“A vacinação célere e em massa contra a Covid-19 é essencial para salvar vidas e permitir que voltemos à normalidade”. Foi o que defendeu o deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) nessa terça-feira (30), em reunião com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O parlamentar também pediu informações sobre outras ações de enfrentamento à pandemia e apresentou algumas demandas.
“Saí otimista do encontro com o ministro Queiroga. Ele está muito empenhado em acelerar a compra de vacinas e a imunização dos brasileiros, bem como em estimular medidas preventivas, como uso de máscara e distanciamento social. Só assim, unidos e controlando a disseminação do vírus, será possível vencermos essa luta”, afirmou Juscelino Filho.
Vacinação de atletas olímpicos
Entre as solicitações feitas pelo deputado, está a de inclusão imediata, no Plano Nacional de Imunização, dos atletas que representarão o Brasil na Olimpíada de Tóquio. “São cerca de 300 competidores, que precisam estar protegidos para entrarem no Japão. O pedido foi feito por atletas maranhenses e levado a mim pelo secretário de Esportes de São Luís, Ricardo Diniz. O ministro concordou que se trata de uma demanda importante”, relatou.
Mais leitos em São Luís
O deputado Juscelino Filho pediu, também, a Marcelo Queiroga a disponibilização de 10 respiradores, monitores e bombas de infusão para São Luís. “Em razão do agravamento da pandemia, uma realidade em todo o país, os hospitais da nossa capital estão sobrecarregados. Vamos acompanhar de perto o andamento do pedido. Reafirmo que não medirei esforços para obter mais recursos e insumos para o Maranhão”, garantiu.
Juscelino ainda agradeceu a autorização de 18 novos leitos de UTI em São Luís. Segundo a Portaria nº 567 do Ministério da Saúde, publicada nessa terça-feira, serão 10 no Hospital de Campanha no Hospital da Mulher e oito na Maternidade de Alta Complexidade do Governo do Maranhão, com valor de custeio mensal da ordem de R$ 864 mil. “Nesse momento, cada leito a mais faz toda diferença na árdua missão de salvar vidas”, disse.
Pró-Leitos
Entre outros temas, o deputado federal e o ministro da Saúde também destacaram a importância do Programa Pró-Leitos, aprovado na semana passada, na Câmara e, na segunda-feira, (29), pelos senadores. O PL 1.010/2021, relatado no Senado por Weverton Rocha (PDT-MA), incentiva pessoas físicas e empresas a contratarem leitos de UTI da rede privada para auxiliar o Sistema Único de Saúde (SUS) a atender pacientes com Covid-19.
Uma nova espécie de dinossauro, com cerca de 80 milhões de anos, batizada de Llukalkan aliocranianu, foi descoberta na Argentina, de acordo com pesquisa divulgada na publicação científica Journal of Vertebrate Paleontology.
O fóssil é de uma das dez espécies de abelissauro que proliferavam nos continentes do sul, no tempo em que os tiranossauros prosperavam no Hemisfério Norte, e estaria “entre os principais predadores” da Patagônia durante o período do Cretáceo Superior, dizem os pesquisadores.
A tese baseia-se no tamanho do dinossauro, que podia chegar aos cinco metros de comprimento, e na sua mandíbula poderosa, dentes afiados e nas enormes garras nos pés. Os pesquisadores consideram que ele poderia também ter olfato muito apurado.
O crânio do Llukalkan, que significa “aquele que mete medo”, era curto e com ossos ásperos, por isso sua cabeça devia exibir protuberâncias e proeminências como alguns répteis atuais.
A composição do crânio sugere, diz o artigo publicado sobre a descoberta, que a espécie era dotada de uma audição melhor do que a maioria dos outros abelissauros, bastante semelhante à dos atuais crocodilos.
O Llukalkan aliocranianus, cujo nome provém da língua mapuche nativa –“aquele que mete medo” (Llukalkan) – e do latim – “crânio diferente” (aliocranianus) – teria vivido na mesma área e período de tempo que outro abelissauro (lagarto de dorso rígido), o “Viavenator exxoni”, apenas alguns milhões de anos antes do fim da era dos dinossauros.
Restos fósseis das duas espécies foram encontrados a apenas 700 metros da formação geológica de Bajo de la Carpa, perto do famoso depósito de fósseis de La Invernada, na Argentina.
Importância da descoberta
“Esta é uma descoberta particularmente importante porque sugere que a diversidade e abundância de abelissauros era notável, não apenas na Patagônia mas também em áreas mais locais durante o período de prosperidade dos dinossauros”, disse o paleontólogo da Universidade Nacional de San Juan e autor principal do estudo, Federico Gianechini.
Os abelissauros eram uma família dominante de dinossauros terópodes (bípedes e com pés com três dedos), com comprimento médio entre cinco e nove metros, que proliferaram sobretudo na Patagônia e em outras áreas do supercontinente do sul Gondwana, que incorporava África, Índia, Antártida, Austrália e América do Sul.
Por meio da análise dos fósseis encontrados, os especialistas concluíram que a nova espécie se locomovia verticalmente sobre os seus membros posteriores, e as suas enormes garras seriam usadas para esquartejar as presas. Tinha uma dentada poderosa e dentes muito afiados com os quais aprisionava as suas capturas, movendo-se rapidamente graças às suas poderosas pernas traseiras.
Independentemente de como possa ter vivido, os vestígios fósseis encontrados sugerem que os abelissauros estavam em expansão pouco antes da extinção dos dinossauros.
Apesar da importância da descoberta, a mesma significa que ainda há muito mais para descobrir, de acordo com os pesquisadores.
“Sugere que provavelmente existem mais abelissauros que ainda não encontramos, por isso continuamos à procura de outras espécies”, disse Federico Gianechini.
O papa Francisco adaptou uma citação famosa do Hamlet, de Shakespeare, em um apelo para que as pessoas não continuem cegas à destruição do meio ambiente e à migração em massa que ela pode causar, escrevendo: “Ver ou não ver, eis a questão”.
Francisco ainda pediu às pessoas que trabalhem juntas para proteger "a criação, nossa casa comum" e não se “recolham” no individualismo. O apelo foi feito no prefácio de um documento do Escritório de Desenvolvimento do Vaticano para o Cuidado Pastoral de Pessoas Deslocadas por Eventos Climáticos.
“Sugiro que adaptemos o famoso ‘ser ou não ser’, de Hamlet, e afirmemos: ‘ver ou não ver, eis a questão!’ Isso começa com a visão de cada um, sim, a minha e as suas”, escreveu Francisco.
“Não sairemos de crises como a do clima e da covid-19 nos recolhendo no individualismo, mas somente ‘estando muitos juntos’, pelo encontro, o diálogo e a cooperação”, acrescentou no prefácio do estudo de 30 páginas divulgado nessa terça-feira (30).
Conservadores da Igreja Católica, muitos alinhados a forças políticas, são céticos sobre a mudança climática e contestam a opinião científica majoritária de que o aquecimento global é causado principalmente pelo homem.
“Quando pessoas são expulsas porque seu meio ambiente local se torna inabitável, pode parecer um processo da natureza, algo inevitável. Mas, muitas vezes, o clima em deterioração é resultado de escolhas ruins e atividade destrutiva, do egoísmo e da negligência, que colocam a humanidade em choque com a criação, nossa casa comum”.
As notas finais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, versão impressa e digital, foram disponibilizadas, nessa segunda-feira (29), pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão realizador da prova. Os estudantes podem conferir os resultados individuais das provas na Página do Participante ou no aplicativo do exame.
Segundo informado pelo Inep, também ficam disponíveis as notas dos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade (Enem PPL).
Para ter acesso às notas, os participantes devem utilizar o login único do governo federal. Caso o aluno tenha esquecido a senha, o sistema permite recuperá-la. Basta inserir o CPF no campo indicado, selecionar avançar e clicar no link “esqueci minha senha”. O sistema apresentará diversas formas para recuperar a conta (validação facial, bancos credenciados, internetbanking, e-mail e celular). É só escolher uma das opções para receber o código de verificação e, em seguida, criar outra senha.
Além do resultado da redação, que varia de 0 a 1.000, os participantes poderão conferir as notas individuais, referentes às provas das quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.
As notas individuais do Enem podem ser usadas para acesso à educação superior, no Brasil e em instituições de Portugal, e em programas governamentais de financiamento e apoio ao estudante, como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os participantes podem ter mais informações sobre os programas que permitem o ingresso na educação superior no portal do Ministério da Educação.
O resultado do Enem 2020 impresso, para fins exclusivos de autoavaliação de conhecimentos do participante treineiro, será divulgado no dia 28 de maio, na Página do Participante e no aplicativo do exame.
Teoria de resposta ao item
O Enem é corrigido com base na chamada teoria de resposta ao item (TRI), que leva em consideração, entre outros fatores, a coerência de cada estudante na própria prova. Ou seja, se ele acertar questões difíceis, é esperado que acerte também as fáceis.
Se isso não acontecer, o sistema entende que pode ter sido por chute. O estudante, então, pontua menos que outro candidato que tenha acertado as mesmas questões difíceis, mas que tenha acertado também as fáceis.
A redação tem esquema diferenciado de correção. Cada uma passa por, pelo menos, dois corretores. O tema da redação na reaplicação do Enem foi “A falta de empatia nas relações sociais no Brasil”.
O Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, fará hoje (29), às 17h, em seu canal no YouTube, a live Saravá, Jongo, Saravá – pontos de luta e resistência. O jongo foi reconhecido, em 2005, como Patrimônio Cultural Brasileiro pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em sua Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais.
O tema do debate desta segunda-feira é considerado uma importante festa afro-brasileira. A live é uma transmissão ao vivo feita por meio das redes sociais
O encontro virtual terá a participação de pesquisadoras e lideranças desta manifestação da cultura popular brasileira, como Maria de Fátima da Silveira Santos, liderança do Jongo de Pinheiral do Rio de Janeiro; Jussara Adriano de Souza, quilombola e integrante do Jongo do Bracuí de Angra dos Reis; Elaine Monteiro, coordenadora do Pontão de Cultura do Jongo/Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Martha Abreu, professora do Instituto de História da UFF e pesquisadora da cultura afro-brasileira.
Tendo no acervo de mais de nove mil obras de 300 artistas de várias regiões do país, o Museu do Pontal, uma referência da arte popular brasileira, possui esculturas e modelagens retratando a dimensão plástica do universo jongueiro, como Jongo, de Sebastião de Oliveira, conhecido como Padeiro Oliveira.
A data do nascimento dele é incerta, mas há uma indicação que seria por volta de 1898, em Taubaté (SP). Padeiro é considerado como um dos mais antigos ceramistas de sua cidade, onde ganhou o apelido de padeiro, atividade que exerceu na adolescência. O artista modelava o barro com a esposa Anastácia e, juntos, produziram vasto material. Padeiro não teve filhos e morreu na sua cidade, em 1972, sem alcançar o reconhecimento merecido.
Recursos da Lei Aldir Blanc
O projeto foi beneficiado pelo Edital Fomento a Todas as Artes, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, com recursos da Lei Aldir Blanc, do governo federal. Conta, ainda, com o patrocínio da Vale, do Itaú e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A inauguração da sede do Museu do Pontal, na Barra da Tijuca, está prevista para julho deste ano. A instalação tem um terreno de 14 mil metros quadrados, próximo ao Bosque da Barra, e com isso o espaço cultural vai ampliar seu raio de atuação e de programação, se caracterizando como um dos mais relevantes equipamentos de arte e cultura do Rio de Janeiro. O museu promove, também, projetos sociais, ambientais e educacionais.
A nova sede está voltada para uma área verde e vista privilegiada para a Pedra da Gávea e outras montanhas que fazem parte de um conjunto chamado de Gigante Adormecido, que se estende por 20 quilômetros.
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 10 votos a 1, que o governo não pode nomear livremente o diretor interino de Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet), em que se oferecem cursos superiores de graduação e pós-graduação em grau técnico. A decisão vale também para dezenas de Escolas Técnicas Federais e Agrotécnicas Federais.
O julgamento foi realizado no plenário virtual, ambiente digital em que os ministros do STF têm uma janela de tempo para votar somente por escrito, sem debate oral. A votação se encerrou às 23h59 de sexta-feira (26).
Com a decisão, o Supremo derrubou trecho de um decreto presidencial de 2019. A norma autorizava o ministro da Educação a nomear livremente o diretor pro tempore (interino) dos Cefets quando, “por qualquer motivo”, o cargo se encontrasse vago e não houvesse “condições de provimento regular imediato”. O único critério seria que o escolhido integrasse o Plano de Carreiras e Cargos de Magistério Federal.
O decreto havia sido questionado no Supremo pelo PSOL, em uma ação direta de inconstitucionalidade. Ao ser provocada, a Advocacia Geral da União (AGU) defendeu a norma, argumentando que a escolha de diretores do Cefet é ato discricionário do ministro da Educação, a quem cabe supervisionar as instituições de ensino.
Ao término, a ministra Cármen Lúcia, relatora da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), entendeu que a previsão de livre nomeação é inconstitucional, por ferir a autonomia das instituições de ensino e por ser desproporcional. Ela votou por derrubar esse trecho do decreto, sendo seguida pelos demais ministros do Supremo, com a exceção do ministro Nunes Marques.
Voto
Em seu voto, Cármen Lúcia disse que o Decreto 9.908/2019 não especificava as situações de vacância do cargo de diretor-geral que permitiriam a livre nomeação, tampouco estabelecia prazo para a direção interina dos Cefets.
Seria possível, por exemplo, que a vacância fosse provocada “por conta de óbices e atrasos dos órgãos mesmos do Poder Executivo na nomeação de profissional indicado pela comunidade escolar”, disse a ministra. Isso daria ao ministro da Educação a possibilidade de perpetuar um indicado pessoal no cargo, entendeu ela.
Nesses termos, a livre nomeação afrontaria os princípios constitucionais do pluralismo, da gestão democrática do ensino e da autonomia das entidades educacionais, concluiu Cármen Lúcia.
“A previsão normativa de preenchimento imediato da função por agente escolhido unilateralmente pelo ministro da Educação põe em sacrifício constitucional o processo democrático de escolha dos dirigentes da comunidade escolar, limitando, quando não esvaziando, os princípios constitucionais que regem a matéria”, escreveu a ministra.
As notas finais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, versão impressa e digital, serão disponibilizadas nesta segunda-feira (29), a partir das 18h (horário de Brasília). Os participantes poderão conferir os resultados individuais das provas na Página do Participante ou no aplicativo do exame.
Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão realizador da prova, também estarão disponíveis as notas dos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade (Enem PPL).
Para ter acesso às notas, os participantes devem utilizar o login único do governo federal. Caso o aluno tenha esquecido a senha, o sistema permite recuperá-la. Basta inserir o CPF no campo indicado, selecionar avançar e clicar no link “Esqueci minha senha”. O sistema apresentará diversas formas para recuperar a conta (validação facial, bancos credenciados, internetbanking, e-mail e celular), escolha uma das opções para receber o código de verificação e, em seguida, crie uma nova senha.
Além do resultado da redação, que varia de zero a mil, os participantes poderão conferir as notas individuais, referentes às provas das quatro áreas de conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e matemática e suas tecnologias.
As notas individuais do Enem podem ser usadas para acesso à educação superior, no Brasil e em instituições de Portugal, e em programas governamentais de financiamento e apoio ao estudante. Os participantes podem ter mais informações sobre os programas que permitem o ingresso na educação superior no portal do Ministério da Educação.
O resultado do Enem 2020 impresso, para fins exclusivos de autoavaliação de conhecimentos do participante treineiro, será divulgado no dia 28 de maio de 2021, na Página do Participante e no aplicativo do exame.
Notas finais
O Enem é corrigido com base na chamada teoria de resposta ao item (TRI), que leva em consideração, entre outros fatores, a coerência de cada estudante na própria prova.
Ou seja, se ele acertar questões difíceis, é esperado que acerte também as fáceis. Se isso não acontecer, o sistema entende que pode ter sido por chute. O estudante, então, pontua menos que outro candidato que tenha acertado as mesmas questões difíceis, mas que tenha acertado também as fáceis.
A redação tem esquema diferenciado de correção. Cada uma passa por, pelo menos, dois corretores. O tema da redação na reaplicação do Enem foi “A falta de empatia nas relações sociais no Brasil”.
As notas do Enem podem ser usadas para ingressar no ensino superior e para participar de programas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Uma vida laboriosa, profundamente humana, integrada na vida da cidade. Uma vida em encantamento, em espírito, em inteligência, em fraternidade, em amor e em renúncias, em sacrifícios, em libertação dos sentimentos mais puros e mais dignos. Uma existência, toda ela em serviço da boa causa, uma “utilidade pública” extraordinária. Uma unidade de princípios restauradores. Uma força moral impressionante. Uma grandeza de alma. Uma resistência no exercício de várias atividades públicas. E, com ele, sempre, inflexível, a firmeza de suas atitudes, estas que não se abatêm, estas que não se curvam, estas que não aceitam a acomodação comprometedora.
Tudo nele a participação válida. A coragem que não se abate. A insistência que não desanima. A luta que não declina. A vontade que não vacila. A amizade que não atraiçoa. O companheirismo que não fere, que não insulta, que não humilha. A palavra que aconselha, a palavra que orienta. A esperança que não engana. O diagnóstico que não atemoriza, que não desespera, que não aflige, que não recua, mas que insiste, que busca um pouco ou um muito para continuar, para sentir instantes e momentos de felicidade.
Uma vida que sempre esteve no lar de muitos. Um cristo realizando milagres, curando, promovendo o bem-estar de muitos. Era assim, sempre foi assim, em toda a sua vida. A medicina, seu campo de ação, sua constante vibração de inteligência, de cultura, de humanismo. Da profissão um sacerdócio. Da vida um laboratório de realizações magnânimas e magníficas. Da sua vida, a vida de muitos, de seus clientes, do povo, da gente humilde, da gente simples, simples como ele, pobre como ele.
Muitos anos na vida da cidade. Muitos anos no seu consultório. Muitos anos atendendo a consultas, escrevendo receitas, ouvindo doentes, salvando vidas. Muitos anos assim, assim com a sua vida, assim com a vida trabalho e luta da cidade, desta São Luís que sempre amou, desta São Luís que sempre o teve nas lutas políticas da época, na luta oposicionista, na luta democrática, na luta pelas reivindicações populares. Na luta maior: recuperando vidas.
Esteve nos jornais. Sustentou polêmicas. Esteve na vida intelectual da cidade. A vida em espiritualidade. A vida em amor. A vida em poesia esta que não se escreve, mas que se sente. Esta que vive dentro de nós, trancada em nós, no nosso mundo interior. Poeta. Sim. Poeta de todas as tristezas, de todas as alegrias. E a sua poesia, pura, humana, simples, declamava-a a seus doentes: “Dr. Djalma me salvou”. E, dentro dele, o cântico destes versos.Rimas soltas a registrar belezas, mensagens de paz e de tranquilidade.
Sim, estava na vida. A vida em distribuição de afetos, a vida em tudo que é vida. E, dele, a sua presença na casa de um rico. Na casa de um pobre. Na casa onde estivesse uma DOR CHORANDO. Sempre assim o dr. Djalma Marques, um amigo do meu Pai, do Nascimento Moraes, um amigo da família. Amigos de todas as horas. De todos os instantes. De todos os momentos. Uma lembrança vivendo dentro da gente, da alma da gente, da vida da gente.
Hoje, temo-lo na velhice. Hoje, temo-lo na moldura da vida tradição da cidade. Hoje, temo-lo na festa dos seus 50 anos de casado. E, junto dele, a esposa, a amiga, a companheira. E junto dos dois, de ambos os dois, os filhos e os netos. Com todos, a família que ele construiu, que ele preservou, que ele sempre amou.
Sua vida na extensão da vida. Sua vida no poente Iluminado do Sol. Sol vida. Sol luz. Sol sombra, irradiação de luz. E, com ele, a sua velhice, a sua resistência. Com ele, quantas lembranças, quantas saudades. Com ele, seu mundo de recordações. Com ele, a poesia da sua alma na libertação de todos os seus sonhos, de todas as realizações.
E, aqui, esta página do Paulo Augusto. O Paulo Augusto que ele viu criança e o tem agora com seus cabelos brancos dizendo para ele e para a sua família: Felicidades, dr. Djalma Marques! Felicidades!
* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 15 de setembro de 1968 (domingo).
Não é propriamente um erro. O que nós encontramos na frase acima é uma marca típica da língua coloquial brasileira: a mistura de tratamento (segunda com terceira pessoa).
Na chamada língua padrão, é mais conveniente que haja correspondência: ou na segunda pessoa (“VEM para a Caixa TU também”) ou na terceira pessoa (“VENHA para a Caixa VOCÊ também”).
Isso deve ser aplicado em textos formais. Em se tratando de uma peça publicitária, assim como na música e na poesia, há liberdades linguísticas. É a famosa licença poética em que o conceito de certo ou errado não se aplica. O que vale é a expressividade.
2ª) “O Flamengo está centralizando o jogo pela direita”?
Nosso leitor tem razão. Assim, o Flamengo fica torto e perde.
É impossível CENTRALIZAR pela DIREITA. CENTRALIZAR só pode ser pelo centro. Centralizar pela direita só se for no sentido figurado.
O melhor é CONCENTRAR.
3ª) “Este cartão amarelo é fruto da falta de desatenção”?
A desatenção foi do comentarista. O cartão amarelo foi fruto da falta de atenção ou fruto da desatenção.
4ª) “O escritório fica no quinto e sexto andar”?
Ou no quinto e sexto andares ou no quinto e no sexto andar.
O substantivo que acompanha dois ou mais numerais vai para o plural ou fica no singular se repetirmos o artigo antes dos numerais: primeiro e segundo graus ou no primeiro e no segundo grau; quinto e sexto andares ou no quinto e no sexto andar; alunos de sétimo e oitavo anos ou do sétimo e do oitavp ano.
5ª) “Agradecem a todos por transformar tanta gente e fazerem com que as pessoas se sintam felizes”?
Faltou coerência: “… por transformar…e fazerem...”
Ou “… por transformarem…e fazerem…” ou melhor “… por transformar… e por fazer…”
6ª) “Pesquisa comprova que 51% trabalha fora”?
Nosso leitor tem razão. Temos, nesse caso, um erro de concordância.
O sujeito (= 51%) está no plural. A concordância do verbo deveria ser no plural: “… que 51% trabalham fora”.
Se o sujeito fosse o substantivo MAIORIA, que é singular, o verbo concordaria no singular: “A maioria trabalha fora”.
Se o sujeito fosse “51% da população”, a concordância seria facultativa: “… que 51% da população trabalha OU trabalham fora”.
Nesse caso, a maioria dos estudiosos prefere a concordância do verbo com o especificador (= população): “… que 51% da população trabalha fora”.
Se o sujeito fosse “A maioria das mulheres”, a concordância também seria facultativa: “A maioria das mulheres trabalha fora” (concordância lógica com o núcleo do sujeito, que é “maioria”) ou “A maioria das mulheres trabalham fora” (concordância atrativa com o especificador, que é “mulheres”).
Nesse caso, a preferência é a concordância tradicional com o núcleo do sujeito (= no singular).
7ª) “Eles estavam em alto mar”?
Quando nos referimos à “região marítima afastada do litoral”, o correto é escrever com hífen: “Eles estavam em alto-mar”.
8ª) “Nós somos em cinco”?
O leitor tem razão. A preposição está sobrando. Bastaria dizer: “Nós somos cinco”. Também seria correto dizer que “estamos em cinco”.
9ª) “Pscicólogo Fulano de Tal”?
Leitor tem inteira razão. Erro grosseiro. “Psicólogo” com “PSC” precisa de internamento.
Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas das frases a seguir:
1ª) “É preciso que nós _________ antes da meia-noite”;
2ª) “O filme __________ na semana passada”;
3ª) “Ele só _________ o cavalo na hora de sair”.
(a) ceiemos / estreiou / arreia;
(b) ceemos / estreou / arreia;
(c) ceiemos / estreou / arria;
(d) ceemos / estreiou / arria;
(e) ceemos / estreiou / arreia.
Resposta do teste: letra (b).
Os verbos terminados em “-ear” fazem uma ditongação “ei” nas formas rizotônicas (sílaba tônica dentro da raiz = ceia, semeia, estreia, arreia, passeia, saboreia). Nas formas arrizotônicas (sílaba tônica fora da raiz), não há o ditongo: ceamos, ceemos, semeamos, semeemos, estreou, estreamos, passeamos, passeemos, passeando, saboreando, saboreou. ARREIA é do verbo ARREAR (= pôr arreios no cavalo) e ARRIA é do verbo ARRIAR (= abaixar, descer).
O sinal toca três vezes, indicando que a peça vai começar. Mas a plateia não está mais reunida. Agora, o público é disperso e tem o tamanho do mundo. A peça de teatro é exibida simultaneamente em várias casas de várias cidades, no Brasil e fora dele.
O “Ensaio sobre a Perda” é um dos diversos espetáculos teatrais que precisaram deixar os palcos e migrar para plataformas digitais por causa da pandemia. Na peça, um casal recebe um comunicado de que foi beneficiado em um edital que ambos se inscreveram enquanto ainda eram casados. Apesar do término turbulento, eles decidem retomar o projeto.
Os teatros, por serem ambientes fechados, com pouca circulação de ar e criarem aglomerações, estão entre os primeiros espaços que foram fechados, no início da pandemia, em março de 2020, no Brasil. Sem ter onde se apresentar, os artistas precisaram se reinventar. No Dia Mundial do Teatro, celebrado ontem (27), a Agência Brasil conversou com atores, dramaturgos e produtores que convivem diariamente com esse desafio.
“Exatamente no dia que a gente ia começar o ensaio, foi anunciado o lockdown, e a gente pensou que a pandemia duraria 15 dias. Pensamos que logo retomaríamos o ensaio presencial”, conta o dramaturgo, roteirista e ator Herton Gustavo Gratto, que escreveu e atuou em “O ensaio sobre a Perda”. Não foi o que aconteceu. Com isso, a equipe teve de se reinventar: todo o preparo da peça foi feito à distância, entre Rio de Janeiro e Mato Grosso. E a apresentação também.
Herton Gustavo Gratto - Nathan Leitão
“Foi um processo muito bonito de descoberta de uma nova linguagem. A gente chegou e era tudo mato, eu brinco. Fomos descobrindo como estar no jogo e, ao mesmo tempo, manipulando e descobrindo imagens e ações. Não estamos fisicamente juntos, e a gente contracena o tempo todo olhando para o botão verde da câmera. Porque se você olha para a outra pessoa, quem está assistindo tem a sensação de que está olhando torto. Fomos desenvolvendo uma narrativa, um jogo, onde buscávamos usar as limitações a nosso favor”.
A internet, segundo Gratto, possibilitou que o espetáculo chegasse a mais pessoas e a lugares onde antes não chegaria. Ele está com outros trabalhos engatilhados. Nesse sábado (27), no Dia Mundial do Teatro, estreou Moléstia, espetáculo que já passou pelos palcos, e que, agora, chegou às telas (em destaque, na foto principal).
“Essa linguagem, que foi descoberta, não vai cair em desuso, mas vai ser mais uma ferramenta. O teatro é insubstituível, mas acho que vem para ficar”.
Retração e expansão
O digital entrou definitivamente na vida da diretora Luciana Martuchelli. As aulas e as preparações de atores que antes eram feitas apenas ocasionalmente pelo computador, migraram de vez. “As fronteiras, que eram antes geográficas e físicas, romperam-se. As turmas que eu faria presenciais, a grande maioria migrou para on-line. Minhas turmas de preparação de ator têm [pessoas] de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Colômbia, Peru, Londres, Portugal”, diz.
“Acho que existe um processo de transformação, de reinvenção, de mudanças, onde as tradições aí estão, mas, ao mesmo tempo, abrem-se possibilidades, rompeu-se o lacre”. Luciana, é diretora da TAO Filmes – escola de atores para o teatro, televisão, cinema e música e da Companhia YinsPiração Poéticas Contemporâneas, ambas com sede em Brasília. Ela conta que, antes da pandemia, a companhia estava com a agenda lotada, em turnês pela Europa e América Latina. Tudo precisou ser interrompido.
A produção foi revisitada. Para viajar mais, a companhia precisou enxugar grandes produções, investir mais em espetáculos com poucos atores e equipe reduzida para viabilizar, economicamente, os deslocamentos. Por isso, a pandemia trouxe de volta um espetáculo que eles imaginaram que não voltaria a ser exibido: “Sonhos de Shakespeare”. A peça, de 2016, precisa de uma semana apenas para ser montada. Nela, cenas ocorrem simultaneamente em um ambiente que simula uma casa. O público fica posicionado no meio desse cenário e pode viver experiências diferentes. O espetáculo foi filmado com cinco câmeras para que tudo ficasse registrado”.
Quando veio a pandemia, os [espetáculos] pequenos, que não estavam filmados, foram encaixotados. E esse, que pensamos que nunca mais fosse viver, foi a mais de sete festivais nacionais e internacionais, foi comprado por [uma emissora de] TV. Coisa da pandemia. O que vira restrição em um lugar, vira expansão em outro”, diz Luciana.
Para ela, os artistas têm um papel essencial nesse momento de dor, que é histórico. “O mundo só vai saber o que foi essa época pelos artistas, por toda a produção artística, de música, teatro, cinema, literatura. Tudo que puder, de alguma forma, contar essa história em todos os níveis e camadas que essa história merece ser contada”.
Redes sociais
“O teatro parou. Os artistas não. Estamos fazendo arte, nos adaptando. Torcendo pela volta. Não será fácil”, diz o ator Nobu Kahi, de Taguatinga, Distrito Federal. Kahi conta que estava habituado a uma rotina de ensaio de segunda a quinta e de apresentações nos fins de semana. Tudo mudou na pandemia. “Para continuar fazendo arte, decidi utilizar minhas redes sociais. Fazer arte dentro de casa”, revela.
Kahi é ator há dez anos. Antes da pandemia, trabalhava na companhia Agrupação Teatral Amacaca, dirigida por Hugo Rodas. Acabou se licenciando da companhia, pedindo um período sabático. Começou, então, a lecionar no ensino público a disciplina Teatro e Cinema.
Na internet, ele descobriu um universo distinto ao que estava habituado. “Nas redes sociais, encontrei um bom espaço para divulgar meu trabalho. Como se eu fosse o dono do meio. Diferente do teatro, que não dá pra fazer sozinho. Na internet eu posso alcançar o mundo dentro do meu quarto. É um local incrível. Inspirador”. Mas esse espaço, segundo ele, não substitui os palcos. “Teatro só acontece ao vivo. Olho no olho. O que tempos agora são produtos audiovisuais. Algo que flerta com o cinema”, diz.
Criação na pandemia
A Companhia Dos à Deux já planejava iniciar uma criação antes mesmo da pandemia. No entanto, logo no início do ano passado, Artur Ribeiro e André Curti viram-se em uma imersão em casa, onde têm também uma sala de ensaio. “A gente decidiu entrar em pesquisa, sabendo que seria diferente esse início, porque não tínhamos data de estreia”, diz Ribeiro, que é ator e diretor da Companhia. “Quando não se tem data de estreia, você, então, se coloca como objeto de pesquisa. Isso para a gente foi um momento muito importante. Um momento que a gente foi para a sala de ensaio diariamente e criamos pílulas poéticas, expressando o que a gente estava vivendo a cada dia”, conta.
Agora, “Enquanto você voava, eu criava raízes” já tem data de estreia, em abril de 2022. “O título entrou como uma metáfora muito bonita dentro disso tudo, porque, entre céu e terra, o que estamos buscando agora é um espetáculo de sensações e um espetáculo muito metafórico sobre esse homem que está nessa busca tentando driblar os seus medos num momento tão caótico, quase de fim de um tempo para início de outro”.
Os atores Artur Ribeiro e André Curti - Xavier Cantat
A Companhia exibiu, recentemente, produções on-line e, para manter o contato com o público, realizou conversas após as apresentações. “A gente viu que é muito importante nesse momento, de alguma forma, comunicar. Para a gente, foi muito prazeroso isso e acho que, de qualquer forma, essa nova maneira de comunicar vai permanecer porque conquistamos novas plateias, que, depois que acabar a pandemia, a gente vai ter que se comunicar com elas. A gente não pode simplesmente esquecê-las”.
Ribeiro apoia-se no teatro, nas criações, na arte, para viver cada um dos dias. “Estamos à deriva e a gente fica jogando boias e nada até elas. Se a gente ficar nadando no mesmo lugar, a gente vai se afogar. Então, nada um pouquinho, joga a boia, nada de novo. Assim, a gente vai conseguir passar por isso de forma mais lúcida, acredito eu”.
Broadway
Em 2020, a Barho Produções preparava-se para trazer para o Brasil o musical “Barnum – O Rei do Show”. Em 2017, o enredo, apresentado na Broadway, foi adaptado para o cinema com o filme Rei do Show, estrelado pelo ator Hugh Jackman. O musical conta a história de Phineas Taylor Barnum, mais conhecido como P. T Barnum, considerado um dos pioneiros do circo. No Brasil, ele será interpretado por Murilo Rosa.
“Nossa estreia seria em setembro de 2020. Com a chegada da pandemia, um ano atrás, remanejamos para março deste ano, o que infelizmente não foi possível. Estamos aguardando o caminhar da situação para entender a viabilidade e possível nova data junto ao Teatro Opus [em São Paulo]”, diz o diretor de produção Thiago Hofman.
Somente em dezembro de 2020, seguindo vários protocolos de segurança sanitária, foi possível realizar audições e selecionar o elenco, de 200 pessoas. “Ter vivenciado esse processo durante a pandemia nos deu ainda mais força para continuarmos lutando pelo projeto. Em termos de pré-produção, já está tudo praticamente pronto e, como tivemos um ano inteiro, todo o processo de criação e planejamento foi muito bem estudado e desenvolvido”, diz.
Hofman explica que a Barho adquiriu testes rápidos, termômetros, oxímetros, máscaras, álcool em gel, divisórias de acrílico para a testagem e acompanhamento recorrente de toda a equipe e está estabelecendo parcerias com laboratórios e empresas do segmento de saúde na tentativa de, ainda este ano, retornar aos palcos. Uma das saídas encontradas foi diversificar o portfólio. Eles adquiriram a licença de uma nova peça “4.000 Miles by Amy Herzog”, que conta apenas com quatro pessoas no elenco, para diminuirr os riscos. “O que sempre nos motivou e nos motiva a continuar é o fato de levarmos a magia e alegria ao público. Ver o brilho nos olhos no final de cada sessão é impagável! Ficou iminente também durante esta pandemia que a cultura é de extrema importância para a sanidade e crescimento de todo ser humano e, por isso, continuaremos lutando por mais conteúdo com acessibilidade a todos”, diz.
Um ator brasileiro em Portugal
O ator e produtor Danilo Bethon viajou para Lisboa, Portugal, em 2017, para fazer um curso de teatro. Não gostou do curso, mas decidiu ficar na cidade e começar a atuar e produzir. Descobriu um nicho, levar o teatro para as escolas. Algo que, segundo ele, no Brasil é mais comum, mas, em Lisboa, era novidade. “Acabei produzindo um espetáculo infantil e comecei a vender. Vendemos para uma escola, que foi nosso teste. Funcionou superbem. Depois disso, outra escola pediu outro espetáculo. Todas as escolas que íamos pediam mais e mais espetáculos”, conta.
O ator Danilo Bethon se prepara para mais um espetáculo - Gabriela Lima
O carro-chefe da companhia é o espetáculo “A galinha Nanduca – Uma aventura em Portugal”, livre adaptação da obra de Ganymédes José, sucesso no Brasil de 1983. Nela, dois palhaços, Azambuja e Zé Pelanca, contam a história de Nanduca, uma galinha em busca de aventuras pelo mundo. “Conquistamos Lisboa com esse espetáculo”, diz.
Foi com a agenda cheia que a Companhia Dona Persona começou o ano de 2020. Mas, com a pandemia, as peças começaram a ser canceladas. “As escolas fecharam, tudo foi cancelado. Estávamos sem previsão nenhuma para nada. Estava escalado para um filme e cancelaram as filmagens”, conta. “Vem a questão financeira. Estávamos preparados para um ano de espetáculos. Começamos a investir nas produções porque sabíamos que receberíamos de volta. Quando chegou a pandemia, tínhamos investido toda a grana que a gente tinha. Sobrou um pouquinho por mês para pagar o aluguel e comprar o básico do mercado”.
As escolas chegaram a reabrir no fim do ano, e a companhia pôde fazer apresentações de Natal. Mesmo a apresentação presencial precisou ser diferente, com público reduzido. Um espetáculo que seria apresentado uma única vez na escola, agora precisou ser apresentado até seis vezes, para que todas as crianças, divididas em grupos menores pudessem assistir.
Bethon tem participado de editais, conseguiu apoio para outros projetos e abriu espaço para experimentar o teatro pelas telas. “Estamos tentando gostar, aprendendo a gostar dessa linguagem on-line. A gente sabe que consegue atingir muito mais pessoas. Mas é difícil prender a pessoa na tela do computador”, diz. Para ele, o futuro do teatro não está tanto nas telas, mas em voltar ao início, voltar para às ruas, como eram os primeiros espetáculos teatrais, para evitar aglomerações em espaços fechados. “Acho que a solução vem lá de trás. Que lindo vai ser ter mais teatro nas ruas”.
Impactos no setor
“O impacto da pandemia é totalmente negativo. A gente não tem os palcos liberados, não podemos nos apresentar. Nós vivemos de aglomeração. O público nada mais é do que aglomerados que se juntam com um objetivo comum, de assistir a um espetáculo, seja de dança, de teatro. Uma das principais, senão a principal, profilaxia da covid-19 é o distanciamento”, diz o presidente da Associação dos Produtores de Teatro (APTR), Eduardo Barata.
Desde março, os teatros estão fechados em todo o país. Muitos migraram para a internet. O retorno econômico, no entanto, de acordo com Barata, não é suficiente para manter todas as equipes. “O setor está completamente fragmentado economicamente. A internet se abriu como possibilidade de expressão artística, mas não de mercantilização. Não se consegue sustentar e manter de forma digna não apenas a cadeia produtiva criativa, mas a cadeia produtiva do setor cultural através da internet”, diz. “A economia do setor não é mantida através das ações que são feitas na internet. A gente não tem estrutura. As pessoas não têm o costume de pagar”, acrescenta.
Dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) indicam que o setor de economia criativa no país, que inclui o teatro, contribui, diretamente, para cerca de 2,61% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 1,8% do total de empregos do país.
Com a pandemia, houve a redução média de 43,9% do volume de produção das atividades, a expectativa é que o PIB do setor encolha 31,8% em 2020 e que, em 2021, fique 4,5% abaixo do resultado de 2019. Isso significa uma perda de R$ 69,2 bilhões, ou 18,2% na produção total do período. As informações são da Pesquisa de Conjuntura do Setor de Economia Criativa – Efeitos da Crise da Covid-19, conduzida, ano passado, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Projetos, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo.
A pesquisa aponta também que o setor de economia criativa é composto, em grande parte, por micro e pequenas empresas e profissionais autônomos, formalizados ou não, que não possuem capital de giro suficiente para suportar grandes períodos sem faturamento. Ao todo, 88,6% indicaram ter sofrido com queda do faturamento.
“Há de se ter ações de sobrevivência para o setor cultural e artístico, para o setor teatral. Não tem como sobreviver economicamente sem que o Poder Público atue de forma expressiva e significativa para tentar manter a sobrevivência dos profissionais da cultura e das artes”, diz Barata.
A retomada de ações de fomento é uma das propostas para a retomada do setor feitas na pesquisa da FGV Projetos. Os pesquisadores propõem, ainda, a facilitação do acesso a crédito, a renegociação de dívidas de impostos, a renegociação de empréstimos e créditos concedidos e a preparação para o novo mercado de consumo pós-covid-19.