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Neste domingo, vamos falar sobre o uso do particípio.

Ele tinha ENTREGUE ou ENTREGADO os vídeos?

O certo é PAGO ou PAGADO? Posso dizer que ele “tinha chego”?

Vamos analisar os casos.

Dicas gramaticais
Uso do PARTICÍPIO

Ele tinha ENTREGUE ou ENTREGADO os vídeos?

O certo é “TINHA ENTREGADO”.
Quando o verbo apresenta dois particípios (= verbos abundantes), a regra é a seguinte:
a) Com o verbo auxiliar TER (ou HAVER), devemos usar a forma regular (= com terminação “-ado” ou “-ido”).
“Ele TINHA ENTREGADO os vídeos”.

b) Com o verbo auxiliar SER (ou ESTAR), devemos usar a forma irregular.
“Os vídeos FORAM ENTREGUES por ele”.

Observe outros exemplos:

Observação 1:
A princípio, essa regra também se aplica aos verbos GANHAR (ganho e ganhado); GASTAR (gasto e gastado); PAGAR (pago e pagado) e PEGAR (pego e pegado):
“Ele tinha ganhado, gastado, pagado e pegado”;
“Isso foi ganho, gasto, pago e pego”.

As formas regulares estão em desuso. Muitos autores aceitam as formas irregulares até com os verbos TER e HAVER:
“Ele TINHA GANHO, TINHA GASTO, TINHA PAGO e TINHA PEGO”.

Observação 2:
Os verbos TRAZER, CHEGAR e EMPREGAR não são abundantes. Apresentam apenas um particípio: TRAZIDO, CHEGADO e EMPREGADO. Na língua padrão, não se aceitam as formas trago, chego e empregue:
“Isso foi trago por mim”.
“Ele tinha chego atrasado”.
“O dinheiro foi muito bem empregue na construção deste campo”.

Só podemos usar:
“Isso foi TRAZIDO por mim”.
“Ele tinha CHEGADO atrasado”.
“O dinheiro foi muito bem EMPREGADO na construção deste campo”.

Acrescentando...
DICIONÁRIO DE DIFICULDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA – Domingos Paschoal Cegalla
pagado
Particípio regular de pagar. Forma obsoleta, suplantada pela forma irregular pago*: Ele não tinha pago (e não pagado) a conta.

pago
1. Particípio irregular de pagar. Usa-se tanto na voz passiva como na ativa.
É preciso que os benefícios da previdência social sejam pagos em dia.
Por que essa conta ainda não foi paga?
Temos pago regularmente nossos débitos.
Foi expulso do recinto porque não havia pago a entrada.

* Veja pagado. // Adj. 2. Que se pagou, quitado: débito pago; contas pagas. 3. Fig. Vingado: Viu o assassino de seu pai na cadeira: estava pago. 4. Recompensado: Ele agora se considera bem pago dos sacrifícios que fez.

MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO – “O Estado de S.Paulo”
Pago
Use pago tanto com ser e estar como com ter e haver: Foi ou estava pago, tinha ou havia pago. Tinha pagado, embora correto, está caindo em desuso.

Entregado, entregue
Prefira entregado com ter e haver e entregue, com ser e estar: Tinha (havia) entregado, foi (estava) entregue. Já se admite, porém, o uso de entregue com ter e haver: Havia entregue.

Ganho
Use ganho tanto com ser e estar quanto com ter e haver: O jogo foi ganho no primeiro tempo. / O time havia ganho a oitava partida seguida. Ganhado, embora correto, já é de uso raro, mesmo com ter e haver.

Pegado, pego
Use pegado com ter e haver e pego, com ser e estar: Tinha (havia) pegado, foi (estava) pego.

Teste da semana
Que opção completa, corretamente, as lacunas da frase abaixo?
"Ele só chegou ___ Botafogo ao meio-dia porque antes teve de ir ___ Ilha do Governador".

(a) à – à;
(b) a – a;
(c) à – a;
(d) a – à.

Resposta do teste: Letra (d).
Se voltamos “DE Botafogo”, é porque não há artigo. Assim sendo, em “chegou a Botafogo” não há crase. Se voltamos “DA Ilha do Governador”, é porque há artigo e ocorre a crase: “ir à Ilha do Governador”.

O BLOG DO PAUTAR abre espaço para a literatura – textos de escritores maranhenses. Aproveite este momento... Boa leitura!

“Poesia Completa”, de Ives Gandra da Silva Martins, com a apresentação do maestro João Carlos Martins, irmão de Ives Gandra, e prefácio de Paulo Bomfim, é uma edição belíssima da Editora Resistência Cultural, de São Luís, e, a bem da verdade, com padrão europeu, “fruto do trabalho do editor e amigo José Lorêdo Filho, lutador na nossa terra [lê-se Maranhão], segundo palavras do meu querido amigo, Dyêgo Martins, professor de Literatura Maranhense, o qual, com sua costumeira gentileza, mandou-me esse exemplar de presente, uma riqueza de livro, tanto pelo seu conteúdo quanto pelo seu continente...

E quem são os apresentadores da antologia de Ives Gandra? – João Carlos Martins, que é simplesmente o grande maestro brasileiro e pianista de renome internacional... João Carlos Gandra da Silva Martins é um pianista e maestro brasileiro. Reconhecido por ser um dos maiores pianistas do mundo e é apontado como o maior intérprete de Bach... Em 1995, num assalto, na cidade de Sofia, na Bulgária, foi golpeado na cabeça com uma barra de ferro, provocando uma sequela neurológica que comprometeu o membro superior direito. Por cusa disso,teve que fazer trabalhos de reprogramação cerebral para conseguir movimentar a mão direita. Ele voltou a tocar com as duas mãos, entretanto voltou a apresentar problemas no braço direito e, agora, também na fala, teve que ser submetido a um novo procedimento cirúrgico. Com isso, ele grava seu último álbum com as duas mãos.

Entretanto, com o correr dos anos, desenvolveu, no membro superior saudável, o esquerdo, uma doença chamada contratura de Dupuytren, que foi provocada, além da própria contratura, o espessamento da “fáscia palmar”. Fora submetido, de novo, a um procedimento cirúrgico, que não impediu que perdesse os movimentos da mão esquerda, inviabilizando tocar piano. Novamente, teve que parar de tocar e, dessa vez, acreditou que seria para sempre.

Incapaz de segurar a batuta ou virar as páginas das partituras dos concertos, João Carlos faz um trabalho minucioso de memorizar nota por nota. Entretanto, começou a desenvolver distonia no membro superior esquerdo, que produz movimentos involuntários, e o impede de reger.

Esteve em Londres regendo a 'English Chamber Orchestra', uma das maiores orquestras de câmara do mundo, numa gravação dos seis ConcertosBranndenburguenses de Johann Sebastian Bach e, já, em dezembro, realizou a gravação das Quatro Suítes Orquestrais de Bach com a Bachiana Chamber Orchestra. Os dois primeiros CDs já foram lançados (lançamento internacional). Em fevereiro de 2004, o crítico inglês descreve, na “International Piano Magazine”, um episódio pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando, após um recital no Carnegie Hall, no fim dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dalí: "Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita". O crítico termina dizendo que João Carlos Martins não teve que esperar tanto tempo.

Em 2012, ele se submeteu a uma cirurgia no cérebro para a implantação de dois eletrodos do cérebro, com um estimulador eletrônico no peito, para recuperar os movimentos da mão esquerda, atrofiada.

Com a ajuda de pesquisas à parte, tive de relatar essas considerações para mostrar a força de vontade do maestro e o seu poder de superação. E o maestro abre o livro com essa fraternal e carinhosa sentença: “Não é fácil escrever sobre o Ives, no entanto o orgulho que sinto em dizer não só em público, mas para pessoas que, talvez, não saibam que sou seu irmão, é indescritível. Muitas pessoas recebem por obra do destino um dom de Deus, mas algumas recebem vários dons e, sem dúvida, o Ives faz parte desse grupo”.

O prefácio é do poeta Paulo Bomfim, da Academia Paulista de Letras. Atualmente, é o sexto Príncipe dos Poetas Brasileiros; os cinco anteriores foram Olavo Bilac, Olegário Mariano, Martins Fontes, Menotti Del Picchia e Guilherme de Almeida. Ouçamos o que Bomfim falou a respeito de Ives Gandra: “Acompanho, há muitas décadas, a trajetória lírica de Ives Gandra da Silva Martins. Nosso primeiro encontro foi abençoado pelas arcadas do Largo de São Francisco [lê-se Faculdade de Direito da USP]. Nascia aí um ritual de fraternidade que uniria nossas vidas. Não cabe aqui falar do jurisconsulto, do mestre amado pelas gerações que se sucedem, nem do jornalista, e sua espada de lidador. Falaria noutros momentos do pianista, do orador, do faixa-preta de caratê e do erudito presidente da Academia Paulista de Letras. O advogado padrão e tributarista emérito mereciam outros tantos prefácios.

Quero assinalar, agora, o caminho de Compostela desse peregrino do verso. Trata-se de um grande sonetista contemporâneo. Maneja o soneto shakespeariano com a mesma verdade de Campos de Figueiredo. Se toda a extensa obra de Ives Gandra da Silva Martins fixo-me principalmente nessa forma que considero o traje a rigor do pensamento. A obra completa de meu irmão em poesia acontece em boa hora, momento de perplexidade e desalento em que o Brasil clama por um pouco de Amor”. E se Paulo Bomfim disse, está dito, e eu não pude sintetizar seu prefácio, simplesmente porque o que ele disse é um tudo de um todo.

Nessa antologia, Ives reúne doze livros de poesias, em 750 páginas, cuja estreia foi “Pelos caminhos do silêncio”, em 1956, até chegar,, ainda, ao inédito em livro, mas aqui contido “Cicatrizes do tempo”. É ele, Ives Gandra quem diz, em sua “brevíssima introdução”, que “os leitores que tiverem paciência de ler alguns dos versos deste livro perceberão o porquê de considerar-me ainda um velho poeta da Geração de 45.

O soneto que abre aquele primeiro livro de Ives, “Pelos caminhos do silêncio”, de 1956, oferecido aos seus pais, [o velho pai era português de Braga] é o “Soneto de abertura”, cujos versos foram escolhidos por Manuel Bandeira para abrirem o livro inaugural do grande tributarista. Ouçamo-lo: “Eu faço versos. Eu não sei por quê. / Meu verso inculto é veio d’água suja, / em vez de rio cristalino, cuja / nascente o gênio apenas é quem vê. / Se eu faço versos, são para você? / talvez o canto de seus olhos ruja, / querendo o mar, num veio d’água suja, / e eu faço versos, eu bem sei por quê”.

Em “Testamento”, Ives assim canta: “Na voz do verso que resta, / na velhice já sem festa, / meu grito soa distante / sem ser triste ou ser tristonho – / continuo o mesmo sonho / que vivi desd’eu infante. / [...] Meu verso pobre e diário, / escrito em meu calendário, / fez do combate certeza, / qual astronauta no espaço – / tracei sempre cada passo, / sem medo da correnteza. / [...] Companheira de virtude / desde minha juventude, / nestes anos sem tormento, / a ti Ruth, tão querida – / hoje perto da partida, / entrego meu testamento”. [São Paulo, 22 de abril de 2012]

Ruth é a esposa de Ives, e, para o poeta, é como se fora Beatriz para Dante ou Laura para Petrarca.

Este é o doutor e professor Ives Gandra da Silva Martins, o maior tributarista brasileiro e um dos grandes publicistas e pensadores do nosso tempo. Mestre em Direito, jurisconsulto, pianista, orador e lutador de caratê, jornalista e poeta e presidente da Academia Paulista de Letras. Se eu já era seu aprendiz constante no campo jurídico-social, mais o serei agora, porque temos os dois, a poesia como rumo.

_________

* Fernando Braga. Este artigo foi, originalmente, publicado no Jornal “O Estado do Maranhão”, “Caderno Alternativo”, em 24/5/2015; in “Revista Encontro”, do Gabinete Português de Leitura, de Pernambuco, Anos 30/31, nos 25/26, 2014/2015.

P.S.: Sobre esses apontamentos, o professor Ives Gandra me proporcionou a honra e a alegria de assim se manifestar: “Prezado Dr. Fernando Braga, sensibilizou-me sua crítica aos meus versos. Passei seus elogios ao meu irmão João Carlos. Gostei muito de seu poema na mesma Revista. Afetuoso abraço, Ives Gandra da Silva Martins, São Paulo, 15 de abril de 2016.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou a prorrogação do prazo de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 para a próxima quarta-feira (27). Pelo calendário inicial, a data-limite para os estudantes se inscreverem era hoje (22).

As inscrições começaram no último dia 11 e podem ser feitas por meio da página do Enem na “internet”.

De acordo com Weintraub, mais de cinco milhões de estudantes já se inscreveram para a prova até a manhã desta sexta-feira (22). “Como já anunciei, os candidatos inscritos serão ouvidos, em junho, pela Página do Participante, do Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira]. Eles, os interessados, vão escolher quando fazer a prova”, explicou o ministro, em outra publicação no Twitter.

Na quarta-feira (20), o Ministério da Educação anunciou o adiamento do Enem por algo entre 30 e 60 dias, em razão dos impactos ocasionados na sociedade pela pandemia de covid-19. As provas impressas estavam previstas para serem aplicadas em 1º e 8 de novembro e as provas do Enem digital para os dias 22 e 29 de novembro.

A estrutura dos dois exames será a mesma. Serão aplicadas quatro provas objetivas, constituídas por 45 questões cada uma, e uma redação em língua portuguesa. A redação será manuscrita, em papel, nas duas modalidades. Durante o processo de inscrição, o participante deverá selecionar uma opção de língua estrangeira – inglês ou espanhol.

Neste ano, será obrigatória a inclusão de uma foto atual do participante no sistema de inscrição, que deverá ser utilizada para procedimento de identificação no momento da prova. O valor da taxa de inscrição é de R$ 85 e deverá ser pago até 28 de maio.

Quem tem direito à gratuidade da taxa de inscrição, por se enquadrar nos perfis previstos nos editais do Enem, terá a isenção automática, a partir da análise dos dados declarados no sistema. A regra se aplica, inclusive, aos isentos em 2019 que faltaram aos dois dias de prova e não tenham justificado ausência. De acordo com o Inep, a medida beneficia quem teve dificuldades em realizar a solicitação de isenção devido às restrições impostas pelo isolamento social decretado em razão da pandemia de covid-19.

(Fonte: Agência Brasil)

As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 terminam às 23h59 desta sexta-feira (22). As provas, entretanto, foram adiadas, na última quarta-feira (20), por 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto inicialmente no edital, por determinação do Ministério da Educação. Ontem (21), segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo exame, mais de 4,3 milhões de estudantes tinham feito a inscrição para participar desta edição do Enem.

Neste ano, o Inep também oferecerá o Enem Digital, porém, desde a semana passada, as 101,1 mil vagas ofertadas para a versão informatizada do exame já se haviam esgotado. A aplicação do Enem Digital será em laboratórios de informática, em diversas faculdades brasileiras, e o candidato receberá um cartão de confirmação da inscrição no exame, com o endereço da faculdade e o laboratório de informática onde fará a prova, sob supervisão de fiscais.

Inscrições

Para evitar erros na hora da inscrição, o Inep recomenda que todos os participantes façam o procedimento com calma. O aluno deve, por exemplo, verificar, cuidadosamente, as informações declaradas, pois, após a conclusão, algumas não poderão ser modificadas.

Os dados que constam na Receita Federal (nome, nome da mãe e data de nascimento) devem ser os mesmos declarados por quem vai fazer o Enem. Quando há divergência, o sistema informa que o participante precisa fazer a correção no órgão. A inscrição poderá ser concluída apenas após a atualização dos dados na Receita.

O participante que já concluiu a inscrição tem a oportunidade de fazer modificações em alguns itens do sistema do Enem, mas somente ao término do prazo de inscrições.

Os inscritos que se enquadram nos requisitos apresentados nos editais como beneficiários da gratuidade da taxa de inscrição ficarão isentos sem a necessidade de um pedido formal. Para os demais, a taxa de R$ 85 deve ser paga até 28 de maio, por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU), criada ao fim da inscrição.

Nova data

Nos próximos dias, o Inep fará uma consulta aos inscritos para definir novas datas para o exame, que estava previsto para os dias 1º e 8 de novembro (impresso) e 11 e 18 de novembro (digital).

Os candidatos serão convidados a responder a uma enquete na Página do Participante, para que possam manifestar sua opinião em relação ao melhor momento para realizar as provas.

As informações a respeito do Enem 2020 podem ser acompanhadas no portal do Inep e do Ministério da Educação, assim como nas redes sociais oficiais dos dois órgãos. Dúvidas relativas ao processo de inscrição podem ser sanadas pelo Fale Conosco, do Inep, por meio do autoatendimento “on-line” ou do 0800 616161 (somente chamadas de telefone fixo).

Tanto na versão impressa quanto na digital, os participantes farão provas de linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias, com 45 questões de múltipla escolha em cada área de conhecimento. A redação será manuscrita, em papel, nas duas modalidades.

(Fonte: Agência Brasil)

AS LETRAS, A VIDA

(UM DISCURSO À ARTE DE ESCREVER COM ARTE)

“Letras não são só cantigas de ninar, mas, também, toque de despertar, sinal de alarmar, hino de guerrear, canção de cantar vitória”.

*

Senhoras e Senhores:

Hoje, 21 de maio, é o Dia da Língua Nacional e o Dia do Profissional de Letras.

*

Há coisas que, para serem feitas, precisam de dinheiro – pagar contas, por exemplo.

Há coisas que, para serem feitas, precisam de esforço – descarregar um navio no porto, um caminhão no armazém, por exemplo.

Há coisas que, para serem feitas, precisam de paixão – entregar-se aos abraços nos braços da pessoa amada, numa noite enluarada, por exemplo.

Há coisas que, para serem feitas, precisam de amor – morrer na cruz, em nome de toda a Humanidade, por único exemplo. Ou abraçar um ser durante nove meses da forma mais íntima possível... só explicável pelos mistérios da criação.

Há coisas que, para serem feitas, sobretudo para serem aceitas, precisam de tempo – uma Academia de Letras, por exemplo.

Sintonizada com o espírito de uma cidade, uma Academia é feita de esforço, paixão, amor, tempo. Diferentemente do comum das academias, deve-se negar a “imortalidade” para os acadêmicos, ou seja, quem entrou pode sair, a pedido. Com isso, implode-se a tradição da tal “imortalidade” e resgata-se o primado da vontade das pessoas acima da norma das instituições. Fica quem quer crescer e ajudar a crescer, quem quer trabalhar pelas Letras, pela Cultura, pela Cidade. Imortal será sempre o trabalho, o exemplo, não o indivíduo.

Para se habilitar a uma vaga em uma Academia, o candidato, além de ter alma de humanista e escrita de artista, deve ter disposição para fazer a cidade crescer naquilo que uma comunidade tem de mais representativo: sua cultura. Ciganos, judeus, palestinos, entre tantos outros povos, não têm ou não tiveram territórios fisicamente delimitados para morar, mas, ainda assim, são respeitados por todo mundo no mundo todo pela força de seu saber, pela expressividade de sua história e cultura.

Senhoras e Senhores:

O local mais seguro para um navio é o porto onde ele está fundeado. Mas não é para portos que se constroem navios.

O lugar mais seguro para um automóvel é a garagem, onde ele fica guardado. Porém, não é para as garagens que se fabricam carros.

O melhor lugar para um bebê que se gera ou para uma criança que nasce é o ventre da mãe ou os braços do pai. Entretanto, não é para ficar vitalícia e umbilicalmente no ventre da mãe nem permanentemente debaixo das vistas do pai que se geram filhos.

Uma Academia igualmente é um local razoável para um intelectual, para um humanista. Mas, ouso dizer, não é somente para reunir gentes de saberes que se formam academias.

Não, Senhores. Apesar de ali estarem seguros, não é para portos, mas sim para os mares, que navios são construídos. É para a probabilidade da tempestade, é para a possibilidade da bonança, é para a certeza da viagem que navios são feitos e são lançados à água e singram mares já ou nunca dantes navegados. Navios são feitos porque os mares, e não os portos, existem.

Também é para roer distâncias, encurtar tempos, transportar pessoas e coisas em velocidade, mas sobretudo com segurança, que se fazem carros. Eles são para as ruas e estradas, pois das vielas e becos cuidam nossos pés. É porque existem espaços para transitar, e não garagens para guardar, que se industrializam carros.

É para a vida, para o mundo, para a certeza das buscas e incerteza do encontro, que se geram filhos. Sobre eles, pais, no máximo, têm autoridade, não propriedade.

É principalmente para unirem-se em torno de um ideal, e não em frente uns dos outros, que pessoas se juntam em clubes de serviço. E uma Academia de Letras também é, ou deve ser, um clube de serviços, ou melhor: menos clube, e mais serviço. Prestar serviços que prestam.

Porque é urgente e preciso organizar as pessoas para que elas organizem, para melhor, o mundo. Abrir não o leque que espalhe um arzinho de conforto, mas um fole, que resfolegue, que crie, espalhe e trabalhe também o desconforto, donde poderão sobrevir respostas e realidades -- assim como do desconforto, da irritação da ostra nasce a preciosidade da pérola. As Letras não são somente canto de acalanto, as Letras não são só cantiga de ninar, história pra boi e gente dormir, mas também, senão principalmente, as Letras são toque de despertar, sinal de alertar, sirene de alarmar, aviso de marchar, hino de guerrear, canção de cantar... vitória.

Senhores e senhoras:

O que legaliza uma Instituição é seu registro, mas o que a legitima é a qualidade de sua ação. Os Cartórios e as Juntas Comerciais estão cheios de certidões de fantasmas, de escrituras de vivos-mortos. Nesse caso, não há muita diferença entre uma certidão de nascimento e um atestado de óbito.

Não tem jeito. O mundo exige, as cidades precisam, o ser reclama: pessoas e instituições têm de fazer diferença. Há muita inércia no mundo, muita energia estática.

Em uma Academia, não basta assinar a ata de fundação. Não basta assinar o ato de posse – temos de tomar posse dos nossos atos. Pelo menos nós aqui, gente escolada na vida e no ofício, sabemos que o ato de posse não se exaure, ou não se deve exaurir, nesta noite de aniversários, destaques e discursos. Não basta tomar posse NA Academia; e indispensável tomar posse DA Academia...

Que ninguém se sinta pleno aqui e agora. Academia não é mais reverência; quando muito, é referência. É, em igual tempo, museu e laboratório, conservação e criação, pensamento e ação, contemplação e trabalho.

Por mais inusual, por pouco comum que pareça, também cabe a uma Academia – como caberia a qualquer Instituição – auxiliar na desinstalação das pedagogias criminosas. Da pedagogia que não adiciona valor, embora subtraia rendas. Do ensino prendedor, e não da educação empreendedora. Da política da passividade, que se alimenta da dependência, e não da competência.

A dependência cria, no máximo, a revolta; a competência faz a revolução. A revolta muda as pessoas do poder. A revolução muda o poder das pessoas, mostra às pessoas que elas são e têm o poder.

O revolucionário preexiste à revolução. Uma revolução inicia-se pelo nível da consciência. Uma revolta, pelo nível da emoção. O que se inicia pela consciência fortalece a emoção; o que começa pela emoção, fragiliza a consciência. O revolucionário tem consciência da necessidade. O revoltado tem necessidade da consciência.

Uma Academia é um laboratório – e não um repositório – de consciências.

Senhoras e Senhores:

Minha cidade, pode-se dizer, é uma das raras cidades das mais de 5 mil que existem no país que não se diz apenas berço de homens de letras: mais que escrever livros, seus filhos – meus conterrâneos – construíram Literatura, deram início a Escolas, criaram gêneros, tornaram-se estilo, gentes que influenciaram e influenciam. Porque foram seres que não só usaram as Letras; eles ousaram com elas.

Ousadia. Talvez isso, quem sabe, seja a grande fórmula do desenvolvimento, um desenvolvimento onde aos haveres econômicos se aliem os valores culturais.

Tudo tem de estar integrado. Onde a Engenharia erga prédios, a Estética espalhe sensibilidade.

Onde a Geografia imponha limites, a Cultura interponha pontes.

Onde a Economia fixe preços, a Arte destaque valores.

Enfim, onde o Homem faz corpo, Deus sopre alma.

Porque, à maneira de Vieira, prédios sem pessoas viram ruínas senão escombros.

Países sem pontes viram isolamentos senão ditaduras.

Economia sem cidadania vira exploração senão barbárie.

Política sem Humanismo vira escravidão senão tirania.

E pessoas sem cultura viram máquinas senão monstros.

É preciso mais. É urgente dar mais vida à vida.

Senhoras e Senhores:

Em uma cidade, uma Academia de Letras não é um contraste – é do contexto. Não é um confronto – é um encontro. Nasce de espíritos interessados, não de mentes interesseiras. A lógica de sua ação baseia-se em argumentos, não em argúcias.

É demagógico o discurso de que uma academia não é necessária a uma cidade, de que uma comunidade tem outras prioridades.

É claro, ninguém vai à vernissagem nem à “avant-première”, ninguém vem a uma solenidade como esta com olhos e bucho de fome de muitos dias. Mas Terra e gente foram dotados de recursos suficientes para que, explorados de forma inteligente e íntegra, integral e integrada, a vida se faça plena, dispensando, pois, prioridades isolacionistas, hierarquias mecanicistas, vícios segregacionistas, dimensões divisionistas.

A vida não é excludente; ela é inclusiva: não é isso OU aquilo, mas isso E aquilo. Não se trata do ou eu OU ele, mas do eu E ele.

Visão de conjunto, percepção do todo: É perfeitamente possível transformar em complementar o que se diz concorrente. Tornar compatível o que se julga contraditório. Fazer amigo no que é adversário.

Como veem, por tudo o que disse aqui, Academia não é só um fardão: ela é também um grande fardo. O qual, pessoal e coletivamente, devemos ajudar a carregar.

Senhoras e Senhores:

Seja a Humanidade cada vez mais cidadã.

Seja a Cidadania cada vez mais humana.

Seja cada vez mais vigilantes. Seja cada vez mais solidária.

Sobretudo, sejamos cada vez mais felizes.

* EDMILSON SANCHES

Mesmo com o anúncio do adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, as inscrições para a prova não serão prorrogadas. O prazo termina nesta sexta-feira (22), às 23h59. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame, mais de 4,3 milhões de estudantes já estão inscritos para participar desta edição.

Enem Digital

Para o Enem Digital não há mais vagas. As 101,1 mil vagas oferecidas se esgotaram desde a semana passada. A prova é a versão informatizada do Enem. Em vez de cadernos de provas e cartão de respostas em papel, os participantes fazem as provas diretamente no computador.

Os candidatos não farão a prova em casa. A aplicação será em laboratórios de informática em diversas faculdades brasileiras. Nessa opção, o candidato receberá um cartão de confirmação da inscrição no Enem com o endereço da faculdade e o laboratório de informática onde fará a prova, sob supervisão dos fiscais no Enem.

Inscrições

Para evitar erros na hora da inscrição, o Inep recomenda a todos os participantes que o procedimento seja feito com calma. O aluno deve, por exemplo, verificar, cuidadosamente, as informações declaradas. Algumas delas não poderão ser modificadas depois da inscrição concluída.

Os dados que constam na Receita Federal (nome, nome da mãe e data de nascimento) devem ser os mesmos declarados por quem vai fazer o Enem. Quando há divergência, o sistema informa que o participante precisa fazer a correção no órgão. A inscrição poderá ser concluída apenas após a atualização dos dados na Receita.

O participante que já concluiu a inscrição tem a oportunidade de fazer modificações em alguns itens do sistema do Enem, mas somente até amanhã, antes do prazo final de inscrições.

Isenção

Os inscritos que se enquadram nos requisitos apresentados nos editais como beneficiários da gratuidade da taxa de inscrição ficarão isentos sem a necessidade de um pedido formal. Para os demais, a taxa de R$ 85 deve ser paga até 28 de maio, por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU), criada ao término da inscrição.

Nova data

Nos próximos dias, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vai fazer uma consulta aos inscritos para definir novas datas para o exame, que estava previsto para os dias 1º e 8 de novembro (impresso) e 11 e 18 de novembro (digital). Eles serão convidados a responder a uma enquete na Página do Participante para que possam manifestar sua opinião em relação ao melhor momento para realizar as provas.

Informação

As informações a respeito do Enem 2020 podem ser acompanhadas no portal do Inep e do Ministério da Educação, assim como nas redes sociais oficiais dos dois órgãos do governo federal. Dúvidas relativas ao processo de inscrição podem ser sanadas pelo Fale Conosco, do Inep, por meio do autoatendimento “on-line” ou do 0800 616161 (somente chamadas de telefone fixo).

Provas

Tanto na versão impressa quanto na digital, os participantes farão provas de linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias, com 45 questões de múltipla escolha em cada área de conhecimento. A redação será manuscrita, em papel, nas duas modalidades.

(Fonte: Agência Brasil)

O projeto Biblioteca em Casa, da Biblioteca Desembargador Juvenil Amorim Ewerton, localizada no Fórum de São Luís, traz novos títulos de leitura para esta semana. Mais quatro livros são apresentados e o acesso às obras, disponíveis “on-line”, pode ser realizado gratuitamente.

A iniciativa é da Divisão de Informação, Documentação e Biblioteca do Fórum Desembargador Sarney Costa e objetiva oferecer uma alternativa de atividade a ser realizada durante o período de isolamento social. De acordo com a chefe da Divisão, Lindamira Leite, o projeto tem o propósito de garantir equilíbrio entre corpo e mente, devido ao prazer propiciado pela leitura.

Para esta semana, os livros indicados podem ser acessados pelo endereço eletrônico https://portugues.free-ebooks.net/. As obras são encontradas em vários formatos e se submetem à diretrizes editoriais que respeitam políticas de direito de propriedade intelectual.

Lindamira destaca que, neste “website”, estão dispostos livros distribuídos em várias categorias, tais como ficção, negócios, autoajuda, romance, dentre outros. “Essa diversidade de gêneros literários encontrada possibilita aos leitores um poder de escolha ampliado, o que é muito vantajoso neste tempo de restrições e distanciamento social em decorrência da pandemia em curso”, lembrou a chefe da Divisão.
Antes de correr para acessar as obras “on-line”, que tal saber um pouco mais de cada uma? Leia, abaixo, uma breve análise sobre cada uma das opções sugeridas.

“Pergunte a Deepak Chopra”: sobre amor e relacionamentos
Autoria: Deepak Chopra
Categoria: Autoajuda
A coleção “Pergunte a Deepak Chopra” foi criada para incentivar pessoas do mundo inteiro a ter uma vida mais saudável, além de encontrar um verdadeiro sentido na vida e a se tornarem mais conscientes. Deepak Chopra, um dos nomes da literatura de autoajuda mais conhecidos mundialmente tem respondido, há anos, a diversos questionamentos de seus inúmeros leitores sobre temas como amor e relacionamentos. Com o intuito de ajudar seus leitores, Deepak Chopra reúne, nesse livro, algumas das principais perguntas e respostas que abordam as fases do amor e dos relacionamentos humanos.

“O Rouxinol e a Rosa”
Autoria: Oscar Wilde
Categoria: Romance
Oscar Wilde foi certamente o mais importante dramaturgo da época vitoriana. Criador do movimento Dândi, que defendia o belo e o culto da beleza como um antídoto para os horrores da época industrial. Ele é o autor do livro “O Rouxinol e a Rosa”, no qual é contada uma linda história poética onde um passarinho tenta salvar um romance procurando uma rara rosa vermelha. É livro muito delicado e tocante.

“Atenção Plena” mindfulness
Autoria: Mark Williams e Danny Penman
Categoria: Autoajuda
“Deseja uma vida mais plena e feliz? Recomendo que pratique o método que vai encontrar nesse livro. Os autores apresentam técnicas cientificamente fundamentadas que você pode usar para atravessar os períodos de crise ou para enfrentar os desafios do dia a dia.” – Daniel Goleman, autor do livro “Foco e Inteligência emocional”. Esse livro segue a linha de meditações e traz várias práticas simples para ampliar sua consciência e eliminar o ciclo de ansiedade, estresse, infelicidade e exaustão que muitas pessoas enfrentam. Esse livro apresenta exercícios e meditações diárias que vão ajudar ao leitor a se libertar das pressões rotineiras.

“A prima Vera”
Autoria: Luiz Eduardo Ferreira de Andrade
Categoria: Ficcão/Humor
“A prima Vera” é uma obra de ficção e foi escrito para ser um episódio de um programa de TV em 2010/2011. Acabou se transformando em peça teatral e, posteriormente, em um livro. Com um humor irreverente e inteligente, “A prima Vera” é um livro cujo enredo gira em torno de uma prima chamada Vera que chega ao Rio de Janeiro para cuidar de sua saúde. Vinda do interior, ela chega à casa de primos que não conhece trazendo muita confusão com a mudança repentina da rotina da casa e de todos que lá moram. Ao término dessa história, todos têm uma surpresa.

(Fonte: TJ-MA)

A atriz Regina Duarte deixará a Secretaria Especial de Cultura do governo. O anúncio foi feito, nesta quarta-feira (20), pelo presidente Jair Bolsonaro, depois de uma reunião pela manhã com a secretária.

“Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas, para que ela possa continuar contribuindo com o governo e a cultura brasileira, assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em São Paulo. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias”, anunciou o presidente pelo Twitter.

Na mesma publicação, Regina Duarte aparece em um vídeo ao lado do presidente comemorando a mudança. “Acabo de ganhar um presente, que é o sonho de toda pessoa de comunicação, de audiovisual, de cinema, de teatro. Um convite para fazer Cinemateca, que é um braço da cultura que funciona em São Paulo. É um museu de toda filmografia brasileira. [Vou] ficar ali secretariando o governo, dentro da Cultura na Cinemateca. Pode ter presente melhor que esse? Obrigada, presidente!”, ressaltou a atriz, acrescentando que sente falta da vida na capital paulista com seus filhos e netos.

Ainda no vídeo, em tom de brincadeira, Regina pergunta ao presidente se ela estaria sendo ¨fritada¨ por ele, como afirmam vários veículos de imprensa. “Toda semana, tem um ou dois ministros que, segundo a mídia, estão sendo fritados. O objetivo é desestabilizar a gente e tentar jogar o governo no chão. Jamais vou fritar você”, respondeu, bem-humorado, Bolsonaro.

O nome do indicado a ocupar a Secretaria Especial de Cultura ainda não foi anunciado.

(Fonte: Agência Brasil)

O Ministério da Educação decidiu adiar o Exame nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 em razão dos impacto da pandemia do novo coronavírus. “As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais“, diz nota conjunta do MEC e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O cronograma inicial previa a aplicação do Enem 2020 impresso nos dias 1º e 8 de novembro. Já os participantes da versão digital, fariam a prova nos dias 11 e 18 de outubro. Mais de 3,5 milhões de candidatos se inscreveram para o exame.

Para definir a nova data, o Inep promoverá uma enquete direcionada aos inscritos do Enem 2020, a ser realizada em junho, por meio da Página do Participante. As inscrições para o exame continuam abertas até as 23h59 desta sexta-feira, 22 de maio.

Mais cedo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pelas redes sociais, já falou sobre um possível adiamento do Enem. Em sua conta no Twitter, ele informou que a decisão ocorre “diante dos recentes acontecimentos no Congresso” e após conversas com líderes do Centrão.

A Câmara dos Deputados está pautada para votar, hoje, requerimento de urgência para a votação do projeto de lei (PL) 2623/2020, que adia o Enem enquanto durarem as medidas sanitárias emergenciais decorrentes da pandemia do novo coronavírus, mas, com o adiamento anunciado pelo próprio MEC, há a possibilidade de a pauta ser derrubada.

Justiça

A realização do Enem também foi alvo de questionamentos judiciais. Na última segunda-feira (18), a Defensoria Pública da União (DPU) entrou com recurso no Tribunal Regional Federal da 3ª Região pedindo que a decisão de manter o exame durante a pandemia do novo coronavírus seja revista. Em abril, o órgão conseguiu uma liminar favorável ao adiamento das datas da prova, mas a medida foi derrubada pelo desembargador Antônio Cedenho atendendo a pedido da Advocacia Geral da União (AGU).

(Fonte: Agência Brasil)

Sempre que possível, o BLOG DO PAUTAR abrirá espaço para a literatura maranhense. Há algumas semanas, iniciamos esse trabalho... Divulgar textos de escritores maranhenses. Nosso objetivo é mostrar a criatividade desses escritores e, ao mesmo tempo, despertar em você curiosidade para conhecê-los. Hoje, novo encontro com o escritor Edmilson Sanches.

QUANDO A LITERATURA INFANTIL NÃO É COISA DE CRIANÇA

(Prefácio ao livro "A literatura infantil para maiores de dezoito anos: sob a ótica da análise do discurso foucaultiana", da professora maranhense Tereza Bom-Fim, da Universidade Federal do Maranhão, mestra e doutora em Educação e pós-doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

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Na tarde de 24 de novembro, no ano passado, recebi em primeira mão, da própria autora, exemplares ainda quentinhos ("saídos do forno") do mais recente livro da professora maranhense Tereza Bom-Fim, mestra e doutora em Educação e pós-doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Trata-se da obra "A literatura infantil para maiores de dezoito anos: sob a ótica da análise do discurso foucaultiana".

Pelas razões que só ela sabe e sente, fui escolhido por Tereza Bom-Fim para fazer leituras, revisão e prefácio de todos os seus livros – algo que, para mim, mais que honra, trouxe-me responsabilidade tão grande e polissilábica quanto à própria palavra.

O livro foi lançado dia 28/11/2018, no evento "Dois dedos de prosa com o autor: Drª. Maria Tereza Bom-Fim Pereira", que integra o 7º Seminário de Práticas Educativas do Curso de Pedagogia, realizado pelo Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia (CCSST) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em Imperatriz.

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Tereza Bom-Fim construiu uma sólida carreira acadêmica na área de Educação, desde a sua graduação em Letras na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), mestrado em Educação (Universidade Federal de São Carlos/SP) e doutorado em Educação Brasileira (Universidade Federal do Ceará).

Nesse percurso, Tereza Bom-Fim foi ampliando possíveis espaços de influência de seus saberes e ideias, por meio de outros livros, como: "Asas da imaginação – leituras sobre a criança que lê" ( 2013); "Professor-leitor: de um olhar ingênuo a um olhar plural" (2007); "O livro-de-imagem: um (pre)texto para contar histórias" (2001), que, logo de chegada, recebeu a classificação "Altamente Recomendável" da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

A professora e escritora, membro da Academia Imperatrizense de Letras, também publicou "Caderno de atividades – orientações para o trabalho educativo com livros-de-imagem" (2009).

Sempre pronta para desafios, Tereza Bom-Fim, em universidades do Maranhão e de São Paulo, participou de grupos de estudos e pesquisa e supervisão de programa, de assuntos e ações que vão da Análise do Discurso à Iniciação à Docência, além de Linguagem, Discurso e Mídia e Pedagogia.

O prefácio do livro que saiu hoje da Editora Ethos e Encadernadora Estampa, ambas de Imperatriz, é o seguinte:

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PREFÁCIO

“Tenho-me impressionado sempre de ver
quão pouco os adultos compreendem as crianças [...]”. (DOSTOIEVSKI, 1821-1881)

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Não se julga um livro pela capa, sabe-se. E pelo título, julga-se?

Este livro trata da difícil tarefa de julgar – pois que é julgar o comparar, o escolher – e da mais difícil ainda tarefa de compreender crianças para fazer escolhas para elas e em nome delas.

Ainda bem, o(s) julgamento(s) em que se baseia esta obra tem/têm a ver com conteúdos, inclusive os que estão em uma (ou são a) capa – título, imagens, “design”, textura... São livros para crianças; podem ser grossos ou finos, “normais” ou multidimensionais (3D, por exemplo), lineares ou (des)dobráveis.

Voltando ao começo... Os tempos atuais de intolerâncias, preconceitos e conceitos prévios, estes tempos “modernos” de leituras e literaturas rápidas, voláteis, recomendam que se esclareça logo que o título deste mais recente trabalho de Tereza Bom-Fim – “A literatura infantil para maiores de dezoito anos” – não sugere, não remete, nada tem a ver com qualquer aspecto da lascívia, lubricidade, impudicícia. Infâmia e infância, aqui, nem em pensamento se tocam ou se cruzam.

Por isso, a pergunta inicial: Julga-se um livro pelo título?

Bom, eu, pelo menos, julgo. Neste caso, como leitor privilegiado dos originais e prefaciador convidado das obras da autora, do seu mestrado ao pós-doutorado, julgo um “achado” o título deste livro. Não é fácil dar nome às coisas, dar título a obras. E Tereza Bom-Fim, mulher, educadora e autora sensível, criativa e produtiva, soube construir inteligentemente – e adequadamente – o nome do seu mais novo esforço acadêmico e editorial. O título atrai a atenção do leitor, carrega – involuntariamente – um tiquinho de ambiguidade e instigação e, sobretudo, o título tem tudo a ver com o conteúdo da obra.

Os referidos “maiores de dezoito anos” são 23 mulheres e homens, voluntários, professores, escritores, pesquisadores, estudiosos, todos especialistas em literatura infantil e juvenil, para os quais editoras de obras desse gênero, delas mantenedoras da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), enviam, anualmente, quase um milhar de livros dessa faixa etária para seleção, análise e, posteriormente, premiação em, pelo menos, 18 categorias (número que pode ser duplicado, já que, após vencer três vezes, um ganhador ainda pode ser selecionado para premiação “hors-concours”, o que, vale dizer, estimula o surgimento e o reconhecimento de novos talentos nas diversas categorias).

O foco de Tereza Bom-Fim nesta obra, ela mesma conta, “é compreender de que forma a leitura e a criança são concebidas pelo grupo de votantes” (aquelas duas dúzias quase de especialistas mencionados acima).

A autora orienta esse foco, leva luz e, também, didática, mas não professoralmente, conduz o leitor para alguns aspectos do assunto mais históricos e lineares, como quando discorre sobre a FNLIJ e quando situa o leitor, por exemplo, na história social da criança.

Profissional consciente e experiente, crítica e exigente, a professora-doutora sabe quando é hora de elevar o “tom” acadêmico: assim, ela traz e faz, trata e retrata abordagens, análises, questionamentos, visita autores. Sua expectativa, diz ela, é “despertar em cada leitor a vontade de ler, escrever, instigar/investigar, contar histórias [...]” e, a partir daí, “inscrever a literatura infantil em um patamar mais elevado de análise e crítica”.

Essa “análise e crítica”, quer a autora, deve contribuir para que, na literatura infantil, o “punctum saliens”, aquilo a que se deve “dar mais visibilidade”, é o “espaço, a voz e o desenvolvimento da criança” e não necessariamente os “livros e seus autores”.

Ao mesmo tempo em que não nega “a qualidade da literatura produzida para crianças atualmente”, Tereza Bom-Fim alerta que “a literatura para criança continua carente de uma crítica madura, consistente, sem melindres, menos rasa [...]”. Como se percebe, a autora tem seu tanto lúdico e lúcido, crítico e cítrico – leve acidez...

A literatura infantil, vê-se, é assunto de gente grande. Não deve ser fácil para os especialistas votarem, entre centenas de títulos, os poucos que serão objeto de conhecimentos e reconhecimentos maiores, as obras que, no jargão da FNLIJ, merecerão ser “altamente recomendáveis”. Esse processo, crítico, analítico, deve/ria levar em consideração – como propõe ou reforça Tereza Bom-Fim – “o pensamento e a visão infantis”.

Não é fácil... Só a criança sabe ser criança – porque é isso que ela é. Criança é só o instante presente, o aqui e agora, o “hic et nunc”. Criança é um presente. É o presente.

Adultos, não mais podemos ser criança. Podemos pensar/agir como criança – muitas das vezes uma atuação, um teatro, que vai do cômico ao patético.

É difícil ter, de verdade, “pensamentos” e “visões”, modos e medos, posturas e imposturas de criança. Não há como o adulto limpar-se da poluição de sua adultez e tornar à altivez pueril e pura. Como adultos, falhamos até mesmo em compreender outros adultos, inclusive aqueles bem próximos a nós, na nossa casa – às vezes, na nossa cama...

Mas vida é isso: um vir a ser de seres a vir. Vida é obra em construção desfinda.

Assim, é nesse contínuo fluir de vida que também os especialistas em literatura infantil têm de pôr seus saberes, sentires e amares, a serviço de um ser que é pleno viço, força potencial e manifesta em crescimento – a criança.

Na tríade autores, especialistas e criança, apenas esta é.

Pois, na biodiversidade humana, enquanto autores e especialistas são funções, a criança é ser.

Adultos são personagens.

Só a criança é plenitude.

EDMILSON SANCHES