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Antes da pandemia, a ex-bordadeira de richelieu Dirce de Souza Rodrigues, de 64 anos, ia toda semana dançar no forró do Clube da Terceira Idade, na cidade de Muriaé, interior de Minas Gerais. Ela diz que gosta muito de dançar e se manter ativa, por isso também frequenta os passeios, as atividades do clube e ainda as aulas de ginástica cerebral em uma escola especializada em cursos para melhorar as habilidades como concentração, raciocínio e memória.

“Também faço hidroginástica e caminhada, procuro evitar carboidratos, gordura e açúcar, vou aos médicos, sempre meço minha pressão. Acho que estou sabendo administrar minha vida nessa minha idade, estou achando uma etapa maravilhosa, porque eu levo uma vida ativa. Minha expectativa de vida é que, aos 90 anos, eu quero estar bem e lúcida, se Deus quiser me dar vida e oportunidade de estar nesta terra”, disse Dirce, que é viúva, mãe de um filho e avó de três netos.

Assim como Dirce, a aposentada Neusa Pereira de Souza, de 80 anos, diz que a vida mudou muito depois dos 60 anos, mas que ela tenta se manter ativa. “Vou muito na igreja, faço caminhada todo dia de manhã, e o serviço da casa, não paro, vou fazendo devagar e acho melhor. A gente tem que ter uma coisa para fazer, se você parar acho que aí fica doente, velho não pode parar não!”, brinca.

Ela disse que, se chegar aos 90 anos, quer estar bem esperta. “Minha mãe morreu com 100 anos, e ela sempre foi esperta, não quero viver 100 anos. Mas, até os 90 anos, acho que vai dar!”, acredita a aposentada, que também é viúva, mãe de dois filhos e avó de três netos.

Dirce e Neusa fazem parte dos 28 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, número que representa 13% da população do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o IBGE, esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo órgão.

Neste domingo, 27 de setembro, é comemorado, no Brasil, o Dia do Idoso, data criada para valorizar a vida depois dos 60 anos, uma fase em que é, cada vez mais, comum manter uma rotina ativa, com atividades físicas, intelectuais e de diversão, como fazem Neusa e Dirce.

Mas, é também nesse período da vida que surge uma das principais preocupações dos idosos e de seus parentes: como fica a capacidade de raciocínio, a memória e a clareza mental de quem já passou dos 60 anos.

Doença de Alzheimer

Aos primeiros sinais de lapso de memória ou de falha nas capacidades cognitivas, muitas pessoas passam a temer o diagnóstico da Doença de Alzheimer, um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades diárias e alterações comportamentais.

No entanto, a confusão mental pode ter outras causas, explica o professor da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná, o médico geriatra Rubens de Fraga Júnior. “Efeitos colaterais de medicamentos podem causar sintomas semelhantes à Doença de Alzheimer. Doenças como depressão e hipotireoidismo podem também causar confusão mental em idosos”.

O neurologista do Hospital 9 de Julho, Diogo Haddad completa que sempre é importante diferenciar entre quadros confusionais agudos ou lentos e progressivos. “Quadros agudos muitas vezes são associados ao que chamamos de ‘delirium’, e as principais causas são infecciosas e metabólicas. Já quadros como ‘deficit’ cognitivos, que se instalam lentamente, devem ser investigados para doenças neurodegenerativas, mas, sempre excluindo causas como ‘deficit’ de vitaminas (b12 principalmente), hipotireoidismo e mesmo infecções tardias como sífilis”.

Fraga Júnior explica que, para a Doença de Alzheimer, um novo exame de sangue mostra grande promessa no diagnóstico da doença. “Em pessoas com risco genético conhecido podem ser capazes de detectar a doença 20 anos antes do início da deficiência cognitiva, de acordo com um grande estudo internacional publicado no “Journal of the American Medical Association” (Jama)”.

“Estamos vivendo um novo boom de pesquisas em medicações para tratamento de Alzheimer”, completa Haddad. “A perspectiva é que, nos próximos dez anos, teremos inúmeros tratamentos voltados a própria fisiopatologia da doença, como drogas que agem nas proteínas beta amiloides e proteína tau”.

Por enquanto, a Doença de Alzheimer não tem uma forma de prevenção específica, mas um bom estilo de vida, iniciada durante a juventude, pode ajudar no tratamento dessa doença e de outras comuns para os idosos. “O jovem pode cuidar de si, assumindo um estilo de vida saudável: alimentação sadia, atividade física regular, controlar o estresse, não fumar e não beber. E, durante o confinamento, procurar ter uma rotina no seu dia a dia”, aconselha o professor.

Pandemia e terceira idade

A pandemia impôs um confinamento bem rigoroso aos idosos, já que a faixa etária após os 60 anos é classificada como grupo de risco para a covid-19, doença do novo coronavírus. Por isso, muitos idosos deixaram de procurar os atendimentos médicos, disse o neurologista do Hospital 9 de Julho, Diogo Haddad. “Idosos são um grupo de risco para a covid-19 e, por isso, necessitam de maiores cuidados, principalmente voltados ao isolamento, porém muitos deixaram de acompanhar doenças crônicas por medo e, neste momento, estão procurando atendimento de urgências por descontrole de suas doenças crônicas”.

Ele ainda destaca que, o isolamento aumentou os sintomas de ansiedade nessa faixa etária. “É um grupo que tende a ter poucas atividades externas e, nesse momento, o isolamento não permite essas interações e atividades sociais, o que também tem provocado um aumento importante de sintomas ansiosos nesta população”.

Apesar das inseguranças, a Dirce confia que logo uma vacina virá. “A pandemia ainda está ameaçando. Enquanto a gente não tiver uma vacina, não vamos ficar tranquilos. Tomara que venha a vacina logo e em grande quantidade para todo mundo”, disse. Ela conta ainda que a pandemia tem sido uma lição de vida para todos.

“O isolamento social foi preciso. Então, eu, na idade de risco, fiquei muito preocupada, me isolei em casa; e como moro sozinha, só saio se necessário, com máscara e álcool em gel. Por este lado, a pandemia foi boa porque mudamos os costumes de higiene e porque ajudamos muitas pessoas. Então, o incentivo da solidariedade falou mais alto ainda nessa hora da pandemia”.

Ao falar ainda um pouco mais de si, disse que gostou da própria companhia durante o isolamento. “Eu descobri uma coisa muito importante, que eu sou uma ótima companhia para mim mesma, faço minhas tarefas e até me acostumei a ficar em casa. Está sendo uma lição de vida essa pandemia, a gente está aprendendo a ter mais higiene, quantos micróbios a gente mata com este álcool em gel, com a limpeza da casa”.

Para a Dona Neusa, a pandemia está sendo horrível. “A gente fica dentro de casa. Se você não morre da doença, morre de tédio, pois não pode estar em qualquer lugar... apesar que eu vou ao médico, no mercado, mas eu me cuido, com a máscara, não fico batendo papo no meio das pessoas, mas parou né, a gente fica muito triste, não vejo a hora disso aí ir embora!”, disse se referindo à covid-19.

Saúde mental

Uma pesquisa da American Association of Geriatric Psychiatry indicou que 20% da população, acima dos 55 anos, têm algum tipo de problema de sua saúde mental. Os mais frequentes são comprometimento cognitivo severo e transtornos de humor, como depressão, ansiedade e bipolaridade.

Mas, segundo Fraga Júnior, é possível tratá-las e preveni-las. “O médico geriatra, o psiquiatra e o psicólogo são profissionais aptos a tratar as doenças mentais em idosos. A prevenção está na adoção de um estilo de vida saudável, mantendo contato social (durante a pandemia através de meios digitais como Zoom e WhatsApp) e realizando atividades ocupacionais que estimulem um propósito de vida”.

Suicídio na terceira idade

O Setembro Amarelo é uma campanha de prevenção ao suicídio e pretende conscientizar sobre a importância de discutir o tema. Dados do Ministério da Saúde, divulgados em 2018, apontam para a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi registrada a taxa média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos. A taxa média nacional é 5,5 por 100 mil.

“Devemos analisar que esses valores têm relação direta com o aumento de doenças como ansiedade e depressão nessa idade e que, muitas vezes, são negligenciadas por familiares e pelos próprios pacientes, que apresentam muita resistência em procurar ajuda. Fica o alerta para que alterações comportamentais e dificuldades cognitivas novas devam ser encaminhadas para a avaliação de um profissional competente e não encarnadas como parte de um envelhecimento normal”, alerta Haddad, que concorda com seu colega Fraga Júnior no que diz respeito a hábitos a juventude para um envelhecimento saudável.

“Um estilo de vida saudável para que se tenha um envelhecimento saudável deve compreender boa alimentação (com menor consumo de produtos industrializados), atividade física regular (em média 30 a 60 minutos todos os dias), boa qualidade de sono, ter momentos de relaxamento assim como objetivos e metas, além de evitar cigarro e consumo excessivo de álcool”, disse.

(Fonte: Agência Brasil)

Eu me lembro dele. Conheci-o no Rio, no Grajaú, na residência do meu amigo Neiva Moreira. E entre nós a boa amizade. Com ele, um resto de comunismo. Comigo, inteiro, o integralismo. Eu continuei. Euclides, soube depois, abandonara a ideologia subversiva. Na época da nossa apresentação, o parente de Neiva participava das lutas oposicionistas. Encontrava-me nela. E, entre nós, nasceu a camaradagem. A amizade. O companheirismo. Euclides estava integrado na luta oposicionista do Maranhão. Era, assim parecia, uma contribuição fortíssima. Homem do interior. Do sertão. Trazia consigo a força de uma convicção política: ajudar a rebentação do situacionismo maranhense. Sentia-se isto em Euclides Neiva.

Euclides regressou. Eu fiquei no Rio. Estava mos “Diários Associados”. Pertencia ao quadro redacional de “O Jornal”. Ensaiávamos a reportagem. Os anos se passaram e sempre o Neiva me falava do “parente e amigo”. Um dia, deixamos a Guanabara e voltávamos com um endereço certo: ‘trabalhar no “Jornal do Povo”, entrar na luta oposicionista. Dar um máximo da nossa contribuição. E foi, na redação do referido matutino, que me reencontrei com Euclides Neiva.

Ele estava no jornalismo. Escrevia um artigo diário. Inteligente. Escrevia bem. Um estilo próprio. Agradável. A descoberto, investia sempre criticando os erros dos maus governos que temos dito. E estávamos sempre juntos. Sempre na Redação, conversando, trocando ideias. Juntos lutando, juntos ajudando a luta do povo, a luta oposicionista.

Um homem bom. Bom amigo. Preocupado sempre com a família. Preocupado sempre com a política. A sua política do interior. O seu prestígio, a sua “liderança partidária”. Tinha o seu campo de ação. Tinha seus planos íntimos. Sempre agitado. Sempre criando situações difíceis para ele, para a sua política, seus interesses na “política maranhense.

Era assim. Fora disto um homem simples, um homem inteligente, mantendo a boa conversa. Sabendo fazer amigos fora da área política. Nesta, havia inimigos “perigosos”. Era um homem de luta. Lutava a seu modo, a sua maneira. Esteve algum tempo residindo em São Luís. Não nos visitávamos. Mas onde nos encontrávamos havia o registro das atenções, da amizade sincera. Muitos anos assim.

Sempre reservei para ele um especial cuidado. E foi no “Instituto Raimundo Cerveira” que vim conhecer uma de suas filhas, a poeta Venuza Neiva. Uma amizade sadia. Festa do espírito. Mas com Euclides sempre o encontro amigo. Mas teve um instante que o perdi de vista. Euclides depois surgia no cenário político do Maranhão com um diploma de deputado. Deputado estadual. Não era mais oposicionista. Fixara-se no situacionismo. Uma atitude dele. Não senti mágoas. Os homens são livres e responsáveis por si. Pensei que esta nova posição política do meu amigo Euclides Neiva o afastasse de mim, da amizade, da atenção. Entretanto, Euclides rompia com as “reservas”. Continuava a ser o mesmo. Sempre quando nos via, sempre havia o registro da camaradagem.

Mas há muito que não mantínhamos a palestra íntima. Não houve mais a oportunidade. Mas, de quando em vez, encontrava-me com ele lendo seus artigos. Era Euclides Neiva numa outra fase política de sua vida. Resolvera permanecer, não mais alterar a sua conduta política. Hoje, relembramos Euclides Neiva. A notícia de sua morte causou-nos tristeza. Euclides estava na campanha do candidato situacionista. Estava na luta, a sua luta. Estava firme. Tudo nele vida, tudo nele esperança. Tudo nele uma vontade determinada de cumprir com a sua valiosa colaboração. E justamente quando se encontrava no seu posto de combatente, eis que a fatalidade o arrasta da vida. Arranca-o da vida. Seu corpo forte, suas reações físicas foram contaminadas pelo veneno terrível de um ofídio. Euclides sentiu, certamente, o desmoronamento. E lutou como pôde para sobreviver! Não se entregou de todo. Seu temperamento não permitiu, assim pensamos, aceitar o “perigo iminente” sem que dele houvesse a reação heroica, a bravura da resistência. Mas Euclides deixou de viver. Seu coração parou em Montes Altos. Seus olhos se fecharam para a vida. Seus olhos foram se abrir depois para a Eternidade.

Nesta página, estou vendo o amigo. O jornalista. O oposicionista que foi Euclides. O idealista que foi Euclides Neiva. Não há lágrimas nos olhos. Há a névoa da incompreensão. Mas, há na VIDA, a caminhada trágica para a MORTE. Com este pensamento, a melhor maneira de sentirmos a falta de Euclides Neiva.

Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 2 de outubro de 1965 (sábado).

I / LABIODENTAIS

dentes
hábeis
em
lábios
lábeis

II / VAGINOLABIAIS

lábios
de macho
em lábios
em cacho:
acima
abaixo
a boca
encaixo

III / MASTOGRAFIA

teus
seios
sei-os:
bicos
que bico
mamas
que mamo
que nem
neném

IV / CALIPÍGIA

o desejo
que abunda
em mim
: a/bunda
em ti

V / VULVAR

vagindo
vagidos
o ventre
vestíbulo

vulva
vaga
vágil

o pênis
pênsil
vai
e
vem
vai e vem
vaivém

fenda
sulco
faz-se
suco

amor
feito
amor
perfeito
li
que
fei
to
.

* EDMILSON SANCHES

1

A vida é mais lírica em um cais
porque ele é feito
de saudade e esperas.

Estou só no tombadilho
de meu barco,
que rasga as franjas das águas
em rumo do puro longe.

Nada há em meu redor,
a não ser um rondó
de expectativas...

O puro longe, para onde vou,
não é apenas
um poema marítimo,
mas uma ode silenciosa.

Oh! Peso imenso!

Ó mar sem fundo nem margens,
onde nada acho de mim,
senão nada em tudo!

* Fernando Braga, in “O Puro Longe”, Caldas Novas, 2012.

Neste domingo, Dia de São Cosme e Damião, continuamos falando sobre...

Palavras homônimas e parônimas

...

26. CONJECTURA ou CONJUNTURA
Conjectura = hipótese, suposição:
Não me venha com essas conjecturas.

Conjuntura = situação, circunstância:
A conjuntura brasileira não permite abusos.

27. COSER ou COZER
Coser = costurar:
É necessário coser esta calça.

Cozer = cozinhar:
Gosto muito de um cozido à portuguesa.

28. COXO ou COCHO
Coxo = manco:
Mancava porque era coxo.

Cocho = carro puxado por animal:
Até o início do século passado, andava-se de cocho.

29. CUSTEAR ou COSTEAR
Custear = pagar as despesas:
O acontecimento foi custeado pelo Banco do Brasil.

Costear = navegar junto à costa:
O navio costeava o Brasil de norte a sul.

30. DECENTE ou DOCENTE / DESCENTE ou DISCENTE
Decente = honesto:
Esta diretoria é formada por pessoas decentes.

Docente = quem ensina:
O corpo docente desta escola é de alto nível.

Descente = que desce:
Foi encontrado na descente do rio.

Discente = quem aprende:
Os discentes estão informados das provas.

31. DEFERIR ou DIFERIR
Deferir = despachar, atender:
Ele deve deferir o nosso requerimento.

Diferir = fazer diferença:
É necessário diferir uma coisa da outra.

32. DEGRADAR ou DEGREDAR
Degradar = rebaixar, tomar vil:
Há muita degradação moral.

Degredar = expulsar do país:
Os traidores da pátria foram degredados.

33. DELATAR ou DILATAR
Delatar = denunciar:
O companheiro delatou o criminoso.

Dilatar = aumentar:
Solicitou-nos que dilatasse o prazo.

34. DESCRIÇÃO ou DISCRIÇÃO
Descrição = ato de descrever:
Fez a descrição do acidente.

Discrição = qualidade de quem é discreto:
Comportou-se com discrição.

35. DESCRIMINAR ou DISCRIMINAR
Descriminar = descriminalizar, inocentar, deixar de ser crime:
O objetivo da sua proposta é descriminar o aborto.

Discriminar = segregar, separar, enumerar:
Sou contra qualquer discriminação.

Teste da semana
Que opção completa, corretamente, a frase abaixo?
“Cumpre que __________ concessões quando __________ de assuntos políticos”.
(a) faça-se / se trata;
(b) se façam / se trata;
(c) se faça / trata-se;
(d) se faça / se tratam;
(e) se façam / se tratam.

Resposta do teste: letra (b).
Em “que se façam concessões”, o verbo deve concordar no plural com o sujeito “concessões”. A partícula “se” é apassivadora. É um caso de voz passiva sintética (= que concessões sejam feitas). Em “quando se trata de assuntos políticos”, como o verbo “tratar” é transitivo indireto (= tratar de), não há voz passiva. Em razão disso, o verbo deve ficar no singular.

Integrante da nova geração da comunidade surda, Maurício Massouh nasceu em 1994, é digitalizador terceirizado no TJDFT e é universitário em Brasília. Tinha apenas 6 anos quando a Lei nº 10.436, que oficializou a Língua Brasileira de Sinais, foi sancionada. Em 2008, já na adolescência, pôde presenciar a sanção da lei que estabelece o Dia Nacional do Surdo.

Mas a memória do Dia do Surdo é bem mais antiga. Vem do século XIX. Em 26 de setembro de 1857, o imperador Dom Pedro II fundou o Instituto Imperial de Surdos-Mudos por sugestão do professor francês Édouard Huet,. Mais tarde, passaria a se chamar Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

Para Maurício, as conquistas legislativas, históricas e tecnológicas são importantes. E ele quer mesmo é se divertir e estar incluído como os jovens da idade dele. Maurício tem surdez profunda bilateral por causa de rubéola durante a gravidez da mãe dele. Mas isso não o impede de curtir músicas, dançar e escutar: “Uso aparelho auditivo, amo escutar músicas e, claro, dançar também [Risos]. Escutar é delícia [Risos]. Escuto falas e músicas com legendas sempre”. Na lista de músicas preferidas, estão Pabllo Vitar e alguns artistas do pop nacional e internacional. “O surdo poder fazer tudo! Pode dirigir, pode cantar, pode atuar em novelas”.

Ele faz questão de reforçar que, mesmo em 2020, ainda tem gente que chama surdo de surdo-mudo. “Isso é incorreto e ofensivo, né? Surdo pode falar e cantar sim. Ser surdo é apenas uma coisa que te impede de escutar sem aparelho auditivo ou implante coclear, mas ele tem voz, sim”, enfatiza.

Mãos e outros sentidos

Quando estuda, Maurício e outros estudantes surdos contam com os tradutores-intérpretes. Parece que são apenas as mãos que se movem, em movimentos ora ligeiros, ora contemplativos. A energia dos dedos, em uma velocidade da luz dos olhares que acompanham, sai combinada com expressões que vão além dos dicionários. Os sons não estão apenas substituídos por palavras, mas por novos sentidos. Quem vê apenas mãos nessa interpretação-tradução nem imagina o que passa no esforço profissional-cidadão da pessoa nesse exercício de um código tão especial. Para a goiana Brenda Rodrigues, de 27 anos, intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras), foi o encanto pela possibilidade de incluir outras pessoas que a fez mover dedos e coração ao mesmo tempo.

Há 10 anos, ela resolveu aprender com um amigo da igreja que frequentava. “Eu fui ficando encantada pelo o que eu aprendia. Minha tia também me ensinava”. Foi uma surpresa para o professor de Brenda quando ele perguntou na sala qual era o sonho profissional de cada um, e ela disse que queria mesmo ser tradutora de libras. O professor ficou feliz e sugeriu vários cursos. O estímulo estava dado. Brenda, hoje, trabalha na Empresa Brasil de Comunicação e em um centro universitário em Brasília.

Outro grande momento dela foi quando, pela primeira vez, conseguiu traduzir uma informação para uma pessoa surda. Faltam até palavras em português para definir o que foi aquele momento. Os olhos emocionados descrevem, “Foi uma sensação de satisfação poder transmitir para pessoa algo. Eu não acho que tenha palavras para descrever isso”. Justo ela, tradutora, que sabe de uma responsabilidade que é mais do que um substantivo. “Saber que uma pessoa compreendeu é, de fato, um sentimento de dever cumprido. Ser intérprete é como fazer um juramento máximo de passar a informação a alguém”.

Para ela, a língua de sinais é um aprendizado constante. Inclusive, durante a reportagem, Brenda participou de uma conversa com o pesquisador e professor surdo Messias Ramos Costa, doutorando em linguística. “Foi uma grande emoção porque ele foi meu primeiro professor de libras há 11 anos”. Um idioma novo, uma cultura nova em que não se pode parar de pesquisar.

Nem pesquisar nem de sentir. Brenda tem as palavras preferidas em libras. “O sinal de compaixão é muito forte porque é como se você tivesse os seus sentimentos trocados com a da outra pessoa. É como se você tivesse pegando o sentimento dela e colocando em você. O sinal de obrigada é uma mão aqui na testa e outra aqui no peito. Eu acho lindo”.

Traduzir é um trabalho puxado. Com os universitários, aprendeu, durante a pandemia aulas de diferentes disciplinas para gravar a interpretação das aulas a distância e enviar. Ela não para. Ao vivo, não é possível porque, quando o professor faz a apresentação, não sobra janela para que ela fique em destaque para alunos surdos. Por isso, a aula vira uma tarefa de casa.

Na EBC, é uma das tradutoras das entrevistas coletivas, evento e pronunciamentos de integrantes do governo federal. Para isso, fica à disposição porque a urgência pode chegar a qualquer momento. “MInhas colegas me ajudam muito a melhorar. Vamos para o estúdio, assistimos e interpretamos ao mesmo tempo. Na primeira vez, foi frio na barriga e uma tremedeira nas pernas. Ainda bem que a câmera não mostra”, sorri.

Sempre ao término de um evento, costuma assistir aos vídeos para se autocriticar. Os telespectadores também já a reconheceram depois de eventos. “ O importante é que a informação está chegando em quem precisa ser incluído. É muito gratificante ter o retorno, como de assuntos importantes para toda a Nação. Bom saber, por exemplo, que uma pessoa conquistou um direito e eu pude também participar da informação”.

Antenada

Maranhense, Karen Elysee é a primeira surda em sua família e concorda com Brenda sobre a necessidade de todos estarem conectados a uma frequência cultural. De acordo com a jovem de 22 anos, não basta ao intérprete saber os sinais, é preciso que ele esteja inserido no contexto do idioma. “Quando o intérprete tem o domínio da língua, o surdo consegue entender melhor em lugares como a escola, por exemplo”. Aliás, foi a escola que em Brasília “mudou a vida” dela. “Eu consegui evoluir. Tive mais interações, mais informação”.

Para se comunicar com os parentes mais próximos e amigos ouvintes, utiliza aplicativos de celular que trazem intérpretes voluntários. O primeiro contato, contudo, costuma ser pela escrita. “O ouvinte pensa que é normal a escrita, mas se ele quer aprender algum sinal, eu sempre busco ensinar um pouco.

Assim que se formar, planeja criar uma empresa de jornalismo e publicidade voltada para o público surdo, nos moldes da TV Ines, que considera uma inspiração. Mas também sonha em estudar fora do país, na única universidade com um programa educacional voltado especificamente para pessoas surdas, a Universidade Gallaudet, localizada em Washington, nos Estados Unidos.

“Quando tem ouvinte e surdo em grupos de WhatsApp, o ouvinte tem mania de mandar áudio. E a gente fica sem saber o que está acontecendo. Então, o ouvinte tem que estudar como funciona a comunidade surda”. Estão todos juntos, em busca de novos sentidos e sonhos, palavras universais que cabem bem nos dois idiomas.

Inclusão

Os veículos da Empresa Brasil de Comunicação procuram garantir a inclusão tanto nos conteúdos jornalísticos, nas pautas, como os de entretenimento, nos temas tratados. O programa “Repórter Visual”, por exemplo, exibido em Libras, se transformou no primeiro programa do gênero diário criado para levar informação à comunidade de surdos no país. Outra atração de referência é o Programa Especial, totalmente voltado à pessoa com deficiência.

(Fonte: Agência Brasil)

Começa oficialmente, neste domingo (27), a exposição de arte urbana “Rua Walls”, que reúne 18 artistas cujas obras foram pintadas nos muros do Porto do Rio de Janeiro, entre os armazéns 10 e 18 da Avenida Rodrigues Alves, na região central da capital fluminense. Os artistas transformaram 1,5 quilômetro dos muros dos armazéns do Porto do Rio em obras de arte.

O projeto urbanístico de arte pública “Rua Walls” pode ser apreciado por qualquer um livremente. Os murais foram pintados durante um mês, de madrugada. Os artistas que participaram do projeto são Agrade Camís, Amorinha, Bruno Lyfe, Célio, Chica Capeto, Diego Zelota, Doloroes Esos, Flora, Yumi, Igor SRC, Leandro Assis, Luna Bastos, Mariê Balbinot, Marlon Muk, Miguel Afa, Paula Cruz, Thiago Haule, Vinicius Mesquita e Ziza. O projeto de urbanismo tático foi criado pela produtora Visionartz, que, há mais de dez anos, promove ações de revitalização urbana, sempre associadas ao desenvolvimento social por meio da arte.

Segundo a assessoria de comunicação da Companhia Docas, o investimento foi custeado, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (Lei do ISS), pelas empresas arrendatárias dos terminais portuários: ICTSI Rio, Multiterminais, Terminal de Trigo do Rio de Janeiro (TTRJ) e Triunfo Logística.

Inclusão social

O projeto “Rua Walls” é considerado uma ferramenta de inclusão social, porque 90% da equipe são formados por moradores das comunidades próximas do Morro do Pinto e do Morro da Providência, que foram capacitados em diversas frentes de trabalho. Foi realizada, também, a pintura artística nos muros da Escola Municipal General Mitre, situada no Morro do Pinto.

O “Rua Walls” contribuiu ainda para a ampliação da biblioteca para jovens, idealizado pelos moradores da comunidade da Providência, bem como para a criação da primeira horta orgânica no Morro do Pinto, que será administrada pelos próprios moradores e é um projeto sustentável em toda a sua cadeia.

(Fonte: Agência Brasil)

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Dia 23 de setembro de 1972 o Projeto Rondon instalava, oficialmente, seu Campus Avançado de Imperatriz.

Na solenidade, estiveram presentes Costa Cavalcanti, ministro de Interior, o reitor da Universidade Federal do Paraná, o coordenador-geral do Projeto Rondon, além do prefeito de Imperatriz, Renato Moreira.

Hoje, as instalações do antigo Projeto Rondon são o “campus” central da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

O Projeto Rondon nasceu com a saudável ideia de levar a juventude universitária a diversos pontos do Brasil, a fim de conhecer a realidade do país e contribuir para o processo de desenvolvimento nacional. A ideia vinha de 1966, em uma reunião realizada no Rio de Janeiro (RJ), com a participação de universidades do então Estado da Guanabara, do Ministério da Educação e Cultura e de especialistas em educação. Um ano depois, em 11 de julho de 1967, o Projeto Rondon foi oficialmente criado.

Para efeitos de documentação histórica, um dos bons legados que o Projeto deixou em Imperatriz para pesquisadores e historiadores, estudantes e professores e outros, foi o pequeno livro “Fontes para a História de Imperatriz no Maranhão”, uma raridade bibliográfica. O livro foi produzido por um “Grupo Tarefa Universitário do Campus Avançado de Imperatriz”, da Universidade Federal do Paraná.

* EDMILSON SANCHES

Imagens:
O livro “Fontes para a História de Imperatriz no Maranhão” (acervo da biblioteca de Edmilson Sanches) e a logomarca do Projeto Rondon.

Uma homenagem à dor de cabeça de um amigo portenho, uma música que precisou de uma viagem para Bahia para ser completada e uma canção que mostra para crianças, de forma lúdica, que ninguém é melhor do que ninguém. Essas são algumas das composições premiadas no Festival de Música Rádio MEC de 2020.

A divulgação das vencedoras do festival foi feita por meio de uma “live” nas redes sociais de veículos da Empresa Brasil de Comunicação na noite dessa sexta-feira (25). Ao todo, 22 composições concorreram a nove prêmios do festival em cinco categorias (Música Clássica, Música Instrumental, Música Infantil, MPB e Voto Popular).

Além da divulgação das premiadas, o evento, apresentado pelo locutor da Rádio MEC Tiago Alves, contou com apresentações musicais da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), do acordeonista Marcelo Caldi, do grupo Farra dos Brinquedos e da cantora Nilze Carvalho.

Música Clássica

Na categoria Música Clássica, o prêmio de melhor composição foi dado à música “Entrecordas”, de Rodrigo Batalha. Em vídeo gravado para a fase final do festival, Batalha explicou que buscou inspirações em ritmos da África Subsariana para compor a música. “A música clássica do século XXI é isso: uma recriação sem fronteiras”, disse. Na mesma categoria, o prêmio de melhor intérprete foi dado ao Quarteto Kalimera, que interpretou a canção “Jardins da Villa”.

Música Instrumental

Na categoria Música Instrumental, o prêmio de melhor composição foi para Ivan Melillo, com a música “La ciba, no te quiero más”. O compositor dedicou a música (que também concorreu ao prêmio na categoria Voto Popular) a um amigo argentino que tinha muita dor de cabeça. “Na 2ª parte da música, coloquei notas longas como se fosse a dor de cabeça e, depois, um tom acima como se tivesse piorando essa dor de cabeça”, conta.

O melhor de melhor intérprete de música instrumental foi para Pedro Franco, com “Inverno no Pelô”. De acordo com Pedro, que também compôs a canção, “Inverno no Pelô” teve uma “ajuda rítmica” de uma temporada que ele passou na Bahia. “Eu passei um tempo tocando essa música de uma forma que eu sentia que ela não estava completa. Após essa vivência baiana, eu consegui realmente a completar e mudei o nome da música de ‘Inverno Azul’ para ‘Inverno no Pelô’”, conta.

Música Infantil

Na categoria Música Infantil, a música “Melecada”, de Tina França e Cleo Boechat, levou o prêmio de melhor composição. O prêmio de melhor intérprete foi para Neca e Dedé, com a música “Pum”. Ângela Brandão, autora da música, diz que a música passa, de forma lúdica, um recado de que “ninguém é melhor do que ninguém”.

Música Popular Brasileira

O prêmio de melhor composição de MPB foi para a música “Enquanto o Fole Respirar”. O compositor da música, Chico Oliveira, morreu em janeiro deste ano. Marcelo Mimoso, intérprete da canção, disse, durante a fase final, que a vitória seria uma homenagem ao amigo. A música também chegou a concorrer na categoria Voto Popular. “Vai ser a minha dedicatória ao Chico, que nos deixou no início deste ano. Vai ser uma homenagem a ele, que ele merece”, contou. O prêmio de melhor intérprete foi para Bianca Gismonti, com a música “Tem Dor”.

Voto Popular

Com mais de 157 mil votos, a música escolhida na categoria Voto Popular foi “Viva Bossa”, do compositor Dalton Freire. A música, que é uma homenagem à Bossa Nova, ficou à frente de “Conto nº 3 a Ricardo Brafman – Christmas With Snow” (com 131 mil votos) e de “Fantasia Sobre Asa Branca” (com 23 mil votos).

Em 2020, o festival “on-line” teve recorde de inscrições e mais de 500 mil votos

A edição de 2020 do Festival de Música Rádio MEC foi a primeira da história com um processo de inscrições e divulgação de resultados totalmente “on-line”. De acordo com Thiago Regotto, gerente da Rádio MEC, a pandemia da covid-19 forçou a organização do evento a se reinventar:

“A primeira pergunta que a gente fez nesse cenário foi ‘como realizar’, porque ‘não realizar’ nunca foi uma questão pra gente. Foi aí que percebemos que a ‘internet’ poderia ser uma grande aliada. Eu acho que os vídeos foram um grande acerto porque humanizaram o processo”.

Na primeira fase do festival, vencedores de edições anteriores ajudaram a divulgar que as inscrições estavam abertas. Na segunda fase, os 100 classificados para as semifinais pediram o voto do público. Na fase final, os concorrentes contaram um pouco da história das composições.

A divulgação resultou em um recorde de músicas concorrentes e votos do público. Ao todo, foram 1.029 músicas inscritas e mais de meio milhão de votos no “site” do festival. “O que poderia ser um problema, a limitação por causa da pandemia, fez a gente enxergar oportunidades e garantiu um bom resultado”, completa Regotto.

(Fonte: Agência Brasil)

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25 de setembro é o “Dia do Rádio” ou “Dia da Radiodifusão”. Nesta data, em 1884, nasceu Edgard Roquette-Pinto, médico, antropólogo e professor, fundador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1923.

Portanto, a data de 25 de setembro é a dedicada ao rádio, o meio de comunicação, o veículo, a atividade – não é apenas o aparelho eletrônico, como os das ilustrações deste texto.

Já o profissional, o radialista, seu dia é 21 de setembro, que é a data do decreto de 1943, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, que fixou, pela primeira vez, um piso salarial para os profissionais do rádio. Como o 21 de setembro não era data oficial, em 2006, o governo federal estabeleceu em decreto que o Dia do Radialista passaria a ser 7 de novembro, aniversário do músico e radialista Ary Barroso.

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O rádio é um herói da resistência. Assim como seu aparecimento, em 1895, não extinguiu o teatro, o cinema nem o fonógrafo, invenções que lhe antecederam, o rádio não se deixou abater pelos meios de comunicação e lazer que vieram depois dele, como a televisão, o computador e a telefonia celular e seus grupos e redes sociais, digitais. Há espaço, há lugar e momento para todos.

O rádio é insubstituível e tem suas vantagens em relação a outros meios de comunicação: pode-se ouvir rádio e executar outra tarefa (às vezes, até com mais entusiasmo e produtividade); o custo publicitário é menor; o alcance do rádio é maior e chega onde ainda não está chegando a televisão; e, sob qualquer análise, o rádio é mais próximo, mais íntimo do seu público, do seu ouvinte. E, claro, montar uma rádio (após ter a concessão) requer bem menos dinheiro do que uma estação de TV, por exemplo.

Sou jornalista e radialista e passei a desempenhar as duas atividades conjuntamente ali pelos 13 ou 14 anos. Tinha página em jornal e era responsável por três programas na estação radioemissora de minha cidade, Caxias – a Rádio Mearim. Eu já tinha uma rica coleção de discos “long-playing” e compactos (simples e duplos); só utilizava nos meus programas os discos de minha coleção, o que começou a provocar um ou outro desconforto quando ouvintes pediam para outros locutores as músicas exclusivas que eles ouviam em meus próprios programas. Até hoje, mantenho guardados muitos daqueles discos e diversas cartas dos ouvintes com os pedidos musicais ou com repostas às perguntas que eu fazia em um dos programas, para pesquisa, com direito a prêmios.

Em Imperatriz, onde fundei a Associação de Imprensa e o Sindicato de jornalistas, radialistas e outros profissionais de rádio e televisão, fui convidado para ser um dos diretores da Rádio Terra FM, na década de 1980. Dirigia o Jornalismo, redigia as notícias dos jornais e das veiculações horárias e tinha um programa de entrevistas e música de três horas de duração, aos domingos – o “Radioatividade”, cujo “slogan” era: “Seu Melhor Programa de Domingo”.

Não é saudosismo, mas guardo com muito carinho as lembranças de programas que eu ouvia quando criança, em rádio da marca Semp (“jabuti”) e, esporadicamente, um ABC A Voz de Ouro. Semp, pouca gente sabe, é sigla de Sociedade Eletro Mercantil Paulista, a empresa brasileira fundada em São Paulo (SP) em 1942, que sobrevive até hoje e que foi a primeira a fabricar rádios (década de 1940) e TVs (1951) em solo brasileiro, inclusive a TV em cores, em 1972. Mas o xodó mesmo era o rádio Semp PT 76, que ficou conhecido como “capelinha”, mas que eu só ouvia chamarem “casca de jabuti”, pela coloração de seu revestimento.

Ouvia histórias infantis nos fins de semana da Rádio Mearim. Ouvia o “Programa do Jairzinho” e a novela “O Direito de Nascer”, ambos à tarde e entrando pela noite, em uma rádio da Bahia, não sei se a Rádio Clube ou a Rádio Sociedade da Bahia.

Ouvia, na Rádio Pioneira, de Teresina (PI), o programa musical e de recados “Seu Gosto na Berlinda” (“o roteiro musical feito pelo próprio ouvinte”), com a voz inconfundível do locutor-apresentador Roque Moreira e a muito conhecida música de abertura “A Morte da Mula Preta”, executada com guitarra havaiana (por ser uma moda de viola, composta, em 1944, pelo botucatuense Raul Torres (1906-1970), a música é também chamada “A Moda da Mula Preta”). (Ouça a versão instrumental dessa música no “link”: https://www.youtube.com/watch?v=3ziRTKpTfN8&list=RD3ziRTKpTfN8&start_radio=1).

Claro, eu escutava os programas radiofônicos de meus colegas na Rádio Mearim de Caxias – entre eles, o Ivalter Cardoso, o J. Rodrigues, o Luiz Abdoral, o Roberto Nunes (que foi para São Luís e se tornou locutor esportivo).

O rádio contribuiu para minha educação e cultura. Em criança, ali entre 7 e 9 anos de idade, em Caxias, eu tinha um caderno onde anotava o nome das músicas e seus intérpretes, em ordem alfabética. As meninas, moças e mulheres da vizinhança, quando souberam, passaram a pedir – e levar – emprestado o caderno, para escolha e solicitação de músicas, por carta – cartas que geralmente começavam com:

“Prezado Locutor, peço que rode a música (tal) somente para ouvir” ou “para oferecer para alguém de nome (tal) ou de iniciais tal e tal, com muito amor”.

Bons tempos...

* EDMILSON SANCHES