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André Breton

Avenida L2 Sul, em Brasília,
ou Rua do Passeio, em São Luís,
ambas são decididamente
perfeitas para a descida solene
de pessoas espectralmente graves...

Tinham os rostos indiferentes
congelados de solidão,
empurrados por suas convicções...

De repente uma voz rouca dizia
que a poesia é a mais autêntica
orgia do ser humano!

Era a noite do automatismo psíquico!

Depois soube que aquela gente fugira
do Manifesto de André Breton,
e fora ali despejada
por um caminhão de mudanças...

* Fernando Braga, “Poemas do tempo comum”, São Luís, 2009.

Ainda falando sobre...

Palavras homônimas e parônimas

...

16. CAÇAR ou CASSAR
Caçar = apanhar:
É proibido caçar animais.

Cassar = anular:
O TSE cassou os direitos do parlamentar corrupto.

17. CARDEAL ou CARDIAL
Cardeal = ave, religioso ou ponto geográfico:
A missa só começou com a chegada do cardeal.
Quais são os quatro pontos cardeais?

Cardial = relativo ao coração (adjetivo):
Seu problema está na válvula cardial.

18. CAVALEIRO ou CAVALHEIRO
Cavaleiro = quem anda a cavalo:
No campo, mostrava-se um grande cavaleiro.

Cavalheiro = homem gentil, cortês:
Ele era muito cavalheiro com as mulheres.

19. CEGAR ou SEGAR
Cegar = ficar cego:
A poeira me cegou.

Segar = cortar:
Ele segou toda a plantação.

20. CELA ou SELA
Cela = quarto, repartição:
Ficou preso em umaa cela.

Sela = arreio de cavalo:
Sentou-se sobre a sela e partiu.

21. CERRAR ou SERRAR
Cerrar = fechar:
As portas da loja estarão cerradas após as 18h.

Serrar = cortar:
Os galhos da árvore foram totalmente serrados.

22. CERVO ou SERVO
Cervo = veado:
O rei gostava de caçar cervos.

Servo = criado:
O rei possuía muitos servos.

23. CÍRIO ou SÍRIO
Círio = vela grande:
Havia quatro círios acesos em torno do morto.

Sírio = relativo à Síria:
O dono da loja era um velho sírio.

24. COMPRIMENTO ou CUMPRIMENTO
Comprimento = extensão:
Qual é o comprimento deste objeto?

Cumprimento = saudação ou ato de cumprir:
Receba os nossos cumprimentos.

25. CONCERTO ou CONSERTO
Concerto = harmonia, sinfonia:
Assistiram a um belo concerto no teatro.

Conserto = reparo, correção:
Consertam-se rádios e televisores.

Teste da semana
Que opção completa, corretamente, a frase abaixo?
“Pela estrada __________ ela, o pai e eu: o relógio __________ três horas”.
(a) vínhamos / dera;
(b) vinhamos / dera;
(c) vinham / davam;
(d) vinham / deram;
(e) vínhamos / deram.

Resposta do teste: letra (a) –
Quem vinha pela estrada era “ela, o pai e eu”, ou seja, “nós”. Quando um dos núcleos do sujeito composto for “eu”, o verbo deve concordar na primeira pessoa do plural (= nós vínhamos). O acento agudo no “i” se deve ao fato de ser uma forma proparoxítona: vínhamos. Na segunda lacuna, o verbo deve ficar no singular, porque o sujeito é “o relógio”: “o relógio dera…” Se não houvesse o sujeito (= o relógio), o verbo DAR deveria concordar com as horas: “Deram três horas”; “Deu uma hora da tarde”; “Davam dez horas da noite quando ele chegou”.

A gestão da prefeita Luanna acaba de conquistar uma importante marca na educação da cidade de Vitorino Freire: a melhor nota, em 15 anos, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

A cidade alcançou o impressionante índice de 4.8 no Ideb de 2019, obtendo um dos melhores resultados do Maranhão.

O Ideb é o importante índice de desenvolvimento por ser condutor de política pública em prol da qualidade da educação. É a ferramenta para acompanhamento das metas de qualidade do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) para a educação básica.

O secretário de Educação do Estado, Felipe Camarão, fez questão de gravar um vídeo exaltando a excelente conquista da gestão de Luanna em Vitorino e, também, agradeceu pela prefeita estar cuidando tão bem da população da cidade. "Prefeita Luanna, meus parabéns! Você está no caminho certo. Também quero saudar toda a equipe da Semed, os professores e as professoras, pais, alunos e a todos que contribuíram para esse resultado maravilhoso", destacou o secretário.

"Esse é o resultado do nosso compromisso com a educação de Vitorino. E, quando digo nosso, falo dos professores, pais, alunos e servidores, além da Secretaria Estadual de Educação, na pessoa do secretário Felipe Camarão. Essa conquista é só a primeira de muitas outras que virão na educação e em outras áreas importantes da nossa cidade", destacou a prefeita Luanna.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

De 13 a 16 de setembro registram-se o nascimento de Jacqueline Bisset (atriz), Lia Luft (escritora), Lauren Bacall (atriz) e Fernanda Torres (atriz) e a morte de Isadora Duncan (dançarina), Grace Kelly (atriz, princesa de Mônaco), Berta Lutz (zoóloga) e Maria Callas (cantora).

Mulheres que marcaram e marcam com talento, beleza e graça a Arte e a Ciência no Brasil e no mundo.

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O ANTES E O DEPOIS

Antes da casa, o projeto.
Antes do edifício, a maquete.
Antes do engenheiro, o arquiteto.
Antes do filme, o roteiro.
Antes do sonho, o sono.
Antes do sono, a estória.
Antes da publicidade, o “story”.
Antes da venda, o anúncio.
Antes da tragédia, o prenúncio.
Antes do sangue, o estampido.
Antes da ajuda, o alarido.
Antes da bala, o bandido.
Antes da pintura, o bosquejo.
Antes do repouso, o bocejo.
Antes da realidade, o desejo.
Antes de estar – ser.
Antes de imprimir – escrever.
Antes do papel, a árvore.
Antes da árvore, a semente.
Antes da semente, o semear.
Antes do “B”, o “A”.
Antes da fala, o pensamento.
Antes daquele instante,
aquele momento.
Antes da rubrica, a assinatura.
Primeiro, o Criador; depois, a criatura.
Antes, natureza; depois, cultura.
Antes da caminhada, o caminho.
Antes do filhote, o ninho.
Antes das passadas, um passo.
Antes, penso; depois, faço.
Primeiro, minério; depois, aço.
Antes de falar – ouvir.
Antes de chegar – ir.
Antes da pele, o sangue.
Antes do mar, o mangue.
Antes da obra, o rascunho.
Antes do templo, o exemplo.
Antes da escultura, o modelo.
Antes do desenho, o esboço.
Antes do velho, o moço.
Antes do castelo, o fosso.
Antes de rainha, princesa.
Antes de reinar, nobreza.
Antes da lágrima, a dor.
Antes da entrega, o amor.
Antes do preço – valor.
Antes de Cristo, Maria.
Antes da Paixão, a traição.
Antes da cruz, a humilhação.
Antes da morte, o perdão.
Antes da loucura, a razão.
Antes do milagre, a oração.
Antes da oração, a fé.
Obra feita – o homem.
Obra perfeita – mulher.

* EDMILSON SANCHES

BOI CORAÇÃO (*)

I

Meu São João, meu São João, nosso São João,
põe fora o cinza-escuro deste dia:
o mundo, a Ilha do Amor, o Maranhão
são cores, são cantos, são alegria!...

Que as nuvens de chumbo se tornem vida!
Que a vida seja em toadas e terreiros!
Zabumba, matraca, orquestra – a partida,
pra dança, o toque, o som, bens brasileiros.

O sol, ciclópico, abre seu imenso olho.
As casas, os prédios abrem janelas.
Gente em ruas e praças, saindo do molho
... E viva o bailado das índias belas!...

Penas e penachos, chapéus e fitas...
Máscaras, mulheres, homens, meninos...
Coisas, corpos dançam dança bonita
– e o boi baila e volteia, e os cantos são hinos...

Catirina, Pai Francisco, esta voz
é amor, é fé, esperança – força do coração.
O boi não morre porque vive em nós:
a ressurreição do boi é a nossa ressurreição.

II

Nuvens descolorem o dia e a noite.

O cinza-escuro espicha-se pelas ruas, espraia-se pela orla, invade as casas, escala os prédios e, sem bater, instala-se em nós.

Rostos se desbotam, chapéus e máscaras perdem luz e, com ela, a cor, o brilho.

Penas e fitas pendem e também perdem beleza, maciez.

Pernas não bailam, braços não se dão, troncos não coleiam, rostos não se tocam, olhares não se cruzam...

Mas eis que a luz novamente se faz.

De uma corda cardíaca extrai-se um acorde córdio que parecendo acalmar quer despertar para o baticum da vida. Som da vida. Ávida vida. Ave da vida.

Ao fundo, matracas anunciam a marcação dos passos devidos, entoam um ritmo de resistência. É a volta. É a vinda. É a vida.

O chapéu, como coroa solar, é minivulcão regurgitando cores, expelindo brilhos, convergindo olhares.

Agora tudo é movimento. Rostos riem. Mãos se dão. Braços abraçam. Olhos se olham. Passos em compasso. O boi volteia. Meneia. Negaceia. Faz que vai, e volta. Faz que volta, e vai.

E em um desses vais... não volta.

Pai Francisco não nega Catirina.

E pega do boi a língua.

Que nos diz que escuridão se acaba com cores.

Que o amor é a cura para as dores.

Que a vida está em um sorriso de criança.

E que tudo faz sentido e vale a pena – se houver esperança.

Esperança – trilha sonora da vida.

III

O cinza-escuro estava nas nuvens, estava nas ruas -- mas não era das nuvens, não era das ruas.

O silêncio da orla e até da onda do mar não era silêncio da orla, da onda, do mar.

A solidão das praças, a descor das faces fêmeas, o desbotamento dos olhos, o sem brilho dos chapéus, penas, fitas e máscaras não eram isolamento das pedras, mudez das gentes, desluz de adereços.

O não som dos tambores, o sem ruído das matracas, o sem zoeira, sem zunido e sem zum-zuns das vozes não eram calmas de instrumentos nem desfala de pessoas.

Tudo o que era lá fora era o que estava lá dentro. Dentro das pessoas dentro das casas. Dentro de nós.

Mas – fiat lux! – o Sol se faz dentro do ser. E o ser faz ter cores claras, cores lindas nos céus, companhia nas ruas, alvoroço nas praças, cores nas faces, barulho no mar, brilho no olhar, nas fitas e chapéus, nas penas e penachos.

E há som nas matracas, e bomba o bumbo, e ribomba o zabumba. E pessoas cantam e dançam. E pés passeiam, e bailam, e volteiam. E bumbuns bambas bambeiam.

O bumba meu boi vive porque vive no coração.

**

E mais u’a vez canto, bailado, encantamento;
se ouve, se vê, na praça, terreno, terreiro,
história, alma, humor, desejo, drama, tormento,
Catirina, Francisco – povo brasileiro.

* EDMILSON SANCHES

(*) Textos produzidos a convite do produtor musical Chiquinho França, de São Luís. A linha temática é o silêncio e a descoloração dos tempos pandêmicos de confinamento e o desejado futuro pós-pandemia, com o ressurgimento da alegria, dos sons, do canto, da dança, das cores – elementos presentes no bumba-boi.

A mostra competitiva do 48º Festival de Cinema de Gramado, na Serra Gaúcha, começa hoje (18), às 20h. Devido à pandemia da covid-19, o evento será realizado, pela primeira vez, de forma “on-line” e sem atividades presenciais.

As exibições vão até 26 de setembro, quando ocorrerá a cerimônia de premiação e a entrega do Kikito, estatueta que ficou conhecida nacionalmente como o “Oscar brasileiro”.

Os filmes serão exibidos pelo Canal Brasil e pela plataforma de “streaming” da emissora. Durante a semana, debates sobre os filmes que estão na disputa serão transmitidos pelas redes sociais oficiais do evento. A programação completa está disponível no “site” do festival.

Na primeira noite da mostra competitiva, serão exibidos os curtas “4 bilhões de Infinitos” e “Receita de Caranguejo”, além dos longas “Por que você não chora?” e “El silencio del cazador”, da Argentina.

Neste ano, serão homenageados os atores Marco Nanini e César Troncoso, a diretora Laís Bodanzky e a atriz Denise Fraga.

História

A primeira edição do festival foi realizada em janeiro de 1973, a partir da iniciativa entre a prefeitura local e a Embrafilme, antiga empresa pública de fomento ao cinema nacional.

O Kikito, estatueta que é entregue aos vencedores, foi desenvolvida pela artista gramadense Elizabeth Rosenfeld.

(Fonte: Agência Brasil)

Antes das luzes se acenderem e as câmeras ocuparem o estúdio, a ansiedade tomou conta. Será que aquilo iria dar certo? Experiência, os profissionais tinham de rádio. Agora, a novidade era outra. Não bastariam os sons. As imagens também seriam transmitidas ao vivo, um desafio que deixava artistas, apresentadores, jornalistas e técnicos à beira de um ataque de nervos. Não daria, em tese, para cortar. Mas, começar de novo (quantas vezes fossem necessárias). Tudo com a luz ligada e o coração à boca, como revelam os documentos e pesquisadores da história da televisão no Brasil.

O dia 18 de setembro, uma segunda-feira, entrou para a história brasileira como a data da primeira transmissão da TV Tupi, de iniciativa do empresário Assis Chateaubriand (Chatô), em São Paulo. Setenta anos depois, a primeira década, uma era de experimentação, improviso e muita paixão, deixou um legado que excede o pioneirismo. Uma época de valorização da efervescência cultural que o país experimentava. Era a maior emoção daquele ano quando as três câmeras acenderam as luzes para as palavras do ator Walter Forster: “Está no ar a PRF-3-TV Tupi de São Paulo, a primeira estação de televisão da América Latina”.

Uma história diferente começaria ali naquela noite.

“Quando chega, a televisão tem a seu favor toda a infraestrutura das rádios que já existiam. Os funcionários também tinham a experiência de produção”, afirma o professor Flávio Luiz Porto e Silva, pesquisador de história da televisão no Brasil. Ele explica que foi o amplo conhecimento dos profissionais de rádio que viabilizou a experiência da televisão no Brasil. Naquela noite e todos os outros dias que marcaram aquele início de experiência. “Eles vão aprender fazendo”, afirma o pesquisador.

A programação do dia da inauguração incluiu apresentações como da artista cubana Rayito de Sol, da orquestra de Georges Henri, um número do ator Amácio Mazzaropi, e outro de canto de Lia Marques, as notícias de política com o jornalista Maurício Loureiro e até uma celebração com a “Canção da TV”, cantada por Lolita Rodrigues e Vilma Bentivegna. Os versos da música eram do poeta Guilherme de Almeida (No teu chão, Piratininga / A cruz que Anchieta plantou: Pois dir-se-á que ela hoje acena / Por uma altíssima antena / Em que o Cruzeiro poisou / E te dá, num amuleto, O vermelho, o branco, o preto / Das contas do teu colar / E te mostra, num espelho / O preto, o branco, o vermelho / Das penas do teu cocar). Hebe Camargo, originalmente escalada para cantar o hino, ficou afônica. Foi um sucesso, apesar de uma das três câmeras não funcionar na hora da inauguração.

Na prática, a experiência do rádio viabilizou as imagens em movimento. Um rádio com imagens, como salienta o professor e pesquisador Laurindo Leal Filho. “A respeito ao conteúdo, a televisão, quase que deu continuidade ao que se fazia no rádio. Eu tenho escrito que a televisão no Brasil teve implementação diferente. Foi o teatro que influenciou bastante o início na Europa. Nos Estados Unidos, a TV apoiou-se no cinema”, explica.

“A televisão brasileira, na década de 50, teve um caráter de aventura, com o pioneirismo de seus profissionais desbravando os mistérios do novo veículo”, afirmou o professor Edgard Ribeiro Amorim no livro “História da TV Brasileira”. Ele explica que os primeiros anos foram marcados por uma “fase de aprendizagem” de como funcionaria aquela nova caixa mágica. Responsáveis pela parte técnica precisaram adquirir maior formação profissional na prática diante da novidade. Um tempo, aliás, sem recursos de buscas imediatas a outras referências, como ocorre no século XXI. No campo artístico, os profissionais tinham as práticas da época de rádio, cinema e teatro. “Os recursos técnicos eram poucos, com um equipamento mínimo para manter uma estação no ar”, pontua Amorim.

Uma característica dos trabalhadores brasileiros foi se multiplicar para dar conta do desafio que se apresentava. Entre um programa e outro, os radialistas da Rádio Tupi ocupavam o estúdio da recém-lançada PRF-3 TV Difusora, interpretavam cenas ao vivo e voltavam à sua função no rádio. Essa era a rotina de muitos pioneiros da televisão brasileira, que se iniciou em 1950. Xênia Bier, Alvaro de Moia, Vida Alves e tantos outros nomes dessa trajetória experimental da televisão brasileira já deixaram os palcos da vida.

E na rádio, os brasileiros já tinham os caminhos das ondas. Afinal, desde 1922, graças à iniciativa de Edgard Roquette-Pinto, artistas, jornalistas e outros profissionais conheciam o frio da barriga e a responsabilidade de entender o que era uma transmissão ao vivo. Até 1932, por exemplo, publicidade era proibida em rádio. Somente depois que o veículo se popularizou.

Quando a TV foi ao ar, um novo caminho se iniciava para uma moçada arrojada, já acostumada, por exemplo, em apresentações, jornalismo e radionovelas que encantavam a audiência. Segundo os pesquisadores entrevistados, havia empolgação, mas também dúvida do que a rádio se transformaria ou qual o tipo de impacto teria com a concorrente com imagens. O rádio já era realidade em 80% das casas brasileiras.

Quando a TV chegou ao país (depois da leva dos 200 primeiros aparelhos importados por Chateaubriand), o aparelho estava longe do acesso à população, tanto pelo alcance dos transmissores não irem além de 50 quilômetros, como pelo preço, de cerca de US$ 700. Ainda mais quando foi a própria televisão ter alguma popularização, principalmente depois de 1955. Conforme registra o professor Flávio Luiz Porto e Silva, um aparelho, no começo, custava o equivalente a 30 salários mínimos.

“Com o crescimento nas vendas e a possibilidade de crediário, o número de aparelhos foi crescendo. O próprio processo de popularização aumenta à medida que a década de 1950 avança. Quando chega 1959, o número de aparelhos já é muito grande. E esse número de aparelhos significa também audiência. Uma maior popularização vai ocorrer mesmo nos anos 60”, afirma o professor. No começo da década seguinte, já eram 700 mil aparelhos nas casas das pessoas. Era um tempo em que o vizinho ou familiar com televisão chamava a turma para dividir os cantinhos da sala.

As novelas nessa década já eram queridinhas da audiência. Entre o fim de 1951 e início do ano seguinte, “Sua Vida me Pertence”, com o galã Wálter Forster e a estrela Vida Alves, deixou o público curioso em frente ao novo aparelho. “A telenovela, apesar de constante no ar desde 1951, não tinha a duração nem a importância popular das atuais”, explica Edgard Amorim.

Nas artes, atores e cantores experimentaram, a partir de 1952, um momento singular de profusão cultural. O programa “TV de Vanguarda”, na Tupi, estreou no dia 17 de agosto (um domingo), como aponta o professor Flávio Porto. “Era o maior de todos os programas de teatro, que ia ao ar às 21h sempre com atraso e se estendia por duas, três horas e, às vezes, até avançava madrugada adentro. Este programa foi o grande laboratório da televisão”, afirma o pesquisador. Ele explica que produções dos principais nomes da dramaturgia mundial eram encenadas ao vivo pelos atores brasileiros, o que exigia uma “performance” e estudo inesgotável.

Os diretores inspiravam-se na estética cinematográfica para adequar o conteúdo. O diretor Cassiano Gabus Mendes foi um dos criadores com Dermeval Costa Lima. Dionísio Azevedo fazia também parte da direção de espetáculos de autores como Shakeaspeare e Dostoiévski. Em cena, o talento de atores como Bibi Ferreira, Vida Alves Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Lima Duarte e Laura Cardoso. As imagens, claro, ainda em preto e branco carregaram novas cores ao público e à arte brasileira há 70 anos. A década deu um novo sentido ao “está no ar”.

(Fonte: Agência Brasil)

O Festival Favela em Casa oferece “on-line” e gratuitamente, a partir de hoje (18), em São Paulo, 30 apresentações de arte das favelas: música, dança, teatro, cinema e literatura, além de debates sobre a cultura nas regiões periféricas das cidades. O festival, que vai até o próximo dia 20, é realizado pelo Serviço Social do Comércio (Sesc).

Ao todo, mais de 180 pessoas participam do projeto, entre artistas, pensadores e equipes de produção e de apoio, em sua maioria moradores da periferia da Grande São Paulo. “Criamos um festival para ser gerenciado e produzido por uma equipe composta, majoritariamente, por pessoas periféricas, pretas e independentes, protagonistas e responsáveis pela condução da narrativa que queremos compartilhar”, disse uma das idealizadoras do Favela em Casa, Andressa Oliveira.

Entre os músicos que participarão estão Caue Gas, Emcee lê, Jota Pê, Os Ferrais, Marabu, Ôbigo, Tasha e Tracie, Red Lion, Bia Doxum, e Xote das Mina. No campo da literatura, estarão presentes Felipe Marinho, Kimani, Jessica Campos, Roberta Estrela D'Alva/Slam Blues; e na dança, Aline Constantino, Afrobreak, Babiy Quirino, Djalma Moura, Vanessa Soares, Keyson Idd e Débora Regi.

O festival ocorre na sexta e no sábado, das 19h às 23h e, no domingo, das 15h às 19h. As apresentações poderão ser vistas no Facebook Festival Favela em Casa, no canal Festival Favela em Casa no YouTube, e no Facebook do Sesc SP.

(Fonte: Agência Brasil)

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Lembrando o dizer horaciano do primeiro século antes de Cristo, não é sem razão que as guerras são abominadas pelas mães. Claro, as guerras matam os filhos e filhas delas – e os irmãos uns dos outros, amigos, conhecidos e, sobretudo, desconhecidos, mas todos que nem nós, com direito a viver uma vida em paz e positiva.

Os números de guerra são assuntos com que trabalham, mais, estatísticos e belicistas. São números tão grandes que o escritor russo Ivan Bunin (1870-1953) arriscou-se a prever: “Milhões de homens tomam parte nas guerras atuais; daqui a pouco toda a Europa será povoada apenas de assassinos”.

Resta aos familiares e amigos dos mortos a dor, o choro, o luto, a saudade, a irresignação; e resta-nos a nós humanistas também dor solidária, a perplexidade, a não concordância, a indignação – e, quase sempre, a impotência, a incapacidade senão a impossibilidade de fazer algo que não seja a expressão de não aceitação da bestialidade humana, a não tolerância, transposta pela voz e pela escrita e por sadios atos de inconformação e rebeldia.

E, já que toda vida importa, independentemente da origem do conflito, do país estimulador ou invasor, ou se é guerra covarde, declarada, ou impensada, civil, vamos juntar os quase QUATROCENTOS MIL sírios. Vamos somar os africanos. Sim, os africanos; quem se lembra deles?

De 1995 a 2015, em “apenas” vinte anos de conflitos, na África só crianças mortas foram CINCO MILHÕES todas elas com, no máximo, CINCO anos de idade, e TRÊS MILHÕES delas com, no máximo, UM ANO de idade. É um morticínio, genocídio, são assassinatos e outros crimes sem fim, com violências que vão dos massacres, extermínio de comunidades e estupros em massa, seres humanos barbarizados e mortos com machados e facões, além da formação de exércitos de crianças, que mal podem com a arma que carregam. Só em um ano (2008), na chamada segunda Guerra do Congo, morreram, pelo menos, CINCO MILHÕES E QUATROCENTAS MIL pessoas, grande parte, senão a maior parte, da fome que os conflitos acentuam ainda mais. Em Ruanda, em três meses (abril, maio e junho) de 1994, foram mortas nada menos de OITOCENTAS MIL pessoas. Em Darfur, região do país Sudão, outros QUATROCENTOS MIL seres humanos foram mortos desde 2003. A África, mãe de todos os povos, é o ambiente de uma das mais sangrentas, violentas mortandades do planeta, as quais não despertam semelhante preocupação e furor na comunidade internacional, ante a menor importância econômica e geopolítica mundial de suas 54 nações.

O vale de lágrimas e sangue e pedaços de carnes e ossos das guerras já trucidaram de DUZENTOS E SESSENTA E DOIS MILHÕES, no mínimo, a SEISCENTOS E SESSENTA E CINCO MILHÕES, no limite, em apenas TRINTA guerras e conflitos entre nações ou internas, fratricidas – a guerra civil, lembrando o Marquês de Maricá, é quando uma nação inteira comete suicídio.

A diferença de ataques chamados terroristas para situações de guerra é que, com o horror que ambas as situações despertam em pessoas e delas se apossam, o primeiro caso tem como elemento de distinção a surpresa, o inesperado, o imprevisível. No estado de guerra, há uma previsibilidade, um anúncio, espécie de “permissão” para que tudo possa acontecer, inclusive com civis, por mais desiguais e covardes que sejam os atos dos diversos lados (citando apenas Pearl Habor, pelos japoneses; Hiroshima e Nagasaki, pelos norte-americanos).

Ao final de contas, repito o que escrevi há anos em meu livro “Do Incontido Orgulho de Ser Caxiense”:

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– “Não se sintam desconfortáveis nem olhem para os lados, mas em volta de cada um de vocês gravitam 16 fantasmas.

É essa exatamente, segundo estudos demográficos internacionais acreditados, a quantidade de pessoas que já morreram para cada um dos 6 bilhões e 700 milhões [atualmente, segundo o WorldMeter, 7 bilhões 811 milhões] de seres humanos ainda vivos na face da Terra – entre os quais, nós. Já existiram cerca de 107 bilhões de pessoas no planeta [atualizando: já morreram 125 bilhões de seres humanos].

Cabe-me, senão por obrigação formal ao menos por praxe institucional, cabe-me, aqui, agora, dar visibilidade a um desses fantasmas, dar contorno a um grande espírito, falar de uma venturosa e aventureira alma. Evidentemente, nada a ver com sessão mediúnica ou tambores e terreiros – todos estes e tudo isto respeitadas manifestações de religião enquanto religação com os mundos etéreos, com os universos multidimensionais que nós, enquanto seres humanos, a eles ora buscamos (para superar a ignorância que é incompletude de conhecimento) ou deles ora desdenhamos – em nossa ignorância que é grosseria, egoísmo, incivilidade de sentimento”,

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Triste, mais, é confirmar-se que, muitas das vezes, senão quase sempre, a origem primeira, a causa e coisa inicial de um conflito mortal está ligada a PODER e DINHEIRO (“Follow the Money”, dizem os promotores de Justiça americanos). Padre Antônio Vieira, atual, afirmava ser “a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta”.

E pensar que, no estourar dos morteiros (para citar só o armamento que desde o nome leva morte com ele), uma guerra quase sempre é decisão de só duas pessoas...

Uma lástima que, se a vida é curta demais para ser miúda, os belicistas escolham ou aplaudam exatamente a forma mais destruidora e desumana de todas para amiudá-la ainda mais.

Humanos, lobos – vorazes – de humanos...

Hobbes, citando Plauto, tem razão...

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“Deve o mortal sensato detestar a guerra;
se ela todavia for inevitável,
os louros não serão de quem morrer lutando
por causa ignóbil, que afinal só traz desonra”.
(Eurípedes, século V antes de Cristo).

Aos mortos, Eurípedes, até os louros se lhes negam...

Aos mortos, as lágrimas.

Pelo menos.

Antes que nos sequemos todos...

* EDMILSON SANCHES

Foto do Museu de Imagens (Brasil): “Jan Rose Kasmir, uma jovem norte-americana, confronta a Guarda Nacional do lado de fora do Pentágono com uma flor nas mãos, durante uma marcha contrária à Guerra do Vietnã em 1967. Esse ato ajudou a colocar a opinião pública em desfavor da intervenção americana no Vietnã”.

Andréa Oliveira

O amor aos livros e ao conhecimento pode ajudar a vencer o ódio e a ignorância em tempos tão difíceis como os dias atuais. Esta é a aposta da jornalista e escritora Andréa Oliveira, que participa do bate-papo semanal do Inspire e Comunique na noite de hoje, às 19h30. A “live” realizada pelas jornalistas Franci Monteles e Yndara Vasques será transmitida pelo Instagram @franci_monteles.

Formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e especializada em Jornalismo Cultural pela Pontifícia Universidade Católica de são Paulo (PUC-SP), Andréa Oliveira é apaixonada por jornalismo e literatura. Na “live”, ela falará de suas experiências em redações de jornais e revistas, como assessora de comunicação, escritora e, também, de seus projetos.

A escritora e jornalista já trabalhou nos jornais “O Estado do Maranhão” e no “Jornal da Tarde” (SP). Tem três livros publicados (“João do Vale – mais coragem do que homem”); “Nome aos bois – tragédia e comédia no bumba meu boi do Maranhão” e “João, o menino cantador” (biografia de João do Vale para crianças) e integra algumas coletâneas, como “Maranhão Reportagem” (Clara Editora) e “São Luís em palavras” (Aquarela Brasileira Livro).

Atualmente, Andréa Oliveira trabalha na Gerência de Comunicação da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) e concilia suas atividades como jornalista e assessora com a paixão pela literatura.

Em 2019, lançou o “Palavra Acesa”, um “talk-show” onde conversa com pessoas das mais diferentes áreas para falar sobre memórias e histórias de leitura. “Convido pessoas que têm em comum o amor aos livros. A ideia é acender uma chama. Em lugar do ódio e das armas, declaramos o amor aos livros e ao conhecimento como ferramenta para vencer a barbárie”, diz a escritora.

Serviço:
Live: Inspire e Comunique com a jornalista e escritora Andréa Oliveira
Quando: 17/9 (quinta-feira)
Hora: às 19h30
Onde: Instagram @franci_monteles

(Fonte: Assessoria de comunicação)