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Você se lembra de PRÓCLISE, MESÓCLISE e ÊNCLISE?

Trata-se da correta COLOCAÇÃO (= topologia) dos pronomes oblíquos átonos.

Neste domingo, vamos tirar algumas dúvidas a respeito desse assunto.

Dicas gramaticais

COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Introdução
Os pronomes oblíquos átonos (= ME, TE, SE, O, A, LHE, NOS, VOS, OS, AS, LHES) podem ocupar três posições:
1) antes do verbo = PRÓCLISE (posição proclítica);
2) depois do verbo = ÊNCLISE (posição enclítica);
3) meio do verbo = MESÓCLISE (posição mesoclítica).

Os pronomes oblíquos átonos são “fracos” na pronúncia. Por serem átonos, unem-se ao verbo. Não há hífen na próclise, porque a “união” é maior na ênclise. Em razão disso, na sintaxe lusitana, a preferência é a ênclise. No Brasil, a preferência é a próclise.

1 – NOS REUNIMOS ou REUNIMO-NOS com o diretor?
Segundo a sintaxe portuguesa, não devemos usar o pronome oblíquo átono no início da frase, embora seja muito comum no Brasil.
O certo é “REUNIMO-NOS com o diretor”.

Vejamos outros exemplos:
“Dá-me um cigarro”.
“Encontramo-nos com os amigos”.
“Tratando-se de dinheiro, não há discussão”.

Se você considera a forma REUNIMO-NOS pedante ou artificial, sugiro que ponha o sujeito antes do verbo e use a próclise:
“Nós NOS REUNIMOS...”

Em textos formais, é recomendável evitar frases típicas da linguagem coloquial brasileira:
“ME considero pré-candidato”,
“SE sente deprimida.”

Podemos usar:
“Considero-ME pré-candidato”.
ou
“Eu ME considero pré-candidato”.

“Sente-SE deprimida.”
ou
“Ela SE sente deprimida”.

2 – Eu O ENCONTREI ou ENCONTREI-O no espigão?
Tanto faz. As duas formas são aceitáveis.

É preferível a próclise sempre que o sujeito aparece antes do verbo:
“O diretor SE RETIROU mais cedo (ou retirou-SE)”.
“Ela LHE ENTREGOU os documentos (ou entregou-LHE)”.
“O proprietário ME OFERECEU um cargo em sua
empresa (ou ofereceu-ME).”

3 – Eu não LHE DISSE ou DISSE-LHE a verdade?
O certo é: “Eu não LHE DISSE a verdade”.

Quando há uma palavra de sentido negativo (= não) antes do verbo, devemos usar a próclise.

A próclise (= pronome oblíquo átono antes do verbo) é recomendável nos seguintes casos:
a) com palavra negativa: não, nunca, jamais, nada, ninguém:
“Nada ME preocupa mais do que isso”.
“Ninguém NOS perturba tanto quanto os governantes”.

b) com alguns conectivos: que, se, quando, embora, porque:
“Ele lhe disse que OS dispensaria logo”.
“Quando SE trata de política, devemos ter cautela”.
“Caso TE ofendam, tenha paciência”.

c) com alguns advérbios (sem pausa): sempre, já, ainda, agora, talvez:
“Sempre NOS encontramos aqui”.
“Ele já LHE disse tudo”.
“Isto talvez ME seja útil”.

d) com pronomes relativos, demonstrativos e indefinidos:
“Foi ele quem O avisou”.
“Aqui está o livro que TE emprestaram”.
“Isto NOS é desfavorável”.
“Todos A criticaram muito”.
“Alguém NOS viu quando chegamos”.

e) em frases interrogativas:
“Quem LHES enviou os documentos?”
“Quando NOS encontraremos novamente?”
“Como TE sentes?”

f) em frases exclamativas ou optativas:
“Como VOS respeitam!”
“Quanto TE odeiam!”
“Deus O abençoe!”
“Macacos ME mordam”.

g) com verbo no gerúndio antecedido da preposição EM:
“Em SE plantando, tudo dá”.
“Em SE fazendo dia, partirei”.

h) com formas verbais proparoxítonas:
“Nós O censurávamos”.
“Nós A encontráramos antes de ele chegar”.

Teste da semana:
Assinale a opção que completa, corretamente, a frase abaixo:
“Verifique se os programas estão __________ pois __________, no decreto, a exigência de formação e treinamento dos futuros chefes”.
a) certo / está implícito;
b) certo / estão implícitos;
c) certos / está implícita;
d) certo / está implícita;
e) certos / está implícito.

Resposta do teste: Letra (c).
O que está CERTO são os programas e o que está IMPLÍCITO é a exigência. Portanto, o correto é “os programas estão CERTOS” e “está IMPLÍCITA a exigência”.

Do teto da casa
morrendo em desejo
um rato raquítico
espreita “seu” queijo.

E chega a noite fria,
e o tal rato – coitado –
desce rumo ao “seu” queijo
– prato tão desejado...

Já lá no chão batido
olha pra todo lado
e ruma rumo ao queijo
– prato tão desejado...

Passos ressoam na cozinha
e o rato recua de lado.
Vê passar a menininha
... indo ao prato desejado!

A graciosa garotinha
sobe a cadeira em sacolejo
e, sob o olhar do roto rato,
pega o tão cobiçado queijo!

Sem força, com fome, o rato
não vê o gato de tocaia.
(Foi morto e inda perdeu o queijo
para a menina de saia.)

Além da cena daninha,
na sala, em jogo entusiástico,
brincam duas meninazinhas
com oco queijo... de plástico.

* EDMILSON SANCHES (poema da década de 1970)

2

“Aprendi esta língua como se consegue o amor de uma mulher” (Valéry Larbaud)

Meus versos surgem de repente, sem anúncios
preconcebidos, e assim, a esmos e inconsúteis,
se amesendam nas múltiplas intransitividades
que na vida hei passado como poeta e bruxo.

Há entre mim e eles, uma brancura bipartida
em orgânica dualidade, simples e ressurgida,
numa cumplicidade inconsciente e consentida,
mas comedida, necessária, útil e dependente.

Há entre nós uma parceria, como se heterônimos
dalgum poeta fôssemos, onde eles, meus versos,
sorrateiros nas paráfrases se permitem comigo

logo no primeiro grito, sentir a dor que sinto,
mas que nunca em tempo algum deveras finjo.
Eles e eu somos um só Fernando, uma só Pessoa...

* Fernando Braga. In “O Sétimo Dia”, São Luís, 1997.

Professores das escolas particulares da cidade do Rio de Janeiro decidiram hoje (1º), em assembleia virtual, manter a greve iniciada no dia 6 de julho. Diante da possibilidade de retorno às aulas presenciais no município, os docentes dizem que não se sentem seguros para voltar às salas de aula em meio à pandemia do novo coronavírus, embora permaneçam atuando no trabalho remoto.

“Decidimos manter a greve por ainda não visualizarmos segurança para esse retorno”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio), Afonso Celso Teixeira. “Nenhum órgão de saúde que temos consultado nos assegura que o momento de retorno é esse. O número de casos de covid-19 tem aumentado. No Rio, está estabilizado, mas estabilizado em uma alta”.

A assembleia, que ocorreu nesta tarde, teve a presença, segundo o Sinpro-Rio, de mais de 500 professores. A maioria, 98%, foi favorável a manutenção da greve.

“Mesmo o trabalho remoto sendo um trabalho estafante, extenuante, que tem causado muitos transtornos aos professores, mesmo assim, a preferência é por continuar nesse modelo até que a gente tenha uma segurança para o retorno das atividades presenciais”, diz Teixeira.

O Sinpro-RJ diz que vai acionar a Vigilância Sanitária do município para que o protocolo de saúde e segurança seja cumprido, assim como as regras municipais. A entidade estará de plantão esta semana para atender os professores.

Impasse

A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou, no dia 20 de julho, o retorno às atividades presenciais nas escolas privadas a partir do dia 3 de agosto. A medida, conforme explicada pela prefeitura, vale para os 4º, 5º, 8º e 9º anos do ensino fundamental. O governo do Estado, no entanto, que ainda não definiu data para o retorno das aulas, afirmou que cabe à Secretaria de Estado de Educação, e não ao município, a responsabilidade pela retomada das aulas nas escolas da rede privada, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.

Neste sábado, a prefeitura disse que deu o aval apenas ao que lhe cabe, a parte da Vigilância Sanitária, para que escolas particulares reabram se os donos delas assim decidirem junto a seus respectivos sindicatos e representantes do setor e reforçou a data de 3 de agosto para a retomada. “Não cabe à prefeitura essa regulação sobre reabertura de escolas particulares nem creches privadas. A posição da Prefeitura do Rio é apenas autorizativa quanto aos protocolos e ao cumprimento deles por parte da Vigilância Sanitária”, informou a prefeitura.

A data não coincide com as medidas do Estado. No Estado do Rio de Janeiro, estão em vigência medidas restritivas para evitar a propagação do novo coronavírus até, pelo menos, o dia 5 de agosto. Segundo o decreto, do dia 22 de julho, as aulas presenciais das redes de ensino estadual, municipal e privada permanecem suspensas em todo o Estado.

A Secretaria de Estado de Educação, em nota, diz que, assim que a Secretaria de Saúde informar que há condições de voltar, será iniciado o protocolo de 15 dias para a retomada das aulas presenciais nas unidades escolares fluminenses. A secretaria afirma que trabalha, com um comitê de especialistas, desde o início do isolamento avaliando a volta às aulas presenciais.

Falta de clareza

Diante da falta de clareza, as escolas particulares da cidade do Rio aguardam uma definição da data para o retorno. “A escola particular está aguardando uma definição das autoridades para o retorno das atividades presenciais e está preparada para voltar dentro dos protocolos que foram criados pelas autoridades”, disse o diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe-Rio), Frederico Venturini.

Segundo Venturini, o Sinepe-Rio não tem uma estimativa de quantas escolas devem retomar as aulas presenciais na segunda-feira.

Quanto à greve dos professores, o diretor diz que a relação da escola particular com os professores “sempre foi a melhor possível”. “Estamos abertos ao diálogo. A escola não existe sem professor”, disse. “A gente entende que, com a autorização da Secretaria de Saúde e da Secretaria de Educação, as aulas presenciais terão que voltar. No início, com ensino híbrido, mesclando presencial com distância. Mas, estamos sempre dialogando com os professores”.

Recomendação

Nesta semana, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Defensoria Pública do Estado emitiram uma recomendação ao prefeito Marcelo Crivella para que mantenha as medidas restritivas de isolamento nas unidades de ensino da rede municipal e nas escolas e creches privadas. O documento diz que a reabertura não deve ocorrer até que haja evidências científicas, fornecidas por autoridade médica ou sanitária, de possível retomada segura das atividades.

Os órgãos consideram prematuro o retorno das atividades “na ausência de comprovação de requisitos mínimos de segurança e fundamenta sua recomendação em diversos fatores, como notas técnicas, a legislação vigente e estudos científicos”.

(Fonte: Agência Brasil)

Fernando Braga

Fernando Braga é um poeta referencial pelo qual nutro muito afeto e admiração. A poesia dele é “densa de conteúdo e expressão” como assegurou ninguém mais ninguém menos do que Carlos Drummond de Andrade. O cântico de Fernando já foi celebrado por Thiago de Mello, Josué Montello, Cassiano Ricardo, Oswaldino Marques, Nelly Novaes Coelho, isso para citar apenas alguns poucos nomes entre tantos que reconhecem e confirmam o talento e a substância da obra do poeta, autor de “Campo Memória”, um canto de amor a São Luís.

Tenho Fernando como um irmão que os caminhos da poesia me deram. Uma das pontes para nossa aproximação foi o saudoso poeta Déo Silva, com o qual Fernando Braga teve a oportunidade de trabalhar e conviver. Fui presenteado por Fernando com o livro “Magma” (Editora Kelps, 2014), sendo que, em tal volume de poesia, Fernando se revela, nas linhas e entrelinhas, o mesmo menino de sempre, com as “muitas marcas da vida”.

A palavra-lava-magma-explosão de FB vai “Além do verbo”, bem como do título homônimo de Guimarães Rosa. Sobre essa própria relação com o verbo, declara a poesia bragueana: “Estou no meio do verbo / que me divide / eu sou e fui... / De pele e osso cobri-me / e serei de sobras;”. No livro “Magma”, eu pude me deparar com preciosidades como os poemas “O cavalo-tempo” e “O mar de minha culpa”, os quais sempre estarão comigo pelo poder de atravessamento de suas palavras-adagas.

Quanto ao antes referido “Campo Memória” (Gráfica do Senado Federal, Edições Corrêa & Corrêa, Brasília, 1991), em síntese, pode-se dizer que esse poema-livro é um patrimônio sempiterno da ilha-patrimônio da humanidade.

Fernando Braga, além de exímio poeta, é um grande crítico-ensaísta. Quão maravilhosas são as suas “Conversas vadias”, nas quais fala da literatura/arte do mundo com um texto vigorosamente envolvente.

Sinto-me muito pequeno para poder falar desse poeta de referência do nosso Mundanhão. Tenho-o como um mestre e sua amizade me é um privilégio dos grandes. Para poetas desse nível, eu peço a bênção e fico na plateia aplaudindo, tomando por empréstimo palavras de outro imenso poeta brasileiro, o meu conterrâneo Adailton Medeiros.

Uma das alegrias da minha vida vai ser dar um abraço, pessoalmente, em Fernando Braga, depois que esse período de crise sanitária passar. Por enquanto, eu o abraço por meio da minha palavr(h)humanidade nestas breves linhas sobre sua poesia & pessoa.

* Os integrantes da noite – por Carvalho Júnior

– “Vós pouco dais quando dais de vossas posses. É quando dais de vós próprio que realmente dais”. (Khalil Gibran)

**

Por estes tempos, há alguns anos, pessoas e instituições de minha terra (Caxias-MA) fizeram-me homenagens.

Tive meu nome inscrito em diplomas. Tive um pouco de minha pouca história escrito em livros.

**

Não sou profeta. De minha própria terra basta-me o orgulho de ser filho dela.

Mas a sensação de ser homenageado EM e POR sua cidade natal é diferente dos reconhecimentos que vêm “de fora”.

Os da sua terra sabem de suas raízes e tronco. Os “de fora”, às vezes, veem só ou, quase sempre, folhas ou frutos, ramos ou ramagens.

É diferente o ser homenageado por quem lhe conhece os passos e o passado, da infância à mocidade e desta à adultez.

É diferente o ser reconhecido por quem lhe sabe a vida pregressa e o progresso futuro. Os tinos e desatinos primeiros e o destino em seguida.

Os que assim homenageiam sabem-lhe do solo e do solado que o pisa.

Sabem de você criança e de sua criação.

Sabem-lhe as crenças meninas, a fé cidadã.

Sabem as fundações de você, base sobre a qual se ergueu e se ergue instante a instante a sua vida.

**

O grande sinal da evolução humana não está na pintura nas rochas.

Não está no domínio do fogo...

Não está na invenção da roda.....

Não está na criação da Imprensa...

Não está no surgimento da “internet”...

Está no sorriso e suportação da fome da mãe que cede a comida pouca ao filho faminto...

O grande, o maior sinal de evolução do ser humano está no reconhecimento do outro. Do outro e sua necessidade. Do outro e sua necessidade e a busca da satisfação desta, ou de sua redução.

Há menos evolução no arranha-céu moderno que a que há no ser zeloso que cuida, alimenta, abriga e protege aquele a quem lhe faltam as pernas, ou a voz, e até a consciência – mas não a capacidade, a potência de inspirar e fazer surgir no outro o sentimento de humanidade.

Ser humano é a única razão – humana – de ser...

* EDMILSON SANCHES

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) vão retomar as atividades acadêmicas, de forma remota, a partir de setembro, devido à pandemia de covid-19.

De acordo com o calendário emergencial da Uerj, haverá novo prazo para inscrição em disciplinas, que se inicia em 3 de setembro. Já para os estudantes aprovados nas reclassificações do Vestibular 2020, as matrículas serão abertas em agosto, de forma “on-line”, pelo Portal do Vestibular. As aulas do primeiro semestre de 2020 começam em 14 de setembro e se estendem até 12 de dezembro. O encerramento, após as avaliações finais, está marcado para 19 de dezembro.

Segundo a Uerj, as unidades acadêmicas oferecerão atividades letivas por meios digitais, com carga horária equivalente às aulas presenciais anteriormente programadas. Excepcionalmente nestes períodos, os alunos serão dispensados de frequência presencial. No entanto, haverá controle de participação de acordo com a proposta pedagógica.

Com o objetivo de favorecer a inclusão do maior contingente possível de estudantes, será reduzido o número mínimo de disciplinas exigido no semestre. Os graduandos deverão se inscrever em, pelo menos, uma disciplina, obrigatória ou eletiva.

Para aqueles que não puderem realizar as atividades remotas, será garantida a possibilidade de trancamento especial. Este prazo não será contabilizado no limite de seis períodos a que todos têm direito normalmente. Os calouros também poderão, em caráter excepcional, solicitar o trancamento, mesmo estando no primeiro período de seu curso de graduação.

De acordo com a Uerj, as atividades remotas serão oferecidas em plataformas tecnológicas públicas e gratuitas de ensino e de webconferência, como o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que já vem sendo usado por diversas unidades desde abril e conta com mais de 20 mil inscritos, entre alunos e professores.

UFF

O primeiro semestre letivo de 2020 da UFF está marcado para iniciar em 14 de setembro, com duração até 15 de dezembro; e o segundo semestre ocorrerá entre 1º de fevereiro e 10 de maio de 2021. A universidade informou que, de acordo com as evidências científicas atualmente disponíveis, é provável que não haja retorno presencial este ano.

A decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão autorizou, em caráter excepcional, a substituição das atividades acadêmicas presenciais de componentes curriculares teóricos, práticos e/ou teórico-práticos dos cursos de graduação presencial da UFF por atividades remotas por meio de tecnologias digitais de informação e comunicação, durante o período de pandemia da covid-19. A inscrição nas disciplinas será facultativa.

(Fonte: Agência Brasil)

Interessados em se inscrever no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) tem até as 23h59 desta sexta-feira (31) para disputar uma das 30 mil vagas ofertadas no processo seletivo do segundo semestre de 2020. Até as 18h de ontem (30), o Ministério da Educação (MEC) registrou 74 mil 397 inscrições. Ainda segundo registros do sistema, tanto a velocidade de navegação quanto o volume de candidatos inscritos superam os dados registrados na edição do Fies do segundo semestre de 2019, quando, ao término do terceiro dia de inscrições, o registro era de 61.408 inscritos.

Resultado

O resultado do Fies será divulgado no dia 4 de agosto. O período para complementação da inscrição dos candidatos pré-selecionados será do dia 4 até as 23h59 de 6 de agosto. Os candidatos não pré-selecionados na chamada única do Fies poderão disputar uma das vagas ofertadas por meio da lista de espera, a inclusão será automática. Nesse caso, o prazo de convocação será do dia 4 até as 23h59 de 31 de agosto.

Programa

O Fies é um programa do MEC que concede financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos, em instituições de educação superior particulares. O fundo é um modelo de financiamento estudantil moderno, dividido em diferentes modalidades, podendo conceder juro zero a quem mais precisa. A escala varia conforme a renda familiar do candidato.

(Fonte: Agência Brasil)

Edmilson Sanches e o Rio Sena (dia), em Paris

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– “Eu sou a fonte da água viva! Quem beber desta água que eu dou, nunca mais terá sede, tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Bíblia, João 4,10.14).

– “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, de seu seio jorrarão rios de água viva” (Bíblia, João 7,38).

DA CHINA PARA IMPERATRIZ – Um dia meu amigo Josué Bezerra (Josh Bez), irmão de ideias e ideais, que tanto me puxa a orelha para eu sair de Imperatriz e mudar-me para outros mundos, um dia ele – internacional que é, pós-doutor, morando nos estrangeiros, imperatrizense cidadão de três países –, um dia ele mandou-me uma carta da China, onde dava uma palestra. Uma foto tipo cartão-postal, com Josué olhando o Rio Amarelo, trazia no verso algo como: "Sanches: Saudades do rio Tocantins". Só isso... mas quanto dizem essas poucas palavras!...

BERÇO – As cidades, vale dizer, as civilizações têm nos rios o berço líquido e certo de suas histórias. O Rio Amarelo (a cor vem de lodo e partículas de areia fina, em suspensão) é o rio por onde a China começou. O segundo maior da China, duas vezes maior que o nosso Tocantins, o Amarelo irriga terras, aduba pastos, tem e transporta minerais.

PIA BATISMAL – Imperatriz também tem em um rio sua pia batismal. Pelas águas caudalosas e, à época, piscosas, a canoa de frei Procópio deu início à cidade iniciada por mãos sagradas e manchada por mãos sangradas. O Tocantins é cidadão de vários Estados, tem fonte goiana e foz paraense. No percurso, banha, leva, lava, limpa outros quatro – Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Distrito Federal.

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MUITOS RIOS – Rios existem muitos -- tanto quanto nossa ignorância em destratá-los... Aprendi – aprendemos – na infância sobre o Amazonas, os históricos Tigre e Eufrates, o Nilo berço de civilizações, o Mississipi que se espalha e se espraia por quase metade do território norte-americano, os sagrados Jordão, Ganges e Indo; e, ainda, o Congo, o Volga, o Azul, o Danúbio – igualmente azul –, inspirador de valsa, o Yukon, o Orinoco também (de)cantado; e mais o Senegal, o Reno, o Tejo, o Douro, o Elba, o Níger, o Mekong, o Tibre, o Tâmisa... e o Sena, visto nas fotos, passando pela capital francesa, à noite e de dia.

ONDE CORREM OS RIOS – São rios que passaram e se depositaram na vida humana. Cada pessoa carrega, em seus 65% de água de que é formado o corpo, milhões de átomos do óxido de hidrogênio (H2O) dos nossos rios de todo o mundo. Os rios correm em nós...

LÍQUIDO – Somos água, somos rios. Somos líquidos – e, como água, também nos transformamos em pedras, também viramos vapor e, quintessencialmente, nos tornamos éter.

INCOLOR – Somos água, somos rios. Somos incolores – e, por isso, como prismas, nos decompomos em muitas cores multicores.

INODORO – Somos água, somos rios. Somos inodoros – e, por isso, com glândulas e como frascos, produzimos, retemos e espalhamos odores, aromas, perfumes.

INSÍPIDO – Somos água, somos rios. Somos insípidos – e, ainda assim, nada como nós, a partir do jardim edênico, deu tantos sabores – e dissabores... – ao mundo que nos foi dado.

Edmilson Sanches e o Rio Sena (noite), em Paris

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SOMOS ÁGUA – Nossa história reflete nosso ser: somos água. Na ciência, antes de sermos terrestres, fomos aquáticos. Na gestação, idem: nove meses submerso no líquido amniótico materno. Na religião, procedemos do sopro cálido, cálido e úmido, do Criador.

HERANÇA – Os rios somos nós. Deles herdamos a sinuosidade e a adaptação. A limitação das margens e a rebeldia das inundações.

DOCE E SALGADO – Somos água – doce na umidade do beijo; salina na lacrimação do choro.

Somos água.

* EDMILSON SANCHES

Edmilson Sanches, entre paredões e árvores de Paris

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Paredões parisienses não me impressionam. Não é para eles que olho. As árvores, elas sim, em qualquer lugar, nos dão lições – se, como bons alunos, pudermos nos aperceber disso.

As árvores nos dizem de adaptação, sem arredar dos propósitos. Perder as folhas, mas manterem-se fincadas as raízes. Pois da resistência destas dependerão as folhas novas que amanhã se penderão nos galhos hoje outonalmente desfolhados.

Muita gente tem largado suas ruas, mudado de endereço e de vida, abandonado seus caminhos pela ambição de apressarem a próxima estação. Não querem parecer flores sem pétalas, ramos sem folhas, galhos sem ramos, troncos parecendo sem vida. Pessoas que não querem parecer plantas desnudas, quando obrigadas ao “strip-tease” da sobrevivência.

Mas folhas que caem não são doença – é estratégia. É economia de energia, desviada da sustentação dos pecíolos para o que, na árvore, por um breve período, lhe será mais essencial: tronco e raízes. É o típico exemplo do perderem-se os anéis e conservarem-se os dedos. Abscisão. Mais tarde, daqui a pouco, novas folhas e flores brotarão e a quem sabe ver comunicarão a alegria, exibirão a aquarela multicor surgindo de pincéis e palhetas manuseados pela Natureza mãe e pintora.

Quantos, ao chegarem ao outono de recursos, relações, aparências, suportam-se em cima das próprias raízes?

Muitas das vezes, avançar não é mudar. É manter(-se).

Desflore. Desfolhe. Desenrame. Mas não (se) desenraíze.

Mantenhamos nossas raízes interiores. Pois o invisível sustenta o visível em nós. Assim como a base, as fundações de uma casa, escondidas lá mais embaixo, sem uma mão de cal, sem uma pá de cimento, sem um azulejo ou outro acabamento... Mas são elas, as fundações, como raízes, que sustentam as paredes que sustentam a laje ou vigamento que sustentam o telhado.

Assim também o invisível em nós, árvores humanas, cujas raízes, como certas plantas aquáticas, vão aonde nos levam o fluxo da vida.

Viva sua raiz. Radicalmente.

“Adieu!”

* EDMILSON SANCHES