O Festival Cultura e Pop Rua – População em Situação de Rua e Direito à Cultura, que começa nesta quarta-feira (16), na capital paulista, oferecerá, até sexta-feira (18), apresentações artísticas e oficinas de cultura gratuitas e serviços diversos, além de debates com representantes de organizações, projetos e coletivos de cinco países e cinco Estados. Todas as atividades serão direcionadas à população em situação de rua.
De acordo com levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2022, pelo menos, 281 mil pessoas que não têm onde morar vivem atualmente nas ruas de cidades brasileiras. Vivendo nas ruas, as pessoas têm dificuldade de acesso a direitos básicos, como alimentação, saúde, educação e cultura.
Para discutir o papel das instituições culturais na melhoria da vida desse público, estão previstos, ainda, debates com representantes de organizações, projetos e coletivos do Reino Unido, da França, do Uruguai, da Argentina e da Colômbia, e cinco Estados brasileiros: Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
A programação foi construída em cocriação com movimentos sociais de população em situação de rua, agentes, coletivos e instituições culturais atuantes nos territórios Luz, Santa Efigênia, Bom Retiro e Campos Elíseos, onde estão localizados o Museu da Língua Portuguesa (instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo) e o Sesc (Serviço Social do Comércio) Bom Retiro, idealizadores do evento, que é correalizado pela Prefeitura de São Paulo.
Tanto nas rodas de conversa quanto nos espaços de apresentação, terão protagonismo os artistas do território, assim como pessoas em situação de rua, incluindo: All Ice, Angoleiros do Sertão, Coral Cênico Cidadãos Cantantes, Itinerância Poética, Libertat, MC Pedrão, Pagode na Lata, Paulestinos, Samba do Bule, Teto, Trampo e Tratamento, Nego Bala, MC Binh e Savio Muan, representantes de São Paulo, e o Coral Uma Só Voz, do Rio de Janeiro, entre outros.
Destaques
Na quarta-feira, está previsto um minicurso para trabalhadores da cultura no teatro do Sesc Bom Retiro sob a coordenação de Matt Peacock, do Reino Unido, diretor da entidade Arts & Homelessness International (AHI), e com participação de Patrick Chassignet, da França, chefe do setor Da Rua à Moradia, do Departamento de Missões Sociais da Fundação Abbé Pierre e cocriador do festival C’est pas du Luxe! (Não é luxo!).
Na quinta (17) e na sexta-feira (18), as atividades estão programadas para espaços do Museu da Língua Portuguesa e na rua em frente à Estação da Luz, incluindo rodas de conversa com entidades nacionais e internacionais que tratam do tema população de rua e cultura; tendas para oficinas de cultura com temas variados e apresentações artísticas no tablado e no térreo do Museu da Língua Portuguesa (Pátio B e Saguão B).
Toda a programação é livre, gratuita e aberta à participação de qualquer pessoa. Nessas datas, a entrada no Museu da Língua Portuguesa também será gratuita para todas as pessoas, em comemoração à realização do festival.
Também na quinta e na sexta, haverá na rua tendas de serviços para pessoas em situação de rua, tais como alimentação, saúde, corte de cabelo e embelezamento, banho, vacinação, emissão de documentos e atendimento de cuidados para os cães.
Outro destaque é a apresentação, quarta e quinta-feira, da peça Cena Ouro - Epide(r)mia, no Teatro de Contêiner, com argumento e produção da Cia. Mungunzá de Teatro e textos escritos pelos artistas da cena e direção, o espetáculo conta com supervisão dramatúrgica de Verônica Gentilin e direção de Cris Rocha, Georgette Fadel e Tânia Ganussi.
As apresentações serão gratuitas, com retirada de ingressos na hora, de acordo com o limite da sala.
Haverá, ainda, o encontro do Pagode na Lata – proposta cultural-educacional focada na redução de danos junto aos usuários da Cracolância – com o Sexteto Aurum da Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp). Na sexta-feira, apresentam-se Nego Bala e MCs do território da Luz.
Ainda na sexta-feira, às 19h, no Museu da Língua Portuguesa, será entregue o Prêmio 19 de Agosto, que reconhece boas práticas no trabalho com a população em situação de rua.
A programação do Festival Cultura e Pop Rua pode ser consultada neste site.
O Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, região portuária da cidade, está de portas abertas para toda a população que quiser visitar o acervo. A iniciativa é uma parceria da Secretaria Especial da Juventude Carioca, o Espaço Cultural e o Observatório Internacional da Juventude (OIJ) em comemoração ao Mês da Juventude. O ingresso grátis vale até o dia 3 de setembro e atinge todas as faixas de idade. A intenção do espaço cultural com a entrada franca é ampliar a visitação do público às exposições.
Para o secretário Salvino Oliveira – que mediou no dia 4 deste mês, no museu, um debate sobre os dez anos do Estatuto da Juventude, dentro da programação –, a porta aberta é um presente que o Museu de Arte do Rio dá à população. “Tenho certeza que será um mês de muitas visitas. Quem ainda não conhece, terá a chance de conhecer e quem conhece vai querer visitar de novo, porque ir ao MAR sempre é uma garantia de passeio incrível”, afirmou.
De acordo com o diretor e chefe da Representação da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) no Brasil, Raphael Callou, a democratização do acesso aos bens culturais exige políticas públicas que atinjam maior número de pessoas. “Por isso, muito nos orgulha poder celebrar o Mês Internacional da Juventude com a gratuidade do MAR. Somos um espaço plural, onde a convergência de protagonismos se faz cada vez mais presente. A gratuidade para todos os visitantes reforça a missão do MAR de oportunizar conhecimento, cultura e arte ao público”, disse em publicação da secretaria.
Museu
O MAR é um espaço cultural da Prefeitura do Rio, criado em conjunto pela Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Roberto Marinho. Em janeiro de 2021, a Organização dos Estados Ibero-americanos passou a fazer a gestão do local, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura. Desde lá, tem apoiado as programações expositivas e educativas, por meio da realização de diversas atividades.
“O Museu de Arte do Rio, para a OEI, representa instrumento de fortalecimento do acesso à cultura, intimamente relacionado com o território, além de contribuir para a formação nas artes, tendo no Rio de Janeiro, por meio da sua história e suas expressões, a matéria-prima para o trabalho”, acrescentou Callou.
Além da Prefeitura do Rio, o MAR tem o apoio do governo do Estado, com realização do Ministério da Cultura e do governo federal por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Quem quiser mais informações pode acessar a página do MAR na internet.
Nesta semana, foi aprovado, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei com a revisão da Lei de Cotas, que garante a reserva de vagas nas universidades e institutos federais para estudantes negros, pardos, indígenas, com deficiência e de baixa renda da escola pública. O projeto de lei nº 5.384/20 segue para avaliação do Senado Federal.
A Lei 12.711/12, que criou o sistema de cotas, já previa a reformulação da política após dez anos de instalação, o que deveria ter ocorrido em 2022.
Veja as mudanças previstas no projeto de lei:
Redução da renda
Metade das vagas reservadas aos cotistas será destinada aos estudantes com renda familiar de até um salário mínimo (R$ 1.320) por pessoa. Atualmente, a renda familiar exigida é de um salário mínimo e meio per capita.
Quilombolas
Está prevista a inclusão de estudantes quilombolas nas cotas das universidades e institutos federais de ensino. Até o momento, os alunos beneficiados são negros, pardos, indígenas, com deficiência e de baixa renda da rede pública.
Preenchimento das cotas
O projeto traz um novo critério para o preenchimento das cotas. Primeiro, os candidatos cotistas vão concorrer às vagas da ampla concorrência. Se a nota não for suficiente para ingressar por meio desta modalidade, irão concorrer às vagas destinadas aos seus subgrupos (pretos, pardos, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e alunos da escola pública). Com isso, os cotistas terão mais de uma opção para entrar no curso universitário.
Auxílio estudantil
Os estudantes que optarem pelas cotas terão prioridade para receber bolsa de permanência e outro tipo de auxílio estudantil.
Pós-graduação
Pelo projeto de lei, as instituições deverão promover ações afirmativas para inclusão de negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência nos programas de pós-graduação. O projeto não define qual política deve ser adotada, dando autonomia às entidades. De acordo com o Ministério da Igualdade Racial, até dezembro de 2021, mais da metade dos programas de pós-graduação das universidades públicas tinham algum tipo de ação afirmativa no processo seletivo.
Revisão
A cada dez anos, a política de cotas deverá passar uma avaliação, com monitoramento anual.
Para o Ministério da Igualdade Racial, que atuou para a aprovação do PL, a previsão de ações afirmativas nos programas de pós-graduação é um avanço.
"A inclusão da pós-graduação é um avanço significativo, especialmente porque a redação não prevê necessariamente a modalidade de cotas. O projeto de lei reconhece a autonomia inerente aos programas de pós-graduação e estabelece como regra a proposta de ações afirmativas com flexibilidade para que cada programa possa propor e executar suas políticas afirmativas de maneira a atender às suas especificidades e às diferenças em seus processos seletivos”, destaca a diretora de Políticas de Ações Afirmativas do ministério, Anna Venturini.
A diretora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) e relatora da política de cotas raciais na instituição em 2003, Dione Moura, avalia que a renovação das cotas é necessária no país, porém não se pode perder de vista que é uma política temporária.
“A universidade é a metade do caminho para formação de pessoal qualificado para o mercado de trabalho. Esse trajeto começa com cinco anos de idade, quando precisa ter creche. Depois, tem que ter pré-escola, ensino fundamental, médio para chegar na universidade. Nesse percurso, estamos perdendo crianças e jovens. A questão que impressiona e deixa a gente com a necessidade contundente de clamar, de reivindicar e destacar que a política de cotas é uma ação regulatória provisória. Permanente é a educação para todos”, disse a pesquisadora e pioneira na implantação de políticas afirmativas no ensino superior do país.
O que diz a lei hoje
Sancionada em agosto de 2012, a Lei 12.711 estabeleceu reserva de 50% das matrículas nas universidades federais e institutos federais de ensino a alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas. A outra metade continua com a ampla concorrência.
Dentro das cotas, metade é para estudantes de escolas públicas com renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo e meio por pessoa. Os 50% restantes para alunos da rede pública com renda familiar acima desse valor. Nas duas situações, há reserva de vagas para autodeclarados pretos, pardos e indígenas a partir da proporção desses grupos na população total da unidade da Federação onde a instituição está localizada, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Em 2017, as pessoas com deficiência passaram a ter também acesso às cotas, com base na proporcionalidade da população do estado e Distrito Federal.
A capital paulista é palco, a partir deste sábado (12), de um dos eventos que festejam os 50 anos do movimento hip-hop, com uma programação que inclui oficinas, mostra de vinis e shows. O Centro Cultural São Paulo (CCSP) irá hospedar, até o dia 30, artistas do Festival Sample – do Clássico ao Original, idealizado pelo DJ KL Jay e que, agora, retoma a modalidade presencial, após realizar uma edição on-line durante o auge da pandemia de covid-19.
O evento também celebra os 35 anos de carreira de KL Jay, integrante do grupo de rap Racionais MC's. A mágica da cultura hip-hop acrescenta, em um mesmo caldeirão, as rimas do rap, concebidas pelo MC (mestre de cerimônias), o grafitti, a dança break e as criações e intervenções dos DJs. Por isso, nesse universo, a figura do produtor musical e DJ é fundamental, uma vez que é quem escolhe os chamados samples, amostras de músicas já existentes para tocar na forma de breakbeats, também chamados de beats.
Para a cocuradora do festival, a jornalista Leandra Silva, o evento é uma "oportunidade de reverenciar pessoas que estão vivas", em um mundo que coloca alvos sobre os corpos negros. “Chegar agora ao CCSP é um momento profundo de reafirmação da vida, da vida de pessoas, homens pretos. É extraordinário ver toda essa trajetória. Eles [os artistas que participam do evento] poderiam facilmente ter sido mortos, como Notorius [The Notorius B.I.G.] foi, como Sabotage foi”, pontua.
Origem
O movimento hip-hop tem como marco zero uma festa de aniversário organizada pelo DJ Kool Herc para sua irmã, no Bairro do Bronx, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. O Bronx dos anos 1970 e 1980 tinha uma população formada, majoritariamente, por negros e porto-riquenhos. A região vivia um contexto de pobreza, marginalização social, estigma e omissão do Poder Público.
Antes de sintonizar o hip-hop e fundar o Racionais MC's, ao lado de Edi Rock, Mano Brown e Ice Blue, o DJ KL Jay, que tem como nome de batismo Kleber Simões, teve contato com o funk dos Estados Unidos, sobretudo na década de 1980. KL Jay iniciou sua carreira em 1987.
O funk estadunidense, como o hip-hop, tem assinatura negra. KL Jay descobriu o funk, que tem expoentes como James Brown, e correu atrás de outros cantores e outras bandas, de décadas anteriores, como a de 1960 e 1970, quando o gênero musical influenciou vertentes como a música disco.
“Eu já estava ali. A cultura veio, já estava no barco e cruzei a fronteira. Me identifiquei com a dança, com o DJ, a cultura em si. Comecei a vir a São Bento, onde o pessoal que também se identificava se encontrava todos os sábados “, diz DJ KL Jay, que, antes da formação dos Racionais MC's, já tocava com Edi Rock em bailes.
O artista compara o surgimento do hip-hop com uma luz de poste que deu um norte à população negra e comenta que, para ele, se trata mais de uma cultura do que de um movimento, apesar de reconhecer seu potencial emancipador e mobilizador. “Penso que hip-hop é uma cultura, cultura que liberta. Movimento eu penso que é outra coisa. Penso que o hip-hop, com a trilha sonora do rap, mudou a realidade de muita gente, influenciou muita gente. As pessoas se identificam mais com a música, é uma coisa natural. A maioria se identifica mais com a música do que os outros elementos da cultura, mesmo que eles não sejam menos importantes. Mas a gente é mais pego pela música, naturalmente. A música rap, que faz parte da cultura hip-hop, ajudou a influenciar muita gente”, afirma.
O mundo outrora secreto dos beats
Uma exposição de discos importantes para a cultura hip-hop faz parte da programação do festival. O público terá a chance de conhecer tanto LPs que têm relevância por conta de faixas como pela arte gráfica das capas.
Décadas atrás, ainda não existiam os smartphones, nem os aplicativos capazes de reconhecer uma música, acionados com um único comando dos dedos sobre o teclado do aparelho, como o Shazam, o SoundHound, o Musixmatch e o Genius. Quando se escutava algum sample usado pelos rappers, dependia-se da boa vontade de quem o tocava revelar qual música era. Hoje, mesmo em meio à muvuca da plateia de duelos e batalhas de MCs, a descoberta se tornou muito mais fácil. Conforme lembra a jornalista e cocuradora do festival Leandra Silva, alguns DJs e MCs chegavam a riscar a capa dos discos, para evitar que soubessem qual era a canção.
No domingo, o público poderá conferir a entrevista com DJ KL Jay e DJ Hum, conduzida pela jornalista Leandra Silva. Em 22 de agosto, o festival oferece a oficina Sample na Base – A arte de mixar e masterizar. A atividade será ministrada por BaseMC Beat e DJ Comum. No dia 23, quem quiser aprofundar os conhecimentos sobre sample encontra mais uma alternativa na master class Fazendo Sample, com DJ KL Jay, DJ Will e Kamau.
Durante o festival, DJ KL Jay também fará o lançamento oficial do compacto que contém Estamos Vivos, de ZL Killa, Fhato, Emmy Jota e Jota Ghetto, e Território Inimigo, de Anarka, Amiri e Jota Ghetto. Produzidas por DJ KL Jay, as duas faixas foram especialmente editadas em vinil de 7 polegadas para celebrar os 50 anos do movimento hip-hop e reúnem artistas da gravadora KL Música, selo criado pelo DJ no começo dos anos 2000, para dar projeção a jovens artistas do rap nacional.
Serviço
Festival Sample
De 12 a 30 de agosto de 2023
Centro Cultural São Paulo*
Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo
* Ingressos para as atividades especiais serão disponibilizados para reserva na bilheteria on-line e presencial, uma semana antes da abertura do festival.
Confira a programação e o horário dos eventos:
Exposição: De 12 a 30 de agosto
De terças a sextas, das 10h às 20h.
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Fechada às segundas-feiras
Praça das Bibliotecas
Abertura:
Show e performance:
Dia 12 de agosto, das 19h às 21h, na Sala Adoniran Barbosa
Materclasses:
Sample na Base – A arte de mixar e masterizar, com BaseMC Beat e DJ Comum
Dia 22 de agosto, das 19h às 21h, na Sala de Ensaio II
Fazendo Sample, com DJ KL Jay, DJ Will e Kamau
Dia 23 de agosto, das 19h às 21h, na Sala de Ensaio II
Show de Encerramento
Dia 30 de agosto, das 19h às 21h, na Sala Adoniran Barbosa
Neste ano, quando se completam 150 anos de nascimento de Santos Dumont (1873-1932), o espaço cultural Farol Santander, localizado no centro de São Paulo, traz exposição inédita para celebrar o inventor brasileiro, conhecido, principalmente, pela criação do 14 Bis, um biplano com o qual ele fez o primeiro voo homologado do mundo, reconhecido pela Federação Aeronáutica Internacional.
“As coisas são mais belas quando vistas de cima”. A frase não poderia ter sido escrita por outra pessoa que não o Pai da Aviação, como é considerado o inventor.
Nascido em Minas Gerais, em 20 de julho de 1873, Santos Dumont foi estudar na França, onde deu início aos seus primeiros experimentos com balões e voo controlado. Autodidata, ele participava de todos os estágios, da fabricação até a montagem e experimentação de seus inventos.
Em 1898, projetou e construiu o menor balão tripulado criado naquela época. Em seguida, associando aos balões motores de combustão interna a petróleo, Santos Dumont inventou os balões dirigíveis.
Em 1901, pilotou seu dirigível mais famoso, o Número 6, e foi premiado a sobrevoar Paris. Depois da experiência com objetos mais leves, ele passou a estudar um veículo que fosse mais pesado que o ar. E foi assim que surgiu a aeronave mais famosa: o 14 Bis, com a qual ele deu uma volta no campo de Bagatelle, em Paris, diante de uma plateia.
Exposição
“Essa exposição pretende com que se consiga apreender quem foi Santos Dumont”, disse Ceres Storchi, arquiteta e curadora da exposição, em entrevista à Agência Brasil.
Segundo a curadora, a ideia é desmistificar o mito de herói que envolve Santos Dumont, exaltando seus feitos, e torná-lo mais próximo do público. “O fato de transformá-lo em herói, o afastou das pessoas. Gostaria que a exposição servisse para desmistificar essa questão do heroísmo. Ele era uma pessoa que tinha foco, era muito empenhado e botou todas as suas cartas naquilo ali [no objetivo de voar]. Na cabeça das pessoas, ele é o pai da aviação e um herói que fez o 14 Bis mas, para mim, isso é redutivo”, disse a curadora.
A mostra Santos Dumont – o poeta inventor começa com uma réplica do famoso 14 Bis instalada logo na entrada do espaço cultural. Construída por Alan José Calassa, a réplica pesa 150kg, mede 9,6 metros de comprimento por 11,7 metros de envergadura e tem 3,72 metros de altura na extremidade das asas.
“O voo do 14 Bis em Bagatelle foi um voo curto, sustentado com seu próprio motor, que o fez voar. E o 14 Bis da mostra também voa”, explicou a curadora.
Trajetória
A exposição apresenta toda a trajetória de Santos Dumont, desde seu nascimento até suas pesquisas e tentativas de voos em Paris. Ela traz também diversos objetos pessoais e originais do inventor, além de desenhos de projetos, fotos, vídeos e maquetes exclusivas. Mas o que chama a atenção são as versões não só do 14 Bis, como também do La Demoiselle, também conhecido como Libellule, o melhor modelo de avião criado pelo aviador. As versões foram em tamanho real.
Dois pavimentos do espaço são dedicados à mostra. No primeiro, localizado no 24º andar do edifício, são apresentadas as diversas tentativas de Santos Dumont de fazer o homem voar.
O público que visitar esse andar vai poder caminhar sobre uma imagem aérea da cidade, aplicada no piso, com a localização das atividades cotidianas do aeronauta. É nesse andar que estão o Balão Brasil e os 10 modelos de dirigíveis que foram concebidos e testados por Santos Dumont. Para acompanhar as tentativas, as paredes apresentam trechos do livro Os Meus Balões, escrito pelo próprio inventor.
“E lá fui eu, disparado, rompendo a escuridão. Sabia que a velocidade devia ser grande, porém não sentia qualquer movimento. Eu ouvia e sentia a tempestade. Percebi que estava em grande perigo, contudo, esse perigo não era tangível. Aliado a ele, havia uma intensa espécie de satisfação. Como poderei descrevê-la? Lá em cima, na negra solidão, no meio dos relâmpagos e das trovoadas, eu era parte da tempestade”, revela um dos escritos em uma parede.
Neste andar, o público ainda vai encontrar objetos pessoais como cadernos de anotação e um relógio que Louis Cartier criou para o inventor em 1904.
“A exposição acontece em dois pavimentos. O pavimento 24, que é o primeiro que se visita, mostra pesquisa do dirigível Santos Dumont com [objetos] mais leves que o ar, como o balão e os dirigíveis. Nesse pavimento temos o acervo principal, que pertence à Fundação Santos Dumont e ao Museu Paulista. E temos aqui uma breve história sobre a quase obsessão humana pelo voo, desde as questões mais míticas até os planadores e os balões e dirigíveis. No pavimento tem também o mapa de Paris, onde estão algumas coisas sobre a vida de Santos Dumont por lá”, disse a curadora.
No segundo pavimento, no 23º andar, há uma réplica de um modelo funcional em tamanho real do avião La Demoiselle, pilotado por uma figura cênica de Santos Dumont. “O pavimento 23 tem a história de outros precursores de voos. E temos também uma réplica do La Demoiselle, que também voa”, destacou a curadora. Neste andar, ainda se encontram várias fotos de Santos Dumont, uma holografia e dois espaços interativos que apresentam simuladores de voos: um deles, do Dirigível N°6, que flutua sobre Paris e, o outro, um avião Demoiselle.
Também neste espaço as crianças poderão brincar com um quebra-cabeça de magnetos e jogos de memória.
A mostra, que é apresentada pelo Ministério da Cultura, fica em cartaz até o dia 15 de outubro. Mais informações sobre a exposição podem ser obtidas pelo site https://www.farolsantander.com.br/#/sp/agenda/exp_24
A nadadora maranhense Sofia Duailibe, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, brilhou na disputa dos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) 2023. Representando o Colégio Literato, a atleta da DM Aquatic conquistou quatro medalhas de ouro e registrou o melhor tempo da carreira em três provas da categoria Infantil Feminino (12 a 14 anos) da natação nos JEMs, que teve suas provas realizadas entre quarta (9) e quinta-feira (10), na piscina da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal - Maranhão (Apcef-MA), em São Luís.
Em grande fase na temporada de 2023, Sofia Duailibe faturou o ouro nas provas dos 50m costas, 100m costas, 100m livre e 400m livre dos JEMs. Além dos títulos, a jovem atleta mostrou evolução ao melhorar as suas marcas pessoais nos 50m costas, 100m livre e 400m livre.
Sofia Duailibe acumula conquistas nas piscinas durante todo o ano. Em junho, a atleta da DM Aquatic faturou duas medalhas de ouro nas provas dos 100m costas e 400m livre do Campeonato Maranhense de Natação de Inverno – Troféu João Vitor Caldas, realizado na piscina do Nina Natação, em São Luís.
Antes dos dois ouros no Maranhense de Inverno, Sofia Duailibe representou o Colégio Literato na categoria infantil feminino dos Jogos Escolares Ludovicenses (JELs), no início de junho, faturando três medalhas de ouro nas provas dos 50m costas, 100m costas e 400m livre.
Sofia também brilhou na Copa Norte de Natação / Troféu Leônidas Marques, que foi realizada em abril, em São Luís. A nadadora maranhense conquistou 10 medalhas na categoria Infantil 1 da competição regional: foram cinco ouros nas disputas dos 200m costas, 400m livre, 800m livre, 1.500m livre e 2,5km (águas abertas), quatro pratas nos 50m costas, 100m costas, 200m livre e 200m medley, e um bronze no revezamento 4x50m livre misto.
Águas Abertas
Em meio aos resultados expressivos nas piscinas, Sofia Duailibe se destaca ainda nas competições de águas abertas. No fim de julho, a nadadora maranhense subiu quatro vezes ao pódio na 11ª etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, competição organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e realizada em Brasília, sendo campeã Infantil I e terceira colocada Geral Feminina nas provas de 1,5 km e 2,5 km.
Com a atuação de alto nível em Brasília, Sofia Duailibe aumentou a sua coleção de conquistas na Copa Brasil e se consolida como uma das maiores revelações das águas abertas no país. Nas últimas seis etapas do evento nacional, a nadadora maranhense faturou 10 títulos, além de quatro vice-campeonatos e duas terceiras colocações, disputando provas de 1,5 km, 2,5km e 5km nas categorias Infantil I e Geral Feminino.
Em julho, Sofia Duailibe também foi campeã geral da prova dos 1.650m feminino e garantiu a primeira colocação do Aquathlon feminino na 10ª edição do Desafio do Cassó, um dos eventos mais tradicionais de águas abertas do Maranhão, que foi disputado em Primeira Cruz, a 215km de São Luís.
Já no fim de abril, Sofia Duailibe sagrou-se campeã na prova dos 5 km da categoria Infantil I Feminino no Campeonato Brasileiro de Águas Abertas e venceu a disputa geral dos 2,5 km na Copa São Luís.
A nadadora Sofia Duailibe é patrocinada pelo governo do Estado e pela Potiguar, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Ela ainda conta com os apoios da DM Aquatic e do Colégio Literato.
Estudantes se mobilizaram nesta sexta-feira (11), em Brasília, em favor de melhorias na educação, reivindicando, entre outros, a revogação do novo ensino médio e a recomposição do orçamento do Ministério da Educação (MEC). A concentração ocorreu no Museu da República, e os estudantes marcharam até a sede do MEC, na Esplanada dos Ministérios.
Luis Alves, que é diretor de Extensão e Pesquisa da União Nacional dos Estudantes (UNE), explica que a mobilização ocorre em vários Estados do país e que as entidades estudantis estão em negociações com o MEC e com parlamentares sobre a retomada dos investimentos.
“É um ato simbólico, que não só comemora o Dia do Estudante, mas a gente também apresenta um projeto e uma reivindicação ao governo que é a recomposição imediata do orçamento da educação”, explica Luis Alves.
“Acreditamos que, através do orçamento da educação, através do investimento na educação, é que a gente consegue ter uma reconstrução do Brasil de fato. Mais uma vez os estudantes se somam à luta para poder ter esse protagonismo e mostrar para o governo que os estudantes são a linha de frente, seja em defesa da educação, seja em defesa da democracia. E nós estamos aqui mais uma vez nas ruas”, destacou.
Hoje, no lançamento da terceira edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo federal anunciou um total de R$ 45 bilhões para a educação. O objetivo é expandir a rede pública educacional e retomar obras, fomentando a educação básica, tecnológica e superior.
Novo ensino médio
No início desta semana, o MEC apresentou o resultado da consulta pública para avaliação e reestruturação da política do ensino médio aprovada em 2017. De acordo com o órgão, as mudanças sugeridas serão avaliadas e vão compor uma proposta de reestruturação a ser enviada ao Congresso Nacional.
A reivindicação das entidades, entretanto, é pela revogação integral da política e construção de uma nova lei em diálogo com a comunidade escolar, estudantes e professores, com base em políticas públicas voltadas para a juventude. Segundo Beatriz Nobre, diretora de Mulheres da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), o novo ensino médio incentiva a evasão escolar ao não dar garantias aos jovens que precisam trabalhar e estudar, por exemplo.
“O ministério apresenta apenas basicamente uma reforma da reforma e não é isso que a gente quer. É muito importante garantir que os nossos estudantes continuem nas salas de aula, a evasão escolar que a gente tem no Brasil é gritante, se iniciou por conta da pandemia, mas se intensificou muito com a implementação do novo ensino médio nas escolas”, disse.
“Não tem como a gente falar de manter os alunos na sala de aula sem fazer um modelo interessante, sem um modelo que passe pela construção dos estudantes”, acrescentou.
Com o modelo em vigor, parte das aulas deverá ser comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. Entre as opções, está dar ênfase às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A oferta de itinerários, entretanto, depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.
A implementação ocorre de forma escalonada até 2024. Em 2022, ela começou pelo 1º ano do ensino médio com a ampliação da carga horária para, pelo menos, cinco horas diárias. Pela lei, para que o novo modelo seja possível, as escolas devem ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o que equivale a sete horas diárias.
Em 2023, a implementação segue com o 1º e 2º anos e os itinerários devem começar a ser implementados na maior parte das escolas. Em 2024, o ciclo termina, com os três anos do ensino médio.
O Ministério da Educação (MEC) publicou, nesta sexta-feira (11), portaria que cria um grupo de trabalho para avaliar a retomada e propor melhorias para o Programa de Formação Inicial em Serviço dos Profissionais da Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público (Profuncionário). Criado em 2007, o programa foi descontinuado em 2017, na gestão do então presidente Michel Temer.
O grupo de trabalho deverá atuar por 90 dias e terá 20 integrantes – dez titulares e dez suplentes – representantes das secretarias de Educação Profissional e Tecnológica, de Educação Básica e de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino do MEC.
Também terão representantes a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Fórum Nacional de Educação (FNE), a Confederação dos Trabalhadores da Educação (CNTE), o Conselho dos Secretários Estaduais de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e o Conselho Nacional de Dirigentes das Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais (Condetuf).
Após o termino dos trabalhos, um relatório final sobre a retomada e melhorias do Profuncionário deverá ser enviado ao Ministro da Educação.
Formação
Voltado para profissionais da educação básica, o programa teve início com a oferta de cursos técnicos de nível médio para a formação inicial desses profissionais. Em 2010, o programa foi ampliado e passou a oferecer cursos superiores e formação continuada, quando foi incorporado à Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica.
Em 2011, o Profuncionário começou a ter participação dos institutos federais de educação, ciência e tecnologia, que, além de ofertar cursos técnicos e superiores de formação inicial e continuada para profissionais da educação, também contribuía na elaboração do plano estratégico de oferta.
Nesta quinta-feira (10), quando se completam 200 anos de nascimento do poeta Gonçalves Dias, o professor de literatura brasileira e dramaturgia da Universidade Federal Fluminense (UFF) André Dias destaca o fato de ele ter sido ser o poeta que consolidou os preceitos do Romantismo no país. Segundo o professor, Gonçalves Dias é figura de proa do Romantismo e “tem papel central no sentido de ser o primeiro exercício efetivo de construção de uma nacionalidade brasileira”.
Em entrevista à Agência Brasil, Dias lembrou que, após a Independência do Brasil, em 1822, um grupo de intelectuais, escritores e estudiosos tentava articular a ideia de uma nacionalidade efetivamente brasileira. “Então, a gente estava diante de um país absolutamente jovem, sem um passado histórico, diferente do que havia em nações da Europa, que tinham passado pelo advento do período medieval. Nós não tínhamos isso no Brasil. Nós tínhamos os povos originários”. Coube a essa geração de intelectuais a tarefa de construir a primeira ideia de nacionalidade.
André Dias admitiu que, em 2023, a constituição de uma nacionalidade forjada pelos primeiros românticos, “com toda razão”, é questionável. Pode-se falar, por exemplo, na ausência da figura do negro na formação da nacionalidade brasileira no início do Romantismo, o que vem a ocorrer somente na última fase do movimento, com Castro Alves, um poeta que cantava a liberdade. O professor ressaltou que, ainda que hoje haja esse olhar crítico, o papel dos primeiros românticos – em especial, de Gonçalves Dias – foi consolidar a ideia do Romantismo e, por extensão, consolidar a ideia de nacionalidade brasileira.
Do ponto de vista estético, o professor destacou que, em Gonçalves Dias, o primeiro ponto de inflexão é de uma poesia alta. “Uma poesia esteticamente consolidada, que soube aclimatizar a formação intelectual que ele teve na Europa, especialmente em Portugal, para o temperamento brasileiro. Ele vem com uma formação sólida intelectual feita em Portugal, e essa formação sólida está a favor da construção de uma poesia brasileira nos termos daquele momento da primeira metade do século XIX, no Brasil”.
Por isso, afirmou, comemorar os 200 anos de nascimento de Gonçalves Dias significa celebrar um pioneiro, não só do ponto de vista de uma literatura efetivamente brasileira, mas no sentido da construção da ideia de nacionalidade brasileira.
Indianista
Toda a poesia nacionalista diz respeito à fase indianista, em que Gonçalves Dias celebra as paisagens brasileiras e o indígena brasileiro. Mas, enquanto José de Alencar, na prosa, transforma o indígena em um personagem muito particular da literatura nacional, Gonçalves Dias faz algo diferente. Ele não transforma o indígena em um personagem, mas em um símbolo. “Essa figura indígena que hoje, aos olhos de 2023, a gente pode e deve questionar, naquele momento teve um papel importantíssimo porque Gonçalves Dias vai retratar a figura do indígena, portanto do primeiro homem brasileiro efetivamente, como uma entidade que, além de nobre, forte, viril, é capaz de suportar as maiores adversidades”.
O poema épico Canto do Tamoio, por exemplo, é a narração poética de um guerreiro indígena que está nas mãos dos inimigos. E, diante da situação de cárcere, esse homem canta sua lamentação de estar naquele momento preso, mas não perde a altivez. “Nesse sentido, Gonçalves Dias tem um papel extraordinário, porque vai trazer para o primeiro plano uma figura que sequer aparecia no âmbito da cultura brasileira, a não ser como objeto também da escravidão e da exploração branco europeia. Ele tem esse papel importante”.
Dias salientou que, na leitura feita atualmente, existem divergências sobre a imagem grandiloquente que o poeta criou dos indígenas. mas isso não significa, “como alguns tentam fazer nos dias atuais”, que a construção dos escritores românticos da fase indianista contribuiu para uma imagem deturpada da figura do indígena. “Não. Isso é uma incorreção dizer”. Para o professor, é importante ressaltar que Gonçalves Dias foi um dos primeiros escritores a dar protagonismo às populações indígenas no Brasil. Outro poema épico famoso de Dias é I-Juca-Pirama.
O professor concluiu que um dos grandes méritos de Gonçalves Dias é o fato de ele ter concentrado, no âmbito da poesia indianista, a construção de grandes poemas épicos, exaltando a figura do indígena e, por extensão, da própria nação brasileira. Gonçalves Dias era o cantor das terras brasileiras e foi também o cantor do amor e das paixões. “Era um romântico típico, sofrendo muito os amores, quase sempre não realizados”.
Pensar o Brasil
O também poeta Marco Lucchesi, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) e atual titular da Biblioteca Nacional (BN), enfatizou que Gonçalves Dias criou uma gramática para exprimir as diversas sonoridades da língua portuguesa com “exímia perfeição”. Lucchesi disse à Agência Brasil que Gonçalves Dias, entretanto, não se limitou às formas. “As formas emprestaram materialidade para a expressão mais lírica de sua sensibilidade.”
Por outro lado, o poeta ajudou a pensar o Brasil, acrescentou Lucchesi. “A imaginação e a história se concentram na sua obra. A presença do indígena, sentida desde a infância e lançada em uma visão sensível e profunda que, de algum modo, até hoje, se apresenta, revista, aprofundada, deslocada”. Segundo o acadêmico, Gonçalves Dias foi também um crítico importante da escravidão no país, como se vê em uma publicação dele, na metade do século XIX, intitulada Meditação. “Não passou despercebida pela ótica do poeta a necessária crítica a um sistema injusto de outrora”.
Lucchesi retornou de visita à Academia Maranhense de Letras, onde participou, no último dia 7, das comemorações do bicentenário do poeta romântico, proferindo a palestra Gonçalves Dias, uma Ideia de Brasil. Para sua surpresa, Lucchesi recebeu do titular da academia maranhense, Lourival Serejo, cópias de processos inéditos redigidos por Gonçalves Dias que estavam guardados no arquivo da instituição, quando o poeta exercia a advocacia. “As cópias foram cedidas gentilmente e, hoje, já integram a Gonçalvina da Biblioteca Nacional”.
Fundada em 1908, exatamente no dia do nascimento do poeta, a Academia Maranhense de Letras está exibindo em seu siteo filme Gonçalves Dias por Gonçalves Dias, produzido pelo Museu da Memória Audiovisual do Maranhão e pela Dupla Criação. Também em comemoração ao bicentenário do poeta maranhense, o filme se baseia em texto do acadêmico Sebastião Moreira Duarte e é dirigida pelo acadêmico Joaquim Haickel.
Biografia
Antônio Gonçalves Dias, patrono da Cadeira 15 da Academia Brasileira de Letras, nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, na época pertencente a Caxias, hoje município de Aldeias Altas, no Maranhão. Foi poeta, advogado, professor, jornalista, etnógrafo e teatrólogo brasileiro. Grande nome da corrente literária conhecida como indianismo, ao lado de José de Alencar, é famoso pelos poemas Canção do Exílio e I-Juca-Pirama, além de muitos outros de cunho nacionalista e patriótico, pelos quais receberia o título de poeta nacional do Brasil. Também foi pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro.
Recebeu educação de um professor particular e, em 1938, seguiu para Portugal, para completar os estudos. Em 1840, matriculou-se na Universidade de Direito de Coimbra, onde teve contato com escritores do Romantismo português, entre eles, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho. Durante sua permanência em Coimbra, escreveu a maior parte de suas obras, inclusive a famosa Canção do Exílio (1843), na qual expressa o sentimento da solidão e do exílio. Em 1845, depois de formado em direito, voltou para o Maranhão e, no ano seguinte, foi morar no Rio de Janeiro onde procurou integrar-se ao meio literário. Em 1847, com a publicação de Primeiros Cantos, conseguiu sucesso e o reconhecimento do público.
Em 1849, foi nomeado professor de latim e história do Brasil no Colégio Pedro II. Escreveu para várias publicações, entre elas, o Jornal do Comércio, a Gazeta Mercantil e o Correio da Tarde, fundando também nesse período a Revista Literária Guanabara. De volta ao Maranhão, em 1851, o poeta se apaixona por Ana Amélia Ferreira do Vale e a pede em casamento no ano seguinte, mas, por ser mestiço, a família dela proibiu o matrimônio.
Em 1852, retorna ao Rio de Janeiro e se casa com Olímpia da Costa. É nomeado oficial da Secretaria de Negócios Estrangeiros e passa a viajar constantemente para a Europa. Em 1862, Gonçalves Dias vai mais uma vez à Europa, em busca de tratamento para um problema de saúde. Sem encontrar resultados, embarca de volta ao Brasil no dia 10 de setembro de 1864. Entretanto, o navio francês Ville de Boulogne em que viajava naufragou perto do Farol de Itacolomi, no município de Guimarães, na costa do Maranhão, onde o poeta faleceu, no dia 3 de novembro de 1864.
Gonçalves Dias é considerado o grande poeta romântico brasileiro. Sua obra poética apresenta os gêneros lírico e épico. Na lírica, os temas mais comuns são: o indígena, o amor, a natureza, a pátria e a religião. Na épica, canta os feitos heroicos dos povos indígenas.
A parte amorosa contida nos versos de Gonçalves Dias foi inspirada por Ana Amélia Ferreira do Vale, cuja família não permitiu o casamento. A recusa causou sofrimento ao poeta, que ele registrou nos poemas Se Se Morre de Amor, Minha Vida e Meus Amores e o mais conhecido poema de amor impossível Ainda Uma Vez – Adeus.
Como poeta da natureza, Gonçalves Dias canta as florestas e a luz do sol. Seus poemas sobre os elementos naturais conduzem seu pensamento a Deus. Sua poesia sobre a natureza se entrelaça com o saudosismo e sua nostalgia o remete à infância, Na Europa sente-se exilado e é levado até sua terra natal por meio da Canção do Exílio, considerado um clássico da literatura brasileira.
Famosa pela beleza de suas lagoas, a cidade de Santo Amaro, distante 242km de São Luís, vai se tornar a casa do beach tennis no Maranhão. Entre os dias 18 e 20 deste mês, o município sediará a terceira etapa do Campeonato Maranhense de Beach Tennis, competição promovida pela Federação de Beach Tennis do Maranhão (FBTM) com os patrocínios do governo do Estado e do Grupo Mateus por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.
Para esta etapa, mais de 200 atletas já estão confirmados na competição que somará pontos para o ranking estadual da modalidade. Para receber os competidores, uma grande estrutura será montada às margens do Rio Alegre para receber as disputas de 22 categorias distribuídas entre os naipes masculino e feminino.
“Nossa expectativa é a melhor possível porque a modalidade está em ascensão aqui no Estado. A cada etapa, o nível da competição tem aumentado e, com certeza, teremos mais uma bela competição. Estamos ansiosos para ver Santo Amaro respirando o beach tennis. Quem for prestigiar esta etapa do Campeonato Maranhense não vai se arrepender porque teremos grandes jogos entre os principais atletas do Maranhão na modalidade. Ficamos felizes em contar com o governo do Maranhão e com o Grupo Mateus como patrocinadores por acreditarem e valorizarem, cada vez mais o nosso esporte”, afirmou Menezes Junior, presidente da FBTM.
Antes de chegar a Santo Amaro, houve etapas do Campeonato Maranhense de Beach Tennis nas cidades de Imperatriz e de São Luís. Nesta temporada, ainda haverá a realização da quarta e última etapa no mês de setembro, em Balsas.
Vale destacar que os quatro eventos somam pontos para o ranking estadual, que definirá os atletas da equipe maranhense que serão convocados para o Campeonato Brasileiro da Confederação Brasileira de Beach Tennis, que ocorrerá em Recife (PE), entre os dias 2 e 5 de novembro.
Transmissão ao vivo
Como forma de divulgar a modalidade, a terceira etapa do Campeonato Maranhense de Beach Tennis terá transmissão ao vivo pelo novo canal Linha dos 3, no YouTube. “O Linha dos 3 é um canal 100% maranhense ligado aos esportes de areia. A estreia das transmissões ocorreu justamente na segunda etapa do Estadual e continuará nesta etapa, em Santo Amaro. Estamos conseguindo valorizar a nossa modalidade e, com isso, vamos alcançar ainda mais pessoas e divulgar ainda mais as nossas competições”, explicou Menezes Junior.