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Com a mudança repentina da dinâmica na vida das pessoas devido à chegada da pandemia de covid-19 e a necessidade de todos repensarem a forma de continuar desenvolvendo suas atividades em meio ao isolamento social, a arte de rua ganha destaque em um museu “on-line” que já existe há dez anos e, agora, está incluindo em sua plataforma 500 novos artistas.

São cerca de 2 mil obras catalogadas, informações em texto, vídeo, serviço de geolocalização e sugestão de roteiros, que podem ser vistos de forma totalmente digital, aberta e gratuita. Segundo os idealizadores do projeto, o “site” Arte Fora do Museu, funciona como uma plataforma colaborativa para divulgar os artistas e seu trabalho, a fim de que ele seja percebido, reconhecido e valorizado nos grandes centros urbanos.

A maior parte das obras catalogadas está em locais públicos e de livre visitação na cidade de São Paulo e, pelo “site”, é possível visitar esses locais como se faria em um museu físico. Entre os artistas disponíveis, estão Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Lasar Segall, assim como grandes nomes da “street art” como Os Gêmeos, Kobra e Invader, passando ainda por arquitetos da importância de Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha e Artacho Jurado.

A visitação pode ser feita escolhendo os artistas, o tema ou criando o próprio roteiro, escolhendo quais obras farão parte da visitação do usuário.

“Por meio do ‘site’, procuramos levar o mundo físico para o digital e ser um suporte para o mundo fÍsico por meio do digital, servindo como um guia da cidade e das obras de arte do mundo inteiro. O ‘site’ já nasceu como catálogo de obras de arte e vai tomando esse caráter mais político, sem que pudéssemos prever isso. Com a pandemia, percebemos o quanto é importante ter uma ferramenta que propicie essa funcionalidade de poder visitar o museu sem sair de casa”, disse um dos responsáveis pelo Arte Fora do Museu, Felipe Lavignatti.

Para Lavignatti, o acervo tem grande importância para chamar a atenção e valorizar a arte urbana no espaço público, já que, muitas vezes, essas peças são abandonadas, são alvos de vandalismo ou nem mesmo são percebidas, seja lá qual o tipo de arte.

“Durante a pandemia, imagino que seja mais um escape para as pessoas, porque acredito que há uma necessidade de consumo de cultura muito grande. O Arte Fora do Museu é um prato cheio porque tem muito conteúdo e muita cultura para ser absorvida e admirada. E serve como um aperitivo para a pessoa ver o que poderá observar ‘in loco’ quando tudo isso acabar”, ressaltou.

(Fonte: Agência Brasil)

Hoje é dia de o BLOG DO PAUTAR abrir espaço para o projeto LITERATURA MARANHENSE... O principal objetivo dessa iniciativa é apresentar textos de escritores de nosso Estado... Então, aproveite... Boa leitura!

(Prefácio à 2ª edição do livro de poesias “Outono”, de Manoel de Souza Lima [1889-1941], um dos primeiros escritores com obra publicada na região sul-maranhense, homenageado no 17º– Salão do Livro de Imperatriz – Salimp 2019)

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Que eu me lembre, desde que fundei a Academia Imperatrizense de Letras (AIL) em 1991, pelo menos, dois assuntos mantiveram-se recorrentes em saudáveis conversas e em acaloradas discussões por parte de Acadêmicos, na Academia e além.

Um desses assuntos tem a ver com a autoria do livro “O Sertão – Subsídios para a História e a Geografia do Brasil”, publicado em 1924 e com, pelo menos, outras três edições, que leva a assinatura – considerada alonímica – da professora sul-maranhense Carlota Carvalho.

O outro assunto diz respeito a quem seria a primeira pessoa, imperatrizense de nascimento, a ter lançado livro.

Quase três décadas se passaram e, ante o que se sabe ou que existe para saber, os Acadêmicos da AIL terão de buscar novas esfinges para decifrar, pois aqueles dois “enigmas” já podem ser considerados desvendados.

Como assunto ou referência, a autoria de fato da obra “O Sertão”, além do tempo e talento de Colegas de Academias, já ocupou páginas de livros, monografias acadêmicas, jornais e espaços digitais na “internet”. Em um opúsculo que escrevi (“O Sertão é Nosso – Da Autoria de um Livro”, inédito), creio ter revisado a maior parte dos trabalhos sobre a questão, além de expor boas informações e argumentos outros e dar a conhecer a localização e fazer a citação de registro, em uma obra maranhense de 1957, onde, de modo claro, revela-se o autor de fato de “O Sertão” – João Parsondas de Carvalho, que, por sua vez e de sua vontade, legou à própria irmã, Carlota Carvalho, o direito de ter o nome no frontispício da grande obra que enriquece a História e a Geografia maranhense, regional e brasileira. Claro, o nome de Carlota perdurará “ad aeternum” na capa, na folha de rosto, na ficha catalográfica e nas muitas referências (feitas e a se fazerem) sobre ou a partir daquele livro, pois o objeto das discussões e pesquisas sobre o tema não é o de pôr o nome de Parsondas de Carvalho no alto do “O Sertão”, mas, sim, (r)estabelecer uma verdade. Se o próprio Parsondas quis que seu livro fosse assinado com o nome de sua irmã, que autoridade nós outros teríamos para substituí-lo? Como digo em “O Sertão é Nosso”: “(...) não é necessário que, para estabelecer-se como tal, a verdade precise ir para a frente de um livro. // Pois, sem motejo, o de que menos precisa uma verdade é de capa. // Verdade é sobretudo conteúdo. // E, comprovadamente, como se sabe e se comprova, conteúdo Parsondas de Carvalho tinha. De sobra”.

Quanto ao segundo assunto, sobre quem seria o primeiro autor ou escritor imperatrizense, a pessoa de Imperatriz a ter lançado o primeiro livro, eis que a dúvida também não varou o terceiro decênio da Academia Imperatrizense de Letras, em cujo ambiente ela, a dúvida, foi gerada. Há fundadas razões para se ratificar que, até onde se sabe e até onde têm ido pesquisas e fatos, a professora e servidora pública Edelvira Marques de Moraes Barros (1930–2007), nascida imperatrizense, é a primeira pessoa, entre as filhas e os filhos da “Princesa do Tocantins”, a publicar um livro – no caso, “Eu, Imperatriz”, sobre a história da cidade, lançado em 19 de março de 1970. (Foi exatamente esta data, e em função dela, que, quando vereador, redigi o projeto, tornado lei – nº 1.468/2012 –, criando o “Dia do Livro Imperatrizense”).

Entretanto, até há bem pouco, Manoel de Souza Lima (chamado Professor Saboia, que nasceu exatos três meses antes da Proclamação da República brasileira, em 15 de agosto de 1889, e faleceria aos quase 53 anos, em 11 de junho de 1942), era dado como o primeiro imperatrizense a ter escrito e lançado livro, aliás, mais de um... – e em nenhum deles com temática relacionada a Imperatriz (o que somente em 2019 fica-se sabendo o porquê).

O primeiro livro de Souza Lima, o romance “Sete Lagoas ou Igapó Seié”, é de 1927; o segundo é de 1931, o também romance “O Tupinambá”, mais conhecido em Imperatriz, onde se publicou sua 2ª edição, de 2015. Inéditos, Souza Lima deixou um terceiro romance (“Mistérios das Selvas”) e “Contos Indígenas”. Também três seriam os livros de poesia: “Soluços e Gorjeios”, “Poesias da Natureza” e este “Outono”, a primeira obra poética de Souza Lima em livro, cuja 1ª edição é póstuma, de 1993, 51 anos após o falecimento do autor.

Souza Lima devotou seu talento para obras indianistas, como o revelam os títulos de seus quatro livros em prosa. Viveu a maior parte de sua vida no interior do Estado do Tocantins (à época, Goiás), para onde se mudou e onde casou, gerou sete filhos e morou até sua morte. O escritor Manoel Messias Tavares, da Academia Tocantinense de Letras, que conheceu pessoalmente Souza Lima, no prefácio que fez à 1ª edição de "Outono", reconheceu o fortíssimo vínculo do escritor grajauense com as terras tocantinas: “O poeta tinha a alma impregnada da paisagem tocantinense [...]”.

Mesmo no várias vezes reeditado e atualizado, “Perfis Acadêmicos AIL”, como na edição de 2016, dá-se Imperatriz como terra natal de Manoel de Souza Lima e se descarta, peremptoriamente, outra cidade como berço do grande homem de letras sertanejo.

Então, repita-se e reforce-se: Imperatriz não é o município, não é a cidade de nascimento de Manoel de Souza Lima. Corolário disso, diversas asserções terão de contemporizar e diversos textos terão de ser reescritos ou ganharem nota explicativa, de rodapé, em futuras reedições.

Em texto dado a conhecer na Imprensa em setembro de 2019, e que integra este livro como “nota do organizador”, o escritor e editor Ribamar Silva, membro da AIL, após pesquisas determinadas pela Academia, estabeleceu (para mim, sem margem de dúvida), com base em documentos, testemunhos e até “pistas” indescartáveis contidas em textos de poemas, que Manoel de Souza Lima – tchan tchan tchan tchaaaaan! – nasceu no município maranhense de Grajaú.

A História registra que não foi só Souza Lima que veio de Grajaú: Imperatriz também é filha desse território, conforme documento “Genealogia dos Municípios Maranhenses”, do IBGE. Até por isso, a Academia Imperatrizense de Letras assume como irmão o autor grajauense e o coloca como patrono do tema do Salão do Livro (Salimp) do ano de 2019 – “Vultos Literários do Sertão Maranhense”.

É por essa justa causa que a AIL, a Ethos Editora e a Estampa Encadernações outonearam na primavera e trouxeram a(o) público a 2ª edição de “Outono”, cuja edição “princeps” é rara e há mais de um quarto de século esgotada, procurada por bibliófilos locais e regionais.

Esta edição de “Outono” – que o organizador Ribamar Silva me intimou a prefaciá-la – reúne os mesmos 69 poemas da edição original. Desses, 26 são poemas com estruturas ou formas variadas, mas 43 apresentam-se na forma fixa do soneto, o modelar soneto italiano ou petrarquiano, aquele mais conhecido, mais praticado, com duas estrofes de quatro versos (os quartetos) e duas de três versos (os tercetos). (Os sonetos ingleses ou shakespearianos somam três quartetos e uma estrofe de dois versos, os dísticos. Os sonetos cujos 14 versos não se separam são chamados monostróficos).

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Qualquer dos poemas, independentemente de sua forma ou tema, logo deixa ver o assenhoreamento de Souza Lima da arte poética, digamos assim, de estro clássico. Em relação aos sonetos, são quase todos decassílabos, um deles dodecassílabo e dois heptassilábicos. (Anote-se, sem intenção que não histórica mais que literária, que Souza Lima ora em vez foge à métrica e um e outro soneto apresenta um ou outro verso com número de sílabas poéticas diferente da metrificação majoritária. Por exemplo, em “Quem sou eu”, soneto decassilábico (dez sílabas), aparece um verso hendecassílabo (onze sílabas): “É mínima; meu preparo é pequenino”. Em “Dolor mea”, o verso díspar, de onze sílabas, apresenta-se logo na primeira linha da estrofe inicial: “Meu Deus, que fiz eu da minha mocidade”. Em “Tagore não morreu”, onde saúda o grande poeta da Índia, os versos, considerada uma ou outra particularidade da escansão/metrificação, apresentam, no geral, doze sílabas, mas uns quatro deles (ou mais, dependendo de como escandir) têm onze sílabas... e um com treze sílabas: “Deixaste neste mundo um rastro resplandecente”).

Sublinhe-se que essas “puladas de cerca” do formalismo da versificação surgem aqui e acolá mas nem de longe (nem de perto) comprometem a beleza e mestria com que Souza Lima compõe e rege suas sinfonias de palavras. Ele, rediga-se, sabe o que faz, ou fez.

Outono é estação de colheita. Souza Lima colhe frutos de sua vida e das impressões acerca de seu derredor e seu interior e assim alimenta seus poemas. A natureza e o amor e aspectos da própria vida do autor (infância, família...) são temas predominantes nos poemas de “Outono”, que se completa com versos de cunho espiritual/religioso, crítica social, metapoesia e pouquíssimos outros.

Manoel de Souza Lima escreve bem e belamente. Traz para seus poemas desde o romantismo de sua infância (com suas memórias meninas) até a infância de seu romantismo (quando, jovem, lhe nasceram os primeiros laivos de amor). Seu vocabulário é preciso e rico, que não causa estranheza se considerarmos os “ambientes” literários que se entrecruzaram com o período de vida de Souza Lima – Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo... Assim, sói estarem presentes em diversos versos termos como “umbrosa” (sombria), “Hélade”, “himeneu” (casamento), “coma” (cabelo grande), “nadir” (ponto mais baixo), “levantino” (nascente, oriente), “cano” (que tem cabelos brancos), loução, grimpa, taful, entisica (enfraquece, definha), entre outros.

Acerca do que retrata, do que diz a poesia manoeliana, Messias Tavares já deu fartas exemplificações em seu prefácio inaugural, que, aliás, é aqui reproduzido, em boa hora e como deve, enriquecendo sobremaneira esta segunda edição de “Outono”.

O maranhense de Grajaú e goiano-tocantinense do Maranhão, romancista, contista e poeta Manoel de Souza Lima honra as letras brasileiras. Com óculos no sofá ou sob a lupa em laboratório literário, suas obras deveriam ser lidas e analisadas. Nelas há um universo rico – na linguagem e ambientes, nas “coisas” e personagens, nos sentidos e sentimentos...

Outono é preparo e semeadura. Cultivo e cultura. Seara e messe. Ceifa e sega. Colheita e consumo.

“Outono” não é só um livro... Não é só uma época do ano...

“Outono” vai além.

Além das quatro estações.

* EDMILSON SANCHES

O resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do segundo semestre de 2020 já está disponível no “site” oficial do Sisu. Para fazer consulta, o candidato deve informar o número de inscrição e a senha. O período para matrícula da chamada regular será de 16 a 21 de julho. O resultado foi divulgado, na manhã desta terça-feira (14), pelo Ministério da Educação (MEC).

Ao todo, mais de 814 mil inscrições foram feitas. Segundo o MEC, mais da metade desses estudantes – 424.991 – disputam 51.924 vagas ofertadas em 57 instituições públicas de educação superior do país.

Pela primeira vez, o Sisu oferece vagas na modalidade ensino a distância (EaD). Além de ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019, os candidatos não podem ter zerado a redação. Quem fez o exame na condição de treineiro não pode participar.

De acordo com o edital do programa, a ordem dos critérios para a classificação de candidatos é a seguinte: maior nota na redação, maior nota na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias; maior nota na prova de matemática e suas tecnologias; maior nota na prova de ciências da natureza e suas tecnologias e maior nota na prova de ciências humanas e suas tecnologias.

Lista de espera

Quem não for selecionado nesta primeira chamada deverá manifestar o interesse em participar da lista de espera, por meio da página do Sisu na “internet”, entre hoje e 21 de julho.

A partir daí, a convocação começa a ser feita no dia 24 de julho pelas instituições para preenchimento das vagas em lista de espera. Os selecionados devem observar prazos, procedimentos e documentos exigidos para matrícula ou para registro acadêmico, estabelecidos em edital próprio da instituição, inclusive horários e locais de atendimento por ela definidos.

(Fonte: Agência Brasil)

Com o surgimento da pandemia da covid-19, da noite para o dia, professores e alunos tiveram que se acostumar e se reinventar na forma de aprender e de ensinar: com aulas “on-line” e vídeoaulas, entre outras ferramentas, os educadores se viram diante de novos desafios, aos quais estavam pouco ou nada preparados.

Embora o ensino a distância (EaD) já seja realidade para os adultos que fazem cursos técnicos, graduação e pós-graduação de forma “on-line”, para crianças e jovens a modalidade ainda está em crescimento, mesmo que não seja uma novidade, explica o professor e autor de livros didáticos Ismael Rocha.

“Há muito tempo, diversas escolas praticam o ensino híbrido. A partir do momento em que utilizam diferente plataformas de ensino e aprendizagem, estão trabalhando com o ensino híbrido. Quando há uma excursão para visitar um museu, uma área de mata, essas visitas representam ensino híbrido, que é algo que acontece na sala de aula e fora dela”.

O que não estava estruturado, diz Ismael, era o uso constante do “on-line”. “O que nós não tínhamos antes da pandemia era o uso das ferramentas virtuais para o trabalho do ensino híbrido, não tínhamos a construção do ‘on-line’, que era muito pouco utilizado. Algumas escolas já tinham uma plataforma onde os alunos podiam tirar exercícios, publicar alguma lista de coisas que tinham feito, mas da maneira sistemática como estamos começando a ver hoje e como teremos daqui para a frente é uma novidade – não o ensino hibrido, mas o ensino a partir do uso de plataformas digitais, o ensino ‘on-line’”, acrescenta.

Considerada tendência na área da educação para o futuro, a mistura entre o ensino presencial e o “on-line”, que prevê um “mix” entre a sala de aula convencional e conteúdos produzidos com apoio de ferramentas de tecnologia, vai invadir mais fortemente a vida do estudante no mundo pós-pandemia. Mas o formato exige muito mais mudança dos professores do que dos estudantes, acredita Rocha, que, também, é diretor da Iteduc, organização pioneira em capacitar professores de educação básica para o ensino “on-line”.

“É uma mudança de paradigma, que vai levar professores e alunos a acreditarem que a plataforma digital é uma ferramenta extremamente útil para o processo de ensino-aprendizagem, principalmente porque a grande maioria dos jovens, desde as crianças, utilizam as ferramentas digitais para o lazer. A relação com o digital para as crianças e os jovens não é uma relação nova, já é presente”.

Nativos digitais

Na visão do especialista, o esforço está em transferir essa habilidade dos jovens para a área da educação. “O trabalho do professor vai ser fazer a transposição, acreditando que essas ferramentas podem trazer e facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Vamos ter dados mais significativos, vamos saber quantos alunos estão entrando na plataforma para fazer a tarefa, para cumprir as atividades. Vamos gerar a possibilidade de trazer para esses alunos informações muito mais criativas e envolventes, ou seja, muda muito e muda para melhor”.

A adoção do método exige uma reorganização do tempo de sala de aula, com novo plano pedagógico. O professor ganha um papel também de mentor, apto a impulsionar os alunos em direção a uma postura crítica, acompanhando as questões individuais e dando vazão ao que melhor funciona no aprendizado de cada estudante. E as diversas plataformas digitais vêm para somar essa relação ensino-aprendizado.

“Temos inúmeras plataformas que permitem esse tipo de interação. Desde as mais simples, que permitem que você faça uma aula e um exercício ‘on-line’, até as mais sofisticadas. Essas ferramentas ainda não são tão fáceis de serem trabalhadas, porque a grande maioria dos professores não é nativa digital, o que gera certa dificuldade para que o processo todo aconteça de maneira tranquila. Os professores estavam acostumados a ensinar, agora eles terão que aprender para ensinar. Certamente, os professores conseguirão dominar essas ferramentas para colocá-las em prática e permitir que o ensino híbrido se torne, cada vez mais, uma realidade”.

Ensino híbrido

Também conhecido pelo termo em inglês “blended learning”, o ensino híbrido se acentuou com o advento da “internet” e nada mais é do que combinar diversas plataformas, como filmes, rádio e televisão, por exemplo. “Quando eu peço que o aluno assista a um filme e, na aula seguinte, tenho um debate sobre o filme, estamos trabalhando com diferentes plataformas para o que o processo de ensino se dê de forma mais intensa, e tudo isso veio de maneira mais forte com o advento da ‘internet’”, afirma Rocha.

Segundo o professor, atualmente quem não tem acesso à “internet” e a computadores pode ficar prejudicado, mas há outras formas. “Os alunos que não têm acesso a essas plataformas ficam prejudicados sim, mas temos experiências em alguns lugares do mundo, com características socioeconômicas parecidas com as do Brasil, em que as aulas foram dadas pelo rádio por meio de emissoras estatais, ou seja, fizeram aulas permitindo que os alunos daquele país pudessem aprender. Se olharmos de uma maneira muito reducionista, entendendo que o ensino híbrido só pode ser feito por meio de ‘internet’ com banda larga, não há dúvida de que realmente há um prejuízo para aquelas crianças e jovens que não têm acesso”.

O ensino híbrido pode ser feito por meio de formas bem conhecidas, lembra Ismael Rocha. “Nós temos estações de TV e rádio estatais, temos a possibilidade de fazer a geração de materiais escolares numa velocidade muito rápida. É muito mais uma decisão política, para que o ensino híbrido possa fazer parte do dia a dia das escolas, do que uma decisão de tecnologia. Um exemplo no Brasil é o famoso telecurso, quando uma série de pessoas conseguiu seu diploma dos antigos primeiro e segundo graus, acompanhando aulas todos os dias pela televisão. Elas não tinham oportunidades de ter aulas presenciais”, diz.

Na opinião do professor, a pandemia traz esse avanço para a educação. “Se tiver um programa de educação que seja formatado de maneira que todos possam ter acesso à informação, certamente nós teremos um ganho. A pandemia traz exatamente esse desenho: a possibilidade de mudarmos definitivamente a realidade da educação no Brasil. Para a educação, não existem limites, existe sim a necessidade de ter boa vontade, porque aprender é algo que o ser humano faz desde quando nasce, desde os tempos das cavernas, por diferentes plataformas. Nós estamos só sistematizando isso”.

Educa Week 2020

Nesta terça-feira (14), no Educa Week, Ismael Rocha e mais três especialistas vão falar sobre o tema, em debate de utilidade pública “on-line”. O debate contará com a participação de algumas das maiores autoridades no assunto: Ismael Rocha, diretor acadêmico do Iteduc (Institute of Technology and Education), Mario Ghio, diretor-presidente do Somos Educação, Guilherme Cintra, head de Tecnologia Educacional do Eleva Educação e Ademar Celedônio, diretor de ensino e inovações educacionais da SAS plataforma de educação.

A Educa Week 2020 vai até domingo (19 de julho). No total, serão mais de 30 painéis com a participação de 70 especialistas, que vão debater o futuro da educação no Brasil e compartilhar experiências de sucesso do ensino-aprendizagem durante a pandemia, entre outras pautas do setor. Para acompanhar os debates, aberto ao público, basta acessar o “site” do evento.

(Fonte: Agência Brasil)

As inscrições para o processo seletivo do Programa Universidade para Todos (Prouni) abrem hoje (13) e vão até a sexta-feira (17). A iniciativa do governo federal oferece bolsas de estudo em instituições de ensino superior privadas.

Os interessados devem acessar o portal do Prouni e consultar as bolsas e cursos disponíveis. No “site” é possível buscar por instituição, município ou área de estudo.

De acordo com o Ministério da Educação, neste segundo processo seletivo, foram disponibilizadas 167.780 bolsas em 1.061 faculdades particulares. Destas, 60.551 são bolsas integrais e 107.229, parciais.

Para inscrição, é preciso ter uma conta no portal de serviços do governo federal.

Pelo Prouni, é possível obter bolsas integrais ou parciais, que custeiem todo o curso ou metade do valor. As integrais são destinadas aos estudantes com renda familiar por pessoa de até 1,2 salário mínimo. Já as parciais beneficiam alunos cujas famílias possuem renda familiar por pessoa de até três salários mínimos.

O Ministério da Educação estabelece como requisitos também o aluno ter conseguido nota de, pelo menos, 450 pontos de média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não ter diploma de ensino superior.

O cronograma prevê, após o fim das inscrições, a divulgação do resultado da 1ª chamada no dia 21 de julho, a comprovação de informações da 1ª chamada até o dia 28 deste mês e o resultado da 2ª chamada no dia 4 de agosto.

(Fonte: Agência Brasil)

O Museu da Língua Portuguesa lançou hoje (13), na capital paulista, o projeto virtual A Palavra no Agora, que estimula o público, a partir de exercícios de escrita, a se expressar sobre o período em que vivemos. O objetivo é ajudar as pessoas a lidar com os sentimentos causados pela pandemia de covid-19.

Os exercícios são baseados em roteiros com perguntas simples, que servem como referência para fazer as pessoas refletirem e transformarem em texto o sentimento sobre o momento. Segundo o museu, os textos produzidos poderão ser compartilhados no próprio “site”. O projeto está disponível gratuitamente em noagora.museudalinguaportuguesa.org.br .

“Vivemos um momento de perdas físicas e simbólicas. A incerteza, a morte, o adiamento de planos, a doença, o isolamento, a crise econômica, a distância, tudo isso tem um impacto enorme na vida de todos os brasileiros. Na ausência do acolhimento físico, do contato, o que nos une hoje são as palavras, ditas e escritas”, explica Marília Bonas, diretora-técnica do IDBrasil, organização social que gerencia o Museu da Língua Portuguesa.

O projeto disponibiliza trechos de obras literárias que falam sobre o sentimento de perda, resenhas de livros e filmes que, de alguma forma, tratam do assunto. Os participantes também podem tomar a iniciativa de sugerir obras que possam apoiar e inspirar outras pessoas neste momento.

O Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do governo do Estado de São Paulo, e está em reconstrução. Em 2015, um incêndio, que atingiu três andares e sua cobertura, destruiu o local.

(Fonte: Agência Brasil)

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na última quinta-feira (9), a Medida Provisória 975/20, que cria um programa emergencial de crédito para pequenas e médias empresas. Os empréstimos concedidos contarão com até R$ 20 bilhões de garantia da União, complementando o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), também aprovado no Congresso Nacional e que já está em execução.

Para o deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA), a chamada MP do Crédito é de extrema importância. “Ela reduz burocracias, diminui os juros e estende o prazo de pagamento dos empréstimos. Ou seja, quebra as travas para que o dinheiro chegue finalmente aos empreendedores. Salvar as empresas e os negócios neste momento é fundamental para a retomada da economia no pós-pandemia do coronavírus”, avalia.

O relator da MP 975 foi o líder do Democratas na Câmara, Efraim Filho (PB), que acredita que serão movimentados cerca de R$ 80 bilhões. “Esta é a proposta mais ousada e completa de liberação de crédito. O recurso que está parado nos bancos vai virar dinheiro para micro e pequenos empreendedores, que geram emprego, renda e oportunidade. A crise é gigante e quem quer empregar não pode ficar preso numa burocracia sem fim”, ressalta.

Instituições financeiras participantes do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac-FGI), criado pela Medida Provisória, poderão contar com garantia de 30% do valor total emprestado a empresas com receita bruta de R$ 360 mil a R$ 300 milhões em 2019. A contratação poderá ser feita até 31 de dezembro, com carência de 6 a 12 meses. O prazo para pagar será de 12 a 60 meses, com taxa de juros definida pelo regulamento do programa.

O deputado Juscelino Filho ressalta outra novidade: a criação do Peac-Maquininhas, que usará como garantia os valores a receber de vendas feitas pelas empresas por meio das máquinas de cartões. “Mais uma vez, a Câmara ouve o clamor dos setores afetados pela crise da Covid-19 e aprova uma importante medida do governo. Como sempre digo, o diálogo e essa atuação conjunta é o caminho para superarmos tudo isso”, acrescenta. A MP 975/20 segue para apreciação do Senado.

(Assessoria de comunicação)

No Brasil de 1990, uma em cada cinco crianças e adolescentes estava fora da escola, e uma em cada dez, entre 10 e 18 anos, não estava alfabetizada. A cada mil bebês nascidos vivos no país naquele ano, quase 50 não chegavam a completar um ano, e quase 8 milhões de crianças e adolescentes de até 15 anos eram submetidas ao trabalho infantil.

Para pesquisadores e defensores dos direitos dessa população, o país deu um passo importante para mudar esse cenário naquele ano, quando foi publicado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 30 anos hoje (13).

Passadas três décadas, o percentual de crianças e adolescentes fora da escola caiu de 20% para 4,2%, a mortalidade infantil chegou a 12,4 por mil, e o trabalho infantil deixou de ser uma realidade para 5,7 milhões de crianças e adolescentes.

O estatuto considerado parte desses avanços é fruto de um tempo em que a concepção sobre os direitos das crianças e adolescentes mudou no país e no mundo. O coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mario Volpi, conta que o Brasil participou, ativamente, das discussões internacionais que culminaram, em 1989, na Convenção sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), assinada por 196 países.

Mesmo antes de esse acordo ter sido ratificado no Brasil, em 1990, os conceitos debatidos na ONU contribuíram para a inclusão do Artigo 227 na Constituição Federal de 1988. A partir dele, tornou-se “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

Aprovado dois anos depois da Constituição, o ECA parte do Artigo 227 e consolida todo o debate que o antecedeu, declarando crianças e adolescentes sujeitos de direito, aos quais devem ser garantidas a proteção integral e as oportunidades de desenvolvimento em condições de liberdade e de dignidade.

“Foi um processo muito complementar. Em 1988, a Constituição. Em 1989, a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. E, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente. Existe um alinhamento conceitual bastante coerente nesses três documentos jurídicos que estabeleceram essa mudança bastante radical na forma como a infância passa a ser vista pelo país”, explica Volpi. “O ECA é considerado uma das melhores leis nacionais que traduzem a Convenção sobre os Direitos da Criança, e foi usado como referência para a maioria dos países latino-americanos, uma referência histórica”.

A mudança conceitual destacada pelo coordenador do Unicef se dá em relação ao Código de Menores, de 1979. Volpi explica que o texto anterior, revogado pelo ECA, estava inteiramente concentrado na repressão a crianças e adolescentes em situações irregulares, como crianças órfãs, pobres, em situação de rua ou em conflito com a lei.

“Existia uma visão de que, para toda a situação de irregularidade nas pessoas menores de idade, deveria haver uma ação repressiva do Estado para proteger a sociedade”, resgata Volpi. “Criou-se essa divisão entre as pessoas com menos de 18 anos conhecidas como crianças e adolescentes, porque estavam em situação de normalidade, e as que eram chamadas de menores, que era como se referiam a uma criança pobre, desvalida. Ninguém dizia que tinha em casa dois menores, dizia que tinha duas crianças ou dois filhos. Mas, quando se referiam às famílias das crianças mais pobres, diziam que a família tinha dois menores”.

Medidas socioeducativas

Ao substituir o Código de Menores na legislação brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente mudou a Doutrina da Situação Irregular para a Doutrina da Proteção Integral, que distribui a toda a sociedade a responsabilidade por assegurar os direitos das crianças e adolescentes com prioridade absoluta, citando, explicitamente, que esse é um "dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público".

A mudança produziu transformações, mas não apagou a mentalidade enraizada no Código de Menores. "Não fizemos, ainda, uma total mudança das práticas sociais. A lei veio trazendo novas visões, mas a prática social demora muito mais para mudar do que a lei. Nesses 30 anos, houve um grande trabalho de divulgação da lei, de conhecimento, de aplicação, de mudanças positivas, mas existe uma parcela da sociedade que resiste em entender esse conceito de infância como um sujeito de direito”, avalia Volpi, que usa como exemplo o sistema de medidas socioeducativas para crianças e adolescentes em conflito com a lei, apesar de ponderar que há boas experiências no país.

“O país não fez, ainda, um investimento significativo para transformar o que era esse sistema penal de crianças e adolescentes em um sistema educativo”, afirma ele, que lembra que o objetivo das medidas socioeducativas é afastar das práticas criminais os cerca de 26 mil adolescentes que cumprem medidas socioeducativas atualmente no país, e que, para isso, precisam melhorar sua escolaridade, capacitação profissional e seu modo de se relacionar e respeitar outras pessoas. “O sistema socioeducativo está muito focado em punir os adolescentes pelo ato cometido, mas essa é só uma dimensão”.

Para o coordenador da Infância e Juventude da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Rodrigo Azambuja, o ECA sofreu duas crises, ao longo de seus 30 anos: uma de implementação de suas políticas por parte dos governos e outra de interpretação de suas regras por parte dos juristas e da Justiça, de modo a sonegar direitos.

Azambuja também é coordenador da Comissão Especializada de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Conselho Nacional dos Defensores Públicos Gerais (Condege) e contesta a ideia de que as medidas socioeducativas são insuficientes porque têm menor duração temporal.

“Nas questões policiais, o ECA, muitas vezes, é visto como sinônimo de impunidade. Mas as pessoas que falam isso são adultas, e não se lembram de como o tempo é relativo e passa de maneira diferente para as crianças e adolescentes. Se você se imaginar com 12, 13 ou 14 anos, longe da sua mãe e preso, o quão infernal isso poderia ser? Esses meninos são bem responsabilizados, mas isso adequado à realidade e idade deles”.

Apesar das dificuldades, o ECA também serviu de instrumento para reivindicar direitos para esses adolescentes, lembra ele, citando a decisão do Supremo Tribunal Federal que obrigou, no ano passado, o Estado do Rio de Janeiro a soltar adolescentes apreendidos em unidades superlotadas, até que se atingisse a lotação máxima de 119% da capacidade de internos. Azambuja também cita que, durante a pandemia de covid-19, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro cobrou que o governo do Estado garantisse educação à distância aos adolescentes apreendidos e videochamadas com as famílias.

“As unidades deveriam se assemelhar a escolas, mas, ainda, vemos esses espaços como pequenas prisões, com todos os malefícios que isso gera, como uma subcultura criminal, incutindo neles o ideal de que são perigosos, prisioneiros, e moldando a personalidade deles de acordo com essa ideia, o que contraria toda a lógica do Estatuto da Criança e do Adolescente", analisa o defensor.

(Fonte: Agência Brasil)

O Theatro Municipal do Rio de Janeiro (TMRJ) comemora 111 anos nesta terça-feira (14) com uma intensa programação virtual. Como presente, está recebendo 111 depoimentos de artistas de várias expressões culturais do país e de funcionários da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec-RJ), como o da camareira mais antiga, Leila Lopes, há 23 anos no teatro. Os depoimentos serão publicados diariamente no “site” do TMRJ, até o fim do mês.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do TMRJ, Aldo Mussi, destacou que o Municipal “é uma casa de todos”. Para ele, a repetição do número 1, repetido três vezes, “me leva a pensar que, depois de tudo que a gente viveu nesses 111 anos, começar após essa pandemia planetária significa que nós estamos em um recomeço mesmo, de voltar as nossas atenções para os artistas, para o fazer da arte, para a necessidade dessa arte continuar a ser exibida, não importam os meios”.

Irene Orazem em O Lago dos Cisnes - Acervo pessoal/Irene Orazem

Vivência

Para a funcionária na ativa com mais idade, Irene Orazem, de 80 anos, há 72 anos trabalhando no local, o Theatro Municipal “é minha vida”. Irene entrou na antiga escola de dança do teatro com 8 anos de idade; aos 15 anos, passou a integrar o corpo de baile, em 1955. Foi solista, professora, ensaiadora, diretora da Divisão de Dança e, atualmente, é responsável pela produção de figurinos dos balés e óperas. “Dancei todos os balés possíveis que foram montados. Viajei pelo Brasil com o balé. Para mim, o Theatro é o meu dia a dia, meu pão, minha família. Também é a minha casa porque, com 8 anos, 10 anos, eu já estava em cena. É uma vivência muito grande passando por várias fases e obras do Theatro”.

Irene lembrou, contudo, que a situação hoje não é boa. “Já vínhamos sofrendo muito antes da pandemia”, disse, referindo-se aos problemas financeiros do governo fluminense que impactaram, inclusive, no pagamento de salários. Com a pandemia, a situação ficou pior. “Parar de dançar é difícil”. É uma coisa que ela sente muito pelas futuras gerações. Segundo Irene, os concursos para entrar bailarinos mais jovens estão suspensos.

Diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Aldo Mussi - Tomaz Silva/Agência Brasil

Destaques

Mussi salientou que os artistas da casa estão sempre se modernizando e, agora, partem para as apresentações virtuais. “A gente vai fazer uma coisa simplificada, não simples, porque tem coisas muito importantes, porém, com muito amor de todo mundo”. O exemplo foi dado por essas 111 personalidades da cultura nacional que se dispuseram a falar sobre o Municipal, pelos bailarinos que fizeram uma releitura do “Lago dos Cisnes”, chamada “À Margem”. Os músicos da Orquestra Sinfônica do TMRJ e alguns convidados estão preparando também uma apresentação, misturando um concerto de Bach com samba.

O Municipal prepara um “quiz” educativo que será lançado gratuitamente no dia do aniversário por meio das redes sociais e do “site”. O “quiz” consiste em mostrar a imagem de um camafeu com grandes figuras do mundo das artes, entre os quais escritores, dramaturgos e compositores, e ver se a criança descobre quem é.

Ao longo do dia 14, serão realizadas três “lives”: às 11h, às 15h, e a de encerramento, às 18h. O tema será o destino da cultura pós-pandemia e a história do Theatro Municipal. Na série gravações históricas, haverá uma edição especial com gravações de cantores que participaram da primeira temporada lírica do Municipal do Rio, em 1910.

Exposição

Será lançada, também, a Copa de Fotografia 2020, com fotógrafos profissionais e amadores de todo o Estado. É um concurso que existe desde 2018 e do qual o Theatro Municipal foi tema nos anos anteriores. A edição deste ano terá duas categorias. Na primeira, os participantes dos anos passados podem inscrever uma foto antiga, que não tenha participado dos outros concursos.

Na segunda, denominada Lembrança do Municipal, o público poderá enviar uma foto do seu acervo pessoal referente ao Municipal do Rio de Janeiro, que tenha sido tirada em uma visita guiada ou em um espetáculo e que seja publicada nas redes sociais com a “hastag” #111anostheatromunicipal. “As melhores fotos serão expostas nas nossas redes e concorrerão a prêmios”, disse Aldo Mussi.

Vídeos

A programação comemorativa inclui, ainda, o lançamento de vídeos feitos especialmente para o aniversário. Um deles é “À Margem”, uma produção dos bailarinos do Corpo de Baile do TMRJ, com seis episódios que serão exibidos na íntegra no dia 14, em comemoração aos 111 anos. Inspirada no balé “O Lago dos Cisnes”, a série é dirigida pela coreógrafa Patrícia Miranda.

Na semana do aniversário, o Centro de Documentação (Cedoc) do Theatro Municipal vai disponibilizar a exposição sobre Antônio Francisco Braga, o primeiro maestro da Orquestra Sinfônica, com acervo com vídeos, fotos e programas dos quais Braga participou. “Ao longo do mês, vamos soltando algumas surpresinhas que vão aparecer”, prometeu Aldo Mussi.

Entre as personalidades que já gravaram depoimentos sobre o TMRJ estão Gilberto Gil, Glória Pires, o maestro Isaac Karabitchevsky, Tatiana Leskova, Fafá de Belém, Haroldo Costa, Vera Fischer, Totia Meireles, Renata Sorrah, Marcelo Antony, Ary Coslov, João Donato, Toni Garrido, Lenine.

(Fonte: Agência Brasil)

Redes de ensino de todo o país apostam em habilidades socioemocionais para ajudar gestores, professores e famílias a lidarem com o retorno às aulas presenciais quando elas acontecerem. São habilidades como persistência, assertividade, empatia, autoconfiança, tolerância à frustração, entre outras, que podem, de acordo com os especialistas entrevistados pela Agência Brasil, melhorar o aprendizado dos alunos e ser ferramentas importantes para lidar com a pandemia do novo coronavírus.

“Estamos bastante preocupados com esses estudantes que vão voltar. Vai ter estudante que perdeu familiares, que têm familiares na UTI [unidade de terapia intensiva], a gente tem que estar preparado para isso. Estamos, também, preocupados com a questão cognitiva. Nem todos os estudantes tiveram as mesmas condições ou estão tendo as mesmas condições para estudar”, diz a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Cecilia Motta.

O Consed firmou uma parceria com o Instituto Ayrton Senna, que, a partir do dia 16, irá oferecer uma formação aos educadores, gestores e às famílias interessadas sobre as chamadas competências socioemocionais. Os técnicos e equipes de formação das redes de ensino participarão de reuniões fechadas e, a cada 15 dias, serão realizas “lives” abertas, pela “internet”, voltada a professores, famílias de estudantes e demais interessados.

“Estamos vivendo algo sem precedentes na história da humanidade. De uma hora para a outra, tivemos nossas vidas transformadas”, diz o vice-presidente de Desenvolvimento Global e Comunicação do Instituto Ayrton Senna, Emílio Munaro. “Nos deparamos com a situação de escolas fechadas, entre outras. As pessoas perderam o senso do que vai acontecer e se viram diante da imprevisibilidade, o que torna as pessoas ansiosas. Para controlar isso, eu preciso desenvolver minhas habilidades”, acrescenta.

Segundo Munaro, habilidades socioemocionais podem ser aprendidas. Essas competências estão previstas, inclusive, na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que estabelece o que deve ser ensinado em todas as escolas do país. De acordo com a BNCC, os estudantes devem ser capazes de “conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas”.

“A ciência mostrou que, na hora que se desenvolve competências socioemocionais, se potencializa as competências cognitivas. Se uma criança desenvolve resiliência e combina com abertura ao novo, tem desempenho melhor, por exemplo, em língua portuguesa. Ao invés de ensinar uma única fórmula matemática, eu ensino o aluno a sentar e resolver problemas. Com isso, eu associo a técnica de resolver problemas a qualquer disciplina, a física, química, biologia. Desde que aprenda a estrutura mental de resolver problemas, consigo fazer isso em qualquer disciplina”, diz Munaro.

Durante a pandemia

Em Granja, município cearense localizado a cerca de 300 quilômetros da capital do Estado, Fortaleza, o professor de geografia das escolas municipal e estadual José Lira Dutra, defende que desenvolver competências socioemocionais é algo importante de ser feito desde já, mesmo antes do retorno às aulas presenciais.

“Fiz um levantamento junto a meus alunos e, conversando com eles, percebi que eles estavam com uma dificuldade enorme, tanto na autogestão – assim como eu, professor, fiquei perdido, o aluno ficou sem saber como organizar sua rotina familiar e escolar – quanto na resiliência. A partir desse levantamento, comecei a trabalhar com eles essas competências”, conta.

Desde antes da pandemia, Dutra desenvolvia, com os estudantes do ensino médio o projeto Diretor de Turma voltado para o desenvolvimento de habilidades ligadas às emoções. Segundo o professor, com a suspensão das aulas presenciais, a realidade dos alunos mudou muito. Até então, eles eram proibidos de mexer no celular dentro da sala de aula. Agora, precisam da ajuda da tecnologia para aprender. “O aluno precisa se engajar no processo de aprendizagem. E esse processo hoje está mudando”.

Para ensinar nesse novo contexto, Dutra diz que ele mesmo precisou se reinventar e, para isso, contou com as habilidades socioemocionais. “O professor precisa hoje se apropriar da tecnologia que está a disposição. É fácil? Não. Tem algumas dificuldades, a verdade seja dita. A partir daí, tem que mostrar para o aluno que o professor está aberto a aprender a reaprender esses novos conceitos e novas práticas de aulas remotas. O professor, estando engajado, o aluno vai entender e vai se engajando também. O professor tem uma força muito grande de engajar o aluno a partir da sua prática e da sua fala”, diz.

Atividades presenciais

Estados e municípios afirma que discutem formas seguras de retomar as aulas presenciais que, na maior parte dos locais, não tem data prevista. Tanto o Consed quanto a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) divulgaram documentos para orientar as redes de ensino a estipular regras para a retomada.

“Nós estamos com muita cautela porque todas as datas que a gente previu que voltaria não deram certo. Estamos discutindo não é quando voltaremos, mas o que faremos quando voltarmos, que tipo de cuidados teremos que ter, com os estudares, famílias. Como a gente vai fazer isso é motivo de debate o tempo todo”, diz Cecilia.

Nesta semana, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um parecer com Orientações Educacionais para a Realização de Aulas e Atividades Pedagógicas Presenciais e Não Presenciais no contexto da Pandemia. De acordo com o parecer, a reabertura das escolas deve ser segura e consistente de acordo com as orientações das autoridades sanitárias locais e das diretrizes definidas pelos sistemas de ensino.

O parecer orienta ainda que as redes capacitem os professores e funcionários, pois “é essencial a preparação socioemocional de todos os professores e funcionários que poderão enfrentar situações excepcionais na atenção aos alunos e respectivas famílias, como também a preparação da equipe para a administração logística da escola”, diz o documento.

(Fonte: Agência Brasil)