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Rio de Janeiro (RJ) 12/05/2025 - Centro Cultural Banco do Brasil CCBB. Foto: CCBB/Divulgação

O escritor, dramaturgo e jornalista Marcelo Rubens Paiva e a também jornalista, escritora e apresentadora Juliana Dal Piva têm trabalhos que se entrelaçam pelas histórias abordadas. Essa ligação levou o Clube de Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, no centro da cidade, a convidar os dois para a terceira edição deste ano. O encontro será nesta quarta-feira (14), às 17h30.

Rio de Janeiro (RJ) 12/05/2025 - Marcelo Rubens Paiva. Foto: Cia das Letras/Divulgação
Marcelo Rubens Paiva

Enquanto Marcelo vai conversar com o público sobre as histórias do seu livro Ainda Estou Aqui, que baseou vencedor do Oscar de Filme Internacional em março deste ano, a participação de Juliana é sobre Crimes sem Castigo: Como os Militares Mataram Rubens Paiva, o livro documental que foca na investigação do desaparecimento do ex-deputado federal Marcelo Rubens Paiva durante a ditadura militar.

Em Ainda Estou Aqui, a personagem principal é Eunice Paiva, casada com o deputado Rubens Paiva, que esteve ao lado dele quando foi cassado e exilado, em 1964. Mãe de cinco filhos, entre eles Marcelo, teve que criá-los sozinha após o marido ter sido preso por agentes da ditadura, em janeiro de 1971, torturado e morto. Mesmo diante de tanto sofrimento resistiu, voltou a estudar, formou-se em direito e tornou-se defensora dos direitos indígenas. No livro, ao falar da doença de Alzheimer da mãe, Marcelo traz memórias da família, incluindo os momentos difíceis sem a presença do pai que foi levado sem explicações.

O engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva nunca mais voltou para casa depois de ser levado, pelo grupo de militares, na presença da mulher e de filhos. Foram anos de tentativas de Eunice para saber o que tinha ocorrido na verdade com o marido e onde ele estava.

Investigação

No livro Crime sem Castigo: Como os Militares Mataram Rubens Paiva, Juliana Dal Piva trata da investigação do caso e mostra como o processo, aberto em 26 maio de 2014, por homicídio e ocultação de cadáver do ex-deputado federal Rubens Paiva, deu um novo rumo no poder Judiciário brasileiro para a impunidade contra os crimes cometidos por militares durante a ditadura iniciada em 1964. Pela primeira vez, a ação de um juiz pedia a punição criminal de um assassinato cometido naquele período.

A tarefa de desvendar o caso não foi fácil e teve monitoramento da ditadura a cada passo dado no sentido de descobrir o que tinha ocorrido e impedir que a verdade aparecesse. Somente em 2014, foi possível que o grupo de Justiça de Transição do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPRJ) resolvesse o caso, o que resultou em cinco militares apontados pelo assassinato de Rubens Paiva.

Juliana Dal Piva disse que costuma conversar com Marcelo, inclusive decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) de retomar discussão sobre limites da Lei de Anistia para não atingir crimes contra a humanidade como é o caso de Rubens Paiva.

Rio de Janeiro (RJ) 12/05/2025 - Juliana Dal Piva. Foto: Custódio Coimbra/Clube de Leitura CCBB
Juliana Dal Piva

“O filme e sobretudo o trabalho do livro do Marcelo gerou isso. Eu fico feliz em me somar a isso e somar a esse trabalho. Para o Marcelo é a vida, a história, a biografia dele. Ele vai com este olhar de dentro da família e eu sou uma jornalista que faz investigação. Me dediquei a investigar o desaparecimento do pai dele. O meu livro reúne muito mais do que o meu trabalho em torno disso, mas todas as iniciativas que se fizeram de investigação sobre o assassinato e o desaparecimento de Rubens Paiva desde 1971”, analisou em entrevista à Agência Brasil.

O encontro será uma oportunidade de juntar a literatura da obra de Marcelo Rubens Paiva com o testemunho da história do país do livro de Juliana Dal Piva.

“Como o Marcelo não trata especificamente do crime com os detalhes, com tudo que eu trago como jornalista, acho que a gente consegue fazer uma conversa em que a literatura está no cenário dos dois modos, mas eu trago o jornalismo, a investigação e a luta por justiça por um lado e ele por outro", pontuou a escritora.

"Acho que o Oscar simbolizou uma vitória em algum sentido, alguma justiça para a família do Rubens Paiva, para o Marcelo e demais filhos. Para além da família Paiva, acho que o Oscar do filme Ainda Estou Aqui também faz justiça às demais vítimas da ditadura e seus familiares, porque fazer com que o mundo conheça quão brutal e monstruosa a ditadura brasileira foi, é uma vitória importante mesmo que ainda assim seja incompleta, mesmo que o desejo por justiça seja mais amplo”, concluiu.

Linguagem

A curadora e mediadora do Clube de Leitura, Suzana Vargas, disse que esta edição trará um mesmo fato à luz da literatura com a vivência de uma família dentro da ditadura, ao mesmo tempo em que trata da sua parte documental sobre o que aconteceu com o ex-deputado federal.

“Vamos poder pensar qual o sentido da literatura e o valor de um documento, como essas duas linguagens são importantes. Em um Clube de Literatura, que trabalha literatura, não existe nada melhor do que se conscientizar de que a literatura nos devolve a vida de uma forma mais humana. O livro Ainda Estou Aqui mostra esse fato por dentro como foi vivenciado pelas pessoas que fizeram parte desse acontecimento, como afetou as pessoas em volta, a família, amigos e principalmente a personagem principal do livro e do filme que é a Eunice Paiva”, disse à Agência Brasil.

“A Eunice surge com muito mais força na literatura. A literatura é que mostra a Eunice protagonizando, mas no livro da Juliana o protagonismo é do desaparecido, do Rubens Paiva”, acrescentou.

O poeta Ramon Nunes Mello, que será mediador da conversa com Suzana Vargas, revelou que está com uma expectativa muito grande, porque o encontro trata da memória do país e sobretudo do livro do Marcelo que inspirou o filme que ganhou o Oscar.

Para o mediador o relato do Marcelo neste livro é muito emocionante porque trata não somente da questão do desaparecimento do Rubens Paiva pela ditadura, mas também traz a mãe dele com um olhar muito humano e afetivo sobre a questão de uma mulher que lutou pela memória do marido e que perdeu a memória com a doença.

“Acompanhar este trajeto dela de luta política, não só pelo Rubens Paiva, mas pelos indígenas, e ver ela na sua intimidade perdendo memória e cuidada pelos filhos é muito forte. Quando vem o livro da Juliana Dal Piva em que ela pesquisa justamente o episódio do Rubens Paiva é um complemento grande porque é um trabalho primoroso de jornalismo investigativo político tratando de uma questão que é muito atual, política no sentido de se preservar a democracia e a luta dos direitos humanos. Vai ser uma conversa muito interessante”, adiantou à reportagem.

Evento

O Clube de Leitura CCBB, que tem patrocínio do Banco do Brasil, completa quatro anos e busca a interface da literatura com outras artes como a música, o teatro e o cinema. A participação de Marcelo será online, em tempo real, enquanto Juliana estará presente na companhia dos mediadores Suzana Vargas e Ramon Nunes Mello. A entrada é gratuita e os ingressos ficam disponíveis a partir das 9h do dia do evento.

Os eventos realizados no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, no quinto andar do CCBB Rio, são gravados e os vídeos ficam disponíveis, na íntegra, no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. As edições de 2025 seguem até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês. Nos 30 minutos finais o microfone é aberto para a plateia fazer perguntas.

(Fonte: Agência Brasil)

O encontro Conversações de Além-mar: Encontro Internacional de Literatura de Língua Portuguesa de São Luís é um projeto concebido pelos escritores Alexandre Maia Lago e Adonay Moreira e consiste em uma conversa com um autor de renome internacional de língua portuguesa, que, a partir dos temas de sua escolha, dialoga com o público sobre sua obra, suas impressões acerca do mundo, da condição humana ou apenas do simples ato de criar.

Após o sucesso das cinco primeiras edições do evento, que receberam os escritores Mia Couto, José Eduardo Agualusa, Laurentino Gomes, Ondjaki e Mary del Priore, a sexta edição, que ocorrerá no dia 22 de maio de 2025, contará com a presença de um dos mais importantes autores da literatura de língua portuguesa contemporânea, o escritor angolano Pepetela, ganhador do Prêmio Camões de Literatura de 1997, o mais importante galardão literário do idioma.

Tal encontro será promovido pela Casa do Autor Maranhense e consistirá em uma conferência, a qual terá duração de, aproximadamente, 1h30min, tempo no qual o autor terá oportunidade não só de relatar suas experiências, mas dialogar e interagir com nossa cidade, fortalecendo nosso senso de identidade e reforçando nossa confiança  na palavra e na cultura.

Assim, consciente do legado cultural e da grande produção literária do Maranhão, a referida instituição promove tal evento, consolidando o papel de destaque que a cultura maranhense sempre desempenhou no cenário nacional.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Nome de destaque do beach tennis maranhense, Augusto Neto conquistou mais um grande resultado na temporada de 2025. Augusto, que conta com os patrocínios do governo do Estado, do Mateus Supermercados e do Coco da Canoa, além dos apoios da Maniacs, da Adidas e da Arena Premium, chegou às quartas de final da World Tour BT 100 de Campo Grande-MS, importante competição que reuniu alguns dos principais beachtenistas de todo o país. O evento, realizado no início do mês de maio, contou, ainda, com a presença de atletas internacionais. 

Augusto Neto competiu na World Tour BT 100 ao lado de Guilherme Lima e teve uma performance de muita consistência, ressaltando a sua evolução e habilidade no cenário nacional do beach tennis. A dupla formada por Augusto e Guilherme fez um torneio de altíssimo nível técnico, garantindo vitórias impactantes até chegar às quartas de final. No duelo eliminatório, eles foram derrotados em um jogo emocionante contra a dupla formada por Davi Ballerini e Mateus Buemo, que acabaram conquistando o título do evento em Campo Grande.

"Estou muito feliz com o desempenho no BT 100 de Campo Grande, pude jogar em alto nível, contra grandes adversários, e fazer uma campanha de destaque. Esse resultado me motiva a continuar trabalhando duro e evoluir ainda mais em busca de novas conquistas nos próximos desafios. Agradeço ao patrocínio do Mateus e do Governo do Estado via Lei de Incentivo, esse apoio é fundamental para que eu possa representar o Maranhão da melhor maneira possível nas competições nacionais e internacionais de beach tennis", destaca Augusto Neto.

Após brilhar na World Tour BT 100 de Campo Grande, Augusto Neto já está focado na disputa da quarta etapa do Campeonato Maranhense Oficial de Beach Tennis, que será realizada na cidade de Imperatriz, em um dos maiores eventos da modalidade no Estado nesta temporada. Organizada pela Federação de Beach Tennis do Maranhão (FBTM), a competição será realizada entre quinta-feira (15) e domingo (18), na Arena Império Beach Tennis.

Outros resultados

No início da temporada de 2025, Augusto Neto mostrou todo o seu talento e habilidade ao sagrar-se campeão do torneio BT10 de Foz do Iguaçu, que foi realizado em março, formando dupla com Breno Garcia. O maranhense também disputou o BT 200 na cidade paranaense e atuou na chave principal do BT 200 de Guarujá-SP, em fevereiro, onde encarou alguns dos melhores beachtenistas do país. O objetivo do maranhense é conseguir bons resultados durante a temporada para conseguir subir no ranking nacional da modalidade.

Com muita habilidade e dedicação, Augusto Neto está se firmando como destaque do beach tennis maranhense, participando de eventos de destaque em todo o país e subindo nos rankings nacionais e internacionais. Em 2024, o beachtenista maranhense foi campeão de dois BT 10 em Imperatriz e faturou o segundo lugar no BT 10 realizado na cidade de Campinas-SP.

Em meio aos títulos, Augusto Neto participou de chaves principais em grandes competições de beach tennis, mostrando a sua evolução entre os melhores nomes da modalidade no Brasil. Além de chegar às semifinais do BT 50 de Imperatriz, Augusto disputou o BT 200 de Campinas, o BT 200 do Rio de Janeiro e o BT 400 de Tucuruí, onde travou duelos emocionantes e aperfeiçoou seu jogo para os próximos desafios na carreira.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

A temporada especial do Grupo Moitará em São Luís começou a todo vapor – com espetáculo e roda de conversa já nos primeiros dias pela capital maranhense. Na segunda semana do projeto “A BUSCA – trocas, acessibilidade e pesquisa”, o coletivo continua com várias atividades, como intercâmbio com grupos teatrais maranhenses, oficina, palestra-espetáculo.

Fomentado pela Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz, a variedade de ações culturais e sociais ocorrerão até o dia 20 de maio, em diversos pontos de São Luís, de forma gratuita e aberta a todos os públicos.

Com o projeto, o Grupo Moitará, do Rio de Janeiro, aborda pesquisa dos saberes ancestrais femininos e fomento à acessibilidade de qualidade junto ao público e artistas surdos e ouvintes em todas as suas atividades.

Nesta segunda semana, um dos destaques será a palestra-espetáculo “A Máscara na Energia do Ator/Atriz”, que ocorre nesta quarta-feira (14), às 19h, no Xama Teatro, localizado na Rua das Esmeraldas 3, no Bairro do Araçagi. Nela, são destacados os princípios de trabalho com a máscara teatral, além de apresentados, de forma lúdica, a pesquisa desta linguagem, abordando a importância desse elemento cênico para o treinamento de atores e sua contribuição na criação dos personagens e do processo criativo da cena.

Outro ponto alto será a oficina sobre treinamento de atores e atrizes na linguagem da máscara teatral, que ocorre nos dias 15, 16 e 17 de maio (das 14h às 18h), na Sala de Dança do Teatro Arthur Azevedo, na Rua do Sol, S/n, no Centro de São Luís.

A programação contará, ainda, com outros destaques, como a reunião do Grupo Moitará com  os grupos Xama Teatro, Núcleo Atmosfera e Companhia Cambalhotas. Essa atividade será nesta terça-feira (13), das 14h às 18h, no Xama Teatro, e terá como foco central compartilhar pesquisas e experiências criativas a partir do tema sobre saberes e ancestralidades femininas.

Pesquisa

Além disso, a passagem do projeto pelo Maranhão também será acompanhada por trabalhos de pesquisa e entrevistas com grupos de mulheres quebradeiras de coco-babaçu. Esses conteúdos serão uma das fontes de inspiração para o novo espetáculo do Moitará sobre saberes ancestrais femininos em terras brasileiras e que estará concluindo a trilogia que o Grupo vem trabalhando de espetáculos criados sobre o tema.

Prevista para os dias 18, 19 e 20 de maio, a pesquisa objetiva aproximar os integrantes do grupo aos saberes, tradições, técnicas, hábitos e comportamentos que sejam expressões de ancestralidades femininas das quebradeiras de coco-babaçu do Maranhão.

Grupo Moitará

O Grupo Moitará foi criado, em 1988, por Erika Rettl e Venício Fonseca. Há 36 anos, desenvolve uma pesquisa continuada sobre o trabalho de preparação de atores e atrizes, buscando compreender os princípios que fundamentam sua arte, tendo nos estudos dos aspectos e funções da Máscara Teatral a base para a elaboração de uma metodologia própria. Ao longo desses anos, vem realizando projetos artísticos, didáticos e socioculturais por meio de oficinas, espetáculos e palestras-espetáculos, sendo reconhecido nacionalmente por sua contribuição na área artística e didática.

Em 2008, o Grupo Moitará criou o projeto “Palavras Visíveis”, voltado à capacitação técnica para atores surdos a partir da linguagem da máscara teatral. Se caracteriza por ser um projeto bilíngue (Libras/Português) que tem como objetivo unir experiências teatrais entre surdos e ouvintes, fortalecer e ampliar a produção artística da comunidade surda na cena contemporânea brasileira.

Mais informações sobre o grupo no site oficial: www.grupomoitara.art.br. Já para mais detalhes sobre a programação do projeto “A BUSCA – trocas, acessibilidade e pesquisa” em São Luís, acesse o Instagram: https://www.instagram.com/grupomoitara/.

Serviço

O QUÊ: projeto “A BUSCA – trocas, acessibilidade e pesquisa”, do Grupo Moitará, em São Luís;

QUANDO: até o dia 20 de maio;

ONDE: em diversos espaços da Região Metropolitana de São Luís;

Mais informações:

no site oficial www.grupomoitara.art.br e/ou no Instagram https://www.instagram.com/grupomoitara/;

Assessoria de comunicação: (98) 99968-2033 (Gustavo Sampaio); (98) 99613-6521 (Aidê Rocha).

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Rio de Janeiro (RJ), 25/05/2023 – O refugiado congolês, Serge Makanzu Kiala, durante debate no Back2Black Festival 2023, na zona portuária da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O artista plástico congolês Serge Makanzu Kiala (foto), 43 anos, mora no Rio de Janeiro desde 2016. Quando chegou, não falava a língua portuguesa, mas como fez um curso de espanhol antes de chegar no país, participou de aulas na Cáritas Brasil, organização de assistência social a refugiados sem fins lucrativos, que o acolheu de início. Assim, ele conseguiu se comunicar nos primeiros contatos no país.

O trabalho, durante 8 anos, no serviço de atendimento a visitantes do Museu do Amanhã, o ajudou a conhecer a língua portuguesa. “O que facilitou falar português aqui no Brasil foi meu trabalho. Quando fui trabalhar no Museu do Amanhã, no atendimento, estava sempre com o público e sempre praticando. Aquele contato com os cariocas, os brasileiros, praticado no dia a dia, foi o que me deu mais acessibilidade para entender a língua portuguesa”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Serge, que deixou o emprego no Museu no mês passado, continua empenhado em aprofundar o conhecimento da língua portuguesa e confiante em arranjar nova vaga de trabalho.

“A língua não é só falar, é escrever e ler para ser completa. Eu escrevo e faço testes em português, mas se for um teste longo, vou ter dificuldade e quem vai ler, vai ver que é de uma pessoa que ainda está praticando. O meu português escrito ainda é difícil”, revelou, acrescentando que acredita na prática para ampliar o seu conhecimento do idioma.

Em 2023, quando participou de um painel sobre refugiados no Festival Black2Black, no centro do Rio, revelou que a falta de intimidade com o idioma nacional foi para ele o primeiro preconceito enfrentado por aqui. Passado o tempo, apesar de hoje já falar português, embora com acento francês, seu idioma original, ainda não se livrou do preconceito.

Serge identifica pelo pouco conhecimento no Brasil sobre a África, ao contrário do que ocorre em seu continente, onde tinha muita informação sobre o Brasil, o que despertou nele a vontade de se mudar para cá. Segundo ele, depois desse tempo no país, continua sendo identificado como angolano.

“Isso é uma coisa que está na cabeça dos brasileiros. Tem muitas pessoas que não sabem a história da África. Até hoje as pessoas me chamam sempre de angolano. Mesmo que eu fale que sou do Congo, perguntam o Congo fica onde? Amanhã te chamam de novo: angolano”, explicou.

Serge vê semelhanças entre o português e o francês e isso têm contribuído para conseguir diminuir a distância e as dificuldades em avançar no conhecimento do idioma do Brasil.

CPLP

Embora seja o mais falado no Hemisfério Sul e um dos idiomas com mais falantes em todo o mundo, de acordo com o diretor-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Armindo Fernandes, somos mais de 280 milhões de pessoas em cinco continentes, o entendimento da língua portuguesa não ocorre com facilidade entre pessoas com outras línguas.

Fernandes citou o dado na segunda-feira (5), quando se comemorou mais um Dia Mundial da Língua Portuguesa, em São Tomé e Príncipe, durante a 3ª Reunião Extraordinária de Ministros da Cultura da CPLP.

Parceira oficial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde 2000, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa estabeleceu a data em 2009 e em 2019, proclamou na 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, e o 5 de Maio de cada ano como Dia Mundial da Língua Portuguesa.

Acadêmico

Para o vice-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Antônio Carlos Secchin, doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de literatura brasileira em universidades no exterior, o primeiro passo para difusão da língua portuguesa é fazer com que seja reconhecida como língua oficial da ONU.

“Pelas divergências do português do Brasil para Portugal e para Angola e Moçambique, acaba que a língua portuguesa não se oficializa na ONU. Do ponto de vista diplomático, isso é o mais importante a ser feito a curto prazo, porque o espanhol é, o inglês, o francês também e o português está fora das línguas oficiais da ONU”, defendeu em entrevista à Agência Brasil.

Apesar disso, o acadêmico vê com muito interesse o fato do português estar presente na Ásia, na África, na América e na Europa. “Isso é uma prova da vitalidade, porque é um dos idiomas mais falados do mundo com certeza”, disse.

No entanto, ele afirmou que a repercussão do idioma não está à altura da sua importância.

“É falado como primeira língua. Infelizmente é muito pequeno o número de pessoas que adotam o português como uma segunda ou terceira língua. A projeção de uma língua não se mede apenas pelo número de pessoas que a falam, mas se mede muito pelo número de pessoas que a falam como segunda ou terceira língua. Isso é que é importante. Tem o mandarim que é a língua mais falada do mundo pelo número de chineses, mas quantos não chineses falam o mandarim? Não é o número falado no país. É o número falado em outros lugares por pessoas que escolhem aquela língua como segunda ou terceira, Enquanto uma língua como o espanhol, o inglês ou o francês o número é imenso de pessoas não espanholas, americanas e francesas falam", disse, acrescentando que o árabe tem a mesma situação.

(Fonte: Agência Brasil)

Vista do entardecer no Museu do Amanhã, na Praça Mauá.

Começou, nessa segunda-feira (12), a 23ª Semana Nacional de Museus, com o tema “O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação”. Até dia 18 de maio, 1.012 museus, centros culturais e instituições de memória de todo o país recebem exposições com temas sobre juventude, patrimônio imaterial e novas tecnologias.

Coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a iniciativa ocorre anualmente em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio). Além das exposições temporárias, nesta edição os visitantes podem participar de mais de 3,1 mil atividades distribuídas pelas regiões Nordeste (254 instituições), Sudeste (440), Sul (198), Norte (57) e Centro-Oeste (63). A programação completa está disponível no site do Ibram.

O tema desta edição foi proposto pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), com o objetivo de estimular reflexões sobre a promoção do patrimônio imaterial, o potencial transformador da juventude e a importância que novas tecnologias têm em transformar museus em espaços mais sustentáveis de promoção do aprendizado. A proposta do evento é promover a preservação do patrimônio histórico, democratizar o acesso à cultura e estimular a educação e a reflexão sobre temas culturais.

Visitas guiadas, palestras, oficinas e workshops sobre conservação de acervos e técnicas artísticas são parte das atividades ofertadas ao público. Com eventos presenciais e online, o público também pode assistir a seminários, mesas-redondas, participar de oficinas, saraus, rodas de conversa, performances e apresentações musicais e teatrais.

(Fonte: Agência Brasil)

São Paulo (SP), 10/11/2024 - Estudantes  no segundo dia de provas do ENEM na UNIP Vergueiro em São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

As pessoas que solicitaram isenção da taxa de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano já podem conferir se o pedido foi aceito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) diretamente na Página do Participante do exame, com o login no portal único de serviços digitais do governo federal, o Gov.br.

Na tarde dessa segunda-feira (12), o Inep também disponibilizou os resultados referentes às justificativas dos candidatos da edição de 2024 que não compareceram aos dois dias de prova, mas querem participar da edição de 2025 gratuitamente.

Ter a aprovação da solicitação de isenção e/ou de justificativa de ausência no Enem 2024 não garante a efetivação da inscrição no Enem 2025. Todos os interessados deverão fazer a inscrição on-line de 26 de maio a 6 de junho. O edital do Enem 2025  – com as regras desta edição – ainda será publicado pelo Ministério da Educação (MEC).

Recursos

Os candidatos que tiveram negado o pedido de isenção de pagamento da taxa de inscrição do exame ou a justificativa de ausência no Enem 2024 reprovada pela equipe do Inep podem entrar com recurso até as 23h59 desta sexta-feira (16), no mesmo endereço eletrônico: a Página do Participante.

Para a solicitação de recurso da isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025, o participante deve enviar documentação que comprove uma das situações definidas pelo MEC, conforme previsto no anexo I do edital:

. matriculadas na 3ª série do ensino médio (neste ano de 2025), em escola pública;

. que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou como bolsista integral em unidade de ensino privada;

. em situação de vulnerabilidade socioeconômica e Integrantes de famílias inscritas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal (CadÚnico);

. participantes do programa federal Pé-de-Meia.

Entre os documentos exigidos, está a declaração de realização de todo o ensino médio em escola do sistema público de ensino do Brasil (municipal, estadual ou federal) ou histórico escolar do ensino médio, com assinatura da escola.

Para entrar com recurso da justificativa de ausência, é preciso enviar nova documentação.

Confira, aqui, as situações previstas e os documentos aceitos pelo Inep.

Em toda a documentação apresentada, deverá constar o nome completo do faltoso em 2024. As declarações devem estar datadas e assinadas. Serão aceitos somente documentos nos formatos PDF, PNG ou JPG, com o tamanho máximo de 2 megabytes (MB).

Não serão aceitos documentos autodeclaratórios ou emitidos, por exemplo, por pais ou responsáveis dos participantes.

Se for constatado que o participante declarou informações falsas ou inexatas, conseguindo uma isenção indevida, ele será eliminado do exame, a qualquer tempo, e deverá ressarcir à União os custos referentes à taxa de inscrição, podendo ainda responder por crime contra a fé pública.

Resultados

O resultado final dos recursos será conhecido em 22 de maio. O candidato que teve o pedido do recurso de isenção negado em definitivo deverá pagar a taxa para se inscrever no exame.

Exame

O Enem, que avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica, é considerado a principal forma de entrada na educação superior no Brasil, por meio de programas federais como Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). As instituições de ensino públicas e privadas usam os resultados das provas para selecionar estudantes.

Os resultados individuais do exame também podem ser aproveitados em processos seletivos de instituições portuguesas que têm convênio com o Inep. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

(Fonte: Agência Brasil)

*

As profissões geralmente trazem em seu nome as “coisas” de que se ocupam.

O ourives tem a ver com ouro. O joalheiro, com joias. O dentista ou odontólogo, com dentes. O ferreiro, com ferro. O engraxate, com graxa. O pedreiro, com pedra.

Enfim, quase todos têm, no nome da profissão, o objeto de sua ocupação.

Pois enquanto muitas profissões trazem uma “coisa”, a Enfermagem revela uma “condição”.

O profissional da Enfermagem sabe que, ao cuidar da condição, da situação, está cuidando do indivíduo, da pessoa.

A beleza, compromisso e humildade da Enfermagem está presente não só na formação do profissional quanto na formação da palavra: “enfermagem” tem origem no adjetivo latino clássico “firmus” ou “firmis”, no latim popular.

Como é aparente, "firmus" ou "firmis" era a qualidade da pessoa que estava “firme”, tanto no aspecto físico (saúde) quanto no moral (caráter).

Assim, “firmus” / “firmis”, além de “firme”, era sinônimo de “forte”, “sólido”.

O contrário de “firmus” / “firmis” – ou seja, a condição de não estar firme, forte, sólido – é “infirmus” / “infirmis”, isto é, fraco, debilitado, adoentado.  O prefixo latino “in-” muda o sentido da palavra à qual ele é anteposto. Daí vem o verbo latino “infírmo” / “infirmatum” / “infirmare”, com o sentido de “'enfraquecer”, “danificar” etc.

E como se chegou à palavra “enfermagem”?

À palavra-base “firmus” (firme) juntou-se o prefixo “in-” (não): “infirmus” (não firme, fraco). Depois, juntou-se outro elemento linguístico, o sufixo francês “-age”, formador de substantivos que têm origem em verbos ou nomes e que, por sua vez, vem do sufixo latino “-aticu”. Em português, isso resultou em “-agem”.

Assim, somando “in-” (que virou “en-” na Língua Portuguesa) mais “firmus”, mais “-age”, chegou-se a “enfermagem”, palavra registrada em português desde 1913 – oito séculos antes, no século 13, já existiam o verbo “enfermar” (ficar ou cair doente), o substantivo e adjetivo “enfermo” e os termos “enfermaria”, “enfermeira” / “enfermeiro” e “enfermidade”. Já o adjetivo “enfermiço” (com jeito de doente, doentio) é do ano 1767 em português.

Portanto, na história da palavra, a beleza da profissão: a Enfermagem traz no seu nome não uma “coisa”, não uma parte do corpo, mas, sim, a condição dele, a situação, o estado.

É como se a Enfermagem reafirmasse a todo instante em seu nome aquilo que seus profissionais confirmam com seus atos – cuidar, tratar, servir: cuidar do ser humano que não está firme, tratar do que o debilita, servir para o restabelecimento da saúde.

“Enfermagem” não é apenas um nome. Grávida em si, a palavra diz a quem serve: aos fracos – os mesmos de que, nas bem-aventuranças, é feito o reino dos Céus. É como se o versículo bíblico do livro de Mateus (11, 28) fosse recitado pelo Maior dos Enfermeiros:

“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.

*

A Enfermagem é profissão que nasceu feminina: foi Florence Nightingale quem desenvolveu as bases profissionais da Enfermagem.  Além de enfermeira, foi estatística e escritora. Era filha de rica família inglesa, sua nacionalidade, ainda que nascida em Florença, na Itália, de onde veio seu prenome.

Mesmo não sendo, na época, uma atividade “digna” e mesmo sendo de família milionária, Florence preferiu servir a servir-se.

Ela nasceu em 12 de maio de 1820 e faleceu aos 90 anos, em 13 de agosto de 1910, em Londres. A data de seu nascimento é o Dia Internacional da Enfermagem.

No poema para a enfermeira, a homenagem a todos os profissionais da Enfermagem:

ENFERMEIRA

Quem socorre aquela bela, meiga enfermeira

que tanto corre, corre tanto, em seu dia a dia

e quase sempre toda a noite, a noite inteira

de gentes, sofrimentos e rara alegria?

Ah enfermeiras!... Florence... Ana Neri...

História... ideal... trabalho... tradição...

O que quer que uma enfermeira espere

quando se cansa, quem lhe dá a mão?

Quem ou o que lhe dá ânimo quando desanimada?

Quando entre noites e plantões de feridas e dores

o que mais deseja é abraço, colo, boa risada

e – é pedir demais? – bons odores, sabores, amores...

* EDMILSON SANCHES.

Brasília, 06/11/2023, Fachada do prédio do Teatro Sesc Garagem, em Brasília. Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Semana S, evento nacional do Sistema Comércio, foi aberta nesse domingo (11), em todo o país com uma programação que incui shows, palestras, oficinas e prestação de serviços de saúde e cidadania. 

As atividades gratuitas são promovidas pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), federações e sindicatos.

Iza, Diogo Nogueira, Samuel Rosa, Michel Teló, Jota Quest, Vanessa da Mata, Barões da Pisadinha, Raça Negra, Daniel, Arnaldo Antunes, Almir Sater, Timbalada e Dudu Nobre são algumas das atrações musicais.

Personalidades como Criolo, Bernardinho, Bela Gil e Gabriel o Pensador participarão dos eventos com falas sobre empreendedorismo. Diretores e executivos de empresas e iniciativas privadas também estarão presentes em encontros e palestras, que têm o objetivo de impulsionar negócios de desenvolvimento.

A Semana S vai de hoje até o próximo domingo (18). Para participar, é preciso se inscrever no site do evento. A programação completa está no link ou no aplicativo oficial da Semana S. Os organizadores esperam cerca de 500 mil pessoas ao longo do evento.

“É fundamental apresentar à sociedade o impacto transformador das ações do Sesc e do Senac na qualidade de vida, educação, cultura e desenvolvimento profissional de milhões de brasileiros. Tudo isso só é possível graças aos empresários do setor, que investem e acreditam na missão de transformar vidas”, diz o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Segundo o Sistema S, anualmente, cerca de 1 milhão de profissionais recebem capacitação para o mercado de trabalho. Os números de 2024 indicam 10,5 milhões de credenciados no Sesc. Foram inauguradas mais de 50 novas instalações para o desenvolvimento de projetos nas áreas de educação, saúde, cultura, lazer e assistência.

“Há quase oito décadas, o Sesc cumpre com sua função de levar aos trabalhadores do comércio e familiares qualidade de vida e bem-estar. Isso se reflete em profissionais mais capacitados e contribui para o desenvolvimento da sociedade de forma mais justa e igualitária”, diz o diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo.

(Fonte: Agência Brasil)

como vídeos e comentários postados na internet podem influenciar os interesses e comportamentos individuais

Uma pesquisa realizada em abril mostrou que 90% dos brasileiros maiores de 18 anos que têm acesso à internet acreditam que adolescentes não recebem o apoio emocional e social necessário para lidar com o ambiente digital, em especial as redes sociais. Foram ouvidos no levantamento mil brasileiros conectados de todas as regiões e classes sociais, com 18 anos ou mais.

A margem de erro é de 3 pontos percentuais para o total da amostra, considerando um intervalo de confiança de 95%.

Segundo a pesquisa, 9 em cada 10 brasileiros acreditam que os jovens não têm apoio emocional e social suficiente, enquanto 70% defendem a presença de psicólogos nas escolas como caminho essencial para mudar esse cenário.

O levantamento foi realizado pelo Porto Digital, em parceria com a Offerwise, empresa especializada em estudos de mercado na América Latina e no universo hispânico, a partir da repercussão de um seriado que abordou o lado sombrio da juventude imersa no mundo digital e o abismo entre pais e filhos.

Para 57% dos entrevistados, o bullying (agressão intencional e repetitiva, que pode ser verbal, física, psicológica ou social, para intimidar uma pessoa) e violência escolar são um dos principais desafios de saúde mental. Também estão entre os principais desafios atualmente enfrentados pelos jovens a depressão e a ansiedade (48%) e a pressão estética (32%).

Brasília (DF) 09/05/2025 -  90% dos brasileiros acima de 18 anos, que acessam a internet, acreditam que os adolescentes não recebem o apoio emocional. ( Pierre Lucena) Foto Porto Digital divulgação
Pierre Lucena

Na avaliação do presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, a série Adolescência, apresentada pela rede de streaming Netflix, colocou em evidência a necessidade de se debater a questão.

“O cuidado com a juventude deve ser um compromisso compartilhado, que envolve escolas, famílias, empresas e governos. Essa pesquisa evidencia que não basta discutir inovação tecnológica – é preciso humanizá-la e colocá-la a serviço da sociedade”, disse. “O futuro da inovação está diretamente ligado à forma como cuidamos dos nossos jovens. Não basta impulsionar avanços tecnológicos — é fundamental criar pontes entre a tecnologia e a transformação social real”, afirmou.

A pesquisa mostra que uma das ferramentas usadas pelos pais é o controle do tempo de navegação na internet. Segundo o estudo, entre crianças de até 12 anos, o controle tende a ser mais rígido e constante, inclusive com o uso de mecanismos de monitoramento. No entanto, apenas 20% dos pais responderam que pretendem usar futuramente alguma ferramenta de controle.

Já entre os adolescentes de 13 a 17 anos, a supervisão tende a diminuir. Os pais ainda acompanham, mas de forma mais flexível, permitindo maior autonomia.

Para o diretor-geral da Offerwise, Julio Calil, o cenário mostra a necessidade de desenvolvimento de espaços de acolhimento e orientação, tanto para os pais quanto para os filhos, como alternativas para proteção no ambiente digital.

“Os resultados da pesquisa nos mostram que a população enxerga a necessidade de um esforço conjunto para criar espaços mais seguros e de apoio nas escolas, especialmente diante do uso precoce e intenso das redes sociais”, apontou.

Plataformas

Recentemente, as principais plataformas digitais modificaram suas regras para restringir ou excluir a moderação de conteúdos publicados na internet, dificultando a identificação de contas ou publicações com conteúdos considerados criminosos.

Brasília (DF) 09/05/2025 -  90% dos brasileiros acima de 18 anos, que acessam a internet, acreditam que os adolescentes não recebem o apoio emocional. ( Luciano Meira) Foto Arquivo pessoal
Professor Luciano

Para o professor adjunto de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco, Luciano Meira, tal decisão parece priorizar interesses comerciais e políticos dos proprietários das redes.

“Essa decisão diminui a responsabilidade social das big techs, das corporações, das organizações controladoras das plataformas. Isso tem um impacto direto na proliferação de ódio, desinformação, conteúdos prejudiciais em diversas camadas,  especialmente, entre populações vulneráveis. Muito jovens ficam mais expostos a conteúdos inadequados sem essa moderação e, claro, quando se trata de desinformação, isso ataca instituições e a própria democracia”, avaliou.

Na outra ponta, o Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando a constitucionalidade do Artigo 19, do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), segundo o qual, provedores, websites e redes sociais só podem ser responsabilizados por conteúdo ofensivo ou danoso postado por usuários caso descumpram uma ordem judicial de remoção.

Ph.D. em educação matemática pela Universidade da Califórnia e mestre em psicologia cognitiva, Meira pontua que a ausência de uma decisão sobre o tema pode levar a uma potencial sobrecarga judicial.

“Pode haver um aumento considerável de casos judiciais justamente pela falta dessas ações preventivas. Então, é possível preservar a liberdade de expressão com moderação responsável. A meu ver, o posicionamento é uma rediscussão do Artigo 19, do Marco Civil da Internet, para fortalecer o que seria a proteção social, não só de crianças e jovens, mas de avaliar o que se faz com o grupo de idosos hoje, vulnerabilizados por todo um conjunto de ataques, de cooptação a determinados tipos de ideologia”, acrescentou.

Além disso, tramita, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 2.630 de 2020, conhecido como PL das Fake News, principal proposta de regulação das plataformas digitais. O texto já foi aprovado pelo Senado e está travado na Câmara dos Deputados. A proposta trata da responsabilidade civil das plataformas e também tem elementos de prevenção à disseminação de conteúdos ilegais e danosos a indivíduos ou a coletividades.

“Regular essas plataformas é vital para que tenhamos a manutenção de um espaço social on-line, produtivo e saudável para todas as pessoas – principalmente jovens e crianças que têm menos mecanismos individuais de proteção”, afirmou. “Aqueles que defendem a desregulamentação total das redes certamente têm uma ideia frágil e inconsistente do que é liberdade. Uma liberdade restrita sem controle social destrói, degenera as bases da nossa capacidade de construir e de fazer evoluir uma civilização. Então, claramente, a autorregulação é insuficiente, especialmente em se tratando de empresas que buscam lucro através, por exemplo, da publicidade, do comércio, enfim, as grandes plataformas, as big techs”, alertou.

Enquanto não há uma decisão sobre o tema, o professor considera necessário construir um ambiente de confiança na escola, na família e nos demais espaços onde crianças e jovens são acolhidos para evitar que crianças e adolescentes acabem sendo submetidos a situações de disseminação de ódio e bullying, entre outras.

“O principal é a construção da confiança entre as pessoas. Sem a construção desses laços, desse relacionamento baseado na confiança, qualquer dessas estratégias não terá os efeitos desejados. A primeira orientação é estabelecer um diálogo aberto. Então, pais, mães, filhos e filhas, eles têm que, de alguma forma, estabelecer, manter, ou evoluir essa interlocução confiante”.

De acordo com Meira, esse ambiente propicia a realização de conversas sobre os riscos on- line e também sobre a forma como se dão os relacionamentos com e nas redes sociais. "Eu entendo que essas são conversas íntimas que, baseadas na confiança, podem progredir de forma saudável”, afirmou.

Outro ponto defendido pelo professor é o estabelecimento de limites claros sobre o uso da internet e de redes sociais como, por exemplo, de tempo e de tipos de relacionamento.

“Isso não vai ser realizado, não vai ser cumprido se não existir um diálogo aberto em que crianças e adolescentes entendam que existem conteúdos inadequados e que precisam ter senso crítico, ter seu pensamento e formas de raciocínio. No entanto, nessa faixa etária, eles simplesmente ainda não conseguem capturar os riscos. Por isso, precisam de um adulto que tenha, pelo menos, uma intuição mais apurada para identificar formas de cyberbullying, de exposição excessiva, de conteúdos inadequados, de contato com estranhos entre outros tipos de relacionamentos”, disse.

Luciano Meira ressalta que pais e responsáveis tendem a simplesmente restringir ou proibir o uso de redes sociais, sem um diálogo consistente sobre o porquê da decisão.

“Sinto dizer que os responsáveis o proíbem de uma forma muito autocrática e que, talvez, não surta efeito, porque não se tem controle absoluto sobre o que acontece na vida de absolutamente ninguém. Você pode estabelecer uma forma de monitoramento participativo, em que busca conhecer, e esse monitoramento pode ser apoiado, do ponto de vista técnico, inclusive por softwares, com aplicações computacionais que você instala no notebook, no computador de mesa ou no dispositivo móvel dessa criança ou jovem para ter acesso ao que está acontecendo nesses dispositivos”, sugeriu.

Por fim, o professor defende que não se deve deixar de lado o mundo real e exemplifica com a legislação que proíbe o uso de celulares nas escolas.

“Mais recentemente, as escolas têm visto alguma movimentação em torno das crianças voltarem a construir relações no mundo físico. Por exemplo, ao proibir o uso de dispositivos nas escolas, convidam as crianças para uma existência que é também off-line. No final das contas, um equilíbrio é necessário entre esses mundos para que no final a gente tenha a construção de relacionamentos sociais mais duradouros e que ganhe sustentação na confiança entre as pessoas e não apenas em algoritmos”, concluiu.

(Fonte: Agência Brasil)