamento e apressamento na identificação e no combate desses males, devolvendo saúde e bem-estar ao grande número de pessoas que eram – e as que ainda são – infectadas.

JOAQUIM JOSÉ DE CAMPOS DA COSTA MEDEIROS E ALBUQUERQUE, nascido em Caxias, chefiava uma unidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro, e tornou-se o realizador do primeiro Recenseamento Geral do Brasil, em 1872.

Maranhense de Pedreiras, o médico JOSÉ EDUARDO MORAES REGO SOUSA (1934-2022) é o pioneiro da Cardiologia Intervencionista e realizou os primeiros exames de cineangiocoronariografia no Brasil (1966). Considerado o “pai” do “stent” farmacológico, para o qual criou a técnica de revesti-lo com um medicamento (rapamicina) e implantá-lo na artéria coronária, responsável pela oxigenação do coração. O Dr. Eduardo foi homenageado em diversos países por sua contribuição à Medicina e à Saúde, com a salvação de milhões de vidas com sua técnica e o nanotubo que está presente no peito de pessoas de todo o planeta.

Até onde iríamos nesse desfile de grandes nomes maranhenses que em geral nós maranhenses deles pouco sabemos, ou não sabemos? A quantidade de nomes é tal que dobraríamos as esquinas da paciência e testaríamos o limite de páginas de papel e espaços digitais.

Ainda assim, ao que parece, maior que o rol de nomes, maior que esse escondido e escuro “hall” da fama, parece ser a desvontade, o desamor, o “nem te ligo” a que o Maranhão submete esses e outros – muitos outros – maranhenses. Há, sim, plenas condições (potenciais e a serem construídas) para se reavivar a estrela do Maranhão na constelação de grandes, ilustres, úteis, talentosos nomes que fizeram positiva diferença para este País e lhe ajudou a construir ou fixar a identidade, a brasilidade, a maranhensidade. Nestes 460 anos do Rio de Janeiro, podemos dizer que o Rio é brasileiro, mas a Cidade Maravilhosa... é maranhense.

Essa coleção (incompleta) de nomes forma um patrimônio simbólico, um potencial da Economia Criativa, um capital intelectual fantástico que não pode ser deixado assim, no desperdício, na não recorrência, no esquecimento.

Programas, projetos e ações factíveis podem ser desenvolvidos, adotados, para estar permanentemente presentes nas escolas e universidades públicas e, quiçá, particulares do Estado. Podem, com a adequada abordagem e o devido estímulo, ser pautas permanentes da Imprensa maranhense, brasileira e, até, internacional; podem ser temas de concursos, objeto de estudos, de pesquisas, de obras de estudiosos, pesquisadores, autores, alunos, professores...

Enfim, podem saudavelmente ocupar a mente de maranhenses e brasileiros, levando multidões a ampliarem ainda mais o salubre e incontido orgulho de ser maranhense e brasileiro.

Este réquiem é lançado para pessoas que, como Moisés, saibam falar do que outros não falam...

... saibam enxergar  o que outros não enxergam...

... saibam fazer onde tantos esqueceram...

Pelos seus 460 anos, parabéns ao Rio em que tantos nadaram, beberam, moraram, viveram.

* EDMILSON SANCHES

IMAGENS:

1º de março de 2025: Rio, 460 anos; o caxiense Coelho Netto e a bandeira do Maranhão. Livros com o título "Cidade Maravilhosa".

Brasília (DF), 02.05.2024 - Os candidatos do Distrito Federal que farão o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) estão aproveitando os últimos dias para revisar o conteúdo. Cerca de 160 pessoas acompanharam o último aulão preparatório promovido pela Biblioteca Nacional de Brasília (BNB). Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Fundação Cesgranrio divulgaram, na noite dessa sexta-feira (28), os resultados finais do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU).

Os resultados individuais estão disponíveis na Área do Candidato, na página da Cesgranrio

A publicação dos resultados estava prevista para as 10h, mas foi adiada devido à necessidade de elaboração de novas listas de classificação por causa de liminares concedidas a candidatos eliminados que obtiveram o direito de continuar no certame judicialmente

Ao todo, são 194 listas, sendo finais de classificação para vagas de contratação imediata e de espera para os cargos dos blocos temáticos 1 a 8, e o resultado final da convocação para matrícula nos cursos de formação de nove cargos.

De acordo com o ministério, as listas finais serão disponibilizadas em breve na Área do Candidato e no site do MGI. 

A homologação dos resultados para os cargos que não exigem curso de formação deve ser publicada no Diário Oficial da União, no dia 7 de março. 

Consultas individuais

O participante pode consultar on-line as notas finais individuais para cada um dos cargos que se inscreveu. A consulta deve ser feita na Área do Candidato, na Fundação Cesgranrio, com a conta da plataforma gov.br. O login é feito com o número do CPF e a senha cadastrados.

Cada candidato só aparecerá como aprovado em um dos cargos. Porém, esta mesma pessoa poderá aparecer em diversas listas de espera de outros cargos de maior preferência.

Pela consulta, os participantes saberão a própria situação para cargo: se foi aprovado em vagas imediatas ou se está no cadastro reserva; se está convocado para curso de formação (para nove cargos dos blocos temáticos de nível superior – 1 a 7) ou se foi eliminado.

No caso de vagas reservadas por lei, as pessoas com deficiência, negras e indígenas, o participante é comunicado sobre sua classificação na ampla concorrência e nas cotas.

Ainda estão disponíveis as informações sobre as notas na prova objetiva e na discursiva, na avaliação de títulos, resultado de bancas examinadoras das autodeclarações dos candidatos (PCD, heteroidentificação e indígena) e nota final ponderada em cada cargo.

Cursos de formação

Os cursos de formação representam uma etapa classificatória e eliminatória do concurso, com o objetivo de capacitar os aprovados para os desafios da administração pública federal.  

Na área do candidato, serão divulgadas 21 tabelas com listagem final de convocados em cargos dos blocos de nível superior (1 a 7) para matrícula em cursos de formação, com candidatos sub judice, ou seja, aquele que tem sua situação pendente de decisão judicial.

São nove cargos que possuem curso de formação: especialista em políticas públicas e gestão governamental (EPPGG); analista de comércio exterior (ace); analista em tecnologia da informação (ATI); analista técnico de políticas sociais (ATPS); analista de infraestrutura (AIE); especialista em regulação de serviços públicos (Aneel); especialista em regulação de serviços públicos (Antaq); auditor-fiscal do trabalho (AFT); e especialista em regulação de saúde suplementar (ANS). 

Todos os candidatos convocados para matrículas nos cursos de formação também receberam, nessa sexta-feira, mensagens de e-mail e Whatsapp da Cesgranrio.

Concurso Unificado

A primeira edição do Concurso Público Nacional Unificado teve 2,11 milhões de candidatos inscritos de 5.555 municípios.

Pela primeira vez, um processo seletivo permitiu que os candidatos concorressem a vagas de diferentes órgãos com uma única inscrição.

Desses, 970 mil compareceram de fato aos dois dias de exame para disputar 6.640 vagas em 21 órgãos da administração pública federal. O certame foi aplicado em 3.665 locais de provas (como escolas e faculdades) em 228 cidades. 

O MGI prevê uma segunda edição do concurso unificado. O novo edital deverá ser publicado até o fim de março.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 02.05.2024 - Os candidatos do Distrito Federal que farão o Concurso Público Nacional Unificado (CNU) estão aproveitando os últimos dias para revisar o conteúdo. Cerca de 160 pessoas acompanharam o último aulão preparatório promovido pela Biblioteca Nacional de Brasília (BNB). Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) informou que a Fundação Cesgranrio, banca responsável pelo Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), precisará de tempo adicional para processar as listas finais do certame.

A previsão do MGI é que o resultado seja divulgado ao longo do dia e não mais às 10h, como inicialmente previsto.

Em comunicado publicado a poucos minutos da previsão inicial, a pasta explica que a demora acontece porque a situação dos candidatos que ainda dependem de decisões judiciais (sub judice) precisa ser resolvida antes da classificação final.

Devido ao caráter judicial, cada vez que um dos candidatos sub judice consegue uma liminar, a posição dos demais no resultado final também muda, provocando alterações nas listas de vagas imediatas e nas de cadastro de reserva.

Em respeito às decisões judiciais, estes casos estão sendo tratados como extravaga e serão classificados em lista específica, refletindo a posição que ocupariam caso estivessem em situação regular. 

"Em respeito às decisões judiciais, a opção foi retardar o momento em que as listas começaram a ser geradas. O tratamento desses candidatos requer especial cuidado pois, pelas características do CPNU, cada vez que um candidato entra em uma vaga, ele provoca uma reação em cadeia, alterando centenas de resultados e demandando um novo processamento de todas as listas de vagas imediatas e as de cadastro de reserva”, informa nota do MGI.

Ainda de acordo com o Ministério da Gestão “estão sendo tomadas as providências para que nenhum candidato sub judice ocupe o lugar de um candidato classificado em situação regular".

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 28/02/2025 - Alinhamento dos planetas.
Arte Nasa

Um desfile de planetas. É assim que o Observatório Nacional descreve o que se tem configurado no céu nos últimos dias. Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e, nesta sexta-feira (28), também Mercúrio, estão “alinhados”. Três planetas podem ser vistos a olho nu: Marte, Vênus e Júpiter. Os demais são mais difíceis de serem observados. Apesar de não ser raro, o fenômeno não deixa de ser um convite para olhar para cima e admirar.

“Como é um fenômeno que está distribuído em uma área muito grande do céu, não é um fenômeno para você olhar com o telescópio, é um fenômeno para você olhar com os olhos. Deitar em um lugar seguro, com a visão livre do Oeste, do poente, e apreciar essa grande essa beleza. Você vai ter, realmente, vários planetas visíveis no céu”, diz o astrofísico do Observatório Nacional Ricardo Ogando.

Ogando explica que Marte, Vênus e Júpiter estarão mais visíveis e serão mais fáceis de serem observados. A dica é olhar para o ponto onde o Sol se põe. Mercúrio aparecerá ali por um momento, mas será muito difícil vê-lo.

Já Urano e Netuno são planetas muito distantes da Terra e, por isso, a luz que eles refletem é muito fraca, o que impossibilita a observação a olho nu. De acordo com o astrofísico, Mercúrio e Saturno tipicamente são visíveis a olho nu, mas estarão muito perto do Sol no céu e serão ofuscados por ele. 

“O céu começa a ficar mais escuro, você consegue ver bem Vênus. E aí, um pouco mais acima, Júpiter e, depois, Marte. Além disso, a Lua vai estar no céu nesse momento. Não é um planeta, é o nosso satélite, mas estará lá. É como se tivesse essa grande parada, um desfile de planetas”, descreve o astrofísico.

Para localizar os planetas, a dica de Ogando é usar um aplicativo para celular. É possível baixar gratuitamente aplicativos que mapeiam o céu.

O astrônomo e diretor do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Thiago Gonçalves, explica que planetas, ao contrário de estrelas, não cintilam, ou não piscam.  

“À primeira vista, o planeta vai quase sempre parecer uma estrela muito brilhante”, orienta o astrônomo. “A particularidade dos planetas é que eles não cintilam. Eles estão mais próximos da gente. A cintilação acontece por conta de um efeito atmosférico. É a luz atravessando a atmosfera que faz com que pareça que as estrelas piscam um pouquinho. Mas, como os planetas estão mais próximos da gente, eles não cintilam”.

Entenda o alinhamento

De acordo como Observatório Nacional, embora o termo alinhamento planetário seja o mais usado, ele não descreve exatamente o fenômeno observado. Quando os planetas estão aparentemente próximos no céu, o correto é dizer que estão em “conjunção”. 

Há vários tipos de conjunção, sendo a mais comum a conjunção em ascensão reta, explica o Observatório. Assim, em vez de “alinhamento”, o mais adequado seria falar sobre a visibilidade simultânea dos planetas no céu. Além disso, os planetas não formam exatamente uma linha, mas sim um arco no céu quando observados da Terra. 

“O que acontece na prática é que, como todos eles estão mais ou menos na mesma direção, a gente consegue ver todos eles no céu ao mesmo tempo, supostamente. Isso quer dizer que em um dado momento da noite, você poderia, teoricamente, olhar para o céu e ver todos os planetas”, ressalta Gonçalves.

Ele explica que usa o termo teoricamente porque na prática, isso não ocorre. É preciso que haja condições muito ideias para que todos possam ser avistados, mesmo com equipamentos astronômicos. 

O fenômeno não é raro. O Observatório divulgou que ainda este ano, de 12 a 20 de agosto, antes do Sol nascer teremos Mercúrio, Vênus, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno ao mesmo tempo visíveis no céu.

Conjunção entre Vênus e Júpiter

O destaque será para o dia 12 de agosto, quando haverá uma conjunção entre os dois planetas mais brilhantes do céu: Vênus e Júpiter.

Para Gonçalves, ainda assim, é uma boa oportunidade para olhar para o céu. “Eu gosto de dizer que é uma boa oportunidade para que a gente aumente digamos a divulgação sobre a importância da ciência e de olhar para o céu”, diz. “A gente tem cientistas trabalhando bastante e esse momento é bom para estabelecer um contato, estabelecer a comunicação, aparecer nas redes sociais para que as pessoas consigam se conectar um pouco com o céu e com os astrônomos brasileiros”.

Informações falsas

Segundo Ogando, esse fenômeno ganhou projeção e há informação falsas sendo divulgadas sobre ele. Uma delas é justamente que se trata de um fenômeno raro.

“Esse ‘alinhamento’, curiosamente, ganhou uma visibilidade. E, junto com ela, umas uns penduricalhos errados, falando que é super raro, que só acontece em um trilhão de anos. Eles nem têm ideia do que é um trilhão de anos. O universo tem 13,7 bilhões de anos. É muito engraçado ver como o pessoal realmente criou um monte de fantasia em torno disso e aí isso, isso cria uma expectativa no público, que se decepciona depois”, diz.

Outra informação enganosa é que o alinhamento pode gerar fenômenos e desastres naturais na Terra por conta da gravidade dos planetas. De acordo com Ogando, isso é impossível.

“É uma força ínfima. Os planetas estão muito distantes. Por mais que Júpiter, por exemplo, seja um planeta com uma massa muito grande, muito maior do que a da Terra, ele está a uma distância muito grande. Então, a influência gravitacional é ínfima”, explica.

O Sistema Solar

A Terra faz parte do chamado Sistema Solar. Ao redor do Sol orbitam os planetas Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, nesta ordem. Mercúrio, Vênus, Terra e Marte são os planetas mais próximos do Sol e são formados principalmente por rochas.

Júpiter, Saturno, Urano e Netuno são planetas gasosos, mais distantes do Sol e formados por gases diversos. Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar. Enquanto a Terra demora 365 dias, ou um ano, para dar volta a redor do Sol, Netuno, o planeta mais distante demora o equivalente a 165 anos para completar essa volta.

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ), 18/08/2024 - Candidatos chegam para as provas do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU)na UERJ, zona norte da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os candidatos do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) conhecerão, a partir das 10h desta sexta-feira (28), os resultados finais do certame.

Nessa quinta-feira (27), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e a Fundação Cesgranrio informaram que, ao todo, serão divulgadas 194 listas com os resultados finais do concurso.

Serão publicadas listas finais de classificação para vagas imediatas e para lista de espera dos blocos temáticos 1 a 8. Também será divulgado o resultado final da convocação para os cursos de formação de nove cargos, conforme previsto no edital.

Posteriormente, os resultados do Enem dos Concursos serão publicados no Diário Oficial da União (DOU). De acordo com o MGI, a expectativa é de que o banco de aprovados em lista de espera deverá contar com mais de 16 mil candidatos.

Resultados individuais

Os participantes poderão consultar as notas finais individuais na área do candidato no site do certame com a conta da plataforma Gov.br.

O MGI esclarece que cada candidato só aparecerá como aprovado em um dos cargos. Porém, este mesmo candidato poderá aparecer em listas de espera para outros cargos de maior preferência.

As listas estarão ordenadas pela classificação dos candidatos por cargo, com candidatos sub judice em listas separadas. Não serão publicados os nomes e número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) dos candidatos nestas listas.

Os participantes saberão a própria situação para cargo: se aprovado em vagas imediatas; aprovado em lista de espera/cadastro reserva; convocado para curso de formação ou eliminado (conforme regras dos editais).

Cursos de formação

As 21 listas com os convocados para matrícula em cursos de formação serão disponibilizadas na área do candidato, incluindo aqueles com situação sub judice – ou seja, pendente de decisão judicial.

Nove cargos requerem curso de formação: especialista em políticas públicas e gestão governamental (EPPGG); analista de comércio exterior (ACE); analista em tecnologia da informação (ATI); analista técnico de políticas sociais (ATPS); analista de infraestrutura (AIE); especialista em regulação de serviços públicos (Aneel); especialista em regulação de serviços públicos (Antaq); auditor-fiscal do trabalho (AFT); e especialista em regulação de saúde suplementar (ANS).

Nesta sexta-feira, a Cesgranrio também enviará mensagens por e-mail e whatsapp aos candidatos convocados para os cursos de formação dos blocos 1 a 7.

Concurso Unificado

A primeira edição do CPNU teve 2,1 milhões de candidatos inscritos, dos quais 970 mil compareceram de fato aos dois dias de exame para disputar 6.640 vagas em 21 órgãos da administração pública federal. 

As provas foram aplicadas em 228 cidades e, pela primeira vez, um processo seletivo permitiu que os candidatos concorressem a vagas de diferentes órgãos com uma única inscrição.

O MGI prevê uma segunda edição do CPNU. O edital deverá ser publicado até o fim de março.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 27/02/2025 - Exposição em SP, que abre hoje ao público, celebra os 60 anos da Jovem Guarda.
Foto: Museu da Imagem/Divulgação

“Que onda, que festa de arromba”. Os versos da canção Festa de Arromba, de Erasmo Carlos, traduzem um dos movimentos culturais mais importantes do país: a Jovem Guarda, que completa 60 anos em 2025. Para celebrar este aniversário, o Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo inaugurou, nesta quinta-feira (27), uma nova mostra ao público, que apresenta discos, pôsteres, roupas, vídeos, capas de revistas, fotografias e itens pessoais dos grandes expoentes deste movimento.

Feita por jovens e para jovens, a Jovem Guarda foi um movimento que surgiu a partir de um programa de grande sucesso nas tardes de domingo da TV Record e que foi lançado no dia 22 de agosto de 1965. “A Jovem Guarda foi a primeira vez em que artistas jovens falaram com o público jovem. Foi um programa de televisão criado pelo publicitário Calito Maia com o objetivo de falar com os jovens. A música brasileira era riquíssima antes da Jovem Guarda e também depois, mas não tinha esse perfil [de falar com os jovens]. Foi na Jovem Guarda que se deu isso e, por isso, estamos resgatando esse caráter inovador”, disse o diretor-geral do MIS e curador da mostra, André Sturm.

Influenciadas pelo rock and roll que surgiu nos Estados Unidos, as músicas da Jovem Guarda eram vibrantes e alegres, com temáticas românticas, triviais e dirigidas à juventude. E foi isso, inclusive, que deu ao movimento sua maior polêmica: muitos diziam que era alienante e não demonstrava preocupação com os problemas do país, que na época enfrentava uma ditadura militar.

“A Jovem Guarda aconteceu no mundo todo, simultaneamente. A Jovem Guarda, no Brasil, também sofria muito essa americanização, uma influência muito forte dos Estados Unidos, que introduziram o rock, o jeans e toda essa parte tanto instrumental, quanto musical e comportamental”, explicou o jornalista Washington Morais

Em 1967, foi realizada em São Paulo a Marcha contra a Guitarra Elétrica, em que um grupo, liderado por cantores e compositores como Elis Regina, Geraldo Vandré e Gilberto Gil, foi às ruas para  protestar contra o movimento. Defensores da música nacional, eles criticavam a Jovem Guarda e o que ela representava: a invasão cultural estrangeira. Para eles, a guitarra era um símbolo do imperialismo norte-americano.

“Eles eram contra o uso da guitarra elétrica na música brasileira. Mas, logo depois, Gilberto Gil levou os Mutantes e suas guitarras para tocar Domingo no Parque. Todos os que contestaram, de alguma forma, depois tiveram que recuar. A Elis Regina depois gravou canções de Roberto Carlos. O novo, quando surge, sempre cria alguma resistência. E a Jovem Guarda demorou para ser incorporada”, lembrou Morais. “Mas a Jovem Guarda deu início a toda uma indústria de instrumentos [musicais] e também fonográfica porque as gravadoras, quando perceberam aquele movimento musical, começaram a correr atrás daqueles jovens talentosos”, acrescentou.

O programa

Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa durante a gravação do filme Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa

A Jovem Guarda surgiu quando Paulo Machado de Carvalho, que era o dono da Record, pensou em criar uma atração voltada para o público jovem em substituição à programação de futebol. A apresentação do programa coube aos jovens Roberto Carlos, que era chamado de Rei, Erasmo Carlos, o Tremendão, e Wanderléa, a Ternurinha.

Inicialmente chamado de Festa de Arromba, o programa passou a se chamar Jovem Guarda por sugestão de Carlito Maia, inspirado em uma coluna de Ricardo Amaral que foi publicada no jornal Última Hora que, por sua vez, baseou-se na frase de Vladimir Lênin, um dos líderes da Revolução Russa de 1917: “O futuro do socialismo repousa nos ombros da Jovem Guarda”.

O sucesso deste programa, que foi apresentado até 1968, impulsionou não só toda uma indústria musical, como também levou a licenciamento de bonecos e ternos que eram usados por Roberto Carlos. “Inclusive diversas palavras e gírias de letras das músicas da Jovem Guarda viraram coloquiais na língua portuguesa como broto, é brasa, mora”, explicou Sturm.

A exposição

A mostra é pautada na coleção do jornalista Washington Morais, detentor de um dos maiores acervos privados do Brasil sobre o período. O acervo é constituído por mais de mil itens, que o jornalista começou a colecionar ainda adolescente.

“Em 1965, eu ainda era um adolescente e comecei a me interessar [pela Jovem Guarda]. Eu ia comprar uns discos e fui guardando. Primeiro, era um compacto, a mesada permitia um compacto, depois vinha um LP. Depois vieram os bonequinhos, as partituras, os discos, as revistas, os livros, as biografias, tudo o que é ligado ao assunto”, disse Moraes à Agência Brasil.

Jornalista e colecionador, Morais foi responsável também por fazer uma expressiva arqueologia histórico-social do movimento de música jovem no Brasil e no mundo. “Como sou jornalista, eu entrevistei uma boa parte deles [dos artistas da Jovem Guarda].”

Com base nesse acervo, a mostra começa com  os primórdios do rock no Brasil, passando pelo surgimento da Jovem Guarda e dando destaque também a outros expoentes do movimento como Ronnie Von, Martinha, Leno e Lilian, Rosemary, Vanusa, Eduardo Araújo e Jerry Adriani.

Uma das sessões da mostra, inclusive, é dedicada à cantora Lilian Knapp, que fez dupla com Leno e morreu no último sábado (22). “Na pesquisa que a gente fez em função do material [de acervo], eu descobri, por exemplo, que o Jorge Benjor e o Sérgio Reis participaram da Jovem Guarda. Depois tiveram carreiras muito diferentes, mas a Jovem Guarda abriu espaço para tanta gente”, destacou Sturm.

"A Jovem Guarda trouxe esse conceito de juventude. Foi o primeiro programa jovem voltado para esse público. Eles implementaram várias gírias e expressões e também influenciaram bastante na moda e no comportamento. As mulheres, por exemplo, se liberaram daquele perfil ingênua-chique e finalmente puderam usar minissaias e mostraram o que queriam”, completou Ingrid Morais, filha de Washington e co-curadora da exposição. “Até hoje temos filmes e estudos sobre o movimento. As músicas também são regravadas por artistas da nova geração. Esse movimento influenciou muitas gerações de músicos, principalmente das bandas de rock dos anos 80. A forma descolada de apresentar as letras, o visual, o senso de humor e a picardia [eram características do movimento]”.

Mais informações sobre a mostra podem ser obtidas no site do MIS, que tem entrada gratuita às terças-feiras e na terceira quarta-feira de cada mês.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 19/02/2025 - Programa Pé-de-Meia. Alunos da escola CED619 da Samambaia. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Os participantes do Pé-de-Meia que foram aprovados em 2024 no primeiro e no segundo ano do ensino médio recebem, nesta quinta-feira (27), a parcela de R$ 1.000. O depósito está confirmado a todos que concluíram uma das três etapas do ensino médio, independentemente do mês de aniversário.

O dinheiro entra na conta na modalidade poupança e, por isso, o valor somente poderá ser sacado após os estudantes se formarem no ensino médio.

Requisitos

Para ter direito ao bônus, o estudante precisa:

  • estar matriculado no ensino médio regular ou na Educação de Jovens e Adultos (EJA) de escolas públicas;
  • fazer parte de uma família com inscrição ativa do Cadastro Único para programas sociais do governo federal (CadÚnico),
  • ter renda familiar per capita que não ultrapasse meio salário mínimo;
  • ter entre 14 e 24 anos (no caso da EJA, a idade mínima é de 19 anos).

Gustavo Henry Alves da Silva, de 17 anos, cumpre todos os requisitos. Depois de concluir, em 2024, o segundo ano no Centro Educacional 619 de Samambaia, cidade do Distrito Federal, ele admite que estava aguardando o depósito do incentivo-conclusão neste terceiro dia de depósitos feitos pelo Ministério da Educação (MEC).

Com o dinheiro que já recebeu da Poupança do Ensino Médio pela frequência escolar no ano passado, o jovem consegue se dedicar ao estudo regular e, também, a cursos que vão contribuir para sua formação. Atualmente, Gustavo não consegue conciliar a vida de estudante do terceiro ano com estágios remunerados. “O Pé-de-Meia sempre foi muito importante para mim porque ele dá um auxílio que muitas vezes eu não conseguiria ter”. 

Para ele, o dinheiro extra reforça o entendimento de que não se pode parar com os estudos.

“Eu sempre tive muito apoio e sempre busquei ser a minha melhor versão e nunca deixei de estudar. Até porque eu via a história de outras pessoas que pararam de estudar: os desafios que enfrentavam, o que ocorreu na vida delas. E decidi que eu não queria aquilo para mim", optou o aluno Gustavo Henry Alves da Silva.

Brasília (DF), 19/02/2025 - Programa Pé-de-Meia. O aluno da escola CED619  da Samambaia, Gustavo Alves da Silva. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Gustavo Alves da Silva

Redução da evasão

A 30 quilômetros da escola do Gustavo, no Centro Educacional 01 (CED) da cidade Estrutural, somente no ensino médio, há 636 estudantes na modalidade regular (diurno e noturno) e mais 180 estudantes da EJA.

Diretora da unidade há três anos, Vanessa Nogueira disse à Agência Brasil que a escola está inserida em uma comunidade social e economicamente bastante vulnerável e a situação impõe a muitos alunos a necessidade de trabalhar para contribuir para o aumento da renda familiar. 

Vanessa contabiliza que, antes do Pé-de-Meia, a evasão escolar era maior. “Eles abandonavam a escola no ensino médio, principalmente no regular diurno. Com o programa, isso diminuiu demais. Eles voltaram à escola”.

O impacto pôde ser sentido pela gestora educacional nos estudantes que faziam estágio ou tinham algum trabalho informal no turno vespertino. “Desde que passaram a fazer parte do Pé-de-Meia, muitos deles deixaram esse trabalho, o que melhorou também o rendimento escolar, porque puderam abrir mão dessa ocupação informal para se dedicar aos estudos, já que o programa ajuda na renda familiar”.

“Avaliei o programa com nota mil. Só tenho elogios.  Nós avançamos, com o programa Pé de Meia, tanto nas aprendizagens quanto na questão do rendimento escolar, a partir do recurso que eles estão recebendo”.

A diretora do Centro de Ensino Médio 304, em Samambaia, Justina Neta, comanda a rotina escolar de 1.730 estudantes da modalidade regular desde 2020. Cerca de 400 deles são beneficiários da bolsa federal.

Apesar de perceber avanços que classifica como significativos na diminuição das faltas às aulas e na queda no abandono do ano letivo, a dirigente avalia que a educação pública ainda enfrenta desafios em relação ao desempenho acadêmico dos alunos desta política pública. 

"A preocupação de muitos alunos parece estar centrada em apenas comparecer às aulas, e não em se engajar ativamente no aprendizado. Isso pode estar relacionado a fatores como a necessidade de apoio pedagógico adicional, questões emocionais e sociais", percebe.

Como proposta, ela revela que a unidade escolar tem trabalhado para implementar estratégias que incentivem não apenas a frequência, mas também a participação nas atividades escolares. "Nossa meta é que esses alunos não estejam apenas presentes, mas que também alcancem um desempenho satisfatório e se sintam parte da comunidade escolar", anseia a diretora escolar.

Outras situações

O MEC explica que os alunos de escolas que ainda não terminaram o ano letivo de 2024 também vão receber o incentivo quando tiverem as aprovações informadas pelas suas redes de ensino.

Aqueles que tiveram uma ou mais parcelas bloqueadas no ano passado ainda poderão receber os valores nos próximos meses, desde que cumpram os requisitos pedidos. Em caso de dúvidas, o estudante deve procurar a secretaria escolar.

O prazo para o envio correto dos dados pelas secretarias de educação é de dois meses.

Incentivos

O Pé-de-Meia oferece os seguintes benefícios aos estudantes do ensino médio regular . 

Somente aos estudantes da EJA, o incentivo-frequência será pago em quatro parcelas de R$ 225, por semestre cursado.

Os recursos serão depositados em uma conta em nome do estudante beneficiário, de natureza pessoal e intransferível, que poderá ser do tipo poupança social digital. E os valores não entrarão no cálculo para declaração de renda familiar e recebimento de outros benefícios, como Bolsa Família, por exemplo.

Para mais informações, acesse o site do programa.

(Fonte: Agência Brasil)