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TERESA: A SANTA D’ÁVILA E DA VILA

Você sabia que Santa Teresa d'Ávila não morreu no dia 15 de outubro, mas no dia 4 desse mês?

Saiba a grande coincidência, de alcance mundial, que ocorreu neste dia. Teresa d'Ávila é considerada um dos maiores gênios que a Humanidade já produziu.

Mesmo ateus e livres-pensadores enaltecem sua vida e inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. (Edmilson Sanches)

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No dia 15 de outubro de 1827 dom Pedro I oficializou o ensino no Brasil. Em 1963, a data foi nacionalmente oficializada também como Dia dos Professores. O 15 de outubro é o dia em que se homenageia, em diversas partes do mundo, Santa Teresa d'Ávila.

A santa de Ávila também é a santa da Vila. Da Vila do Frei. Da Vila de Imperatriz.

(2) A PADROEIRA

15 de outubro é o dia de Santa Teresa d’Ávila, também chamada Santa Teresa de Jesus. A data é a do dia de sua morte, há 441 anos, em 1582. Santa Teresa é a padroeira de Imperatriz e conta-se que sua imagem foi trazida pelo frei Manoel Procópio do Coração de Maria, o fundador da cidade. Segundo a Diocese de Imperatriz, a imagem da santa que se encontra na igreja imperatrizense que leva o seu nome foi trazida pelo frade carmelita, que logo cuidou de erguer um templo próprio para Santa Teresa. Esse templo, hoje, é a igreja matriz, na Avenida Frei Manoel Procópio do Coração de Maria.

(3) A CIDADE

Santa Teresa nasceu em 28 de março de 1515, na cidade de Ávila, Espanha. Daí o nome com que também chamam a santa: Teresa d’Ávila, que significa Teresa da cidade de Ávila. No tempo em que viveu, chamado o “século áureo” da Espanha, Santa Teresa pôde ver seu país tornar-se um grande império, que ia além de seu continente, a Europa, e estendia-se da Argentina à Califórnia, nos Estados Unidos. Hoje, a Espanha é um país de 506 mil quilômetros quadrados (menor que o Estado de Minas Gerais) e 47 milhões de habitantes (pouco mais do que o Estado de São Paulo, que tem 44,4 milhões de habitantes). A cidade de Ávila é classificada como Patrimônio da Humanidade. Tem 231km2 e 58 mil habitantes. Está situada a mais de 1.100 metros de altitude (dez vezes mais que Imperatriz) e é comum nevar no inverno, com ventos fortes, gerando bloqueio das rodovias. Ávila é cercada por uma muralha do século XI – a mais bem conservada da Europa –, que mede 2km de comprimento e tem 88 torres. Em homenagem a sua ilustre filha, há muitos templos religiosos dedicados a Santa Teresa. A Catedral de Ávila tem em seu exterior desenhos de imagens selvagens, que, segundo acreditavam, serviam para assustar invasores.

(4) A FAMÍLIA

O nome de Santa Teresa era Teresa de Cepeda y Ahumada, filha de dom Alonso de Cepeda e dona Beatriz de Ahumada. Seu avô paterno era Juan Sanches, um rico mercador judeu, admirado pelos seus dotes de administrador mas odiado por ser um “cristão-novo”, isto é, um judeu convertido ao cristianismo através do batismo, o primeiro dos sete sacramentos da Igreja Católica Apostólica Romana. Os filhos de Juan Sanches, inclusive dom Alonso, pai de Teresa, ingressaram na nobreza. Não era a “alta” nobreza, mas uma nobreza, digamos, “classe média”. Para isso, compraram direitos de fidalguia e casaram-se com mulheres fidalgas. Santa Teresa, porém, em seus escritos, não menciona esses aspectos de nobreza da sua família. Teresa teve bastante irmãos, 10 ou 11 ao todo. Era, contudo, a mais querida. Os pais eram tementes a Deus e ensinaram Teresa na virtude da piedade e das prendas domésticas. Ouvia muito seus pais lerem a vida de santos da Igreja. O ambiente era convidativo: noites longas de inverno, lareira e o calor da família. Essas leituras impressionaram tanta a garotinha que, aos 7 anos de idade, junto com seu irmão Rodrigo, tentou uma fuga da cidade, pois queria “ver a Deus”.

(4) A RELIGIOSA

Quando tinha 13 anos, Teresa vê morrer-lhe sua mãe, dona Beatriz, que era a segunda esposa de seu pai. Sem sua mãe, Teresa lança-se aos pés da Virgem Maria, pedindo-Lhe que seja sua mãe. O pai a coloca no Mosteiro das Irmãs Agostinianas e, em um ano e meio que lá permanece como interna, reacende em Teresa sua vontade de servir a Deus. Aos 20 anos, Teresa foge de casa. Era o dia 2 de novembro de 1535. Entra no Mosteiro da Encarnação de Ávila. Quer ser religiosa, carmelita – coisa que o pai não aprovava. Mas Teresa sabia que o amor que ela queria não estava nem na Terra nem nos homens. Eram os céus, era Deus a fonte provedora do amor que lhe bastava. Passou três anos em dedicada vida religiosa, que foi obrigada a largar para tratar-se, pois estava severamente doente. O mal se agravou e, em 1539, é dada como morta. Só não foi enterrada porque seu pai não deixou. Três dias depois, Teresa volta à vida e, embora paralítica, retorna ao mesmo convento em Ávila. É a São José que ela credita seu restabelecimento. Nos 15 anos seguintes (seu pai já morrera, em 1543), Teresa tem crises espirituais, resiste e, aos 39 anos, tem sua transformação mais profunda. Isso ocorre após contemplar uma imagem de Jesus Cristo cheio de feridas das lanças dos soldados. Daí o nome de Teresa de Jesus. Sua conversão é tão completa que ela rompe seus laços com a materialidade humana.

Morre a mulher. Começa a nascer a santa.

(5) A CARMELITA

Aos 45 anos, em 1560, Santa Teresa ouve, numa reunião de monjas, uma sugestão meio brincalhona de fundar um convento. Contra tudo e contra todos, ela cria, em 24 de agosto de 1562, o Mosteiro São José – o nome era a lembrança do santo que lhe devolvera à vida. Os superiores carmelitas não aprovaram a iniciativa de Teresa e ela foi obrigada a voltar ao convento. Mas não descansou: no fim de 1562, é aprovada a fundação e Roma dá-lhe a condição de fundadora e legisladora. Daí em diante, até o ano de sua morte (1582), Teresa fundou 17 mosteiros para mulheres e 13 para homens. Eram os Carmelitas Descalços, expressão que lembra a observância à pobreza e à disciplina rigorosa. Os carmelitas só deixaram de andar descalços quando viram ser mais prudente estar calçados, no caso, com humildes sandálias de cordas, as mais usadas pelos mais pobres.

(6) A SANTA

 Santa Teresa d’Ávila escreveu muito, orou sempre. Foram mais de 15 mil cartas e diversos livros, entre eles “Livro da Vida”, “Caminho de Perfeição”, “As Moradas”, “As Fundações”.

Em 15 de outubro de 1582, na cidade de Alba de Tormes, Teresa mudou de vida. Morreu para sobreviver nos corações e na fé dos que a ela se devotam. Em 27 de setembro de 1970, o Vaticano declarou Santa Teresa “Doutora da Igreja”. Com isso, a doutrina e espiritualidade de Santa Teresa deixaram de lhe pertencer e também deixaram de ser apenas da ordem carmelita. Foram transformados em tesouro de toda a Igreja.

(7) A DOUTORA

Santa Teresa de Ávila está entre os 33 doutores da Igreja, entre eles três mulheres. Foi a segunda mulher a ter esse título. A primeira foi Santa Catarina de Sena (nascida em 1347; morreu em 1380); a terceira foi Santa Teresa de Lisieux (1873–1897).

(8) A DATA

O dia 15 de outubro só se tornou o dia de Santa Teresa D’Ávila por uma coincidência. Na verdade, Teresa morreu em 4 de outubro, 11 dias antes. Entretanto, exatamente naquele dia, mês e ano (4 de outubro de 1582), aconteceu a reforma do calendário: saiu o calendário juliano, adotado pelo imperador Júlio César desde o ano 46 antes de Cristo, e entrou, com poucas modificações, o calendário gregoriano, criado pelo papa Gregório XIII. A substituição de calendários se deu porque a Igreja não estava concordando com uma incorreção no calendário anterior – que, por sua vez, substituíra com vantagem o calendário egípcio. Uma falha de cálculo fizera com que, ao longo do tempo, houvesse um erro de 11 dias. Assim, como os dias santos da Igreja baseavam-se no calendário, poderia ocorrer que a Páscoa caísse no inverno e o Natal, no outono. O acerto no calendário foi feito e o dia 4 de outubro de 1582, quando morreu Santa Teresa, passou a ser 15 de outubro. Esse calendário é o que usamos ainda hoje.

*

CRONOLOGIA

1515

Nasce Teresa, em 28 de março, na cidade de Ávila, Espanha.

1522

Com um irmão, tenta fugir de casa, aos sete anos de idade, para “ver a Deus”.

1528

Morre sua mãe, dona Beatriz.

1535

Foge de casa, em 2 de novembro, e entra no Mosteiro da Encarnação de Ávila.

1538

Sai do mosteiro, severamente doente, para tratar-se em casa.

1539º

O mal se agrava e é dada como morta. Três dias depois, volta à vida.

1543

Morre seu pai, dom Alonso.

1560

Ouve, aos 45 anos, sugestão para fundar um convento.

1562

Cria, em 24 de agosto, o Mosteiro São José.

1582

Morre aos 67 anos, em 15 de outubro, na cidade de Alba de Tormes (Espanha).

*

FRASES DE TERESA D'ÁVILA

“O progresso da alma não está no muito refletir, mas no muito amar”.

“A oração não é senão um ato de amor, e é insensato pensar que só se pode orar quando se dispõe de tempo e de solidão”.

“Deus tem cuidado dos nossos interesses muito mais do que nós mesmos”.

“Uma ou duas pessoas que digam a verdade valem mais do que muitas reunidas”.

“Jamais chegaremos a conhecer-nos se juntos não procuramos conhecer a Deus”.

“A companhia do bom Jesus é proveitosa demais para que nos afastemos dela. O mesmo acontece com a companhia de Sua Santíssima Mãe!”

“Quem começa a servir verdadeiramente o Senhor, o mínimo que Lhe pode oferecer é a própria vida”.

“Nada te inquiete, nada te meta meda. Tudo passa, Deus sempre permanece o mesmo. A paciência tudo consegue. Àquele que tem Deus consigo, nada há de faltar. Só Deus basta!”

*

QUER CONHECER UM POUCO MAIS SOBRE A PADROEIRA DE IMPERATRIZ?

Alguns livros de e sobre Santa Teresa d'Ávila (ou Santa Teresa de Jesus), da biblioteca de Edmilson Sanches:

1) “Teresa, a Santa Apaixonada” – Rosa Amanda Strausz – (Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2004)

2) “30 dias com Santa Teresa de Jesus” – Padre Antônio Lúcio da Silva Lima (org.) – (Editora Paulus, São Paulo, 2001)

3) “Itinerário Espiritual de Santa Teresa de Ávila” – Frei Pedro Paulo Di Berardino – (Editora Paulus, São Paulo, 1999)

4) “’Deixe-se Amar’ – Experiência de Deus com Teresa d’Ávila” – Frei Patrício Sciadini – (Edições Loyola, São Paulo, 2004)

5) “Quando o Coração Reza...” – (seleção de textos de Frei Patrício Sciadini) - (Editora Cidade Nova, São Paulo, 2007)

6) “As Fundações” – Santa Teresa de Jesus - (Edições Loyola, São Paulo, 2012)

7) “La Vida, Las Moradas” – Santa Teresa de Jesús (edição em castelhano) – (PML Ediciones, Madrid, 1995)

8 -) “Caminho de Perfeição” – Santa Teresa de Jesus - (Edições Paulinas, São Paulo, 1977)

9) “Livro da Vida” – Santa Teresa de Jesus - (Edições Paulinas, São Paulo, 1983)

10) “Santa Teresa” – (coleção Gigantes da Literatura Universal – Editorial Verbo, Lisboa, 1972)

A peça teatral “Teresa”, de Alexandre Dumas, não está relacionada a Teresa d'Ávila (tenho uma edição em italiano de 1880, publicada em Milão pelo livreiro C. Barbini, número 297 da Biblioteca Ebdomadaria Teatrale).

* EDMILSON SANCHES.

Ilustrações:

A igreja de Santa Teresa d'Ávila, em Imperatriz (MA), e capa de alguns livros de/sobre Santa Teresa d'Ávila, da biblioteca de Edmilson Sanches.

A professora brasileira Maria Janerrandra, que fala espanhol, ensina alunos venezuelanos de 6 a 18 anos na Escola Classe Café Sem Troco, na área rural do Distrito Federal. A escola recebe crianças e adolescentes indígenas, da etnia Warao Coromoto, que vieram refugiados da Venezuela para o Brasil. Muitos deles, além de não falarem o português, não estão alfabetizados.

“Tudo é muito novo para eles. Acho que, hoje em dia, eu não me imagino numa sala normal, fazendo aquela coisa tradicional”, afirma a professora. 

Essa é uma das histórias contadas no programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, que vai ao ar neste domingo (15), às 22h. No Dia do Professor, serão apresentadas histórias de profissionais que colocam em prática a educação do país, mesmo que nem sempre tenham apoio, investimentos e atenção. 

Outra história é a da professora Gina Vieira Ponte, criadora do projeto “Mulheres Inspiradoras”, que, por meio da leitura de livros, levou os alunos a conhecer histórias de mulheres que mudaram o mundo. Ex-aluna de Gina, Joyce Barbosa Pereira teve a oportunidade de ilustrar a capa do livro que foi o resultado do projeto. A partir dali, inspirada pela professora, surgiu a vontade de dar aula. “Essa professora que tento ser hoje é muito desta professora que eu me inspiro na Gina, de chegar aos alunos, de inspirar e de ser um agente de transformação social”.

O professor de Sociologia Osvaldo Lima de Oliveira divide o tempo em sala de aula com reuniões de coordenação, planejamento de aulas e correção de provas. “Você acaba extrapolando literalmente o horário que é necessário porque você quer ver a coisa funcionar, você quer oferecer não só o feijão com arroz”.

As questões de saúde mental dos profissionais também são abordadas no programa. “Tem professores, especialmente dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, que são responsáveis por mais de 200, 300 alunos, que trabalham em mais de duas escolas, com jornadas de trabalho extenuantes, às vezes acima de 40 horas”, afirma a diretora de Políticas Educacionais do Instituto Península, Mariana Breim. 

A programação da TV Brasil pode ser acompanhada pelo canal aberto, por TV por assinatura e por parabólica.

(Fonte: Agência Brasil)

Quando a pandemia da covid-19 começou e o ensino remoto se tornou a única alternativa pedagógica, não faltaram análises otimistas sobre o uso dos recursos digitais. Além de potencializar o aprendizado, esperava-se que a comunicação entre estudantes e professores fosse mais próxima e horizontal. Mas o que têm sido identificado por especialistas em educação e entidades sindicais é que os ambientes virtuais registram cada vez mais casos de violência e hostilidade. Também são lugares favoráveis para disseminação de discursos de ódio, que podem resultar em agressões presenciais. Nos dois casos, professores são alvos comuns e precisam lidar com as consequências na saúde física e mental.

Queixas do tipo aumentaram no Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe). A coordenadora Helenita Beserra diz que estudantes e responsáveis têm utilizado as redes sociais dos professores ou contatos diretos via WhatsApp para os desrespeitar e os atacar.

“Temos, aqui, um grupo grande de profissionais que está se sentindo perseguido. Entram nas redes sociais deles, para fazer patrulhamento da posição política e contestam, de forma agressiva, as publicações ali. Esses casos estão se tornando corriqueiros, e os profissionais estão sofrendo com essa pressão psicológica e o estresse”, diz Helenita.

Há algumas semanas, profissionais do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, relataram que uma professora de inglês levou tapas de um aluno por causa de um desafio publicado na rede social Tik Tok. Outros casos comuns de violência envolvem linchamentos virtuais, cyberbullying e gravações não autorizadas com o objetivo de humilhar os profissionais.

Quando o professor é vítima dessas agressões, a orientação sindical é procurar as autoridades competentes para que agressor ou pais sejam responsabilizados.

“Em casos mais graves contra os profissionais, colocamos o departamento jurídico à disposição para ajudá-los a fazer esse enfrentamento. Quando a situação é ainda mais delicada, o correto é procurar uma delegacia para fazer o registro policial. De preferência alguma especializada em crimes cibernéticos”, orienta Helenita.

Motivações

Violências contra professores têm diferentes motivações. Quando se trata especificamente do ambiente virtual, o pesquisador Antônio Álvaro Soares Zuin tem uma tese para explicar uma das dimensões que explicam a hostilidade de estudantes contra professores.

No livro “Cyberbullying contra professores”, lançado em 2017, o professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) argumenta que vivemos em uma “era da concentração dispersa” impulsionada pelas tecnologias de comunicação. Nesse contexto, os alunos projetam uma espécie de rivalidade entre dispositivos digitais e os professores.

“Desde os primórdios das relações ensino-aprendizagem, os professores foram responsáveis pela manutenção do foco de atenção dos alunos em relação aos conteúdos. Várias metodologias foram desenvolvidas para garantir isso. Desde a via dialógica até a aplicação de punições físicas e psicológicas. Hoje em dia, é preciso um esforço muito grande para manter a atenção e ler qualquer conteúdo em profundidade, uma vez que queremos ficar conectados aos celulares o tempo todo” argumenta Zuin.

“Para os alunos, vai ficando absolutamente insuportável focar durante horas numa figura como o professor. E aí, eles acabam, de certa maneira, se vingando contra essa figura que historicamente foi responsável pela manutenção da atenção deles”, completa.

Quando a escola não favorece o diálogo, silencia estudantes e o professor se coloca como uma figura autoritária, casos de violência podem ser potencializados. A análise é de Telma Brito Rocha, doutora em educação e professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ela é autora do livro “Cyberbullying: ódio, violência virtual e profissão docente”, de 2012.

“Sabemos que o professor sofre com uma série de violências cotidianas. Mas também é preciso entender como as agressões dos estudantes podem ser ressonâncias de práticas escolares”, diz Telma. “Essa violência vem muitas vezes do professor, que imprime uma perseguição por causa de determinados comportamentos dos alunos em sala de aula. Existe a repressão em relação a como o aluno se senta, como fala, como se veste, como deve se portar e estar no ambiente. Isso tudo acaba por gerar revoltas, que por sua vez podem gerar outras violências”.

Caminhos alternativos

Os dois pesquisadores entendem que, para combater as agressões contra professores, sejam nos ambientes presenciais ou virtuais, é preciso transformar a escola em lugar permanente de diálogo e resolução de conflitos. Em outras palavras, dar mais espaço para que os alunos sejam ouvidos e expressem insatisfações.

“O espaço educacional é um espaço de conflito e cooperação. Não é um lugar sempre tranquilo, onde as pessoas vão sorrir o tempo todo. A gente tem que buscar a via pedagógica para resolver os problemas. Não é eliminar o aluno que agrediu, enviar para outro colégio e transferir o problema. Precisamos que o Poder Público, as secretarias de Educação, invistam em equipes multidisciplinares. O problema exige cada vez mais estratégias que possam dar conta dessa complexidade e envolver diferentes áreas do conhecimento”, diz Telma Brito Rocha.

“O professor tem que redimensionar o significado da autoridade educacional. Principalmente no sentido de realizar uma espécie de autocrítica, de não querer persuadir o aluno que ele é o dono da verdade. Além disso, a escola deveria promover espaços e situações em que professores, alunos e pais possam se reunir e tentar entender o porquê de estar acontecendo alguma violência, para tentar estabelecer determinadas ações conjuntas. Se houver um espaço propício para esses contratos sociais pedagógicos, a prática de  cyberbullying  tende a cair”, diz Antônio Zuin.

Educação digital na infância

Projetos que desenvolvem uma educação digital direcionada para crianças e jovens também podem ser caminhos de prevenção e combate à violência na internet. É o caso do programa criado pela professora Maria Sylvia Spínola, chamado de “Educação midiática na prática”. Ele é voltado para crianças do 5º ano, que tem em média 10 ou 11 anos de idade, nas salas de aula da rede pública onde ela leciona. Mestre em ensino e educação na área de tecnologias digitais, Maria Sylvia trabalha principalmente a formação do senso crítico e da responsabilidade nos ambientes virtuais.

Os aprendizados incluem o uso dos mecanismos de busca, checagem de fatos, diferenciar opinião de informação, e como se comportar de forma crítica e ética nas redes sociais.

“Quando a gente trabalha questões de bullying, golpe, assédio ou violências que acontecem na internet, as crianças muitas vezes conseguem perceber quando elas são vítimas. Mas elas não conseguem perceber quando elas estão sendo agressivas ou usando linguagens impróprias. Eu trabalho em cima dessa perspectiva também”, explica a professora. “Considerando que a educação midiática tem como base a formação da cidadania, que ajuda no bom uso das ferramentas e em como se expressar de maneira responsável, acredito que estamos contribuindo na construção de um cidadão ético”.

A professora reforça, no entanto, que as instituições de ensino não são as únicas responsáveis por prevenir violências e comportamento inadequados dos estudantes nas redes. É preciso engajar toda a sociedade nesse processo.

“A gente precisa considerar todas as questões sociais, emocionais, e os ambientes familiares. Muitas crianças não têm orientação parental sobre o bom uso da internet, não estão envolvidas em práticas seguras”, reforça Maria Sylvia. “A escola é muito cobrada como parte responsável por educar a sociedade, e a gente esquece a importância de envolvimento da família e do Poder Público. É aquela máxima, não se educa uma criança sem o movimento de uma aldeia inteira”.

(Fonte: Agência Brasil)

A saúde dos professores não vai bem no Brasil. É o que aponta o livro Precarização, Adoecimento & Caminhos para a Mudança. Trabalho e saúde dos Professores, lançado, na semana passada, pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro).

livro foi lançado durante o V Seminário: Trabalho e Saúde dos Professores – Precarização, Adoecimento e Caminhos para a Mudança. Durante o seminário, os pesquisadores apontaram que, seja na rede pública ou na rede privada, os professores sofrem de um mesmo conjunto de males ou doenças, em que há predomínio dos distúrbios mentais tais como síndrome de burnout, estresse e depressão. Depois deles, aparecem os distúrbios de voz e os distúrbios osteomusculares (lesões nos músculos, tendões ou articulações).

“Os estudos têm mostrado que as principais necessidades de afastamento para tratamento de saúde dos professores são os transtornos mentais. Quando olhávamos esses estudos há cinco anos, eles apontavam prevalência maior de adoecimento vocal. Mas isso está mudando. Hoje, os transtornos mentais já têm assumido a primeira posição em causa de afastamento de professores das salas de aula”, disse Jefferson Peixoto da Silva, tecnologista da Fundacentro.

Segundo Frida Fischer, professora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), entre os principais problemas enfrentados por docentes no trabalho está a perda de voz, a perda auditiva, os distúrbios osteomusculares e, mais recentemente, as doenças mentais. “Essas são as principais causas de afastamento dos professores”, disse, em entrevista coletiva.

Uma pesquisa realizada e divulgada, recentemente, pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) já havia apontado que muitos professores estão enfrentando problemas relacionados à saúde mental e que isso pode ter se agravado com a pandemia do novo coronavírus.

Violência

Outro problema que agravou a saúde dos professores é a violência, aponta Renata Paparelli, psicóloga e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Segundo ela, o adoecimento dos professores pode ser resultado de três tipos de violência: a física, como as agressões e tapas; as ameaças; e também as resultantes de uma atividade psicossocial cotidiana, como os assédios, por exemplo, relacionados à gestão escolar. Além disso, destaca, há também os episódios de ataques contra as escolas.

As consequências dessas violências, diz Renata, podem resultar tanto em um problema físico, tais como uma lombalgia ou lesão, quanto em uma doença relacionada a um transtorno de estresse pós-traumático.

“A escola não é uma ilha separada de gente. A escola está dentro de uma comunidade, está na sociedade, e todos os problemas da sociedade vão bater lá na porta da escola. O tempo todo a escola reflete os problemas que existem na sociedade”, ressaltou Wilson Teixeira, supervisor escolar da Secretaria Municipal de Educação da prefeitura de São Paulo. “Então, a escola também pode ser promotora de violência. Uma gestão autoritária, por exemplo, pode causar sim adoecimento dos professores”, destacou.

Além da violência, a falta de recursos ou de condições apropriadas também contribui para que o professor adoeça. Isso, por exemplo, está relacionado não só à infraestrutura da escola como também aos baixos salários, jornadas excessivas e até a quantidade de alunos por salas de aula. “As doenças relacionadas ao trabalho estão diretamente relacionadas às condições de trabalho, aos recursos que os professores têm para a administração de seu cotidiano. Quando as condições de trabalho são precárias, tanto em infraestrutura quanto em recursos ou exigências, e quando existe um desequilíbrio entre o que o professor tem de fazer e aquilo que é possível ser feito dentro daquelas condições, as pessoas vão adoecer”, disse Frida Fischer.

Para Solange Aparecida Benedeti Penha, secretária de assuntos relativos à saúde do trabalhador da Apeoesp, parte desses problemas podem ser resolvidos com o fortalecimento das denúncias e também por meio de negociações entre os sindicatos e os governos. “Defendemos menos alunos nas salas de aula, professores valorizados e, consequentemente, isso vai trazer uma melhoria para a educação”, disse.

Para Jeffeson Peixoto da Silva, todas essas questões demonstram que é necessário que sejam pensadas políticas públicas voltadas também para o bem-estar dos professores. “A principal conclusão do livro é a questão das políticas públicas, a importância de termos políticas públicas e que sejam favoráveis às melhorias das condições de saúde e de trabalho dos professores. Medidas pontuais podem beneficiar alguns, mas temos, no Brasil, um número muito grande de professores, mais de 2 milhões, que vivem em regiões e situações diferentes. Então, as políticas públicas são aquelas capazes de abranger toda essa necessidade”, disse Silva.

(Fonte: Agência Brasil)

No dia a dia e no entra ano e sai ano de suas atividades, vocês todos têm aprendido uma dura lição: lutar é preciso. Protestar é preciso. Reivindicar é preciso. Denunciar é preciso.

Há quem defina o ensino como um sacerdócio. Há quem queira ver o professor apenas como um sacerdote. Assim, o professor não teria um trabalho, mas uma missão. A função do professor seria apenas educativa, social, e não política, (r)evolucionária.

Mas não é isso – ou, melhor, não é apenas isso. Do sacerdote (pelo menos, da imagem antiga que se faz dele), espera-se paciência, contrição, suportação. Sofrer calado. Aguardar resignado. Esperar sentado. E, enquanto isso, sobreviver à custa de dízimos miseráveis e infrequentes.

Chega! Basta! Ou, como se diz por aí: “Fala sério!...”

Professor rima com trabalhador. Professor é trabalhador. Ele está sujeito aos mesmos mecanismos de freios e contrapesos a que são submetidas outras categorias do mercado de trabalho e das relações laborais.

Ora, se aos professores se aplicam regras trabalhistas, por que, correspondentemente, não podem eles salvaguardar-se brandindo as armas de que dispõem, efetivando os recursos que têm? As relações de trabalho não se baseiam apenas na hierarquia, mas também, senão sobretudo, no direito. Bilateralismo. Mão dupla.

Desse modo, é válida a luta.

Já houve momentos em que se acusaram professores pelo atraso do calendário escolar, mas os acusadores eximiram-se do atraso no calendário de pagamento dos salários.

Já acusaram professores de prejudicar os alunos, mas absolveram-se do prejuízo econômico, social e até moral que, pela dinâmica da economia, ante a irregularidade de pagamentos salariais, contamina a família dos professores e os negócios e a vida daqueles com quem os professores mantêm interações econômicas e sociais.

Já acusaram professores de má conduta, mas esqueceram-se de que ela pode ser um bom exemplo. Por paradoxal que pareça, mas até uma ausência temporária do professor a uma sala de aula pode, de algum modo, servir de “lição” de cidadania para o aluno.

Se adequadamente apropriados, alguns dias de ausência podem transformar-se, no aluno, em aprendizado permanente: o de saber que, no mundo humano, até paciência tem limite; o de que a todo dever corresponde um direito; o de que a toda ação (ou falta dela) corresponde A uma reação – preservada a razoabilidade.

Afinal, educar não é tão-só dar aulas, mas, muito mais, ser exemplo.

E, pelo visto, enquanto categoria, professores devem ser exemplo: são maleáveis, mas não moles; flexíveis, mas não frouxos.

É importante que, além de serem educadores, continuem sendo educados.

Além de ensinarem, aprendam.

Abraços.

Sejam orgulhosos de sua função.

Sejam fortes.

E, apesar de tudo, sejam felizes.

* EDMILSON SANCHES

São históricas as violências que se praticam contra a classe das pessoas que têm classe – os professores. Na corrida salarial professores “versus” políticos, por exemplo, os primeiros não levam qualquer vantagem.

Mesmo sendo todos, políticos e professores, servidores públicos, há uns que SE SERVEM do público, do contribuinte. E se servir de atenuante, embarco na onda dos que dizem que o salário dos políticos não é alto: os outros é que ganham pouco. Mas que tem gente, como os professores, ganhando “mais pouco” ainda, ah! isso tem. Que o salário dos professores, especialmente no Brasil e sobretudo os das redes públicas de ensino, não é o ideal, isso não é.

DIA & DINHEIRO

Direito do professor, mesmo, parece, só ao seu dia, 15 de outubro. E olhe lá. Nesse dia, às vezes tem refrigerante aqui, bolinhos acolá. Talvez uns discursos aguados falando sobre “a missão” do mestre. Mas – ou mais – dinheiro, que é bom, necas!, nem pichite. Seria mais intere$$ante que o professor ficasse esquecido no 15 de outubro... e fosse lembrado em todos os outros.

SERVIR & SER VIL

Essa lembrança diária – a justa remuneração – seria um jeito de ir aliviando os males infligidos ao professor, à escola, à Educação. São malefícios que, à maneira de uma legião de diabos, de demônios terrenos, perturbam a alma e a vontade de quem só quer SERVIR (e não SER VIL), de quem só espera o que lhe é justo e o que lhe é devido, para, ao menos, (sobre)viver com dignidade de gente. Nada mais. Mas não! O professor não é reconhecido. Atitudes humilhantes, desconsiderações irracionais, desculpas tresloucadas atrelam-se às respostas aos pedidos de justiça (ou de clemência?) da classe professoral.

CORPO & ALMA

Esquecem-se de que o professor não é só alma, vontade, sacerdócio. Professor não é santo. Professor é, também, corpo, matéria, família a ser sustentada, necessidades a serem atendidas, contas a serem pagas. Mas não. Nada disso. Corre por aí a estória de que o trabalho do professor não tem preço e, vejam só, levam isso ao pé da letra! Colocam os mestres no pé do muro e dão-lhes uma paga que sequer preenche um pé de página, um rodapé.

JOGO & LIÇÃO

Mas não param aí os trocadilhos, as figurações que envolvem o nosso professor. O professor é um jogador, de futebol, driblando sua sobrevivência, fintando suas aspirações com a bola murcha de seu “prestígio” sempre “alto” e seu salário sempre mínimo.

O professor, acostumado a ensinar, desta vez é obrigado a aprender e repetir (a troco de palmatória e puxões de orelha) sua lição quotidiana de sobrevivência e paciência – que só interessa a quem (des)manda em municípios, Estados e neste país.

Essa lição de paciência e humildade, mestres, deve ser esquecida, desaprendida. Pois, convenhamos, boa vontade termina onde começa (ou deveria começar) o bom senso. Quem não quer admitir isso são os nossos governantes, maiores e menores, porque, muitos deles, despreparados, despreocupados, deixam-se embriagar pelo poder e comportam-se como patrões do povo, quando, na verdade, deveriam ser o que de fato são: servidores públicos, funcionários da Nação.

DOCÊNCIA & INDECÊNCIA

Deve-se dizer NÃO ao magistério romântico, o ensino pelo ensino. Há de haver a justa compensação. A docência (doce arte e ciência) não se confunde com a indecência.

Basta de condições e salários injustos ou ilegais ou ilegítimos ou indecentes ou imorais!

Mais recursos, fartos e estáveis, para a Educação!

A mão que se eleva ao quadro-negro não deve baixar-se na mendicância de direitos.

A fonte do direito é o dever – e este, da parte dos professores, vem sendo cumprido.

Para eles, a qualquer tempo, a solidariedade do colega aqui, que ensina em baixa e assina embaixo.* EDMILSON SANCHES

O pequeno município de Tefé, no Amazonas, teve o privilégio de ser o primeiro lugar no país a acompanhar, nesse sábado (14), o eclipse anular do Sol. O fenômeno teve início às 13h29 no horário local e atingiu o ápice às 15h11. Durante cinco minutos, Sol, Lua e Terra ficaram alinhados. Ao olhar para o céu, o disco solar ficou quase todo coberto e escuro, apenas com uma borda fina luminosa à vista, lembrando um anel.

O evento no país e em outras partes do mundo foi transmitido durante o dia no canal do YouTube do Observatório Nacional, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Com a ajuda de parceiros locais e órgãos internacionais, como Time and Date e a Nasa, o eclipse anular pôde ser visto numa faixa de 200 quilômetros, que foi da costa oeste dos Estados Unidos até o extremo leste do Brasil. A anularidade também foi vista no México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e Colômbia. 

No Brasil, o eclipse anular ocorreu em cidades localizadas no Norte e Nordeste: Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Tocantins, Rio Grande do Norte e Pernambuco. No restante do país, o fenômeno foi parcial.  O professor de física Ariel Adorno se emocionou ao acompanhar o eclipse em Juazeiro do Norte, na Universidade Federal do Ceará.

“Um eclipse igual a esse aconteceu em novembro de 1994 e, na época, eu morava em Goiânia. A razão de eu ter feito Física foi esse eclipse. A gente espera que, pela quantidade de pessoas atingidas hoje, esse eclipse também provoque mudanças nas vidas delas para o bem. Especialmente para o lado da ciência. Eu me emocionei algumas vezes. Chorei vendo hoje esse eclipse, lembrando de tudo o que eu passei até chegar aqui”, disse Ariel.

Dúvidas

Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional, coordenou a transmissão visualizada por milhares de pessoas e esclareceu as principais dúvidas sobre o eclipse – notadamente se o fenômeno pode ser considerado raro.

“O que causa essa sensação de raridade é que, quando ele acontece, só pode ser visto em alguns lugares do planeta. Como a sombra da Lua é pequena, só atinge a Terra em uma faixa estreita. E aí, poucas pessoas entram nesse caminho da anularidade ou da totalidade do eclipse. A maioria o vê como parcial. Mas ele ocorre de anos em anos, com alguma regularidade no planeta”, disse Josina.

Como referência, o último eclipse anular do Sol ocorreu em junho de 2021, mas não foi visível no Brasil. E o próximo vai ser no dia 2 de outubro de 2024, também sem poder ser observado por aqui. No Brasil, o fenômeno só vai voltar a ser visível no dia 6 de fevereiro de 2027 e, mesmo assim, só de forma completa no Rio Grande do Sul.

(Fonte: Agência Brasil)

Os cursinhos populares voltados para públicos específicos buscam preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além de mobilizar lutas sociais. É o caso do cursinho da Educafro Brasil, em São Paulo, voltado para a população negra e periférica, que tem como meta o acesso à universidade e combater a desigualdade educacional.

“Nós temos a missão de entregar à faculdade não só um aluno que passe na prova tradicional da faculdade, nós temos a missão de entregar um aluno questionador e lutador para ajudar a fazer acontecer as grandes transformações que sonhamos”, disse o diretor-executivo da Educafro, frei Davi.

Ele explicou que os estudantes têm aula de cultura e cidadania, com mesma carga horária das demais aulas como português e matemática, em que se trabalha fortemente o combate ao racismo.

“Nosso sonho é que esses alunos que vão ingressar nas universidades públicas tenham a capacidade de questionar o currículo dessas universidades que são exageradamente eurocêntricas e marginalizam todo o saber afro e indígena”, revelou.

“Nós queremos a universidade plural também na sua pedagogia, na sua metodologia. Por exemplo, é um absurdo que grande parte das universidades públicas, dos vestibulares, não cobra livros de autores africanos, isso é um atentado contra nós afro-brasileiros, só cobram livros de autores de origem europeia, isso não está certo”, acrescentou.

Responsabilidade

Outro problema apontado pelo diretor é a falta de responsabilidade de sucessivos governantes que ocuparam o Ministério da Educação ao não garantir a permanência de estudantes negros nas universidades por falta de políticas públicas. Segundo ele, a situação provocou grande estrago aos jovens negros que entraram na universidade e, depoi,s precisaram abandoná-la por dificuldades financeiras.

“O governo federal, quando adotou cotas, prometeu que todos os alunos que tivessem como renda até um salário mínimo e meio, todos eles receberiam, imediatamente, bolsa-moradia e bolsa de alimentação. E o governo até hoje não bota isso em prática”, reivindicou.

Luiz Henrique, de 24 anos, está se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano por meio do curso preparatório para vestibulares que a Educafro oferece. “A Educafro foi o que nos permitiu ir além do ensino, que geralmente é deficiente, nas escolas públicas, que é oferecido para nós, porém, não só isso, como também a Educafro é um meio de reunir várias pessoas sob a mesma égide, da luta contra o racismo através de pautas sociopolíticas e econômicas”, ressaltou.

Ele pretende fazer a graduação em Engenharia Mecatrônica, Direito ou Engenharia da Computação, mas esse não é um objetivo isolado para o estudante. “Para nós, a importância que damos para o ensino superior se baseia não só na qualidade de ensino e na possibilidade de uma carreira digna a um nível individual, como também na oportunidade de alavancar o coletivo do povo negro a possuir as mesmas possibilidades oferecidas a outras etnias, através de uma rede de apoio e de contatos, tornando o ensino superior de qualidade”, disse.

O estudante aponta ainda que a escolha das profissões passa por um desejo de construção coletiva da sociedade. Sobre a Engenharia Mecatrônica, ele acredita ser uma área importante para a soberania nacional, e relacionou os outros dois cursos diretamente ao combate ao racismo.

“Direito, pois acredito que é o melhor curso para proteger a população negra das injúrias cometidas seja no mercado de trabalho ou pelas instituições que deveriam nos proteger, porém, abusam do poder que é confiado a eles, e Engenharia da Computação, porque é uma área que está em alta, e quero fazer parte dos esforços da população negra para o acesso a essa”, finalizou.

Pontuação

A estudante Pamella Santos, de 38 anos, também está se preparando para a prova do Enem por meio da Educafro. “Eu estou muito determinada e focada nos estudos, pois, desde de que comecei a fazer o cursinho da Educafro, melhorei muito minha pontuação no Enem, coisa que não conseguia nas provas dos outros anos”, contou.

“Eu sou uma pessoa totalmente justa e sempre busco a justiça, a igualdade, a defesa e conhecimento fazendo com que a nossa Constituição seja realmente válida e reconhecida”, disse a estudante, que pretende cursar Direito.

Ela acrescentou que a Educafro teve papel relevante em sua busca pelo ensino superior, porque há a possibilidade de a entidade fornecer computador para quem precisa, os professores têm boa bagagem de conhecimento e há atendimento psicológico à disposição.

(Fonte: Agência Brasil)

O eclipse anular do Sol  está previsto para este sábado (14) e poderá ser visto do Brasil. Na ocasião, a Lua vai cobrir a maior parte do disco solar, deixando apenas um anel brilhante na borda. O Observatório Nacional, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, vai transmitir o eclipse em evento virtual O Céu em sua Casa: Observação Remota, que é uma opção para que as pessoas acompanhem o fenômeno com segurança.

A transmissão virtual terá início às 11h30 da manhã (horário de Brasília) quando o eclipse anular estiver começando na costa oeste dos Estados Unidos, e vai acompanhar todo seu percurso até que chegue ao seu final na costa leste do Brasil em torno das 17h30. Para saber onde o eclipse será visível, observatório indica uma página na internet.

“O eclipse anular ocorre quando a Lua, como vista a partir da Terra, parece menor que o Sol [no céu]. Assim, a Lua não cobre o disco solar totalmente, restando um anel luminoso no contorno da Lua. Daí, a razão do nome ‘eclipse anular’”, explicou o doutor em Astrofísica Leonardo Almeida, professor da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O fenômeno é diferente de um eclipse total, quando a Lua cobre completamente o disco solar, deixando apenas a coroa solar visível. O Observatório Nacional aponta que o eclipse anular ocorre quando a Lua está em seu apogeu, o ponto mais distante de sua órbita da Terra e, nesse momento, a Lua aparece menor, o que permite que esse anel seja visível no eclipse.

Almeida aponta que essa diferença se deve ao fato de que a órbita da Lua ao redor da Terra não é circular, o que faz com que a distância entre ambas varie ao longo do período de translação da Lua.

Tipos de eclipse

“Quando a Lua está mais próxima da Terra, temos um eclipse total; quando a Lua está mais distante, temos um eclipse anular. Nos dois casos, naturalmente, os discos lunar e solar têm de se sobrepor completamente, sem o que se tem um eclipse parcial”, disse o astrofísico. Há, ainda, o eclipse híbrido, que ocorre quando o eclipse anular muda para um eclipse total, ou vice-versa, ao longo do caminho do eclipse.

O especialista ressalta que o eclipse no formato anular não poderá ser visto de todo o país. “Apenas em alguns Estados das regiões Norte (Amazonas, Pará e Tocantins) e Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba) do Brasil o eclipse anular poderá ser visto. Nos demais Estados do país, o eclipse será parcial. Isso ocorre porque a visibilidade de um eclipse depende da posição do observador em relação à linha do eclipse”, disse o astrofísico.

O professor Tarciro Mendes, também da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) da UFRN e doutor em Física, explica que é necessário que o observador esteja exatamente sobre a linha “riscada” pela umbra, que é a região onde a sombra da Lua sobre a Terra é a mais intensa. “Contornando a umbra, temos a penumbra, onde os observadores sob ela podem observar um eclipse parcial. Fora da penumbra e da umbra, não é possível observar eclipse algum”, disse.

O físico explicou que, no Brasil, o eclipse começa a ser visto às 14h05 na cidade de Tefé (Amazonas) e acaba às 17h55 na cidade de João Pessoa (Paraíba), considerando o evento completo, tanto anular quanto parcial. “O Brasil é o país do mundo onde a anularidade – período de tempo em que a Lua permanece totalmente dentro do disco solar – terá a maior duração, 55 minutos e 30 segundos”, ressaltou.

Segundo o Observatório Nacional, a anularidade será visível, além do Brasil, nos Estados Unidos, México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia. Em outras partes das Américas – do Alasca à Argentina – um eclipse parcial será visível.

Mendes lembrou que o próximo eclipse anular ocorrerá em 2 de outubro de 2024, mas não poderá ser visto do Brasil, apenas no Chile e na Argentina. “No Brasil, apenas será observado um eclipse parcial nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e uma pequena parte do Nordeste, mais especificamente no sul da Bahia”, disse. Já o próximo eclipse anular a ser observado no Brasil ocorrerá em 26 de janeiro de 2028 e só poderá ser visto completamente nos Estados do Amazonas, do Pará e do Amapá.

O último eclipse anular do Sol ocorreu em junho de 2021, mas não foi visível do Brasil, segundo informações do Observatório Nacional.

(Fonte: Agência Brasil)

A comunidade do Bairro do Vinhais, em São Luís, celebrou o Dia das Crianças de uma maneira bastante divertida, com direito a gincanas, apresentações culturais, dança e muito alto astral. Foi assim que o Festival Recreativo Itinerante, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado e pelo El Camiño Supermercados por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, alterou a rotina de crianças na manhã dessa quinta-feira (12), na Praça do Letrado. Todas as atividades proporcionadas pelo projeto foram gratuitas. 

Nesta edição, o Festival Recreativo Itinerante levou, para o Vinhais, uma grande estrutura para atender a comunidade com palco, tenda e diversos brinquedos infláveis. As crianças que participaram da iniciativa aproveitaram a manhã para se divertir com brincadeiras lúdicas, gincanas esportivas, pintura facial, além de shows de mágica e de palhaço. 

Para a garotada, ainda foi realizado um aulão kids de zumba que fez dezenas de meninos e meninas dançarem. Alguns pais também aproveitaram a oportunidade para participar da atividade ao lado de seus filhos. 

Durante o Festival Recreativo Itinerante, houve espaço para uma ação social voltada para a saúde bucal das crianças. Além de um bate-papo sobre a importância e cuidados com os dentes, a garotada participou de um ação de aplicação de flúor. 

“Pensamos no Festival Recreativo Itinerante com muito carinho, para proporcionar um dia especial para as crianças do Bairro do Vinhais e adjacências. Além de brincadeiras e apresentações culturais, também conseguimos proporcionar aplicação de flúor para a garotada. Foi um sucesso absoluto. Nosso muito obrigado ao governo do Estado, à Secretaria de Esporte e Lazer e ao El Camiño Supermercados por incentivarem essa importante inciativa”, explicou Anderson Borges, um dos coordenadores do projeto. 

Tudo sobre o do Festival Recreativo Itinerante está disponível no Instagram oficial do projeto @festivalrecreativo

(Fonte: Assessoria de imprensa)