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Professores das escolas particulares da cidade do Rio de Janeiro decidiram hoje (1º), em assembleia virtual, manter a greve iniciada no dia 6 de julho. Diante da possibilidade de retorno às aulas presenciais no município, os docentes dizem que não se sentem seguros para voltar às salas de aula em meio à pandemia do novo coronavírus, embora permaneçam atuando no trabalho remoto.

“Decidimos manter a greve por ainda não visualizarmos segurança para esse retorno”, disse o vice-presidente do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio), Afonso Celso Teixeira. “Nenhum órgão de saúde que temos consultado nos assegura que o momento de retorno é esse. O número de casos de covid-19 tem aumentado. No Rio, está estabilizado, mas estabilizado em uma alta”.

A assembleia, que ocorreu nesta tarde, teve a presença, segundo o Sinpro-Rio, de mais de 500 professores. A maioria, 98%, foi favorável a manutenção da greve.

“Mesmo o trabalho remoto sendo um trabalho estafante, extenuante, que tem causado muitos transtornos aos professores, mesmo assim, a preferência é por continuar nesse modelo até que a gente tenha uma segurança para o retorno das atividades presenciais”, diz Teixeira.

O Sinpro-RJ diz que vai acionar a Vigilância Sanitária do município para que o protocolo de saúde e segurança seja cumprido, assim como as regras municipais. A entidade estará de plantão esta semana para atender os professores.

Impasse

A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou, no dia 20 de julho, o retorno às atividades presenciais nas escolas privadas a partir do dia 3 de agosto. A medida, conforme explicada pela prefeitura, vale para os 4º, 5º, 8º e 9º anos do ensino fundamental. O governo do Estado, no entanto, que ainda não definiu data para o retorno das aulas, afirmou que cabe à Secretaria de Estado de Educação, e não ao município, a responsabilidade pela retomada das aulas nas escolas da rede privada, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio.

Neste sábado, a prefeitura disse que deu o aval apenas ao que lhe cabe, a parte da Vigilância Sanitária, para que escolas particulares reabram se os donos delas assim decidirem junto a seus respectivos sindicatos e representantes do setor e reforçou a data de 3 de agosto para a retomada. “Não cabe à prefeitura essa regulação sobre reabertura de escolas particulares nem creches privadas. A posição da Prefeitura do Rio é apenas autorizativa quanto aos protocolos e ao cumprimento deles por parte da Vigilância Sanitária”, informou a prefeitura.

A data não coincide com as medidas do Estado. No Estado do Rio de Janeiro, estão em vigência medidas restritivas para evitar a propagação do novo coronavírus até, pelo menos, o dia 5 de agosto. Segundo o decreto, do dia 22 de julho, as aulas presenciais das redes de ensino estadual, municipal e privada permanecem suspensas em todo o Estado.

A Secretaria de Estado de Educação, em nota, diz que, assim que a Secretaria de Saúde informar que há condições de voltar, será iniciado o protocolo de 15 dias para a retomada das aulas presenciais nas unidades escolares fluminenses. A secretaria afirma que trabalha, com um comitê de especialistas, desde o início do isolamento avaliando a volta às aulas presenciais.

Falta de clareza

Diante da falta de clareza, as escolas particulares da cidade do Rio aguardam uma definição da data para o retorno. “A escola particular está aguardando uma definição das autoridades para o retorno das atividades presenciais e está preparada para voltar dentro dos protocolos que foram criados pelas autoridades”, disse o diretor do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Município do Rio de Janeiro (Sinepe-Rio), Frederico Venturini.

Segundo Venturini, o Sinepe-Rio não tem uma estimativa de quantas escolas devem retomar as aulas presenciais na segunda-feira.

Quanto à greve dos professores, o diretor diz que a relação da escola particular com os professores “sempre foi a melhor possível”. “Estamos abertos ao diálogo. A escola não existe sem professor”, disse. “A gente entende que, com a autorização da Secretaria de Saúde e da Secretaria de Educação, as aulas presenciais terão que voltar. No início, com ensino híbrido, mesclando presencial com distância. Mas, estamos sempre dialogando com os professores”.

Recomendação

Nesta semana, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e a Defensoria Pública do Estado emitiram uma recomendação ao prefeito Marcelo Crivella para que mantenha as medidas restritivas de isolamento nas unidades de ensino da rede municipal e nas escolas e creches privadas. O documento diz que a reabertura não deve ocorrer até que haja evidências científicas, fornecidas por autoridade médica ou sanitária, de possível retomada segura das atividades.

Os órgãos consideram prematuro o retorno das atividades “na ausência de comprovação de requisitos mínimos de segurança e fundamenta sua recomendação em diversos fatores, como notas técnicas, a legislação vigente e estudos científicos”.

(Fonte: Agência Brasil)

Fernando Braga

Fernando Braga é um poeta referencial pelo qual nutro muito afeto e admiração. A poesia dele é “densa de conteúdo e expressão” como assegurou ninguém mais ninguém menos do que Carlos Drummond de Andrade. O cântico de Fernando já foi celebrado por Thiago de Mello, Josué Montello, Cassiano Ricardo, Oswaldino Marques, Nelly Novaes Coelho, isso para citar apenas alguns poucos nomes entre tantos que reconhecem e confirmam o talento e a substância da obra do poeta, autor de “Campo Memória”, um canto de amor a São Luís.

Tenho Fernando como um irmão que os caminhos da poesia me deram. Uma das pontes para nossa aproximação foi o saudoso poeta Déo Silva, com o qual Fernando Braga teve a oportunidade de trabalhar e conviver. Fui presenteado por Fernando com o livro “Magma” (Editora Kelps, 2014), sendo que, em tal volume de poesia, Fernando se revela, nas linhas e entrelinhas, o mesmo menino de sempre, com as “muitas marcas da vida”.

A palavra-lava-magma-explosão de FB vai “Além do verbo”, bem como do título homônimo de Guimarães Rosa. Sobre essa própria relação com o verbo, declara a poesia bragueana: “Estou no meio do verbo / que me divide / eu sou e fui... / De pele e osso cobri-me / e serei de sobras;”. No livro “Magma”, eu pude me deparar com preciosidades como os poemas “O cavalo-tempo” e “O mar de minha culpa”, os quais sempre estarão comigo pelo poder de atravessamento de suas palavras-adagas.

Quanto ao antes referido “Campo Memória” (Gráfica do Senado Federal, Edições Corrêa & Corrêa, Brasília, 1991), em síntese, pode-se dizer que esse poema-livro é um patrimônio sempiterno da ilha-patrimônio da humanidade.

Fernando Braga, além de exímio poeta, é um grande crítico-ensaísta. Quão maravilhosas são as suas “Conversas vadias”, nas quais fala da literatura/arte do mundo com um texto vigorosamente envolvente.

Sinto-me muito pequeno para poder falar desse poeta de referência do nosso Mundanhão. Tenho-o como um mestre e sua amizade me é um privilégio dos grandes. Para poetas desse nível, eu peço a bênção e fico na plateia aplaudindo, tomando por empréstimo palavras de outro imenso poeta brasileiro, o meu conterrâneo Adailton Medeiros.

Uma das alegrias da minha vida vai ser dar um abraço, pessoalmente, em Fernando Braga, depois que esse período de crise sanitária passar. Por enquanto, eu o abraço por meio da minha palavr(h)humanidade nestas breves linhas sobre sua poesia & pessoa.

* Os integrantes da noite – por Carvalho Júnior

– “Vós pouco dais quando dais de vossas posses. É quando dais de vós próprio que realmente dais”. (Khalil Gibran)

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Por estes tempos, há alguns anos, pessoas e instituições de minha terra (Caxias-MA) fizeram-me homenagens.

Tive meu nome inscrito em diplomas. Tive um pouco de minha pouca história escrito em livros.

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Não sou profeta. De minha própria terra basta-me o orgulho de ser filho dela.

Mas a sensação de ser homenageado EM e POR sua cidade natal é diferente dos reconhecimentos que vêm “de fora”.

Os da sua terra sabem de suas raízes e tronco. Os “de fora”, às vezes, veem só ou, quase sempre, folhas ou frutos, ramos ou ramagens.

É diferente o ser homenageado por quem lhe conhece os passos e o passado, da infância à mocidade e desta à adultez.

É diferente o ser reconhecido por quem lhe sabe a vida pregressa e o progresso futuro. Os tinos e desatinos primeiros e o destino em seguida.

Os que assim homenageiam sabem-lhe do solo e do solado que o pisa.

Sabem de você criança e de sua criação.

Sabem-lhe as crenças meninas, a fé cidadã.

Sabem as fundações de você, base sobre a qual se ergueu e se ergue instante a instante a sua vida.

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O grande sinal da evolução humana não está na pintura nas rochas.

Não está no domínio do fogo...

Não está na invenção da roda.....

Não está na criação da Imprensa...

Não está no surgimento da “internet”...

Está no sorriso e suportação da fome da mãe que cede a comida pouca ao filho faminto...

O grande, o maior sinal de evolução do ser humano está no reconhecimento do outro. Do outro e sua necessidade. Do outro e sua necessidade e a busca da satisfação desta, ou de sua redução.

Há menos evolução no arranha-céu moderno que a que há no ser zeloso que cuida, alimenta, abriga e protege aquele a quem lhe faltam as pernas, ou a voz, e até a consciência – mas não a capacidade, a potência de inspirar e fazer surgir no outro o sentimento de humanidade.

Ser humano é a única razão – humana – de ser...

* EDMILSON SANCHES

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) vão retomar as atividades acadêmicas, de forma remota, a partir de setembro, devido à pandemia de covid-19.

De acordo com o calendário emergencial da Uerj, haverá novo prazo para inscrição em disciplinas, que se inicia em 3 de setembro. Já para os estudantes aprovados nas reclassificações do Vestibular 2020, as matrículas serão abertas em agosto, de forma “on-line”, pelo Portal do Vestibular. As aulas do primeiro semestre de 2020 começam em 14 de setembro e se estendem até 12 de dezembro. O encerramento, após as avaliações finais, está marcado para 19 de dezembro.

Segundo a Uerj, as unidades acadêmicas oferecerão atividades letivas por meios digitais, com carga horária equivalente às aulas presenciais anteriormente programadas. Excepcionalmente nestes períodos, os alunos serão dispensados de frequência presencial. No entanto, haverá controle de participação de acordo com a proposta pedagógica.

Com o objetivo de favorecer a inclusão do maior contingente possível de estudantes, será reduzido o número mínimo de disciplinas exigido no semestre. Os graduandos deverão se inscrever em, pelo menos, uma disciplina, obrigatória ou eletiva.

Para aqueles que não puderem realizar as atividades remotas, será garantida a possibilidade de trancamento especial. Este prazo não será contabilizado no limite de seis períodos a que todos têm direito normalmente. Os calouros também poderão, em caráter excepcional, solicitar o trancamento, mesmo estando no primeiro período de seu curso de graduação.

De acordo com a Uerj, as atividades remotas serão oferecidas em plataformas tecnológicas públicas e gratuitas de ensino e de webconferência, como o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que já vem sendo usado por diversas unidades desde abril e conta com mais de 20 mil inscritos, entre alunos e professores.

UFF

O primeiro semestre letivo de 2020 da UFF está marcado para iniciar em 14 de setembro, com duração até 15 de dezembro; e o segundo semestre ocorrerá entre 1º de fevereiro e 10 de maio de 2021. A universidade informou que, de acordo com as evidências científicas atualmente disponíveis, é provável que não haja retorno presencial este ano.

A decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão autorizou, em caráter excepcional, a substituição das atividades acadêmicas presenciais de componentes curriculares teóricos, práticos e/ou teórico-práticos dos cursos de graduação presencial da UFF por atividades remotas por meio de tecnologias digitais de informação e comunicação, durante o período de pandemia da covid-19. A inscrição nas disciplinas será facultativa.

(Fonte: Agência Brasil)

Interessados em se inscrever no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) tem até as 23h59 desta sexta-feira (31) para disputar uma das 30 mil vagas ofertadas no processo seletivo do segundo semestre de 2020. Até as 18h de ontem (30), o Ministério da Educação (MEC) registrou 74 mil 397 inscrições. Ainda segundo registros do sistema, tanto a velocidade de navegação quanto o volume de candidatos inscritos superam os dados registrados na edição do Fies do segundo semestre de 2019, quando, ao término do terceiro dia de inscrições, o registro era de 61.408 inscritos.

Resultado

O resultado do Fies será divulgado no dia 4 de agosto. O período para complementação da inscrição dos candidatos pré-selecionados será do dia 4 até as 23h59 de 6 de agosto. Os candidatos não pré-selecionados na chamada única do Fies poderão disputar uma das vagas ofertadas por meio da lista de espera, a inclusão será automática. Nesse caso, o prazo de convocação será do dia 4 até as 23h59 de 31 de agosto.

Programa

O Fies é um programa do MEC que concede financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos, em instituições de educação superior particulares. O fundo é um modelo de financiamento estudantil moderno, dividido em diferentes modalidades, podendo conceder juro zero a quem mais precisa. A escala varia conforme a renda familiar do candidato.

(Fonte: Agência Brasil)

Edmilson Sanches e o Rio Sena (dia), em Paris

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– “Eu sou a fonte da água viva! Quem beber desta água que eu dou, nunca mais terá sede, tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Bíblia, João 4,10.14).

– “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, de seu seio jorrarão rios de água viva” (Bíblia, João 7,38).

DA CHINA PARA IMPERATRIZ – Um dia meu amigo Josué Bezerra (Josh Bez), irmão de ideias e ideais, que tanto me puxa a orelha para eu sair de Imperatriz e mudar-me para outros mundos, um dia ele – internacional que é, pós-doutor, morando nos estrangeiros, imperatrizense cidadão de três países –, um dia ele mandou-me uma carta da China, onde dava uma palestra. Uma foto tipo cartão-postal, com Josué olhando o Rio Amarelo, trazia no verso algo como: "Sanches: Saudades do rio Tocantins". Só isso... mas quanto dizem essas poucas palavras!...

BERÇO – As cidades, vale dizer, as civilizações têm nos rios o berço líquido e certo de suas histórias. O Rio Amarelo (a cor vem de lodo e partículas de areia fina, em suspensão) é o rio por onde a China começou. O segundo maior da China, duas vezes maior que o nosso Tocantins, o Amarelo irriga terras, aduba pastos, tem e transporta minerais.

PIA BATISMAL – Imperatriz também tem em um rio sua pia batismal. Pelas águas caudalosas e, à época, piscosas, a canoa de frei Procópio deu início à cidade iniciada por mãos sagradas e manchada por mãos sangradas. O Tocantins é cidadão de vários Estados, tem fonte goiana e foz paraense. No percurso, banha, leva, lava, limpa outros quatro – Mato Grosso, Tocantins, Maranhão e Distrito Federal.

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MUITOS RIOS – Rios existem muitos -- tanto quanto nossa ignorância em destratá-los... Aprendi – aprendemos – na infância sobre o Amazonas, os históricos Tigre e Eufrates, o Nilo berço de civilizações, o Mississipi que se espalha e se espraia por quase metade do território norte-americano, os sagrados Jordão, Ganges e Indo; e, ainda, o Congo, o Volga, o Azul, o Danúbio – igualmente azul –, inspirador de valsa, o Yukon, o Orinoco também (de)cantado; e mais o Senegal, o Reno, o Tejo, o Douro, o Elba, o Níger, o Mekong, o Tibre, o Tâmisa... e o Sena, visto nas fotos, passando pela capital francesa, à noite e de dia.

ONDE CORREM OS RIOS – São rios que passaram e se depositaram na vida humana. Cada pessoa carrega, em seus 65% de água de que é formado o corpo, milhões de átomos do óxido de hidrogênio (H2O) dos nossos rios de todo o mundo. Os rios correm em nós...

LÍQUIDO – Somos água, somos rios. Somos líquidos – e, como água, também nos transformamos em pedras, também viramos vapor e, quintessencialmente, nos tornamos éter.

INCOLOR – Somos água, somos rios. Somos incolores – e, por isso, como prismas, nos decompomos em muitas cores multicores.

INODORO – Somos água, somos rios. Somos inodoros – e, por isso, com glândulas e como frascos, produzimos, retemos e espalhamos odores, aromas, perfumes.

INSÍPIDO – Somos água, somos rios. Somos insípidos – e, ainda assim, nada como nós, a partir do jardim edênico, deu tantos sabores – e dissabores... – ao mundo que nos foi dado.

Edmilson Sanches e o Rio Sena (noite), em Paris

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SOMOS ÁGUA – Nossa história reflete nosso ser: somos água. Na ciência, antes de sermos terrestres, fomos aquáticos. Na gestação, idem: nove meses submerso no líquido amniótico materno. Na religião, procedemos do sopro cálido, cálido e úmido, do Criador.

HERANÇA – Os rios somos nós. Deles herdamos a sinuosidade e a adaptação. A limitação das margens e a rebeldia das inundações.

DOCE E SALGADO – Somos água – doce na umidade do beijo; salina na lacrimação do choro.

Somos água.

* EDMILSON SANCHES

Edmilson Sanches, entre paredões e árvores de Paris

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Paredões parisienses não me impressionam. Não é para eles que olho. As árvores, elas sim, em qualquer lugar, nos dão lições – se, como bons alunos, pudermos nos aperceber disso.

As árvores nos dizem de adaptação, sem arredar dos propósitos. Perder as folhas, mas manterem-se fincadas as raízes. Pois da resistência destas dependerão as folhas novas que amanhã se penderão nos galhos hoje outonalmente desfolhados.

Muita gente tem largado suas ruas, mudado de endereço e de vida, abandonado seus caminhos pela ambição de apressarem a próxima estação. Não querem parecer flores sem pétalas, ramos sem folhas, galhos sem ramos, troncos parecendo sem vida. Pessoas que não querem parecer plantas desnudas, quando obrigadas ao “strip-tease” da sobrevivência.

Mas folhas que caem não são doença – é estratégia. É economia de energia, desviada da sustentação dos pecíolos para o que, na árvore, por um breve período, lhe será mais essencial: tronco e raízes. É o típico exemplo do perderem-se os anéis e conservarem-se os dedos. Abscisão. Mais tarde, daqui a pouco, novas folhas e flores brotarão e a quem sabe ver comunicarão a alegria, exibirão a aquarela multicor surgindo de pincéis e palhetas manuseados pela Natureza mãe e pintora.

Quantos, ao chegarem ao outono de recursos, relações, aparências, suportam-se em cima das próprias raízes?

Muitas das vezes, avançar não é mudar. É manter(-se).

Desflore. Desfolhe. Desenrame. Mas não (se) desenraíze.

Mantenhamos nossas raízes interiores. Pois o invisível sustenta o visível em nós. Assim como a base, as fundações de uma casa, escondidas lá mais embaixo, sem uma mão de cal, sem uma pá de cimento, sem um azulejo ou outro acabamento... Mas são elas, as fundações, como raízes, que sustentam as paredes que sustentam a laje ou vigamento que sustentam o telhado.

Assim também o invisível em nós, árvores humanas, cujas raízes, como certas plantas aquáticas, vão aonde nos levam o fluxo da vida.

Viva sua raiz. Radicalmente.

“Adieu!”

* EDMILSON SANCHES

O Perseverance, sonda marciana de última geração da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, foi lançada do Cabo Canaveral, na Flórida, em um foguete Atlas 5, nesta quinta-feira (30), em uma missão de US$ 2,4 bilhões para procurar vestígios de uma possível vida passada no planeta vizinho da Terra.

A sonda robótica de seis rodas do tamanho de um carro também deve levar um mini-helicóptero para Marte e testar equipamentos para futuras missões com humanos no planeta. A expectativa é que a sonda chegue a Marte em fevereiro.

A sonda ganhou o céu claro e ensolarado depois de ser lançada na estação da Força Aérea dos EUA em Cabo Canaveral, na Flórida, às 7h50 (horário local, 8h50 em Brasília) com condições climáticas quentes no topo de um foguete Atlas 5 do empreendimento conjunto United Launch Alliance (ULA) da Boeing-Lockheed.

Esta é a nona missão da Nasa à superfície de Marte.

“Estou tão aliviado”, disse o chefe da divisão científica da Nasa, Thomas Zurbuchen, durante a transmissão ao vivo que a agência espacial fez do lançamento, acrescentando que tudo parece bem.

“É realmente como a chave de um monte de novas pesquisas que vamos fazer e que está concentrada na pergunta... há vida lá?", afirmou.

O Perseverance deve pousar na base de uma cratera de 250 metros de profundidade chamada Jezero, que foi um lago 3,5 bilhões de anos atrás e que cientistas suspeitam conter indícios de vida microbiana extinta em Marte. Há tempos, eles debatem se o planeta, que já foi muito mais hospitaleiro, já abrigou vida.

(Fonte: Agência Brasil)

RESUMO:
I) O jornal “O Povo”, de Fortaleza (CE), iniciou, em 28/1/2020, a publicação de uma reportagem em série sobre a expedição científica que percorreu o Estado a partir de 1859. O advogado, escritor e etnólogo Antônio Gonçalves Dias, maranhense de Caxias, fez parte da expedição, como um dos “cinco chefes” (como ele próprio escreveu), responsável pelos estudos sobre as populações indígenas, negras e sertanejas e pela redação do texto (“narrativa”) da viagem.

II) Além desses caminhos expedicionários, por onde mais Gonçalves Dias andou? A primeira listagem de cidades, Estados e países por onde o Poeta caxiense esteve.

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O jornal “O Povo”, de Fortaleza (CE), em extensa reportagem publicada em 28 de janeiro de 2020, trata da famosa Imperial Expedição Científica de Exploração ao norte do Brasil, que teve, entre seus principais nomes (cinco ao todo), nosso conterrâneo caxiense Antônio Gonçalves Dias (sim, o famoso poeta, também advogado, etnólogo, tupinólogo, dramaturgo), que era responsável pelos estudos etnográficos e por toda a narrativa da viagem. (Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos, professor do curso de História da Universidade Estadual de Goiás, escreveu um artigo com o nome “Gonçalves Dias e a Seção Etnográfica e Narrativa da Comissão Científica de Exploração (1859-1861)”).

A Expedição era um sonho do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB), que, em 1856, ouvira um marcante discurso de um de seus membros, o cientista Manuel Ferreira Lagos. Lagos, botânico, clamava por pesquisas e produções científicas feitas por brasileiros, sobretudo nas regiões menos visitadas, e reclamava de diversos estudos e explorações realizados por estrangeiros, os quais cometiam erros tamanhos. O próprio Gonçalves Dias, na “Parte Histórica” do seu livro-relato “Trabalhos da Comissão Científica de Exploração” (1862) informava, introdutoriamente, que “já acontecia que a terra de Santa Cruz era melhor estudada e apreciada nas viagens e relações dos escritores estrangeiros do que nas memórias dos nossos antepassados”. Um parágrafo depois, o notável caxiense observa que “os estrangeiros têm tido nem só ampla faculdade de visitá-lo [ao Brasil], pois não carecem de solicitar permissão para isso, como auxílio, recomendação, proteção e favores do nosso governo [...]”. Logo adiante, no mesmo parágrafo, o relator oficial da Expedição ressublinha, em aposto: “[...] aquele fato singular que no princípio assinalamos – de ser o Brasil mais e melhor conhecido pelos estranhos do que pelos nossos – se conserva no mesmo pé”. E finaliza o parágrafo, como quem lamenta ou alerta: “Precisamos estudar o Brasil nos autores estrangeiros, consultamos as suas cartas marítimas até na nossa navegação de cabotagem [aquela feita perto do litoral, com terras à vista], e mesmo na apreciação política dos acontecimentos remotos ou recentes da nossa história o estrangeiro como que tem, na opinião pública, entre nós a primazia, e leva a palma [...]”.

Deu-se que, para ser alvo dos estudos, o Ceará foi o escolhido – tanto que a Expedição também ficou conhecida como “Comissão Científica do Ceará”.

Por que o Ceará? Corriam rumores, boatos, estórias dando conta de que havia muito minério de valor, sobretudo ouro, no território cearense. (Um artigo de Paulo César dos Santos, como mestrando em História Social da Universidade Federal do Ceará, traz no título: “O Ouro é Nosso: Comissão Científica de Exploração de 1859 e as Lendas sobre Ouro no Ceará”).

Sobre essas pretensas riquezas minerais cearenses, Gonçalves Dias registrou, no seu relato, que estava “contribuindo não pouco para essa resolução [escolher o Ceará] a crença geralmente aceita de ser o solo do Ceará por ventura o mais metalífero de todo o Brasil”. Exemplifica Gonçalves Dias que “a obra de um escritor”, “filho do Ceará [Francisco Telles de Menezes, padre], mais talvez que nenhuma outra causa concorreu para propagar-se aquela opinião entre os cearenses e passar deles a todos os brasileiros”. Gonçalves Dias chega a anotar que “o autor não soube achar nenhum outro meio de engrandecer a sua terra senão anunciando pomposamente ricas minas, indícios de tesouros ocultos [...] e curiosidades maravilhosas [...]”.

Como se lê, os muitos ditos e escritos “auríferos” conduziram a famosa Expedição ao Ceará e a alguns Estados vizinhos. Mas, como se confirmou depois, de amarelo mesmo só as tonalidades da fauna, da flora... e dos dentes pálidos entremostrados nos sorrisos açafroados dos que, vivos, robusteceram as lendas e, assim, induziram a decisão...

No frigir dos ovos – também eles parte amarelos... –, fez-se do limão uma limonada e o que não se descobriu de riquezas minerais reverteu-se para riquezas talvez bem maiores e melhores: a fortuna faunística, com fecundidade de insetos e outros bichos; o fastuoso da Botânica, com suas plantas e outros vegetais; e a profusão de outras preciosidades do reino dos seres vivos, que tornam, ainda hoje, o Ceará um dos luxos brasileiros em espécies endêmicas, próprias, singulares, únicas...

Muita coisa foi coletada. Muito texto foi escrito. E muitos estudos depois, ao correr dos 160 anos da Expedição, também foram e são gerados. E, apesar disso, a Expedição ficou também conhecida – e até lhe criaram nomes... – em razão de episódios que envolveram galanteria, sedução e, diz-se, “defloramentos”, em conjunções carnais impróprias (para ser ameno), bem como o muito conhecido “imbróglio” dos dromedários ou camelos, 14 deles, trazidos da Argélia para, com a sabida capacidade de resistência deles, enfrentar travessias pelo cálido sertão, conduzindo cargas e gentes – e que foi um fracasso, tendo-se devolvido os animais, exceto um, que, ferido, morreu.

O nome de Gonçalves Dias foi mencionado. Em ambos os casos. Ele permaneceu no Ceará ano e meio, de fevereiro de 1859 a agosto de 1860.

Sobre a questão camelídea, pelo menos, o famoso poeta atesta que nada teve a ver. Escrevendo do Ceará para seu sogro, Cláudio Luís da Costa, em 20 de abril de 1859, Gonçalves Dias relata o episódio dos “camelos” (não escreveu “dromedários”). Ele registrou que os bichos tinham “andar incômodo” e, por isso, conta o caxiense: “– deixei-os”.

Um dos camelos/dromedários, segundo nosso Conterrâneo, “quebrou a perna” (diferente do pouco específico “pata ferida” da reportagem de “O Povo”). O incidente ocorreu “meses depois” da participação de Gonçalves Dias como passageiro dos animais. Na época do incidente, os dromedários estavam levando cargas.

Também nessa época, houve desentendimentos com Gonçalves Dias a partir de uma autoridade (parece que o presidente da Província cearense). O maranhense disse, em outros termos, que não deixou barato. Na escrita dele: "[...] eu suporto tudo, exceto que me cheire a desaforo. [...]".

***

Reportagens como essa da série de “O Povo” (jornal que li muito quando morei e trabalhei em Fortaleza), resgatam-me um dos muitos sonhos que tenho: desenvolver uma espécie de “pesquisa GPS”, para registrar os diversos pontos geográficos (cidades, Estados, países) onde estiveram nossos talentosos Conterrâneos e, nesses pontos, buscar-lhes os registros relacionados a esses caxienses – o que eles escreveram e o que escreveram sobre eles; documentos em estabelecimentos de ensino, entidades de classe, órgãos públicos etc. Tudo visando a “remontar” e enriquecer, ainda mais, a biografia desses maranhenses...

Gonçalves Dias... Coelho Netto... João Mendes de Almeida... Teixeira Mendes... Aderson Ferro... Celso Menezes... Theodoro Ribeiro Junior... Ubirajara Fidalgo... Vespasiano Ramos... João de Deus do Rêgo... Teófilo Dias... César Marques... Elpídio Pereira... João Lopes de Carvalho... Manoel Caetano Bandeira de Mello... Rodrigues Marques... Adaílton Medeiros... Berredo de Menezes... Armando Maranhão... João Christino Cruz... Sinval Odorico de Moura... Andresa Ramos... Leonildes Macedo Castelo Branco Nascimento (Indinha Castelo Branco)... Joaquim Antônio Cruz... Francisco das Chagas Oliveira Luz... Cândido José Ribeiro... Dona Francisca do Lindô (Maria Francisca Pereira da Silva)... José Murilo Martins... Joaquim José de Campos Costa Medeiros e Albuquerque... Déo Silva... Cid Teixeira de Abreu... Joaquim José da Silva Maçarona... e muitos outros (para citar apenas caxienses) são nomes, em sua maioria, que frequentaram outros espaços geográficos para além do Maranhão, para além do Brasil, para além-mar, enfim, para muito além de Caxias.

Mas isso, que não requer um mundão de investimento, só é possível com o afloramento da verdadeira paixão e do incontido orgulho de ser caxiense/maranhense, com o que gestores, decisores, envolveriam a participação de outros estratos públicos, institucionais, econômicos, sociais e culturais, para a refundação de novas “expedições” que pudessem ir não aos confins e recônditos geográficos, mas, sim, que clareassem espaços temporais e documentais nos quais, indubitavelmente, assinala-se, orgulhosamente, a presença de nossos conterrâneos, filhos de Caxias, do Maranhão.

A título de exemplo, ponha-se um “GPS” imaginário em Gonçalves Dias, desde o seu nascimento em terras de Caxias até sua morte por naufrágio em águas de Guimarães, no Maranhão. No meio disso, o “intermezzo” do teatro da vida, Gonçalves Dias cruzou, várias vezes, águas oceânicas e chegou a terras bem distantes daquelas eivadas de palmeiras e com ouvidas de sabiás.

Gonçalves Dias, em listagem rápida, de Caxias foi, menino, para São Luís (MA). De lá, em 1838, para Coimbra (Portugal). Daí para diante, são muitas as cidades e países por onde passa e onde, certamente, deixou digitais documentais, literárias etc.: Portugal (Lisboa, Porto, Gerês e Évora); França, a partir de 1854 (Paris, Le Havre, Marselha, Vichy. Bordeaux/Bordéus, Aix-les-Bains e Allevard); Reino Unido (Londres e Southampton), Bélgica (Bruxelas) e Alemanha, a partir de 1855 (Dresden, Koenigstein, Berlim e Ems); Espanha (1856); Áustria (Viena) e Itália (Roma), ambas em 1857; Peru, em 1861 (Loreto, Cochequinas, Pebas, Iquitos, Nauta, San Rissi, Parmari e Mariná); Venezuela (São Carlos e Cocuí, ou Piedra del Cocuy); República Tcheca (Marienbad, ou Mariánské Lázně, e Teplitz, ou Teplice, e Karlsbad, ou Karlovy Vary).

No Brasil, além de Caxias e São Luís (MA), Gonçalves Dias caminhou por: Rio de Janeiro (RJ); Estado do Pará e na Paraíba (ambos em 1851); Recife (PE) e Bahia, em 1852; Fortaleza, Pacatuba, Acarape, Baturité, Canindé, Quixeramobim, Quixadá, Icó, Crato, Missão Velha, Jardim, Milagres, Aracati e Limoeiro do Norte (CE); Sousa (PB); Pau dos Ferros (RN); Belém e Cametá (PA); Manaus, Coari, Tefé, Fonte Boa, Tocantins, São Paulo de Olivença, Tabatinga e Vila do Crato, hoje Manicoré (AM).

Pelo menos, 34 cidades em 10 países estrangeiros e, no Brasil, um mínimo de 34 cidades em 11 Estados.

Se, ainda assim, não são muitos, no mínimo são intensos, produtivos, criativos e, até, instigadores os caminhos por onde passaram os nomes talentosos de Caxias e do Maranhão. No caso de Gonçalves Dias, além das poesias, peças teatrais, livros em prosa, correspondência ativa, textos científicos, um dicionário de tupi... que outros textos mais produziu? Haveria algo não conhecido, em prosa ou verso, publicado em terras não brasileiras? Haveria outras “marcas”, documentos, assinaturas, imagens...?

Valeria a pena refazer caminhos – e, quem sabe, (re)conhecer o que ainda não é conhecido.

* EDMILSON SANCHES

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O músico Renato Barros, fundador e vocalista da banda Renato e seus Blue Caps, morreu ontem (28), aos 76 anos, no Rio de Janeiro. Segundo Erika Barros, filha do artista, o corpo será velado às 13h30, na capela 8 do Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio, e será cremado às 15h30.

Ele estava internado desde o último dia 17, para a realização de uma cirurgia de dissecção da aorta. Erika homenageou o pai publicando em seu perfil, na rede social Facebook, a letra da música “Não te Esquecerei”, versão de Renato e seus Blue Caps para a música “California Dreaming”, do grupo The Mamas and the Papas.

O baixista Bruno Sanson também homenageou o líder da banda em seu perfil no Facebook. “Ele precisou partir dessa vez. Renato Barros, você foi descansar e nós aqui estamos de luto por sua partida. Dói, mas entendemos que você não suportava mais o sofrimento e precisava ir. Dói, mas podemos ser gratos por todo o legado que você nos deixou. Nós, companheiros de palco e de estrada, amigos, parceiros, somos gratos por todos os anos de parceria. Lutamos juntos por dignidade, por respeito à sua história grandiosa na música brasileira. Nós aqui, neste momento, só podemos orar para que você encontre seu caminho e seja bem recebido e acolhido nas camadas espirituais. A história de Renato e Seus Blue Caps jamais será esquecida”.

Renato fundou a banda no fim da década de 50, com seus irmãos Ed Wilson e Paulo César Barros, e com os músicos Euclides de Paula e Gelson. O grupo lançou seu primeiro disco em 1962 e logo se tornou um sucesso no movimento musical da Jovem Guarda.

Desde então, vários músicos passaram pela banda, entre eles Erasmo Carlos, que substituiu Ed Wilson quando ele deixou o grupo em 1963 para tentar carreira solo.

(Fonte: Agência Brasil)