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O tradicional Festival Panorama, um dos principais eventos de artes do corpo, dança e performance do Brasil e da América Latina, promove, este ano, a primeira edição Jangada/Raft. A primeira parte, denominada Festival Panorama Jangada, terá início no próximo fim de semana, apresentando projetos artísticos criados por jovens da periferia do Rio de Janeiro. Para esta etapa, foram recebidos 56 projetos que responderam ao edital publicado em fevereiro passado, com o objetivo de abrir oportunidades na pandemia do novo coronavírus para artistas da periferia carioca. Foram selecionados para essa primeira “flutuação” cinco criações fluminenses, informou, hoje (20), à Agência Brasil o diretor de produção do festival, Rafael Fernandes.

Festival Panorama teve a primeira edição em 1992. Só deixou de ser realizado em 2019, por falta de financiamento, e em 2020, devido à pandemia do novo coronavírus. No ano passado, foi feita somente uma maratona de leituras, que durou três dias. Ao longo da sua história, apresentou companhias e artistas nacionais e estrangeiros, com papel fundamental na construção da memória da dança e da arte contemporânea no Rio de Janeiro, bem como a importância da relação entre essa arte e o seu público.

Para retornar com a programação este ano, a organização teve a ideia da jangada. “O Panorama segue navegando nos mares revoltos de hoje, desta vez como uma jangada, carregando consigo cinco projetos do Rio de Janeiro”, manifestou a diretora-geral do evento, Nayse López. “É juntar vários pedaços para criar uma nova forma de apresentar as obras”, esclareceu Fernandes. “Essa jangada é a união desses artistas cariocas para reunir forças para superar as adversidades”, completou.

Ineditismo

Os cinco projetos escolhidos são Èdà (vídeo dança com cenas performáticas gravadas pelo território da Favela da Maré), O Berro (vídeo que aborda a realidade do cárcere do Brasil, com a participação de duas mulheres atingidas pelo sistema prisional e uma juíza criminalista), Práticas de invasão (dança/paisagem que negocia com a condição de mundo que estamos vivendo), Elegbará (dança efêmera e visceral que dialoga com a cidade e faz das ruas um verdadeiro palco) e Museu dos Meninos – Sem título para uma radiocoreografia (experiência coreográfica por meio de palavras, som e música).

As obras escolhidas são todas inéditas e utilizam ferramentas audiovisuais, sendo que uma delas apresentará coreografia a partir de um áudio, outra será executada e transmitida ao vivo pela internet. Os projetos dos jovens e grupos da periferia do Rio foram selecionados por um coletivo do qual fazia parte a diretora-geral do evento, Nayze López, atendendo aos requisitos de qualidade artística, ineditismo e biografia dos artistas. “Nessa seleção, o objetivo foi esse: trazer novas caras. Acabou que foi uma seleção bastante jovem”, disse Rafael Fernandes. “Eles são jovens, mas não são inexperientes. Todos têm um currículo que a gente acredita que contribui, artisticamente, para a programação”.

A primeira parte do Festival Panorama Jangada/Raft, dedicada aos artistas do Rio de Janeiro, tem apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, por meio da Lei Aldir Blanc. O público pode encontrar as redes sociais onde serão exibidas as performances no site oficial do festival. No dia 24, às 17h, será transmitida a obra Práticas de Invasão; no dia 25, também às 17h, Museu dos Meninos. Nos dias 30, 1º e 2 de maio, será transmitido o projeto Elegbará, às 20h. No dia 1º de maio, será a vez da obra Èdà, às 20h e, no dia 2, encerrando a programação dessa primeira parte do festival, o público conhecerá o projeto O Berro, às 18h. Nos dias 25, 26, 28 e 2 de maio, as apresentações serão seguidas de “conversas flutuantes” ou bate-papos, com os elencos dos projetos.

Segunda flutuação

Rafael Fernandes explicou que as parcerias internacionais sempre foram importantes para o festival, bem como a exibição de obras de artistas estrangeiros para o público brasileiro, mas, este ano, o propósito do Festival Panorama Jangada foi contribuir para a cena local, destacou. Na segunda etapa, que se desdobra no Festival Raft (jangada em inglês), a ideia foi firmar coproduções internacionais.

A edição do Festival Raft é patrocinada por teatros e produtores estrangeiros. Neste momento, está sendo realizada convocatória para seleção de dez artistas brasileiros, de todas as regiões do país, que se exibirão no festival, também no formato virtual, no fim de agosto. O calendário será divulgado posteriormente. A exigência é que os projetos tenham sempre alguma relação com o corpo.

Ao término da edição, os coprodutores internacionais poderão escolher quais obras serão exibidas nos seus teatros e festivais no exterior, a princípio de maneira virtual, disse Fernandes. Segundo o diretor, essa é uma experiência de produção inédita no Brasil, que o Festival Panorama pretende desenvolver.

(Fonte: Agência Brasil)

Recife - Cícero da Sanfona, 75 anos, conhecido por tocar a sanfona apoiado no topo da cabeça. (Sumaia Villela/Agência Brasil)

Diário Oficial da União publica, nesta terça-feira (20), a Lei nº 14.140, de 19 de abril de 2021, que institui o Dia Nacional do Sanfoneiro, a ser comemorado anualmente, em todo o território nacional, na data de nascimento do músico Severino Dias de Oliveira, conhecido como Sivuca, que morreu aos 76 anos, no dia 14 de dezembro de 2006.

Severino Dias de Oliveira nasceu em Itabaiana, na Paraíba, e levou a cultura nordestina para o mundo. Como compositor, arranjador, instrumentista, o mestre da sanfona participou de mais de 200 discos de gêneros musicais diferentes como bossa nova, forró, choro, baião, maracatu, frevo, entre outros.

A socióloga Flávia Barreto, filha de Sivuca, escreveu um livro biográfico do pai, Magnífico Sivuca: maestro da sanfona, no qual detalha a infância, a carreira do músico no Brasil e no exterior, as parcerias musicais.

“Sivuca é música, sempre foi música, em casa, fora de casa. Sivuca estava sempre tocando, ouvindo. Ele sempre foi música, desde criança", disse Flávia em entrevista para a Rádio Nacional de Brasília.

(Fonte: Agência Brasil)

Novo levantamento efetuado pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) revela mudança na liderança do ranking das músicas brasileiras mais regravadas no país. A canção Carinhoso, de Pixinguinha e Braguinha, superou Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.

De acordo com a pesquisa, Carinhoso tem, no momento, 411 gravações cadastradas no banco de dados do Ecad, considerado um dos maiores da América Latina, e é a música mais escolhida por intérpretes de todo o país. Aquarela do Brasil tem 409 e ocupa a segunda posição no ranking. Em setembro de 2020, as duas músicas lideravam a lista das mais gravadas, com 404 gravações cada uma.

Na lista das cinco primeiras colocadas aparecem também Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes (402 gravações), Asa branca, de Humberto Teixeira e Gonzagão (316 gravações), e Manhã de Carnaval, de Luiz Bonfá e Antônio Maria (290 gravações).

Entre as 15 primeiras músicas do ranking, oito são de autoria do compositor Tom Jobim: além de Garota de Ipanema, aparecem Eu sei que vou te amarCorcovado, WaveChega de Saudade, Desafinado, Insensatez e A felicidade.

Ranking das 15 músicas brasileiras mais gravadas no país:  

(Fonte: Agência Brasil)

6ª Semana da Canção Brasileira

A 6ª Semana da Canção Brasileira começa nesta segunda-feira (19), com o papel de refletir e propagar as músicas nacionais, desta vez nas plataformas digitais, abrangendo um público muito mais amplo. Desde sua primeira edição, em 2007, o evento é realizado na estância turística de São Luiz do Paraitinga (SP). Este ano, devido à continuação do isolamento social, ocorrerá no formato digital, no canal do YouTube.

Na programação, que tem a curadoria da cantora Suzana Salles, haverá shows de artistas e bandas representativas do cenário nacional, e também da cidade inspiradora do projeto, São Luiz do Paraitinga, além de oficinas e um festival competitivo de composição. 

Dentre os nomes confirmados, estão Céu, Liniker, Anelis Assumpção e Zé Ibarra. O evento foi viabilizado com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio do Programa de Ação Cultural do governo do Estado de São Paulo, e apoio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Com toda a programação ocorrendo on-line, os shows terão duas modalidades: apresentações gravadas e lives com conversas musicais. Nas lives, os artistas vão poder, além de cantar e tocar ao vivo trechos de suas canções, conversar com o público sobre suas obras, ou mesmo sobre os novos rumos da música brasileira. Ainda durante a conversa, serão exibidas três músicas pré-gravadas pelos artistas e editadas pela equipe de produção.

Ambas as modalidades serão transmitidas pelo canal do evento no YouTube, com acesso livre. Além dos nomes de projeção nacional, participarão as seguintes bandas convidadas de São Luiz do Paraitinga: Los Cunhados, Quar’de Mata, Estrambelhados e Despirocadas.

Já as oficinas serão realizadas pela plataforma Zoom mediante inscrição pelo site do evento, sempre entre 15h e 17h. Nesta segunda-feira (19), a oficina é Aprendendo a cantar com a canção popular, com Regina Machado, professora de graduação e pós-graduação em música pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). 

No dia 20, será realizada a oficina A canção popular no século XXI, tradição, montagens e ressignificações, ministrada pelo compositor e doutor em criação musical pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) Sérgio Molina. E no dia 21, a oficina Canção Popular de tradição oral no Brasil é com Carlos Sandroni, professor de Etnomusicologia do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco.

Inscrições

As inscrições para o festival foram até o dia 31 de março. Após uma triagem do material recebido, avaliado por um júri, foram divulgados os 12 finalistas, dos quais três sairão vencedores e terão suas músicas exibidas no dia 21 de abril, no canal oficial do evento. 

A organização do evento define que, em sua essência, a 6ª Semana da Canção Brasileira não pretende ser um festival competitivo de canções na medida em que um júri avalia o conjunto da obra do compositor para eleger os 12 finalistas. “Dessa forma, acredita-se revelar com mais consistência para onde apontam os novos rumos da canção brasileira”, diz a organização do evento.

Segundo a curadora do evento, a cantora Suzana Salles, o espírito do evento é mostrar que a música é transformadora. “Neste cenário desolador, a cultura emerge em todo seu esplendor dentro de cada um de nós. Somos nossa história, nossa trajetória. Visualizo um Brasil onde cada habitante carrega um brasilzinho dentro de si, com suas músicas, sua natureza tão bela e diversa, seus mistérios de América do Sul portuguesa, negra e índia. Único e singular, sem raça ou rosto definido. É aqui e agora que acontece a 6ª Semana da Canção Brasileira, uma reflexão sobre a canção popular mais poderosa do mundo, porque diversa e múltipla. Somos a canção popular brasileira, ela nos dá voz. O sentido maior de nossas vidas, a cultura, a música nos transforma, nos dá alento, nos projeta ao infinito”, define Suzana.  

Programação

19/4 (segunda)

15h: Oficina com Regina Machado: Aprendendo a cantar com a canção popular

20/4 (terça)

15h: Oficina com Sergio Molina: A canção popular no século XXI

20h: Show Anelis Assumpção, participação de Curumin (show gravado)

21/4 (quarta)

15h: Oficina com Carlos Sandroni: Canção popular de tradição oral no Brasil

21h: Exibição dos vídeos das canções vencedoras do Festival da Semana da Canção

22/4 (quinta)

18h: Live – Conversa musical com Quar'de Mata

21h: Live – Conversa musical com Liniker

23/4 (sexta)

20h: Show Céu (show gravado)

21h: Live – Conversa musical com Estrambelhados

24/4 (sábado)

15h: Live – Conversa musical com Despirocadas

18h: Live – Conversa musical com Los Cunhados

21h: Show Zé Ibarra (show gravado)

25/4 (domingo)

18h: Reexibição dos shows e das músicas gravadas pelos participantes das lives

(Fonte: Agência Brasil)

Começa, nesta segunda-feira (19), o prazo para candidatos aprovados no processo seletivo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do primeiro semestre de 2021 realizarem suas matrículas. Até o dia 23 de abril, os estudantes devem ficar atentos aos horários e locais de atendimento definidos pela instituição de ensino.

Nesta edição do Sisu, que terá uma única chamada, serão oferecidas 206.609 vagas para 5.571 cursos de graduação em 109 instituições públicas de ensino superior. Quem não conseguiu uma vaga pode participar da lista de espera. Para isso, o estudante deverá manifestar seu interesse por meio da página do Sisu na internet, até a próxima sexta-feira (23), em apenas um dos cursos para o qual optou por concorrer.

O estudante selecionado na chamada regular em uma de suas opções de vaga não poderá participar da lista de espera, independentemente de ter realizado a matrícula na instituição. Os procedimentos para preenchimento das vagas não ocupadas na chamada regular serão definidos em edital próprio de cada instituição participante.

O Sisu é o programa do Ministério da Educação para acesso de brasileiros a cursos de graduação em universidades públicas do país. As vagas são abertas semestralmente, por meio de um sistema informatizado, e os candidatos são selecionados de acordo com suas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em caso de dúvidas, o interessado pode entrar em contato com o MEC pelo telefone 0800-616161.

(Fonte: Agência Brasil)

O xokleng é uma língua falada apenas por uma comunidade indígena no Vale do Alto Itajaí, na região central de Santa Catarina, onde vivem mais de 2 mil pessoas. Boa parte das 170 línguas indígenas existentes no Brasil corre o risco de desaparecer. Por isso, desde a década de 1990, o linguista Namblá Gakran tem trabalhado para resgatar e manter vivo o idioma nativo. “Eu não sonhei em ser linguista, mas hoje eu sou”, diz o indígena sobre como se tornou um especialista durante a luta pela preservação da cultura do seu povo.

Gakran leciona em escolas indígenas da região e já formou duas turmas de licenciatura intercultural, para que também possam dar aulas e repassar os conhecimentos. A pandemia de covid-19 impediu a continuidade do curso neste ano. No entanto, o isolamento, devido à crise sanitária, também abriu a porta para uma pequena iniciativa de difusão da língua nativa.

WhatsApp

Desde o ano passado, a comunidade, que vive em áreas distantes fisicamente, se aproximou por meio de um grupo de WhatsApp onde compartilha seu dia a dia. Até indígenas que estão fora das aldeias, nas cidades, usam o canal para se comunicar com os que ainda vivem no território tradicional. A única diferença dos outros grupos de família e amigos da rede de comunicação é que nesse só é permitido se comunicar em xokleng. “Não se pode falar em português”, afirma Gakran.

Assim, as pessoas com menos conhecimento têm a oportunidade de praticar o idioma, especialmente em texto, com aqueles que têm maior domínio. “As pessoas que falam mais ou menos a língua entram no grupo e ali começam a aprender” explica o professor. Além dos fatos do dia a dia, como uma pescaria ou uma boa caça, o grupo, aos poucos, vai se tornando espaço para compartilhar as histórias tradicionais. “Quando surge uma oportunidade, nós contamos uma história do passado”, diz.

Importância da escrita

Reforçar a escrita do xokleng é um dos trabalhos que Gakran desenvolve ao longo dos últimos anos e considera fundamental para evitar que o idioma se perca. “O que falta é registro dessa língua. Não adianta só falarmos verbalmente, mas é preciso que a comunidade também possa manusear esse material”, defende, ao destacar a importância de publicações no idioma.

Foi justamente esse trabalho de registro que levou Gakran a se tornar doutor em linguística. Ele conta que, há mais de 30 anos, começou a gravar as histórias da comunidade, contadas pelos anciãos, em parceria com um pesquisador norte-americano. À época, a comunidade vivia um processo de afastamento da língua, impulsionado pela chegada de muitos não indígenas, com a construção da Barragem Norte no Rio Itajaí.

Hoje, ele avalia que o esforço de resgate da língua já apresenta bons resultados. “Antes, só tínhamos falantes mais velhos da língua materna. Hoje, temos crianças monolíngues na língua xokleng”, comenta. Agora, ele busca parcerias com entidades ou empresas que ajudem a financiar publicações no idioma nativo. Segundo o professor, até mesmo o material didático para o ensino é escasso. “A gente busca parcerias com empresas e organizações para que possamos fazer um projeto que venha produzir material dessa língua”, ressalta.

Histórias ao redor do fogo

Em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, o cineasta Ariel Ortega trabalha justamente na perspectiva de resgatar a tradição oral do povo guarani mbya, muito mais numeroso e com uma língua falada em vários Estados brasileiros. “De manhã, quando a gente acordava, e todos os saberes do dia a dia eram contados ao redor do fogo, tinha que prestar atenção”, lembra sobre uma tradição que perdeu força com a chegada de novas atividades, como as escolas.

Em 2007, Ortega enxergou a oportunidade de fazer as rodas de histórias, com mitos e fatos passados da comunidade, presentes novamente. “Com a chegada da tecnologia, quando a gente teve o acesso às câmeras de filmar, fomos aprendendo que poderíamos usar essas tecnologias para resgatar histórias antigas, mitologias, conversando e registrando essas falas dos mais velhos”, conta.

No início, houve desconfiança, e o cineasta precisou convencer aos poucos a comunidade. “No começo, os mais velhos principalmente tinham certo cuidado para não falar muito. Muitos não queriam ser gravados”, lembra. Mas Ortega insistiu na necessidade de que os conhecimentos ancestrais fossem registrados. “Fui explicando muito bem a importância desse registro. Falei que muito dos nossos saberes e conhecimentos foram se perdendo porque a gente não tinha acesso a essas tecnologias”.

Desde então, Ortega já produziu cinco filmes, mesmo com dificuldades, como a falta de recursos. “A gente faz sem grana mesmo”, diz o artista que teve as produções exibidas em diversos festivais no Brasil e no exterior.

Mesmo sendo um defensor do uso da tecnologia, Ortega diz que tenta alertar os mais jovens para os perigos dos novos aparelhos que chegam com força às aldeias. “A tecnologia de celular tem muitas coisas boas. Mas ele tira uma coisa muito sagrada: a conexão com o que é real, com a natureza. Você ir pescar no rio, ver as estrelas à noite. Você não está mais ouvindo os pássaros cantarem. Você para de ir à casa de reza, para de meditar, porque foca horas no YouTube, nas redes sociais”.

(Fonte: Agência Brasil)

O pequeno helicóptero espacial Ingenuity, da agência espacial norte-americana, a Nasa, subiu aos céus de Marte às 11h50 (horário de Lisboa). A manobra era esperada com grande expectativa pelos controladores da missão, devido à fina atmosfera marciana.

Os primeiros dados recebidos informavam que tudo ocorreu como previsto e pouco depois chegou a confirmação de que o teste foi executado com perfeição.

As imagens transmitidas pela Nasa mostram a equipe comemorando, depois de terem recebido as primeiras informações e um pequeno vídeo, registrado pelo rover Preserverance, revelando o pequeno voo do Ingenuity.

De acordo como a equipe da Nasa, o helicóptero fez um curto voo vertical e subiu a uma velocidade de 28 metros.

Uma entrevista coletiva dos controladores da missão está prevista para as 15h, quando eles darão mais detalhes sobre o voo teste.

(Fonte: Agência Brasil)

A ceramista pernambucana Socorro Rodrigues (foto destaque), 66 anos, completados na última quarta-feira (14), carrega a tradição da arte popular da família. O interesse pelos trabalhos feitos do barro veio de acompanhar o pai Zé Caboclo, um dos primeiros seguidores de Mestre Vitalino, um símbolo dessa cultura popular no Alto do Moura, em Caruaru, Pernambuco. Socorro começou a esculpir pequenas peças de brinquedos já aos seis anos e aos nove fazia peças para vender. Toda essa experiência de vida, Socorro vai contar no encontro virtual que o Museu do Pontal, do Rio de Janeiro, vai fazer nesta segunda-feira (19), às 17h.

A arte popular, no Alto do Moura, começou como uma tradição masculina a partir da obra do Mestre Vitalino, seguido por nomes como o pai de Socorro, por Manuel Eudócio e por Manuel Galdino, entre outros. As gerações seguintes começaram a mudar este comportamento, e as mulheres passaram a ser reconhecidas como artistas e ceramistas.

A proximidade da participação do encontro virtual, que ela vê como mais um incentivo para tornar a sua arte conhecida, a deixou ansiosa. “Com esses tempos difíceis e a situação toda que está o nosso país, mas que se Deus quiser vai passar, né? Aí é muito importante. É mais uma divulgação para a gente poder vender. A pessoa fica mais conhecida, como eu estou vendendo na internet”, informou, à Agência Brasil, acrescentando que o seu site foi feito pela neta.

Preservação

Na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas, foram as mulheres que começaram a tradição de arte cerâmica, como dona Isabel Mendes da Cunha, da comunidade Santana do Araçuaí; e Noemisa, de Caraí; entre outras. Há cerca de 20 anos, o fotógrafo mineiro Lori Figueiró tem feito registros de benzedeiras e parteiras, como forma de preservar a cultura popular da região. Nesse tempo, tem encontrado muitas histórias, como a da dona Generina Isidório da Silva, uma benzedeira de 106 anos, que está completamente lúcida e tem tataranetos. Lori contou que a conhece há mais de 10 anos e, durante esse tempo, vem fazendo registros fotográficos dela, de Blandina Silva Souza, mais conhecida como dona Baranda, que tem mais de 90 anos e não é possível precisar a idade porque perdeu os documentos e de Vera Lúcia Marques de 72 anos. Todas as três moram em Araçuaí, no médio Jequitinhonha. “Eu venho fotografando constantemente com a ideia de fazer um livro em homenagem a essas três benzedeiras. Nenhuma delas está deixando seguidores. As três lamentam”, completou Lori à reportagem da Agência.

Tantos registros depois de várias manifestações artísticas, pela primeira vez Lori vai participar de uma live. Embora seja sobre um assunto que conhece bastante, está com grande expectativa e com certa ansiedade para falar dos conhecedores tradicionais, como costuma chamar os artistas, especialmente, da região do alto e do médio Vale do Jequitinhonha. “Eu registro benzedeiras, parteiras, artesãos de um modo geral, os grupos de congado, tambozeiros de Nossa Senhora do Rosário, as pessoas que ainda fazem os saberes mais tradicionais mesmo, a farinha de mandioca, a rapadura. Trabalho com essas pessoas”, disse.

Para Lori Figueiró, parte do trabalho que faz é o registro do fim de uma era, uma vez que alguns ofícios não estão sendo repassados para novas gerações, como é o caso de quem produz a farinha e a mandioca pelos métodos tradicionais. “Os mais jovens não querem mais este tipo de trabalho ou esse tipo de ofício”, observou.

Essa situação, conforme o fotógrafo, muda um pouco quando a manifestação cultural é mais relacionada à cerâmica e às esculturas em madeira. “Acredito que isso vai perdurar um pouco mais, mas as benzedeiras, as pessoas que fazem algum tipo de culinária, isso vem se perdendo muito. Os jovens não querem muito, e os pais e avós não estão conseguindo repassar”, completou, destacando que uma das razões é o maior interesse pelas redes sociais.

Segundo o fotógrafo, em 2011, quando fez um trabalho em Jenipapo de Minas, a associação das tecelãs do local tinha em torno de 60 mulheres e, hoje, está praticamente fechada. Na mesma época, a associação de tecelãs da cidade Berilo tinha 120 pessoas e, agora, em torno de sete pessoas entre homens e mulheres trabalhando no tear. “Isso vem se perdendo”, completou.

“Embora eu fale que venho registrando o final de uma era, ainda tem muita coisa para registrar. É impressionante a força do povo, principalmente, as mulheres que são a força motriz do Vale”.

Para Joana Corrêa, que vai ser a mediadora do encontro, o aprimoramento técnico dos artistas vem colaborando para a preservação de parte da cultura popular da região. Ela é carioca, mas se mudou para o alto do Jequitinhonha de onde acompanha os trabalhos de artistas locais. O encontro virtual, na visão dela, vai permitir também o debate de uma arte feita por mulheres, que originalmente era produzida por homens. Como antropóloga, ela disse que a ação do tempo não consegue preservar tudo e, cada geração, traz uma nova contribuição. “Eu não tenho um olhar negativo com relação a essas mudanças. Os jovens vão encontrar os seus caminhos. O que tem hoje de produção cerâmica no Vale do Jequitinhonha, em relação há 20 anos, é infinitamente mais amplo e complexo”, observou, concordando com Lori, que no caso das benzedeiras isso é mais difícil.

Encontro

Além de Socorro Rodrigues e do fotógrafo Lori Figueiró, o encontro vai ter a presença da ceramista Ducarmo Barbosa, de Minas Novas e Turmalina, em Minas Gerais, e da ativista cultural e congadeira quilombola Sanete Esteves de Sousa, do Quilombo Mocó dos Pretos, em Berilo, também em Minas. Sanete vai mostrar também os aspectos intersecções sociais e raciais que se misturam nos desafios de ser liderança e artista da cultura popular. “O Vale sempre foi tratado como muito caboclo, mas, na verdade, tem uma tradição negra, da região das Minas fundada por uma população majoritariamente de origem africana. Essa tradição muitas vezes é apagada. A Sanete traz essa força e muita raiz do Vale”, disse Joana em entrevista à Agência Brasil. 

Livro

O encontro vai celebrar, ainda, o lançamento da segunda edição do livro Mulheres do Vale, substantivo feminino, de Lori Figueiró, pelo Centro de Cultura Memorial do Vale, no Serro. |Além de fotos, a publicação traz depoimentos das pessoas que fazem algum tipo de trabalho, que, segundo o autor, deve ser preservado e poemas sobre elas. “É uma seleção de imagem de um vale mais tradicional e mais preservado. As casas com seus fogões de lenha, as paredes revestidas de imagens sacras misturadas com fotografias dos parentes, As benzedeiras, as mulheres que foram parteiras, as artesãs. O livro tem esse conjunto de imagens mais tradicionais do Vale”, revelou. A primeira edição foi em 2019. 

(Fonte: Agência Brasil)

O Sítio Roberto Burle Marx, onde morou e fez experimentos o mais famoso dos paisagistas brasileiros, é candidato a entrar para a lista do patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) este ano.

Localizado em Barra de Guaratiba, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, o sítio abriga uma coleção de mais de três mil e quinhentas espécies de plantas de regiões tropicais e semitropicais.

Burle Marx comprou a propriedade em parceria com o irmão, Siegfried, em 1949, e fez dela um laboratório para conhecer o comportamento da flora brasileira, até então pouco valorizada nos projetos paisagísticos.  A partir dessas experiências, ele criou o jardim tropical moderno, que representou “uma mudança de paradigma no paisagismo, uma grande contribuição para a humanidade”, explica a diretora do sítio, Claudia Storino.

Boa parte das plantas que podem ser vistas no sítio hoje veio das excursões que Burle Marx fazia pelos diversos biomas brasileiros. O arquiteto e paisagista José Tabacow participou de várias delas, primeiro como estagiário e depois como sócio de Burle Marx. Ele relembra que a única situação que deixava o amigo irritado durante as viagens eram os flagrantes de destruição do meio ambiente. 

O auxiliar em preservação e defesa ambiental, Sinval Pereira Filho, que começou a trabalhar no sítio aos 20 anos, ainda sob o comando de Burle Marx, conta que, nessas expedições, o paisagista chegou a descobrir cerca de 50 novas espécies, muitas batizadas com o seu nome, como o orthophytum burle-marxii (foto).

Na visita ao sítio, também é possível apreciar como o paisagista aproveitou material de prédios demolidos em calçamentos, cascatas, portas e fachadas na propriedade. “Ele foi precursor em muitas coisas”, diz a educadora Suzana Bezerra, que apresentou o espaço à equipe do Caminhos da Reportagem e ressaltou a genialidade do artista.

Na casa onde Burle Marx morou são preservados alguns objetos pessoais, como óculos, roupas e calçados, assim como um vasto acervo de obras do paisagista, que era um artista de múltiplas faces: pintor, escultor, designer de joias e até cantor de ópera. A professora de História da Arte da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Vera Beatriz Siqueira,  avalia que tanto no paisagismo quanto na pintura a produção de Burle Marx mantém vínculos com as nossas tradições culturais, com a nossa realidade e com a nossa paisagem mesmo quando se apresenta na forma abstrata. “Ele cria uma espécie de ambiente que eu chamo de ecologia da forma moderna”, explica a professora.  

As salas também abrigam a enorme coleção de arte popular que Burle Marx adquiriu ao longo da vida. A auxiliar de serviços gerais, Maria Goreti Ferreira de Lima, que começou a trabalhar na casa durante os preparativos para a festa de 80 anos do paisagista, diz que limpa as peças com mãos de seda e zela para manter viva a memória do Seu Roberto, como se refere a ele.

“Se eu procurei compreender o jardim aplicado à nossa natureza, vamos dizer, à nossa natureza humana e sobretudo às necessidades brasileiras, é porque eu não quero fazer apenas jardins para uma casa de milionários. Eu gostaria de fazer jardins que o povo pudesse participar”, eternizou Burle Marx, em entrevista ao programa O Mundo Mágico, que faz parte do arquivo da TV Brasil.

Preocupado com a preservação do seu acervo, Burle Marx doou o sítio ainda em vida para o governo federal, em 1985, nove anos antes de morrer. Hoje, o espaço está sob a responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan.  Carlos Alberto Moreira da Silva, coordenador da manutenção do acervo botânico, conta que o desafio dos funcionários mais antigos agora é preparar os mais novos para cuidar desse presente deixado pelo paisagista. “As pessoas precisam saber disso aqui pra dar o valor que o sítio tem e merece”, afirma. 

Herdeira do escritório de paisagismo criado por Burle Marx, a paisagista Isabela Ono comemora a candidatura do sítio a patrimônio mundial. No fim de 2019, ela e os dois sócios criaram o Instituto Burle Marx com a finalidade de tornar público também o acervo de projetos, croquis, fotos, maquetes, entre outras peças, que pertencem ao escritório. “Estamos na torcida. Só junta forças pra celebrar esse legado tão importante e tão grande que o Burle Marx deixou pra nós”, diz Isabela. Por causa da pandemia, a reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco será realizada on-line este ano, entre os dias 16 e 31 de julho. 

Caminhos da Reportagem “Sítio Roberto Burle Marx, um legado para a humanidade” vai ao ar neste domingo, às 20h, na TV Brasil. 

(Fonte: Agência Brasil)

Programa de qualificação profissional que une jovens e empresas, o Qualifica Mais reabriu as inscrições para o processo seletivo. Os interessados poderão se inscrever até o próximo dia 25, por meio de um novo acesso para inscrição.

Parceria entre a Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia e o Ministério da Educação, o programa deve qualificar mais de 6 mil profissionais em três áreas de tecnologia da informação e comunicação: programador web, programador de dispositivos móveis e programador de sistemas. Os cursos terão duração de cerca de 200 horas cada um. Além da qualificação, os estudantes que concluírem os cursos serão auxiliados para inserção no mercado de trabalho.

Atualmente, o programa opera em 11 regiões metropolitanas: Salvador, Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Florianópolis, Joinville (SC), Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Campinas (SP). A primeira fase de inscrição foi aberta em março  e durou quase um mês. Com a reabertura do prazo, o governo pretende preencher as vagas restantes.

De acordo com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, a escolha dos estudantes está sendo realizada pela plataforma EduLivre. Nesse ambiente virtual, os candidatos participam de uma trilha educacional, onde recebem informações sobre postos de trabalho e cursos na área e resolvem alguns exercícios sobre o conteúdo apresentado.

A trilha ficou aberta até a última segunda-feira (11). Quem se inscreveu e concluiu os módulos teve a inscrição validada na quinta-feira (15). Os candidatos que iniciaram a trilha, mas não concluíram, devem preencher novamente o formulário de inscrição e escolher, ao término, duas opções de cursos.

Os novos inscritos que forem selecionados receberão o e-mail de pré-matrícula no próximo dia 29. Os calendários foram adiados em duas semanas, e as aulas devem ter início a partir de 24 de maio.

O Qualifica Mais tem um canal para auxiliar os candidatos na fase das inscrições e matrículas, as dúvidas podem ser encaminhadas para o e-mail [email protected]. Outras informações estão disponíveis na página do programa na internet.

(Fonte: Agência Brasil)