– O filho do professor de Gonçalves Dias, em Caxias, Maranhão, foi decisivo para a existência desse que é o principal endereço de São Paulo e referência do mundo financeiro internacional.
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Há exatos quinze dias, em 8 de dezembro, a Avenida Paulista, em São Paulo (SP), completou 132 anos de sua inauguração (8 de dezembro de 1891). Em 1909, recebeu asfalto, vindo da Alemanha – foi a primeira via pública a receber essa pavimentação na capital paulista.
Já tentaram dar outros nomes à Paulista: Avenida das Acácias, Prado de São Paulo e até Avenida Carlos de Campos, em homenagem a um ex-presidente da antiga província de São Paulo. Não colou.
A Avenida Paulista, sozinha, é um mundo. Um microcosmo. E a sensibilidade do olhar de quem a olha e a sente encarrega-se de torná-la ainda maior.
Já foi tema de novela. Daria muitos romances.
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I
gual a São Paulo, sou dos que madrugam, ou quase não dormem. Caminho entre seis e sete da manhã pela Paulista e vou observando e absorvendo o sono, o silêncio e a imobilidade das pessoas que formam a população de rua e que àquela hora ainda dormem, encolhidas, sob o frio de nove graus (sem contar o vento), distribuídas espaçada e pontualmente sob agasalhos, próximas aos grandes edifícios, gigantescos totens do mundo tribal dos negócios, do dinheiro.
De volta, no cair da tarde, clima mais ameno (mais ou menos), não há piano, mas ouço música. Aqui um violino; adiante, um violão. Violino e violão que tocam sem pedir, mas são pedintes. Aquele toca “La Vie en Rose”; este, “Hallellujah” (no dia seguinte, o violonista toca meus passos e sentidos com “Killing Me Softly With This Song”).
O largo passeio da Avenida Paulista abriga passos. Passadas. Passado. Tem em sua história gente de sangue maranhense: Horácio Sabino, que morou ali e foi decisivo no desenvolvimento urbanístico e imobiliário daquela área. Ele era filho de Ricardo Leão Sabino, maranhense de São Luís, um homem de mais de sete instrumentos (militar, filósofo, cirurgião-dentista, empresário, espadachim, arquiteto, poliglota, escritor, estatuário, tabelião, desenhista, músico, aventureiro, carpinteiro etc.).
Ricardo Leão Sabino morava em Caxias (MA), onde foi professor do futuro poeta Antônio Gonçalves Dias, a quem incentivou. Gonçalves Dias morava na Rua do Cisco (ou Rua Benedito leite), a um quarteirão de onde, na mesma rua e muitas décadas depois, eu também menino iria morar. Ricardo Sabino formou um grupo de amigos para juntar dinheiro e mandar o menino Antônio para Coimbra, tal era o talento que ele, professor, percebera no jovem marçano.
Anos depois, antes de completar os 20, Gonçalves Dias iria compor a "Canção do Exílio" e conquistaria as mentes brasílicas até hoje, com a onipresença, na memória dos brasileiros, dos dois primeiros versos da “Canção do Exílio” (“Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá”) e com a presença de outros dois versos do mesmo poema (os dois últimos do segundo quarteto) no “Hino Nacional Brasileiro” – “Nossos bosques têm mais vida, / Nossa vida mais amores”.
Penso nisso tudo enquanto caminho pelas largas calçadas da Paulista. Há décadas, tenho marcado passos nessa avenida. Aqui perto da capital, no chamado ABC paulista, fiz estudos de pós-graduação, em São Bernardo do Campo. Aqui perto, no Memorial da América Latina, fiz palestra. E, na marginal do Tietê e no Colégio Rio Branco, em Higienópolis, fiz discursos.
Sobretudo, aqui perto e de coração apertado, alma dilacerada, garganta entupida, olhos aguados, mantive vigília, fui escoteiro, “sempre alerta” em antessala de UTI em grande hospital da cidade paulistana que acolheu diversas vezes minha mãe, que lutava contra doença raríssima, autoimune, de nome tão complicado quanto o próprio mal.
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Em termos demográficos, a Avenida Paulista, em seus quase três quilômetros, reproduz um pouco dos quinhentos milhões de quilômetros quadrados do nosso planeta. Sua população residente, somente ela, a tornaria uma das 150 maiores cidades brasileiras, em meio às 5.570 existentes.
Pela Paulista soam, silentes ou ruidosos, os passos de pessoas de todas as unidades federativas do continente Brasil e de todos os continentes do mundo.
Por ela ecoam surdamente os sonhos de tantos esperançosos e desesperados, loucos para verem seus desejos transformarem-se em obra tão concreta quanto os pétreos prédios, petrificados como moais nas margens da avenida.
Encosto-me em um canto e tento radiografar semblantes e sentimentos – na verdade, intuir o que querem tantos corações, os duzentos mil deles que moram na avenida e os milhões que, ao longo dos dias, fazem um caminho sem rastro nas calçadas. Qual o destino de tanta gente? Qual a forma de seus sonhos, a fórmula de seus desejos? Em que fôrma cabem suas vontades?
Não há resposta. O que me chega é apenas o odor vagabundo de um cigarro, o chacoalhar incansável da caneca de moedas de um mendigo, o som esmoler de um violino e de um violão que soltam notas que poucos notam...
E, acima de tudo, o que me chega, o que vem ao meu encontro na Avenida Paulista é a saudade de minha mãe, que, entubada e mudamente, lutava em leito ali perto e terminaria, aos 49 anos, por não poder, abraçada a mim, dividir comigo mais passos ao longo das avenidas da vida...
Faz frio na avenida...
E chove – chove muito – dentro de mim...
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Para Você, bom Natal, Boas Festas, Bom 2024.
* EDMILSON SANCHES
Fotos:
A Avenida Paulista, centro financeiro de São Paulo (SP). A antiga mansão de Horácio Sabino, filho de Ricardo Leão Sabino, na Avenida Paulista com a Rua Augusta. O autor desta crônica, com votos de Boas Festas e Bom 2024.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nessa quinta-feira (21), o projeto de lei que declara o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra como feriado em todo o país. O texto havia sido aprovado pelo Congresso Nacional no fim do mês passado.
Celebrada em 20 de novembro, a data remete ao marco da morte do líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores do Brasil durante o período colonial, de resistência contra a escravização negra no país. Atualmente, a data é feriado apenas em seis Estados – Mato Grosso, Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá e São Paulo - e em mais de 1,2 mil cidades por meio de leis municipais e estaduais, mas, a partir de 2024, deverá ser observada em todo o território nacional.
Desde 2003, as escolas passaram a ser obrigadas a incluir o ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo. Em 2011, a então presidente Dilma Rousseff oficializou o 20 de novembro como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
A revista científica Scientific Reports publicou, nessa quinta-feira (21), artigo que revela uma nova espécie de pterossauro, o Meilifeilong youhao, que pertence ao grupo Chaoyangopteridade. Ele viveu no período Cretáceo, no nordeste da China. O artigo é elaborado por 14 pesquisadores chineses e brasileiros, representando nove instituições.
A espécie – assim como todos os outros integrantes do grupo – não tinha dentes e ultrapassava dois metros de envergadura. A publicação marca os 20 anos de parceria entre pesquisadores chineses e brasileiros na área da paleontologia.
“Foram 20 anos de uma parceria muito frutífera e produtiva. Estamos muito felizes em trabalhar em colaboração, o que muito contribuiu para o avanço da paleontologia, especialmente, dos pterossauros, os primeiros vertebrados a desenvolverem a capacidade de voar”, disse, em nota, o pesquisador Xiaolin Wang, do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados, que coordenou o estudo.
“Expressamos a nossa amizade a partir do nome desta nova espécie: Meilifeilong – significa lindo dragão voador e youhao significa amizade”, explicou.
“É importante saber que estamos falando de um grupo raro de pterossauros, que tem o Meilifeiling youhao como o membro mais completo. Ele apresenta uma crista craniana acima da enorme janela nasoantorbital (abertura no crânio que inclui as narinas externas) com uma extensão suave”, disse, em nota, o professor Alexander Keller, paleontólogo e diretor do Museu Nacional/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que coordenou a participação dos brasileiros na pesquisa.
Colaboração científica
A nova descoberta é considerada um marco nos 20 anos de parceria entre pesquisadores brasileiros e chineses na paleontologia.
Diógenes de Almeida Campos que, com o professor Alexander Kellner, iniciou a colaboração, destacou a importância da parceria: “Trabalhar com colegas da China tem sido uma forma importante de promover a internacionalização da ciência”, analisou.
Ao longo de duas décadas, a colaboração sino-brasileira produziu dezenas de trabalhos, resultando em publicações nas principais revistas científicas do mundo, como a Science e a Nature.
O trabalho publicado na Scientific Reports, do grupo Nature, reuniu 14 pesquisadores de nove instituições: Instituto de Paleontologia e Paleontropologia de Vertebrados da Academia Chinesa de Ciências, Museu Nacional/UFRJ, Universidade Sun Yat-Sem, Universidade Federal do ABC, Universidade de Jilin, Universidade de Shenyang, Museu de Ciências da Terra do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Espírito Santo e Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens (Universidade Regional do Cariri).
No evento promovido pela União Brasileira de Escritores, seção Rio de Janeiro (UBE-RJ), no dia 18/12/2023, no auditório do edifício-sede da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), o maior presente para o homenageado do ano, o poeta e compositor Salgado Maranhão, foi tanto o “Troféu Rio 2023” quanto a presença de quantos ali se alegravam com a distinção anual outorgada, desta feita, a um colega, conhecido, amigo, conterrâneo.
Ousei usar a palavra, quando esta foi aberta a todos pela direção da UBE-RJ. Ousei dizer de um Salgado e de um Maranhão cheio de méritos, valores, talentos.
Ousei dizer de nomes e de conquistas de maranhenses dos quais o Brasil pouco sabe e que o Maranhão ou desconhece ou não reconhece.
Ousei dizer de um Brasil para o qual é injusta a classificação terceiro-mundista, pois, se na terra há potenciais e, nas pessoas, talento, experiência e vontade, só o desapego ao país e o apego ao Poder – ao poder do dinheiro e ao dinheiro do Poder – “justificaria” tanto atraso.
E se o Brasil estivesse localizado nos 377 mil quilômetros quadrados do Japão, com descontinuidade territorial espacejada por quase sete mil ilhas, com 80% do território imprestável para plantar e construir e, de quebra, com maremoto, terremoto e erupções vulcânicas regulares? – e nem se fale nas duas bombas atômicas que trucidaram pessoas e empestearam o solo nos meados dos aos 1940.
E como o Japão, com tudo para dar errado, torna-se o terceiro país mais rico do mundo? E como, do outro lado, uma terra 22 vezes maior, sem nenhum dos problemas geotectônicos que (co)movem os asiáticos, uma terra com a maior e melhor quantidade de água do planeta, um solo em que se produzem mais de uma, mais de duas safras anuais, como é que estepPaís ainda está no Terceiro Mundo porque não há Quarto na classificação?
Eu disse isso “y otras cositas más”. Ousei falar, cerzindo o que falava à Cultura, à Arte, à Literatura, à Poesia maiúscula – inda que com letras minúsculas – do Maranhão e do Salgado Maranhão. Pelo inusitado da fala e do que com ela se pespontou no tecido humano inteligentíssimo que lustrava e ilustrava a tarde carioca da UBE, fui cumprimentado por muitos e com diversos destes pude conversar e alguns pude rever e/ou reouvir em cumprimentos e conversas.
Na poliédrica, multifacetada coletividade de iguais em sensibilidade artístico-cultural, uma meia dúzia de rostos achegou-se mais a mim antes, durante e, sobretudo, depois da solenidade. São rostos de um País que ainda não soube mostrar a cara. De um País que ainda não se desenturmou da comunidade de nações onde atraso leva nome de “em desenvolvimento”. São rostos que, com vontade e prazer, no mundo artístico-cultural fazem o possível para que o melhor de cada um, em seu entorno, torne cada um melhor – e com estes, por sua vez, assim como os polifônicos galos cabralinos, teçam-se manhãs e amanhãs melhores.
Da pequena, exclusivíssima e multifacetada multidão, pude estar com pelo menos seis mentes que qualificam especialmente a Cultura – em um “locus” brasílico e uma loucura brasileira que regularmente a desqualificam...
Adriano Espínola
– Adriano Alcides Espínola chamou-me assim de lado e, fazendo referência ao meu pronunciamento na entrega do “Troféu Rio 2023” para Salgado Maranhão, mais ou menos disse-me que eu esquecera de lembrar, na minha fala sobre grandes maranhenses, do grande, enorme, gigantesco poeta maranhense Sousândrade, o Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902), nascido em Guimarães, formado em Letras e em Engenharia de Minas em Sorbonne (Paris).
Adriano perguntou-me que livros eu tinha do poeta vimaranense. Falei-lhe de alguns deles e do trabalho do meu amigo Jomar Moraes (1940-2016) em parceria com o professor norte-americano Frederick G. Williams – o livro “Sousândrade: Inéditos”. Ainda chovi no molhado acerca da re/visão dos irmãos Campos (Augusto e Haroldo) em livro de 1964 e, com assentimento do Adriano, dos trabalhos de 1979 e 1986 da professora, escritora tradutora e editora carioca Luíza Leite Bruno Lobo, que, entre outras distinções, em 2018, merecidamente recebeu título de cidadã de Guimarães, terra natal de Sousândrade.
Mas o que o talentoso, produtivo, conhecido e reconhecido escritor cearense Adriano Espínola (in)tentatva era (re)lembrar o trabalho que ele organizou e que o inscreve entre os divulgadores da poesia e da pessoa do guimarantino cosmopolita: sua obra “Sousândrade”, da coleção “Melhores Poemas”, que a Editora Global publica sabe lá Deus a que custo, em um país onde se lê pouco, pouco se lê livros, menos ainda livros de poesia – e só na coleção da Global avultam, ao lado de grandes poetas brasileiros e estrangeiros, os nomes de Gonçalves Dias (por José Carlos Garbuglio), Raimundo Correia (por Telenia Hill) e Nauro Machado (por Hildeberto Barbosa Filho).
Ali mesmo, sob a curiosidade do autor da seleção e do prefácio de “Sousândrade”, reservei – e, depois, adquiri – um exemplar do livro no qual Adriano Espínola tanto investiu em tempo, esforço e talento.
A partir daí conversamos sobre nomes e fatos que nos eram comuns: Dimas Macedo e Napoleão Maia Filho, escritores e meus professores no curso de Direito da Universidade Federal do Ceará, quando morei em Fortaleza; o Luciano Maia e o irmão Virgílio Maia. Todos quatro da Academia Cearense de Letras – o que, segundo o vulgo, ante a predominância do sobrenome ”Maia”, levou alguns a fazerem um trocadilho com o Sodalício: “Academaia” Cearense de Letras...
Lembrei ao Adriano do grande intelectual cearense Nilto Maciel (1945-2014), que, de Brasília, me solicitava colaboração para a periódica “Literatura – Revista do Escritor Brasileiro”, que ele, nascido em Baturité, publicava na capital federal.
Conversamos sobre os Rogacianos Leite, pai e filho, ambos jornalistas e escritores. Conheci o Rogaciano Leite Filho, ou Roga, em Fortaleza. Trabalhamos na assessoria da presidência do Banco do Nordeste, o Rogaciano Filho antes de mim. E conheci Helena Roraima Leite, filha do Rogaciano pai, que tem se devotado à causa das obras paternas e do irmão. Helena Roraima e eu trabalhamos juntos em Brasília, na alta assessoria da presidência do Banco do Nordeste na capital federal. A convite dela, que há anos mora em Madrid (Espanha), fiz a revisão da mais recente edição de “Carne e Alma”, comemorativa do centenário de nascimento do poeta Rogaciano Bezerra Leite (1920-2020).
É quase certo que Adriano Espínola, hoje no Rio de Janeiro, tenha se encontrado com Luciano Maia e Rogaciano Filho nas muitas e (extra)ordinárias noitadas nos bares Estoril e Quina Azul, este último localizado no Benfica, o segundo e último bairro onde morei na capital alencarina, mais ou menos próximo à Faculdade de Direito e à caixa-d’água famosa. Trazendo “um mandato do tempo”, Espínola logo manda um “Aviso”:
“não há lei nem rei
que me afronte:
meu poema é liberdade
minha casa uma ponte”
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ASCENSIÓN CHANQUÉS
–- A Ascensión Palacios Chanqués é assim como sua arte: sensível, inteligente, bela, múltipla. Artista plástica e escritora (também faz poemas), tanto pinta com letras quanto escreve com pinturas. Ela chega-se a mim, cumprimenta pelo discurso e algo mais. Pergunto-lhe sobre o Troféu Rio 2023, pois ela foi a pessoa escolhida pela UBE-RJ para pensar e materializar o objeto que foi entregue ao poeta maranhense, brasileiro e internacional Salgado Maranhão. Depois – com intervenções aqui e acolá de presentes que vinham manifestar sua (boa) impressão pela minha fala no auditório –, Ascensión e eu conversamos sobre causas e coisas, pessoais inclusive. Ela, por exemplo, quer e não quer mudar-se de vez do Brasil e retornar à sua Espanha querida, onde foi nascida e onde, aposentada, é (otimamente) assistida. Algumas “materialidades” e muitas “sentimentalidades”, o amor a pessoas e ao trabalho, ao que recebeu e ao que doou nos muitos anos no Brasil, em especial no Rio que a adotou, são “coisas” sob análise para a decisão final. Trabalhou na Funarte (a Fundação Nacional de Artes, do Governo Brasileiro), onde fez benfeito o que era para ela fazer. Foi presidente de entidade de artistas visuais no Rio e realizou um trabalho de mérito. Na troca de figurinhas que fizemos, Ascensión, é claro, era o destaque, posto que, a um mesmo tempo tímida e expansiva, sabia dizer, sorrir, analisar, intuir...
Os latinos diziam: “Nomen, omen” – no nome, a sorte, o destino. “Ascensión”, portanto, não é só seu nome, não é apenas o que ela é, mas onde ela está. É sua condição: – sempre em ascensão.
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JORGE VENTURA
– Percebi que um sorridente Jorge Ventura se esticava em sua cadeira e estendia, alma boa, a mão em cumprimento pela recente fala que, no Rio de Janeiro, eu dissera naquele auditório da Sociedade Nacional de Agricultura – entidade, aliás, que tem como presidente de honra um conterrâneo caxiense, o agrônomo, empresário e ex-deputado federal João Christino Cruz (1857-1914), por cujas mãos transitou o projeto de criação do Ministério da Agricultura em 1906.
O jovem sessentão Jorge Ventura, carioca da gema, não me pareceu – ainda bem... – ser “Ele” (personagem e título de um poema dele). Não é “o vilão da história”, nem “a adorável vítima”, muito menos “o miserável da tarde”, ou, dito com “Crueza”, “sou um homem / que peca e execra” (claro que Jorge Ventura é a maior autoridade em si mesmo, sabe de si mais que ninguém... [rs]). O homem de braço estendido e mão espalmada, se não era, conforme seus versos, “nenhum deus”, parecia-me o “memorável homem” “de mil glórias”.
Múltiplo e vário, Jorge Rocha Ventura é jornalista e publicitário, ativista e gestor cultural, ator e autor, roteirista e editor, palestrante e professor. Escritor premiado, textos traduzidos em meia dúzia de línguas mundo adentro. Membro efetivo de conhecidas entidades artístico-culturais, Jorge é presidente da APPERJ, siglônimo para Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro (por mais que, à primeira vista, os termos “profissional” e “poetas” não pareçam “casar-se” muito bem na mesma denominação, há, sim, no Rio de Janeiro, uma entidade assim, dinâmica, que põe, expõe e culturalmente se impõe há nada menos do que 35 anos no Estado fluminense – e não se confunda a APPERJ dos poetas com a APPERJ dos policiais penais).
Em 16 anos, ou 192 meses, de 1999 a 2014, Jorge Ventura realizou pelo menos 850 apresentações poéticas Rio adentro e afora, de janeiro a dezembro, o que, na ponta do lápis e no visor da máquina de calcular, representam mais de quatro apresentações por mês ou, ainda, em média, mais de uma por semana. No mínimo. Ventura é uma máquina de (e)levar poesia...
Jorge Ventura, enfim, com seu undécimo filho de celulose e tinta, lançado este ano – o livro “Outras Urbanas” –, espicha seu olhar de letras e visualidades sobre a realidade urbano-social da cidade da qual ele é filho, agente e usuário. Cidade que ele ama, apesar dos pesos e pesares. Cidade para a qual, como poeta de “Raízes”, certamente dirá e repetirá, linda e lidamente:
“estar aqui
é minha ausência
noutro lugar
estar por lá
não me fará
sair daqui”.
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LUÍS TURIBA
–- Se um ator não é o papel que representa, um poeta nem sempre é o que sua poesia diz, ou o que ele diz em sua poesia. Intitulando-se “Atento”, Luís Turiba segreda-nos e define-se: “[...] sou / um poeta esforçado [...]”. O verso e a versão dele para o inglês parecem refletir melhor: “[...] I am a hard working poet [...]”, “sou um poeta trabalhador”, um “poeta que dá duro”, dir-se-ia também.
De qualquer modo, tem razão o Turiba. Ele sabe: É preciso esforço para fazer-se poesia. Ao esforço de construir uma embarcação, de edificar uma construção, de elaborar a melhor essência (na perfumaria) ou de preparar-se para a melhor aparência (na dramaturgia)... e à arte-técnica de escrever em versos – a isso e a outras coisonas mais os gregos davam o nome de “poiésis”, poesia (em grego, “criação”, “fabricação”, “construção”). O “poiétes” é o “autor”, “criador”, “fabricante”, “compositor”. Enfim, o que faz. E fazer, no mais das vezes, dá trabalho. Requer esforço. Luís Turiba se mostra até quando tenta se esconder. Não é fácil dar opacidade ao que de talento e brilho é feito.
Luiz Artur Toríbio, o Luís Turiba das assinaturas autorais, é esse “cariocano” (carioca pernambucano) que traz no (sobre)nome a inquietude (do artista) e os “ruídos” (do jornalista). Quando um bebê grego nascia e se mostrava inquieto e de choro forte, barulhento, os pais helenos pespegavam-lhe o nome de Thorybios, oriundo do verbo “thórybos”, que, substantivamente, significa “ruído”, “estrondo”, e, adjetivamente, “inquieto”. Pois não é que “colou”, deu certo! Na sua imensa riqueza de artista da palavra, sobretudo, da palavra poética, Luís Turiba expõe e confirma esse desassossego criativo impresso-expresso no mundo literal, vocabular, oracional, frasal. Já o jornalista, por sua vez, deve transformar acontecências em letras (também imagens) encarrilhadas e legíveis, levadas por veículo/meio/órgão para, de preferência, ecoar, estrondar, estrepitar, bombar e ribombar. E fica criado o verbo “turibar”...
Mas, se o Luís Turiba é ou foi esse cara “estrepitoso”, não parece. As vezes que percorremos juntos ruas do Rio, as vezes que nos topamos pelos (e)ventos cariocas, as vezes que dividimos o táxi, as vezes em que nessas vezes nossas vozes se fizeram conversa(s), dele só alcancei a contenção e comedimento (como em diversos de seus versos), a modéstia ou simplicidade... próprias de quem sabe das lonjuras que percorreu e das alturas a que chegou – como nos textos que escreve e (extra)vasa, desde os tempos do jornal “O Globo” e revista “Manchete”, no Rio, e quando pontificou em Brasília, desde 1979, no ativismo cultural-literário-poético e nos jornais “Gazeta Mercantil”, “Jornal do Brasil”, “Correio Braziliense” e Imprensa mineira, entre outros pagos e paragens, sem esquecer os livros e variadas publicações (revistas, por exemplo) cariocas e candangos que Luís Turiba ousou lançar, dirigir, editar desde 1977.
Luís Turiba já se doou muito à Arte e à Cultura, ao Jornalismo e à Literatura. Dezoito anos atrás, chegou a ponto de, domador de lepidópteros, ordenar, com o imperativo poético: “Borboletras, borboletrem!”
Mas, consciente de que o poeta pulsa no homem, e que este é, no máximo, terno, e aquele, no mínimo, eterno, Turiba dá voz e verso ao seu médico do coração:
“o cardiologista dá as cartas
– todo cuidado, meu chapa
ou se sinquadra ou infarta!”
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VAL MELLO
– Você se largaria de uma cidade de clima aprazível, frio, parecendo a Suíça, com casario colonial, lindo cânion de mais de setecentos metros de altura, cachoeiras, artesanato, 170 anos de história e até Festival de Inverno? Val Mello também não – ela traz sua cidade dentro de si.
A escritora, artista plástica, artesã, administradora de empresas Val Mello saiu de Pedro 2º, sua terra natal, a “Suíça Piauiense”, município de 1.544 quilômetros quadrados e cerca de 40 mil habitantes, no Centro-Norte (mais Norte do que Centro) do Piauí.
Depois de nadar um pouco em águas maranhenses, em São Luís, veio navegar fundo e fundear em um rio maior, caudaloso, o Rio de Janeiro, que é mais de 20% menor em área que Pedro 2º e 164 vezes maior em população.
De menina ledora de cartas para o avô, da ouvidora de violeiros com o avô e fazedora de contas (“operações matemáticas”) como “castigo” do avô, dessas letras e palavras e cantos e números, desse convívio antípoda, dessa complementaridade de “contrários”, cresceu na capital carioca e circunvizinhanças a administradora formada e escritora firmada, com um fazer poético-literário consistente, comprometido, refinado. Trabalhado.
Val e eu já nos avizinhamos em uma ou outra nascente de eventos culturais deste Rio de todos os meses. Já éramos vizinhos na geografia, pelas terras – ela, Piauí; eu, Maranhão – onde enterramos umbigos e jogamos dentes de leite sobre telhados chocolate: "Mourão, Mourão, Mourão, / tome este dente podre / e me dê outro são!” (Até na cantiguinha popular de nós meninos, a perfeição inocente do terceto hexassilábico...).
Val já sabe dessa minha manha mania de querer falar bem de uma pobre rica terra, histórico-culturalmente abençoada, potencialmente agraciada e socioeconomicamente deprimida, depauperada. O fausto que se torna falto ante a egoísta mediação de infaustos políticos. Val estava ali, no auditório da SNA, e seu sorriso é acolhimento, compreensão, cumprimento. Ela também está nessa luta e, drummondianamente, luta com palavras, e com suas palavras fala dessa “Penúria”:
“Nas lacunas estomacais
sobrevive todo o erário
dos buchos abastecidos
com a esperança alheia
Toda fome vez sentida
é moeda de barganha
pra quem desconhece o vazio
de uma boca esfomeada
e de um corpo que apanha”.
Tecelã de palavras, artesã de sentidos, Val Mello sabe brincar a brincadeira de adultos que é a metapoesia, que é quando o poema conversa consigo mesmo, como está, em alguns recortes-exemplos, no seu livro “A Síntese do Grito”, deste 2023:
“Nos profetas,
além da fé,
moram os poetas.”
E também, mas não apenas:
“Poemizar a vida
é a forma mais sã de enlouquecer
e a maneira mais louca de se manter sã”.
*
STELLA LEONARDOS
– Falecida aqui no Rio de Janeiro há quatro anos, em 11 de junho de 2019, a escritora, dramaturga e tradutora Stella Leonardos, é claro, não estava presente na entrega do Troféu Rio 2023 para o Salgado Maranhão. Mas, se era ausente para os olhos, estava em lembrança e memória na mente de todos. Até porque a UBE-RJ não se descuidou e colocou nos “cards” ou convites, para o evento do dia 18/12/2023, a frase, em maiúsculas: “CEM ANOS DO NASCIMENTO DE STELLA LEONARDOS”.
Stella Leonardos da Silva Lima Cabassa nasceu onde morreu – sua cidade-capital Rio de Janeiro. Sua chegada ao mundo deu-se no mesmo dia e mês e exatos cem anos depois (1º de agosto de 1923) da data de independência de Caxias, a quadricentenária cidade maranhense, que tantos grandes nomes – Gonçalves Dias, Coelho Netto, Teixeira Mendes, João Mendes de Almeida, Ubirajara Fidalgo, Liene Teixeira, Armando Maranhão, Ferdinand Berredo de Menezes, Teófilo Dias, Elpídio Pereira, Aderson Ferro, Andressa Ramos, Francisco das Chagas Oliveira Luz, Lucy Teixeira, João Christino Cruz, Vespasiano Ramos... – deu ao Brasil, todos pessoas de muitos e enormes talentos, colocados a serviço do Brasil, na Literatura, na Antropologia, na Educação, no Cinema, na Legislação em favor dos mais vulneráveis, no Abolicionismo, no Jornalismo, no Teatro, na Administração Pública, na Música, na Odontologia, na Religião / Espiritualidade, na Farmácia-Bioquímica, na Agricultura / Agronomia, na Botânica, na Política, no Magistério e na Magistratura, na Diplomacia, na Poesia...
A essa cidade (Caxias) essa escritora (Stella Leonardos) também se doou em seus escritos. A notável escritora carioca gostava do Maranhão. Era filha de um maranhense, o engenheiro Antônio Caetano da Silva Lima, casado com Alice Leonardos da Silva Lima, escritora, de descendência grega. Em 1945, Stella se casa com Alejandro José Cabassa Ripol, bioquímico, natural de Porto Rico, estado livre e não incorporado dos Estados Unidos.
Stella Leonardos gostava do Maranhão, repito. Não apenas por ser terra de seu pai; também porque foi argila e argamassa boas para o assentamento, o erguimento e o revestimento de excelentes obras literárias, até hoje entre as mais elevadas de seu condomínio bibliográfico. Do “Romanceiro de Bequimão” (do tido protomártir da Independência do Brasil, Manuel Beckman, 1630-1686) colhem-se estes versos:
“Se passardes por acaso
por São Luís do Maranhão,
amigos, sustai o passo:
sob o solo há um coração.”
“Lá dos antigos sobrados
de azulejo feito a mão
uma saudade em pedaços
me conta do Maranhão.”
Não é sem razão que o “Romanceiro de Bequimão”, de 1979, é dedicado por Stella Leonardos “ao Maranhão – terra de meu pai, pais de meus pais, avós de meus avós”. E ela Stella era pura “maranhensidad” no “Cancioneiro de São Luís”, de 1981, nos poemas longos “Romanceiro de Dom Sebastião” e “Caxias cancionada”, de seu livro “Memoranda”, de 2006, e também em 2013, no “Memorial de Luzia”, obra dedicada à amada de Bequimão.
Talvez Stella Leonardos gostasse de saber que pelo menos três “vultos” de seu querido Maranhão e de sua “cancionada” Caxias – João Christino Cruz, Salgado Maranhão e Edmilson Sanches – estavam, de uma forma ou de outra, em auditório ou no salão, em corpo e/ou alma, brindando ao centenário dela, Stella, e às suas palavras de canto e encanto sobre histórias e amores, glórias e dores do Maranhão – terra de seu pai, dos pais de seus pais, dos avós de seus avós.
*
Um poliedro tem muitas faces.
Um hexaedro tem só seis.
Muitas faces ou poucas, quantas histórias se lhes marcam...
... quanto quotidiano em si dissipam...
... quanto futuro assim antecipam!...
* EDMILSON SANCHES
Fotos:
Adriano Espínola, Ascensión Chanqués, Jorge Ventura, Luís Turiba, Val Mello e Stella Leonardos.
O escritor, poeta e compositor Salgado Maranhão, maranhense de Caxias, recebeu na tarde da última segunda-feira (18/12), o Troféu Rio 2023, outorgado pela Uninão Brasileira de Escritores (UBE), seção do Rio de Janeiro. A cerimônia foi realizada no auditório do edifício-sede da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), na Avenia General Justo, no centro da capital fluminense.
À solenidade compareceram diretores da UBE, escritores, jornalistas, artistas plásticos e teatrais, entre outros convidados. Antes da premiação, foi apresentada a exposição da artista plástica Lina Ponzi. Após, o grupo teatral No Palco da Vida apresentou o espetáculo “Vozes Negras”, que incluía textos poéticos de Salgado Maranhão e encerrou com nova e aplaudidíssima apresentação da música “Carcará”, do cantor e compositor maranhense João do Vale.
A entrega do troféu para Salgado Maranhão, no palco do auditório e na presença de diretores da UBE, foi precedida de pronunciamento da artista plástica espanhola, radicada no Brasil, Ascensión Chanqués, também escritora, poeta e professora de pintura e desenho. Ascensión Chanqués é artista premiada, com muitas exposições no Brasil e exterior e estúdios no Rio de Janeiro e Valência (Espanha). Ela é a artista plástica a quem a UBE confiou a tarefa de criação do Troféu Rio 2023 concedido a Salgado Maranhão.
Salgado Maranhão foi alvo de homenagens em pronunciamentos antes e depois da entrega do Troféu. Diretores da UBE-RJ revezaram-se em falas de reconhecimento e elogios à obra do grande poeta brasileiro. Em seguida, o próprio poeta falou e disse de sua arte poética, entremeando a fala com seus próprios textos poéticos, merecendo demorados aplausos. Salgado Maranhão citou seu conterrâneo caxiense e escritor Edmilson Sanches, presente no evento, lembrando que a Sociedade Nacional de Agricultura, onde se realizava a solenidade de outorga do Troféu Rio 2023, tem como presidente de honra outro caxiense, o empresário, agrônomo e ex-deputado federal João Christino Cruz (1857-1914), considerado por muitos como o responsável pela criação do Ministério da Agricultura.
A direção do evento abriu a palavra para a plateia, com diversos escritores tendo utilizado a palavra, com destaque à pessoa e à produção literária de Salgado Maranhão. O jornalista e escritor Edmilson Sanches também pronuniou-se em discurso onde mostrou que o talento de Sagado Maranhão, que se diferencia na poesia pela excelência e compromisso, continua uma saga de talentosos maranhenses, a partir do século XIX, com o poeta caxiense Gonçalves Dias e diversos outros nomes que Sanches pormenorizou para uma plateia vivamente interessada em informações e detalhes ainda de pouco acesso aos demais brasileiros e mesmo a maranhenses.
A concorrida solenidade da UBE-RJ foi encerrada com variados comes e bebes e pedidos de fotos com o homenageado da tarde, Salgado Maranhão.
Fotos:
Salgado Maranhão recebendo o troféu e, de óculos, com Edmilson Sanches, ladeado pelos escritores Jean Carlos Gomes (à esquerda), de Volta Redonda – RJ, e Edir Meirelles, do Rio de Janeiro – RJ. O edifício-sede da SNA.
A segunda edição do Praia do Futebol, competição patrocinada pelo governo do Estado, pelo Grupo Audiolar e pela Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, foi encerrada oficialmente no último fim de semana com a realização das finais das categorias Adulto Feminino e Sub-17 Masculino. As equipes Jeito Moleque e da Escolinha do Jaime foram as grandes vitoriosas e garantiram os títulos nessas categorias. As disputas ocorreram na Praia do Calhau.
Pelo torneio Adulto Feminino, o Jeito Moleque sagrou-se campeão. Na decisão, diante do Fênix, uma vitória apertada por 2 a 1, mas suficiente para comemorar o título desta edição do Praia do Futebol. Os dois gols que asseguraram a conquista inédita ao Jeito Moleque foram marcados por Rayssa Kristiny, principal goleadora do torneio.
Fênix
Além da artilheira da competição, o Jeito Moleque ainda levou outros dois prêmios individuais: Jasmin Viegas foi eleita a Melhor Goleira e William Braga foi o Melhor Técnico. Vice-campeão do torneio, o Fênix teve a Melhor Jogadora da competição: o prêmio ficou com Darliane Serra.
Sub-17 Masculino
Escolinha do Jaime
Na disputa do Sub-17 Masculino, o título da segunda edição do Praia do Futebol ficou com a equipe da Escolinha do Jaime que, na final, bateu o Colégio Militar por 3 a 2 com gols de Carlos Gabriel, Cleyton e Luís Fernando.
A Escolinha do Jaime ainda dominou as premiações individuais: Guilherme Silva (Artilheiro), Kauan Ferreira (Melhor Goleiro) e Jaime Costa (Melhor Técnico). O Melhor Jogador do torneio foi Venicio Santos, do Colégio Militar.
Colégio Militar
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Sexta-feira (22) de decisão no Campeonato Maranhense de Futsal na categoria Adulto Feminino, competição promovida pela Federação de Futsal do Maranhão (Fefusma). A partir das 21h, a bola começa a rolar para o duelo entre as equipes do AFC São Luís e da AABF/Maranhão Futsal. O jogo ocorrerá no Ginásio Costa Rodrigues, em São Luís.
Em busca do bicampeonato consecutivo, o AFC São Luís chega à final motivado após uma classificação dramática na noite dessa quarta-feira (20). Nas semifinais, a equipe da capital bateu o IVBM/Fênix por 7 a 6 nos pênaltis após empate por 1 a 1 no tempo normal. Com a vitória, o AFC São Luís continua almejando repetir o feito de 2022 e sagrar-se campeão estadual.
No outro duelo válido pelas semis do Estadual Adulto Feminino, a equipe da AABF/Maranhão Futsal confirmou o favoritismo contra o ADAA/UFMA Madri FC. Com o triunfo por 4 a 0, a AABF/Maranhão Futsal vai em busca de mais um título maranhense.
AFC São Luís
Outros campeões
Vale lembrar que, na atual edição do Campeonato Maranhense de Futsal (CMFS), já foram conhecidos os campeões em duas categorias: Adulto Masculino e Sub-6. Na disputa do Adulto Masculino, o título ficou com o Sampaio Araioses, que derrotou o 2 de Julho por 4 a 2 na decisão.
Já no Sub-6, a garotada da AABF/Maranhão Futsal conquistou o título estadual ao derrotar a Apcef/São Luís Academy na grande final. Após empate por 2 a 2 no tempo normal, a AABF/Maranhão Futsal fez 4 a 1 nos pênaltis para comemorar o título.
Em janeiro, o beach-soccer vai ser atração em São Luís mais uma vez. A capital maranhense será palco da primeira edição do Maranhão International Cup, competição que reunirá as seleções principais do Brasil, Emirados Árabes, Marrocos e Estados Unidos. O torneio ocorrerá entre os dias 12 e 14, na Arena Domingos Leal, na Lagoa da Jansen, e servirá de preparação para a Copa do Mundo de Beach-Soccer da Fifa 2024.
A próxima edição do Mundial será em Dubai, entre os dias 15 e 25 de fevereiro, e, por isso, o Maranhão Cup ganha uma importância significativa para o Brasil, Emirados Árabes e Estados Unidos, seleções que já estão classificadas para a Copa do Mundo. Em São Luís, as equipes participantes do torneio internacional vão se enfrentar entre si em turno único.
De acordo com a organização do Maranhão Cup, as disputas terão início no dia 12 de janeiro com os seguintes jogos: Marrocos x Emirados Árabes e Estados Unidos x Brasil. No sábado (13 de janeiro), a bola rola para Emirados Árabes x Estados Unidos e Brasil x Marrocos. Já no domingo (14 de janeiro), a última rodada do torneio terá Estados Unidos x Marrocos e Brasil x Emirados Árabes. Nos próximos dias, serão divulgados os horários das partidas.
Vale destacar que os ingressos para os jogos do Maranhão Cup será 1kg de alimento não perecível. Tudo o que for arrecadado será doado para instituições de caridade. A expectativa é que a Arena Domingo Leal receba grande público durante toda a competição.
“É um desafio, primeira competição internacional de beach-soccer no Maranhão. É importante ressaltar a parceria do Ministério do Esporte com o governo do Estado, por meio da Secretaria de Esporte, com a Federação Maranhense de Beach-Soccer. A Arena Domingos Leal vai ter uma revitalização para estar ideal para receber este grande evento. Estamos ansiosos e esperamos casa cheia durante todo o Maranhão Cup”, afirmou o secretário de Esporte e Lazer Naldir Lopes.
O Maranhão International Cup conta com os apoios do Ministério do Esporte, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), da Confederação de Beach-Soccer do Brasil (CBSB), da Federação Maranhense de Beach-Soccer (FMBS) e do governo do Maranhão por meio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Sedel).
Lançamento
A primeira edição do Maranhão International Cup foi lançada oficialmente no último domingo (17), em solenidade realizada no Rio Poty Hotel, em São Luís. Participaram do evento o presidente da FMBS, Eurico Pacífico, a secretária nacional de Esporte de Alto Desempenho, Iziane Castro, o secretário de Esporte e Lazer do Maranhão, Naldir Lopes, o empresário Fernando Sarney, além de grandes nomes do beach-soccer maranhense, como Datinha, Adriele Rocha e o treinador Chicão Castelo Branco, atualmente na seleção do Peru.
A 18ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) divulgou, nesta quarta-feira (20), o resultado da 18ª edição. Os estudantes premiados vão receber um total de 8,4 mil medalhas, sendo 650 ouros, 1.950 pratas e 5.850 bronzes, além de 51 mil menções honrosas. A informação foi divulgada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), promotor da competição. A lista de premiados pode ser consultada aqui.
A olimpíada premia, separadamente, escolas públicas e particulares e, este ano, dobrou o número de premiações das instituições privadas. Para o diretor-geral do Impa, Marcelo Viana, este ano, o sabor da olimpíada é ainda mais especial. "Além da premiação nacional, criamos também as premiações estaduais. São muito mais medalhas em todo o Brasil”. Serão distribuídas cerca de 20,5 mil medalhas estaduais.
Serão agraciados ainda professores, escolas e secretarias municipais de Educação que se destacaram pelo desempenho dos alunos. As cerimônias de premiação da 18ª Obmep estão previstas para o próximo ano, em data e local ainda a serem definidos. Este ano, a olimpíada reuniu mais de 18,3 milhões de alunos dos ensinos fundamental e médio. Trata-se da maior competição científica do país. Foram alcançados 99,78% dos municípios brasileiros e mais de 55 mil escolas participaram do certame.
Abrindo portas
O estudante Kevin Neves Ramos Badaro, 14 anos, do ensino fundamental da Escola Municipal Mariano Ferreira de Nazareth, localizada em Domingos Martins (ES), tem duas participações na Obmep, sendo uma no ano passado, com medalha de bronze, e a outra da edição de 2023, em que faturou o ouro. “Quando vi que tinha ganhado medalha de ouro, fiquei muito feliz mesmo”. Kevin contou que pretende continuar participando da olimpíada e que buscará sempre dar o seu melhor, "porque virão outras medalhas de ouro ainda”. Ele não tem certeza se vai cursar matemática no ensino superior. “Eu sou muito bom em matemática, mas a área da computação e da informática é muito boa hoje em dia. Estou pensando nisso, mas ainda não tenho certeza”.
Os medalhistas nacionais são convidados a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) com aulas avançadas para seu desenvolvimento acadêmico. Os participantes de escolas públicas recebem R$ 300 para integrar o programa. A bolsa é concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) teve o valor reajustado em 200% este ano.
Impa Tech
A novidade deste ano é que medalhistas do nível 3 (ensino médio) na Obmep e em outras quatro olimpíadas de conhecimento poderão concorrer a uma vaga no Impa Tech, primeiro curso de graduação do instituto. As inscrições para o bacharelado em matemática da tecnologia e inovação estão abertas até 28 deste mês neste endereço eletrônico. O curso será uma qualificação de excelência para os estudantes entrarem de forma efetiva no mercado de tecnologia e inovação. O processo seletivo destina 20% das vagas para alunos com ótimo desempenho na prova de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O edital pode ser acessado aqui.
O coordenador-geral da Obmep, Claudio Landim, destacou que conquistar uma medalha na Obmep pode abrir as portas de uma universidade para os estudantes premiados. "Algumas das melhores universidades brasileiras têm admitido alunos baseados exclusivamente no seu desempenho em olimpíadas, como é o caso da recém-criada graduação do Impa, o Impa Tech”.
Marcelo Viana informou que o Impa Tech será iniciado em 2024. A graduação do instituto reserva 80% de suas vagas para medalhistas das olimpíadas. “Quem ganhou medalha do nível 3 [ensino médio] já pode solicitar o seu certificado para se candidatar ao Impa Tech”, indicou.
Olimpíada
Criada pelo Impa em 2005 e realizada com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), a Obmep é promovida com recursos dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Educação (MEC). Destinada a estudantes do 6º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio, a competição contribui para estimular o estudo da matemática e identificar jovens talentos da disciplina.
Outro objetivo é contribuir para a melhoria da qualidade da educação básica, permitindo que um maior número de alunos brasileiros tenha acesso a material didático de qualidade.
O Senado aprovou, nessa terça-feira (19), o projeto de lei que recria a cota de exibição de filmes brasileiros até 2033, a chamada “cota de tela”. Com isso, salas de cinema e espaços de exibição comercial são obrigados a veicular longas-metragens nacionais, com base no número de sessões e quantidade de títulos. A proposta segue para sanção presidencial.
A cota tinha terminado em 2021, após ficar em vigor por 20 anos como previa a Medida Provisória (MP) 2.228-1/2001.
Pelo projeto, cabe ao Poder Executivo definir, anualmente, a quantidade mínima de sessões e obras a serem exibidas, levando em conta diversidade, cultura nacional e universalização de acesso. Para isso, serão consultadas representantes dos produtores de cinema, distribuidores e exibidores, além da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Quem desobedecer à norma sofrerá advertência ou pagamento de multa, referente a 5% da receita bruta média diária do cinema multiplicada pelas sessões onde ocorreu o descumprimento.
O relator do projeto, senador Humberto Costa (PT-PE), a cota serve para apoiar a produção cinematográfica nacional, proporcionando o acesso aos brasileiros.
Neste mês, os senadores aprovaram prorrogação da cota obrigatória para produções brasileiras na TV paga até 2038. O projeto seguiu para sanção presidencial.